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Mais um dos egressos diretamente do Saturday Night Live, Will Ferrell sempre foi garantia de gargalhadas em qualquer uma de suas participações especiais em comédias variadas como Starsky & Hutch, Zoolander, O Império do Besteirol Contra-Ataca e Austin Powers. Logo, era de se esperar que ele simplesmente arrasasse num papel principal, correto? Hum, na verdade não.
Na bomba Um Duende em Nova York, por exemplo, Ferrell não conseguiu mostrar a que veio e a película não consegue ultrapassar a barreira do medíocre. Já neste O Âncora – A Lenda de Ron Burgundy, o cara vai mais longe e consegue fazer um filme ainda pior. Roteirizado pelo próprio Ferrell em parceria com o diretor Adam McKay (que já tinha dirigido alguns segmentos do Saturday Nigh Live), “O Âncora” é uma enorme bobagem sonolenta e sem graça. E olha que dói muito dizer isso, porque o Ferrell é um sujeito muito legal.
O grande problema do filme é justamente ficar se apoiando tanto naquelas já cansativas piadas de conteúdo sexual ou envolvendo peidos e arrotos. Sinceramente, este tipo de filme já encheu o saco. Blergh. Mas, definitivamente, parece que os americanos não cansam da fórmula, vide Todo Mundo em Pânico e afins. O que é ainda mais triste é perceber que o filme tem alguns bons momentos – a maior parte deles protagonizado pelo “homem-do-tempo” Brick Tamland (Steve Carell, ator que deve interpretar Maxwell Smart no futuro filme inspirado na série Agente 86). Mas são apenas pequenos sketches isolados, exatamente como num programa ianque de TV.
Aliás, o ritmo do filme lembra bastante as produções humorísticas que infestam as telinhas americanas, sem maiores inovações ou surpresas. No fim das contas, como é um homem acostumado ao meio que o lançou ao estrelato, talvez Ferrell não consiga fugir muito do básico que a TV ianque oferece. O que ele precisa entender, no entanto, é que nem sempre este tipo de humor tipicamente americano tem apelo no restante do mundo. E não tem nada mais chato do que ver uma comédia na qual fica claro que todas as piadas são “de americanos para americanos”.
Em “O Âncora”, somos levados de volta a San Diego da década de 70, quando Ron Burgundy (Ferrell) dominava os noticiários da época e era uma espécie de celebridade numa profissão essencialmente machista. Até que surge Veronica Corningstone (Christina Applegate, completamente dispensável), uma jornalista com pretensões de se tornar âncora, que começa a virar o mundo do conquistador Burgundy de pernas para o ar.
Para os cinéfilos, vai valer a pena ficar de olho nas aparições especiais. Estão lá Tim Robbins, Luke Wilson, Ben Stiller, Vince Vaughn, Jack Black e até o Danny Trejo, aquele sujeito meio chicano que é ator obrigatório dos filmes do Robert Rodriguez.
No mais, prefira ficar em casa vendo reprises do “Saturday Night Live”. É Will Ferrell em melhor forma, muito mais divertido e menos pretensioso.
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