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Artigo adicionado em 16/10/2004, às 11:20

O CINEMA NO BRASIL – PARTE 2
2ª parte – do Cinema Novo aos dias de hoje LEIA TAMBÉM:::: O Cinema no Brasil – 1.ª Parte Enquanto a Companhia Vera Cruz tentava se manter viva com a sua idéia de um cinema em escala industrial, começaram a surgir aqueles diretores da linha “independente”, que eram contra isso, e preferiam se dedicar a […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


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Enquanto a Companhia Vera Cruz tentava se manter viva com a sua idéia de um cinema em escala industrial, começaram a surgir aqueles diretores da linha “independente”, que eram contra isso, e preferiam se dedicar a fazer um cinema mais artístico. Nessa ala mais autoral estavam nomes como Walter Hugo Khouri e Nelson Pereira dos Santos, e, na Bahia, Glauber Rocha. Eles seguiram uma linha que atendia pelo nome de neo-realista, importada da Itália. Essa mudança na direção do cinema é conhecida como Cinema Novo.

:: O CINEMA NOVO

A falência dos grandes estúdios brasileiros ajudou muito para que essa nova linha no cinema surgisse. “Uma câmera na mão e uma idéia na cabeça” – esse era o lema dos jovens diretores que, na década de 60, decidiram fazer um cinema barato, que refletisse a realidade brasileira, e que fizesse o público pensar, diferentemente das chanchadas das décadas anteriores.

O filme que pode ser visto como o marco inicial do movimento do Cinema Novo no Brasil é Rio, 40 Graus, de Nelson Pereira dos Santos. Foi ele que trouxe as características que marcaram o estilo dos filmes produzidos nos anos desse movimento – além de buscar inspiração no neo realismo italiano e na nouvelle-vague francesa (que defendia a liberdade narrativa e as produções de baixo custo), eram características dos filmes do Cinema Novo as imagens mais paradas, com cenários pobres e falas longas, atreladas a um roteiro mais livre.

O Cinema Novo passou por três fases: na primeira, que durou de 1960 a 1964, os temas mais tratados eram a miséria dos nordestinos e dos trabalhadores rurais. São dessa época os filmes Vidas Secas, de Nelson Pereira e o aclamado pela crítica Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Glauber Rocha.

Depois do golpe de 64, quando começou a ditadura no Brasil, o tema das produções mudou, inaugurando a Segunda fase do Cinema Novo: nela, eram retratadas a classe média nos centros urbanos, começando uma crítica à Ditadura. Essa fase durou até 1968, e seus filmes mais característicos são O Desafio, de Paulo César Saraceni e Terra em Transe, de Glauber Rocha.

Foi este último que marcou a transição para a Terceira e última fase do Cinema Novo brasileiro. Nessa fase, o cinema continuou crítico, mas dessa vez feito de uma forma alegórica, para driblar a censura, muito influenciado pelo Tropicalismo, que chegava na música popular brasileira. Macunaíma, de Joaquim Pedro de Andrade, com o Grande Otelo no elenco, foi o filme que mais se destacou nesse período.

A repressão política por fim atingiu o setor cinematográfico, e a censura caiu em cima dos filmes do Cinema Novo, dando fim ao movimento. As produções dessa época, embora vistas com bons olhos pela crítica, eram, para o público em geral, um tanto quanto “xaropes”. Essa falta de aceitação pelo público também ajudou a dar cabo desse movimento, que, aos poucos, foi minguando. No final dos anos 60, enquanto o Cinema Novo dava seus últimos suspiros, alguns jovens diretores romperam com a tendência, e inauguraram um novo movimento.

:: O CINEMA MARGINAL

O Cinema Marginal foi a corrente iniciada por esses jovens diretores, que continuou buscando influência no Tropicalismo, alinhando-se ao movimento underground, que chegava no Brasil por esse tempo. Dois diretores ficaram conhecidos no Cinema Marginal de São Paulo: Ozualdo Candeias e a figuraça que nas últimas eleições se candidatou a vereador: José Mojica Marins, o Zé do Caixão.

Essa corrente underground desenvolveu-se no Bairro Boca do Lixo em São Paulo – e, por ser às vezes “anárquica” demais, não teve tanto sucesso dentre o grande público. Na década de 70, a Boca do Lixo tentou reconquistar a simpatia do público, produzindo as pornochanchadas. Estas eram comédias eróticas, que recuperaram a tradição cômica carioca. Com o passar dos anos, esses filmes eróticos leves foram “evoluindo”, e acabaram virando produções pornográficas explícitas, no início dos anos 80.

:: OS ANOS 80

Na década de 80 houve a abertura política, e com ela, a possibilidade de temas antes proibidos serem tratados nos filmes. Apesar disso, esses dez anos colecionaram crises: diretores como Tizuka Yamasaki começaram tentando produzir alguma coisa que prestasse, mas acabaram os anos 80 na pindaíba, dirigindo filmes dos Trapalhões. Não que as pérolas de Didi e sua turma não fossem assim tão legais, alto lá! =D Isso mesmo. Nessa década, as únicas produções que afinal foram bem acolhidas pelos brasileiros foram as produções de estrelas como Os Trapalhões e Xuxa (quem nunca viu Super Xuxa contra o Baixo Astral?). Houve um órgão do Governo, criado em meados dos anos 70, que financiava a produção de filmes nacionais; e que atendia pelo nome de Embrafilme. Era ele que cuidava do financiamento e distribuição desses blockbusters infantis.

Em 1988, a Embrafilme foi perdendo verbas, e acabou fechando durante o governo Collor. Somando-se a isso a falta de público interno, que preferia perder seu tempo assistindo às supimpas superproduções oitentistas, em vez dos filmes brasileiros da época, que tinham uma certa qualidade duvidosa; é certo que a crise quase afundou de vez a produção nacional.

Por isso, diretores como Hector Babenco (O Beijo da Mulher Aranha) e Nelson Pereira dos Santos (Memórias do Cárcere), resolveram produzir filmes direcionados ao público estrangeiro – e conseguiram alguns prêmios com essas produções.

O início dos anos 90 continuou carregando o fardo da década anterior: a produção nacional era mínima. A concorrência com filmes estrangeiros, com a televisão e com o surgimento do vídeo nas casas fez com que os diretores brasileiros continuassem produzindo exclusivamente para o exterior, ou com parcerias internacionais. Para se ter uma idéia, em 1992 o Festival de Brasília foi adiado porque não existiam filmes nacionais que pudessem concorrer.

:: A RETOMADA

Em 1995, Carla Camurati lançou o filme Carlota Joaquina, A Princesa do Brasil, que marcou a retomada do cinema nacional. Os críticos apregoam que essa retomada ainda não tem um “estilo” próprio, porque não segue uma linha certa, ainda não se organizou em uma corrente específica. Apesar de, pra variar, muitos dos filmes falarem da realidade social brasileira, isso não seria uma marca exclusiva dessa retomada, já que esse costume sempre existiu no cinema nacional. Esse nome, “retomada”, foi dado basicamente porque nesses últimos 10 anos as produções nacionais voltaram a ser produzidas, após a crise iniciada pelo fechamento da Embrafilme, que fez com que elas chegassem quase a zero.

Desde o governo Itamar Franco algumas iniciativas que beneficiam a produção nacional começaram a ser elaboradas. E, hoje, os diretores têm ao seu dispor as leis de incentivo ao cinema, que andam ajudando bastante esse processo de melhoria do cinema. Uma das leis, que existe há cerca de 5 anos, define uma Cota de Tela, que define a quantidade mínima de dias em que filmes nacionais devem ser exibidos nas salas de cinema. Por exemplo, nesse ano de 2004, os cinemas deveriam dedicar 63 dias de sua programação à exibição de filmes nacionais.

E isso não é mais tão difícil de ser engolido pelo público, já que, ultimamente, a qualidade dos filmes tem aumentado consideravelmente. Não só no nível técnico (onde Lisbela e o Prisioneiro inaugurou uma nova linguagem diferente e original no cinema brasileiro, muito legal mesmo, seguida por outras coisas divertidas como A Máquina), como também no enredo: muitos dos filmes atuais estão apostando mais no público, e finalmente podemos assistir a boas películas verde-amarelas que não são exclusivamente adultas (falando só daquela clichezada “ditadura”, “miséria” e “sexo”), e nem exclusivamente infantis. Assim, os filmes andam mais atrativos para as audiências, e o mercado nacional (tanto no cinema quanto em lançamentos de DVD) anda agindo de forma mais estratégica, e diversificando os temas – e isso conseguiu conquistar o público.

A gente não sai por aí aplaudindo qualquer coisa só por ser um filme nacional, mas com o tempo, aprendemos a gostar do que é bom. E se a produção de cinema brasileira for melhorando a cada dia mais, tanto melhor pra nós – e, viajando um pouquinho mais… até para a política externa. Afinal, o cinema ajuda e muito a exportar valores e cultura da nossa terrinha. Quem melhor que os norte-americanos para entenderem bem dessa coisa de “exportar valores e cultura”, não?


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