Rapaz, foram 4 longos anos de espera, infinitos vídeos de produção, promessas uma atrás da outra: transformar “Final Fantasy”, o RPG de videogames mais bem sucedido de toda a história (e um dos mais legais, com certeza, mas ainda sou mais Phantasy Star do Master System) em um avanço tecnológico e artístico também na telona. Depois de ler as mais diversas críticas, comentários e colunas sobre o filme, fui ao cinema pensando em várias coisas, mas tinha certeza que o filme seria algo realmente diferente, tanto para lado bom quanto para o lado ruim. Dito e feito.
Até peço perdão a todos, pois vocês notarão que eu ficarei meio que sem palavras durante essa crítica… cara, eu saí do cinema sem saber muito o que dizer. Sério. Vou tentar ser o mais imparcial possível, mesmo sendo um fã de videogames e GRANDE fã de animação. E fã de cinema. E fã de RPG… droga, já vi que minha imparcialidade foi para o brejo. 🙂
O que rola em Final Fantasy é a luta da Doutora Aki Ross (voz de Ming-Na, conhecida até um tempo atrás pelo seu nome completo, Ming-Na Wen, qye nada mais é que a Chun Li do filme “Street Fighter” e também participou das séries de TV “The Single Guy” e “Plantão Médico”) para tentar salvar a Terra de uma invasão de seres alienígenas. Essa é a história básica. Adicione aí Gaia (a mãe-terra, como alguns acreditam que seja o nosso planeta azul) e espíritos, e você terá uma senhora salada.
Bom, eis o que acontece: o filme tem seus pontos bons. E seus pontos ruins. A idéia da história é realmente muito boa, mas acabou sendo mal utilizada. Ficou superficial demais as explicações sobre Gaia, que pode ser explicada também como o espírito da Terra, teoria defendida pelo Doutor Sid (voz de Donald Sutherland, de “Cowboys do Espaço” e “Instinto”), sobre os espíritos… sei lá, muito batido. E cito isso não por delírio total, ou por ser um nerd maluco (embora eu seja), mas porque esse detalhe é de extrema importância na trama. Ainda assim a história se segura bem até o final, que dá uma sensação absurda de ter terminado por causa do tempo, o mesmo erro de Jurassic Park 3. E para os fãs malucos: não, a história não tem chocobos (tá, essa eu sei que todos sabiam, mas não podia deixar de citar) e não têm nada a ver com nenhum dos jogos de Final Fantasy. E isso não estraga em nada. Afinal, desde quando um jogo de Final Fantasy está no mesmo universo do anterior? E o próximo que chegar no meu ouvido e falar que é uma merda que o tal Dr. Sid está no filme escrito com a letra S ao invés da letra C, como nos jogos, vai tomar uma piaba na orelha.
Mas eu sei que o que todos devem estar se perguntando é: “E a animação, tio Fanboy”? É, molecada, lembra o que eu disse aí em cima? Que o filme tem seus pontos bons e seus pontos ruins? A animação é a mesma coisa. E inclua aí não apenas como os personagens se mexem e tal, mas em sua textura de pele, seus cabelos, suas emoções faciais, seus movimentos… Há momentos ótimos, e há outros que você olha e pensa: “rapaz, mas isso é um manequim, com certeza”! Os movimentos estão todos ótimos, afinal, todos foram feitos com técnicas de captura de movimentos; nada mais, nada menos que atores de verdade (não, não os atores que fizeram as vozes, outros atores) vestidos com roupas cheios de sensores que transmitem para o personagem todos os movimentos feitos. Nisso, está simplesmente perfeito! Mas ponto negativo para as expressões faciais. Isso o filme peca muito. Muitas cenas ali precisam de uma dose de emoção grande. E nada dos personagens demonstrarem isso. Ah, tem algo com a animação das bocas dos personagens que eles ainda precisam melhorar muito.
Outro ponto baixo (como foi citado pela Cidona, esposa do companheiro El Cid, que também foi ver o filme com a gente) é que os homens estão muito mais bem feitos do que as mulheres. É a mais pura verdade. Bom, de qualquer maneira, só aparecem três mulheres no filme: Aki, Jane (a voz é de Peri Gilpin, a Roz da série de tv “Frasier”) e uma senhora que aparece no conselho. Caso haja alguma mulher lendo essa coluna, não achem que estou sendo machista nem nada, mas é verdade. Citando outros exemplos: prestem atenção principalmente no Dr. Sid e em Ryan (Ving Rhames, de “Missão Impossível” e “Conair”). Rapaz, esses dois parecem mesmo seres humanos! Estão simplesmente perfeitos. Ah, notem também o comparsa do General Hein (James Woods, de “Um Domingo Qualquer” e “Vampiros” de John Carpenter), aquilo é humano, não é computação gráfica, na boa.
Os cenários estão simplesmente perfeitos, as naves, os cenários… só achei que em algumas cenas as cores estão brilhando demais. Qual o problema disso? O problema é que a idéia do filme é que tudo ali fosse real, certo? Seres humanos e tal. E isso peca de vez em quando.
Mas eu quis chegar até aqui agora para olhar agora por outro ângulo essa brincadeira: imaginem o avanço da computação gráfica nesses últimos 10 anos, desde que o mestre Spielberg deu o passo acima com o primeiro “Jurassic Park” (um dos meus xodós, junto com a trilogia “De Volta para o Futuro”) provando que é possível criar seres vivos reais com o computador. É claro que fazer um ser humano não é a mesma coisa que um animal (ainda mais um animal que não existe). O cérebro humano consegue distingüir com muita facilidade um ser humano e algo tentando parecer humano. Pesquisas e mais pesquisas dizem isso,
mas nem precisava, né? Há defeitos, eu aponto todos, mas os avanços feitos pela galera lá da Square Pictures foi, sem dúvida, algo de outro mundo. Mesmo! Tem cenas no filme que, se eu não soubesse que fosse computação, eu cairia fácil. Qualquer um cairia. Então eu digo: se preparem para grandes evoluções daqui a alguns anos.
No meu modo de ver, só dá prá tirar duas conclusões de Final Fantasy: ou você é otimista (“rapaz, olha o avanço dos caras! Ainda não tá perfeito, mas logo logo eles estarão copiando direitinho!”) ou você é pessimista (“pá, olha só, essa mulher parece uma manequim! Ela não é real, olha o cabelo dela! Eu no Maya faço muito melhor! E o Sid tinha que ser escrito com “C” “). E olha que essa discussão poderia se seguir por várias e várias linhas, afinal, nem entrei no mérito da questão se isso vai substituir os atores no futuro, se as companhias de cinema irão ou devem fazer isso… isso são outros quinhentos.
Vamos lá, galera! Me digam o que acharam! Esse filme dá margem prá várias discussões, então comecem a teclar! – fanboy@a-arca.com
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