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Artigo adicionado em 24/10/2004, às 12:41

Relembrando MARY POPPINS
Simplesmente supercalifragilisticexpialidocious. Winds from the east… Mist comin’ in… Like somethin’ was brewin’, about to begin… Can’t put me finger on what lies in store… But I feel what’s to ‘appen, all ‘appened before…! Uma babá praticamente perfeita em todos os sentidos, que voa pendurada no seu guarda chuva, ecuja palavra supercalifragilisticexpialidocious deve permanecer em […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Winds from the east… Mist comin’ in… Like somethin’ was brewin’, about to begin… Can’t put me finger on what lies in store… But I feel what’s to ‘appen, all ‘appened before…!

Uma babá praticamente perfeita em todos os sentidos, que voa pendurada no seu guarda chuva, ecuja palavra supercalifragilisticexpialidocious deve permanecer em algum recanto do cérebro de todo mundo que assistia filmes na tevê há alguns anos atrás. Que Nanny McPhee, que nada. A babá encantada mais legal de todos os tempos é e sempre será a linda, perfeita, engraçada, educada e bizarra Mary Poppins interpretada pela querida Julie Andrews.

:: PRA LEMBRAR DA HISTÓRIA

Tudo começa na Inglaterra do início do século 20, onde a família Banks mora. O senhor George Banks é um inglês caricato – extremamente pontual, e tão neurótico pela ordem que tenta cuidar de sua família nos mesmos moldes do banco em que trabalha: suas palavras favoritas são “ordem”, “tradição” e “disciplina”. Ao seu lado, sua esposa é uma sufragista, que luta pelo direito das feministas (embora, quando esteja ao lado do seu esposo, fique muito boazinha). Essas ocupações e a preocupação do casal em manter uma boa imagem inglesa acabam fazendo com que os pais não dêem o mínimo de atenção a seus filhos, Jane e Michael.

Assim, as crianças, sempre comandadas pelas babás que cuidam deles, viram pestinhas e vivem aprontando e fugindo de casa. Quando a última babá resolve abandonar os filhos do casal Banks, Jane e Michael decidem pedir uma “babá perfeita” aos seus pais, escrevendo-lhes uma cartinha, que contém todas as qualidades esperadas pelas crianças nessa futura governanta. Essa carta é jogada na lareira e queimada, e suas cinzas sobem para os céus, onde encontramos, sentada em uma das nuvens, ninguém menos que Mary Poppins. O pedaço de papel se materializa nas suas mãos, e a moça desce para a rua dos Banks, acompanhada de seu guarda chuva e de sua bolsa. – Mas antes, é claro, para evitar a concorrência, uma ventania varre a fila de babás que disputa a frente da casa de George Banks.

Mary Poppins, então, é aceita como babá na casa, e logo, depois de cantar, fazer algumas mágicas misteriosas e dizer algumas coisas insanas, conquista a amizade das crianças. Acontece que a moçoila pensa ligeiramente diferente de George Banks – para ele, coisas como um chá voador no teto de uma casa, um interminável número de sapateado executado por limpadores de chaminés sujos nos telhados de Londres e um passeio por um parque feito em desenho animado nos melhores estilos Disney, ao lado de seu amigo Bert; são absurdas. Por isso, o Sr. Banks passa a ameaçar a estadia da babá em sua casa, a despeito do sentimento de seus filhos em relação a ela.

Em resumo, é uma história feliz, com uma lição de moral aos pais ausentes e com números musicais supimpinhas – selo que garantia o padrão Disney de qualidade na década de 60. E que, apesar de transmitir valores morais e ser um musical, não oferece problemas a diabéticos. Isso graças ao leve e saudável grau de nonsense e ao fato da mensagem tocar o coração das pessoas que não abrem mão do seu lado criança e preservam um grau de insanidade construtiva correndo em suas veias. Essa é a melhor mensagem do filme, no fim das contas: trabalhe e aja como gente grande, mas não 24 horas por dia. De vez em quando vá empinar uma pipa ou tomar uns chás voadores.

“Mary Poppins” fez sucesso após seu lançamento (aqui no Brasil, por exemplo, chegou a passar nas Sessões da Tarde até o começo dos anos 90), e é, com razão, considerado uma obra-prima da era de ouro da Disney. Para se ter uma idéia, “Mary Poppins” teve 13 indicações no Oscar de 1964: o homenzinho dourado foi entregue aos responsáveis pela trilha sonora, pela melhor música (Chim Chim Cheree) e pelos efeitos especiais. Julie Andrews ganhou também o prêmio como melhor atriz. A produção da Disney perdeu o Oscar de melhor filme, melhor direção, direção de arte, figurino e roteiro adaptado para My Fair Lady, que foi muito bem sucedido na premiação da Academia aquele ano. E eu só não digo que acho isso uma baita injustiça em respeito aos fãs de “My Fair Lady”.

Na verdade, apesar de todo esse sucesso cinematográfico, Mary Poppins suscita alguma desconfiança em alguns estudiosos meio xaropes – que dizem, por exemplo, que sua história remete ao satanismo…!. Mas estes não fazem referência ao filme em si. Alguma polêmica gira é em torno do livro que inspirou a produção da Disney, e em torno da vida de sua autora, P.L. Travers.

:: OS LIVROS

Pamela Travers é considerada uma pessoa meio “controversa”. Fazia mistério a respeito de seu passado, sua infância – em algumas versões contadas por ela, seu pai era um pervertido sexual e sua mãe havia se suicidado após ter sido abandonada, ficando sozinha para cuidar dos filhos. Se não bastasse isso, Travers nunca se casou, mas adotou uma criança. Até aí, nada muito controverso, mas vamos lembrar que esses fatos foram anunciados na década de 50, quando esses comportamentos eram muito mais mal-vistos que hoje em dia… Apesar disso, o que na realidade mais ajudou para a polêmica em torno da figura de P.L. Travers foi o questionamento da mídia, somado à mania da escritora, que era inventar histórias sobre sua vida pessoal. Isso tudo deu o que falar aos “analistas de livros”, que dizem, por exemplo, que o Senhor Banks seria, para Pamela, a figura do pai idealizada.

Pamela Lyndon Travers nasceu em 1899 na Austrália, e faleceu em 1996, com 96 anos, na Inglaterra. Ela escreveu, de 1934 a 1991, uma série de livros em que Mary Poppins era a protagonista: Mary Poppins (1934), Mary Poppins Comes Back (1935), Mary Poppins Opens the Door (1944), Mary Poppins In the Park (1952), Mary Poppins From A to Z (1962), Mary Poppins In Cherry Tree Lane (1982), Mary Poppins and the House Next Door> (1988), Mary Poppins In the Kitchen: A Cookery book with a Story (1991), todos ainda sem tradução para o português.

A personalidade de Travers foi o que impôs à produção de Mary Poppins um bloqueio. Walt Disney levou 20 anos para poder convencer a autora a transformar seus livros em um filme! Ela era extremamente ciumenta com a sua obra, e tinha um certo estrelismo. Dizia que sua inspiração provinha de alguma coisa mística e, certa vez, ao ver as gravações de um outro filme nos estúdios da Disney, acusou os responsáveis de terem copiado um trecho de um dos livros de sua autoria.

Por causa desse apego de Pamela com sua criação, Walt Disney penou em suas mãos. Para conseguir ver o seu sonho realizado, teve que deixar Travers acompanhar toda a produção de Mary Poppins. A escritora enviava telegramas para os estúdios, tratando até de assuntos aparentemente irrelevantes, como o sotaque de Dick van Dike (o Bert). Aliás, o Bert, nos livros de Travers, é um simples limpador de chaminés, personagem sem tanta importância quanto tem no filme. A autora, ao fim das filmagens, quando viu o filme nas telas, confessou que livro e filme realmente não são a mesma coisa – e que, para realizarem a adaptação, foram mudados muitos aspectos do livro dela. Essa frustração não impediu P.L. Travers de ter aceitado escrever o roteiro de uma continuação para o filme Mary Poppins, na década de 80 – que acabou nunca saindo do papel.

:: O FILME

Mary Poppins foi o último filme da Disney feito sob a supervisão de Walt Disney – dois anos depois da estréia da produção nos cinemas, Walt Disney morreu. Mary Poppins foi o filme de maior sucesso na vida de Disney. Se deu bem tanto na crítica quando nas bilheterias de cinema, sendo um dos maiores marcos da carreira do criador do Mickey, ao lado de Branca de Neve e os Sete Anões, seu primeiro longa-metragem. Mary Poppins foi o último filme que traduziu a idéia de magia do cinema em que Disney acreditava. Na época em que não era preciso chocar a platéia para passar uma mensagem interessante…

A saga para a produção de Mary Poppins começou em 1944, quando Walt Disney encontrou no quarto de suas filhas os dois primeiros volumes da escritora P.L. Travers. Após lê-los, convenceu-se de que uma babá mágica ficaria muito bem nas telas dos cinemas, e resolveu entrar em contato com Travers. Como era previsível, a moça não gostou nada da idéia, pois não conseguia enxergar sua querida personagem como um desenho animado. Disney ficou desapontado, mas não desistiu de seu intento tão fácil: passou os próximo anos, quando ia para a Inglaterra, tentando negociações com a escritora.

16 anos depois da primeira proposta, após os empresários da Disney já terem resolvido fazer um musical em live-action (com atores em carne e osso) misturado a animação, e não um longa de animação propriamente dito, Pamela Travers finalmente concordou em vender os direitos de suas obras.

Os compositores Bob e Dick Sherman foram chamados para criarem as músicas de Mary Poppins, ainda enquanto Disney e Travers negociavam. De quebra, ajudaram e muito na confecção do roteiro do filme. Ao lerem os livros de Travers, notaram que estes não tinham uma seqüência correta que poderia ser aproveitada inteiramente em um filme. Assim, escolheram determinados capítulos com situações que funcionariam legal em uma hora e meia de filme, e “costuraram” todas essas situações em um enredo sólido.

A seleção dos atores que interpretariam Mary Poppins e Bert foi o próximo passo. Julie Andrews fazia sucesso na Broadway, interpretando Guinevere no musical Camelot, e Eliza Doolittle, em “My Fair Lady”. Apesar de ter feito alguns papéis na TV, Julie nunca havia feito cinema, e Mary Poppins foi seu primeiro papel. Dick Van Dyke, por sua vez, já tinha uma certa carreira construída, e seu programa, The Dick Van Dyke Show, era muito popular – ele foi a primeira escolha da produção para o papel.

:: CURIOSIDADES

– Foi a escritora P.L. Travers quem sugeriu que a história se passasse em 1910, e não em 1930.

– Uma das muitas condições impostas no contrato assinado por Travers foi que Mary e Bert tivessem apenas um caso de amor platônico, nada consumado.

– Foram compostas 37 músicas e seqüências inteiras para o filme, mas no final, apenas 16 permaneceram no script.

– Um desses números musicais deletados foi The Chimpanzoo, baseado em uma história de Travers em que Mary Poppins levava as crianças a um zoológico, onde animais passeavam soltos, observando humanos enjaulados.

– Os irmãos Sherman tiveram a aprovação de Julie Andrews em todas as músicas que compuseram, exceto a que seria a música tema de Mary Poppins, chamada The Eyes of Love. Andrews achava essa canção muito sentimental, e que não captava o estilo de ser da personagem. Depois de matutar por dias, deprimidos, os compositores conseguiram criar a música A Spoonful of Sugar, que era bem mais alegre e acabou se tornando uma das músicas mais conhecidas do filme.

– Quando a atriz Glynis Johns foi convocada ao estúdio para tratar de seu papel – a esposa de George Banks, Walt Disney declarou que Bob e Dick Sherman já tinham pronta a música de sua personagem, e que iam lhe mostrar após o almoço – mas isso não era verdade. Os irmãos tiveram de, às pressas, adaptar uma música que estavam compondo para Mary Poppins, que diria o jargão da protagonista: Praticamente Perfeita em Todos os Sentidos (em tudo o que eu faço e digo), transformando-a na música tema as Sra Banks, Sister Sufragette.

– A atriz que interpretou a velhinha que alimentava os pombos era Jane Darwell, que havia ganhado Oscar de melhor atriz em 1940, mas andava afastada das telas.

– No lançamento de Mary Poppins, em 27 de agosto de 1964, houve um desfile pelas ruas próximas ao cinema, que contava com dançarinos vestidos de pingüins e limpadores de chaminé.

– A música Feed the Birds era a favorita de Walt Disney. Nos últimos dias de sua vida, convidava Sherman para tocar piano em seu estúdio, sempre pedindo para que o compositor executasse “Feed the Birds”.

– Julie Andrews estava sendo cogitada pela Warner para interpretar Eliza Doolittle no filme “My Fair Lady”, mas foi rejeitada por não ser conhecida e porque, dizem, não era fotogênica. Em seu lugar colocaram a atriz Audrey Hepburn, que foi dublada nas músicas de “My Fair Lady”.

– Todo mundo deve saber isso, mas o velhinho dono do banco Fidelity Fiduciary era o próprio Dick Van Dyke caracterizado.

– Em comemoração às 4 décadas de vida do filme a Disney lançou um DVD duplo especial, em novembro de 2004.

– Recentemente foi anunciado que Steven Spielberg estaria cogitando produzir uma refilmagem desse filme. Mas é mentira, pode conferir aqui. Graças aos deuses. Apesar de eu não devotar tanto ódio ao Steven Spielberg, essa notícia tinha me dado coisas. Um filme como esse só consegue ser mágico uma vez.

:: Compre o DVD duplo aqui!

:: E, enquanto o DVD não chega, aproveite o CD. É supimpa, eu tenho! Tem até uma entrevista com os compositores do filme e as versões originais das músicas!


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