Cientistas malucos são os personagens mais legais do cinema e da tevê. E ponto. Ora, jogue a primeira pedra aquele que não é fã do Doc Brown, de De Volta para o Futuro, do Dexter, ou, quem sabe, do Beakman. Mas não podemos nos esquecer de outro cientista que fez parte do cinema dos anos 80. Ele não era lá muito maluco, mas era suficientemente atrapalhado, e foi interpretado pelo eterno nerd Rick Moranis. Deu para lembrar do filme? Sim, esse mesmo: Querida, Encolhi as Crianças, de 1989. Mas, por favor, não lembre das continuações deprimentes que surgiram a partir dele, como Querida, Estiquei o Bebê e Querida, Encolhi a Gente (que nem tiveram nada a ver com o diretor do primeiro filme). Não tem nem comparação. Só em “Querida, Encolhi as Crianças” é que existiram cenas memoráveis como essas que eu vou desenterrar nos próximos parágrafos.
:: ERA UMA VEZ…
Wayne Szalinski (Rick Moranis, de Ghostbusters e A Pequena Loja dos Horrores) é um cientista cheio de idéias mirabolantes, mas fracassado. O encontramos no começo do filme lutando para terminar sua mais nova invenção: uma máquina que diminui as coisas de tamanho. Acontece que ela não estava funcionando muito bem. Até então, a única coisa que tinha conseguido era destruir uma maçã, e não diminuí-la, como pretendia. Wayne é casado e tem um casal de filhos: o caçula, fofo, nerd e alérgico a pólen Nick (Robert Oliveri), e Amy (Amy O’Neill), a outra.
O vizinho dos Szalinski, Thompson (Matt Frewer), é um típico pai de família estadunidense do interior, que só pensa em sair nos fins de semana para pescar com seus dois filhos, Russ (Thomas Brown) e Ronnie (Jared Rushton). Os Thompson não se dão muito bem com os Szalinski, achando (com uma certa razão) que eles não passam de um bando de malucos. A verdadeira confusão começa quando Ron quebra sem querer a vidraça do sótão da casa dos vizinhos com sua bola de beisebol, e tem que ir se desculpar com eles.
Enquanto Wayne está fora, as quatro crianças sobem até o sótão para recuperar a bola e ver o estrago, e se deparam com a máquina miniaturizadora subitamente funcionando – porque a bola tinha batido na máquina, no ponto exato para fazê-la funcionar. Resultado: um raio lançado por ela atinge os quatro meninos, que viram quatro pontinhos pequenos, de apenas alguns centímetros de altura. Daí começa a aventura do filme, com as crianças sendo varridas pelo cientista, e indo parar no quintal de sua casa, dentro de um saco de lixo.
Sua missão é atravessar o quintal (que virou, então, uma floresta, para criaturinhas tão pequenas) e chegar em sua casa para, de alguma forma, fazer com que Wayne fique sabendo do que aconteceu com seus filhos e os filhos do vizinho, e consiga fazê-los voltar ao normal. Assim, os quatro vizinhos que não se davam bem têm que se juntar para conseguirem sobreviver na “perigosa mata” – e no fim todos aprendem a ser amiguinhos e felizes, como sempre acontecia em todos os saudosos filmes da Disney que se preocupavam não só com a mensagem, mas sim com alguma qualidade na história. Essa travessia do quintal conta com episódios memoráveis, como a vez em que eles dormem dentro de uma peça de Lego, quando pegam carona no lombo (?) de uma formiga filhote, são raptados por uma abelha, ou almoçam uma bolacha Oreo encontrada no caminho.
É claro que durante esse tempo de sumiço das crianças, os pais começam a ficar preocupados. É então que Wayne Szalinski desconfia do acontecido (ao ver que o sofá de seu sótão tinha misteriosamente virado uma miniatura) – isso logo depois de ter ficado revoltado com a inutilidade de sua máquina, e a quebrado em pedacinhos. Ao se dar conta que tinha varrido seus próprios filhos, evita pisar na grama do quintal (andando pendurado na cerca, e assustando mais ainda seu vizinho) e se vê desesperado quando encontra um amigo de seu filho cortando a grama de sua casa, e pondo em risco a integridade física (mesmo que de apenas alguns centímetros) de suas crianças.
Os efeitos especiais desse filme são razoáveis para a época – não que tenham exigido muita coisa, já que o diretor Joe Johnston (que dirigiu Jumanji e foi diretor de arte de alguns filmes de Guerra nas Estrelas) teve mais que se preocupar, na verdade, com os cenários: um quintal repleto de gramas, blocos de terra e insetos gigantes. E o efeito engana muito bem – não há quem negue que parece mesmo que os atores têm apenas um centímetro e meio, em comparação ao mundo ao seu redor. Talvez o trabalho mais complicado da equipe de efeitos tenha sido a luta entre o escorpião e a formiga, no quintal, e a cena em que Wayne encontra seus filhos no seu leite, no café da manhã :).
:: Curiosidade: Wayne Szalinski tem em sua parede um relógio igualzinho a um do Doc Brown: aquele gato preto e branco, lembram? Resta saber: foi uma referência, ou relógios como aqueles são um gosto comum dos cientistas?
:: POR ONDE ANDAM AS CRIANÇAS?
Eu realmente queria dizer que elas viraram grandes astros de Hollywood, mas não foi bem isso o que aconteceu, não. Na verdade, dos quatro atores que foram diminuídos nesse filme, só um conseguiu seguir uma carreira mais ou menos estável, até hoje: Thomas Brown (o filho mais velho dos Thompsons). Seu último trabalho no cinema foi em 2002, no desconhecido filme Flophouse. Outros papéis seus não foram de destaque: Thomas fez um personagem sem nome em Pearl Harbor para citar um exemplo. Jared Rushton (o menino de boné) era o Billy de Quero ser Grande, com o Tom Hanks, antes de ser o Ronnie de “Querida, Encolhi as Crianças”. Depois, fez alguns trabalhos na tevê, e anda sumido desde 1996.
Amy O’Neill (a menina) e Robert Oliveri (Nick) tiveram sorte pior no cinema: seu papel mais importante foi em “Querida, Encolhi as Crianças”, com uma aparição nas seqüências. Amy não trabalha mais desde 1994 – e até lá só participou de séries de tv desconhecidas aqui na terrinha brasileira. Já Robert, teve a honra de trabalhar em Edward Mãos de Tesoura, mas parou por aí!
É claro que “Querida, Encolhi as Crianças” não é um modelo de filme perfeito, com personagens e tramas complexos, e nem tinha a grandiosidade de um A História Sem Fim. Mas era uma aventura bem divertida para crianças, que pelo menos cumpriu, ao lado de Os Goonies, sua missão de divertir a criançada da década passada (e da década atual, para quem não tem vergonha de rever filmes de criança, deixando de lado um pouco a já tão manjada tríade sexo-drogas-violência). Pelo menos me divertiu durante uns bons anos, e sempre será um clássico para mim. Toda aquela coisa de imaginação sempre me fez viajar, desde pequena. Foi só ver esse filme e ler A Chave do Tamanho, para eu passar minha infância sonhando em virar uma miniatura!
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