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Artigo adicionado em 31/08/2004, às 09:08

Relembrando DE VOLTA PARA O FUTURO
Ninguém… me chama… de franguinho! “O objetivo aqui é obter uma percepção clara da humanidade. Onde estivemos, para onde vamos, os fracassos e as possibilidades, os perigos e a promessa”. É essa a intenção do cientista Emmett Brown, criador da máquina do tempo mais supimpa de todos os tempos (não era pra ser um trocadilho […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


“O objetivo aqui é obter uma percepção clara da humanidade. Onde estivemos, para onde vamos, os fracassos e as possibilidades, os perigos e a promessa”. É essa a intenção do cientista Emmett Brown, criador da máquina do tempo mais supimpa de todos os tempos (não era pra ser um trocadilho infame, eu juro!).

É essa máquina do tempo que aparece numa tal trilogia? Sim! E feita nos tempos áureos do tio Spielberg, na época em que seu nome nos créditos finais de um filme era garantia de uma aventura realmente boa, com bons efeitos especiais. O que mais? A presença de Cristopher Lloyd e Michael J. Fox no elenco, e Alan Silvestri responsável pela trilha sonora. Isso tudo está presente em De Volta para o Futuro, que trilhou o conhecido caminho das grandes produções feitas nesses mesmos parâmetros: dos cinemas para a Tela Quente Especial (já que tv a cabo ainda não era difundida aqui no Brasil), e dali, anos depois, direto para a Sessão da Tarde. Mesmo repetidos à exaustão nesse programa vespertino, esses clássicos das décadas 80/90 não enjoam – pelo contrário: ganham cada vez mais fãs fervorosos, que, no caso de “De Volta para o Futuro”, ainda sonham em encontrar um DeLorean voador em algum lugar do céu.

Robert Zemeckis (que dirigiu a trilogia) e Bob Gale; os criadores do roteiro, mostraram-se ser uma ótima parceria – conseguiram escrever três histórias interligadas entre si, e sobre um assunto delicado. A viagem no tempo já foi um assunto tratado em inúmeros filmes e seriados, mas “De Volta para o Futuro” foi um dos únicos a falar sobre suas implicações, envolvendo “paradoxos” e a quebra da seqüência temporal, formando realidades alternativas. Ou algo mais ou menos assim: se você voltar ao passado e mudar alguma coisa importante, o presente pode mudar (às vezes radicalmente). Ou ainda, se você voltasse ao passado e matasse seus bisavós antes de seu avô ter nascido, uma tragédia aconteceria: não só você desapareceria, como o Universo – mas, claro, essa é só a pior das hipóteses. Talvez apenas algumas galáxias desapareceriam…

Outra lógica seguida pelos roteiristas foi o fato da máquina viajar apenas no tempo e não no espaço – ou seja, se o viajante partisse de Hillvalley indo para 100 anos no passado, continuaria em Hillvalley, e não iria parar em uma Londres ou Pindamonhangaba do século passado.

Toda essa idéia lógica de ações do passado interligadas com o presente e o futuro é que dá as bases para as histórias dos filmes.

:: OS FILMES

– De Volta Para o Futuro Parte I

Marty Mc Fly é um adolescente da década de 80, com uma vida normal, e integrante de uma família também normal: um pai totalmente “perdedor” (como diriam os estadunidenses da época) ou um banana (como diria o Sr. Strickland), um casal de irmãos excêntricos e uma mãe super-protetora, uma namorada (Jennifer) e um cientista muito gente boa, mas um pouquinho doido (interpretado magistralmente por Christopher Lloyd) completam seu círculo de amigos. É esse cientista, que atende pelo nome de Doutor Emmett Brown, o responsável por transformar um DeLorean (carro cujas portas eram abertas por cima, como a do porta-malas) em uma máquina do tempo.

Doc Brown, então, todo orgulhoso com seu novo invento, vai mostrá-lo a Marty, que fica encarregado de gravar a demonstração do experimento – o cachorro do cientista, chamado Einstein, é o primeiro viajante do tempo (viaja 1 minuto para o futuro). E é aí que acontece um incidente, onde Marty, sem querer, vai parar em 1955. Lá, coincidentemente se depara com seus pais quando tinham sua idade e, acidentalmente, interfere num acontecimento importante: impede que eles se conheçam (daí não se casariam e não teriam filhos. Portanto, nada de McFlys no futuro!). É então que o moço tem que se virar para reparar seu erro. E isso enquanto foge de sua mãe (Lea Thompson, que protagonizou a série Caroline in the City, anos depois), que mostra-se apaixonada por ele, e de Biff (Thomas F. Wilson), o futuro patrão de seu pai, que é o típico malvado – burro, forte e arrogante.

– De Volta Para o Futuro Parte II

Pode parecer incrível, mas os diretores nem sonhavam em fazer uma continuação quando produziram o primeiro “De Volta Para o Futuro”. Por isso, todo o cenário construído para a primeira parte da seqüência teve que ser refeito, assim como algumas cenas. E isso porque, no segundo filme, os tempos se encontram. Vamos às explicações:

No fim do primeiro filme, Emmett Brown surge, junto ao seu inseparável carro-máquina do tempo, e avisa Marty de que algo errado acontece aos seus filhos no futuro; e por isso, deviam ir para lá. Então, o garoto e Jennifer sobem no DeLorean (que agora já ganhou até a capacidade de voar!), rumo ao futuro. Aliás, essa história da menina acompanhá-los nessa viagem foi totalmente contrária à idéia dos roteiristas. Afinal, isso não faria diferença na cena mostrada no primeiro filme – já no segundo, faria toda a diferença porque, enfim, ela estaria lá, atrapalhando o desenrolar normal da trama!

Esse caso dos filhos de Marty é na verdade apenas um pretexto para que a produção pudesse fazer umas locaçõezinhas no futuro, e para permitirem que o Biff (então velho) encontrasse a máquina do tempo, cometendo uma ação que mudaria todo o tempo espaço contínuo e mudando drasticamente a história de todos os personagens. É criado então um ano de 1985 (o “presente” na película) alternativo, uma outra dimensão; em que a mãe de McFly é casada com Biff, e na qual seu pai está morto.

Essa morte de George McFly deve-se diretamente a problemas nos bastidores: o ator que fazia seu papel, Crispin Glover, recusou-se a aparecer nas seqüências, a não ser que algumas regalias fossem concedidas a ele. A produção achou mais simples cortá-lo da história e pronto.

Enfim, para acabarem com toda essa tragédia temporal, Marty e o Doutor Emmett devem voltar para o dia no passado em que aconteceu o incidente (proporcionado pelo Biff do futuro): que calha de ser o mesmo dia de 1955, em que eles já tinham ido no filme anterior. Portanto, existem aí dois doutores e dois Martys, de épocas diferentes. E os viajantes não podem ser vistos pelo seu outro “eu”, para evitarem maiores confusões. E ainda se perguntam o porquê dessa trilogia ser tão boa?!

– De Volta Para o Futuro Parte III

Essas duas seqüências foram gravadas 5 anos depois da primeira (dá até pra notar a diferença no Michael J.Fox, que no primeiro “De Volta Para o Futuro” ainda está com cara de menininho), e praticamente juntas – quando a segunda estava no processo de finalização, as filmagens da terceira já tinham começado.

Essa terceira e última parte da trilogia é praticamente um filme de faroeste – o que divertiu muito os produtores, já que não era mais comum filmarem faroestes nos idos de 90. Isso porque o Doutor resolve partir para o Velho Oeste, que é sua época histórica favorita, e ficar por lá. Assim, ele envia uma carta a McFly (isto é, deixando-a nas mãos de agentes, com as instruções de que a entregassem na noite de 1955 para um garoto que estaria em determinada rua). Essa carta traz a localização da máquina do tempo (que o doutor havia escondido muito bem há cem anos atrás) e a instrução bem clara: que Marty não fosse atrás dele no passado. Após o recebimento da carta, por um acaso do destino o garoto vai ao cemitério e vislumbra uma lápide, que o faz, então, não respeitar essa instrução – a lápide pertencia a um certo Doutor Emmett Brown, que morrera em 1885 baleado pelas costas por Bufford Tannen (que, imaginem só, era um antepassado de Biff!). McFly vai, então, salvar seu amigo no passado.

Os roteiristas haviam decidido não mais mexer com a família McFly nessa história, porque o assunto já estava saturado. A trama então gira em torno de Emmett Brown, que, inesperadamente, se apaixona por uma dama da época, admiradora do escritor Júlio Verne.

A trilogia tem, por querer, várias cenas que remetem a outras dos filmes anteriores. Assim, por exemplo, sempre há um bar na cidade, o Biff (e seus antepassados ou descendentes) sempre vão acabar atolados em esterco (e dizendo “Eu odeio esterco”). Exatamente, “De Volta Para o Futuro” é propositalmente cheio de clichês (ou, eu diria, “auto-clichês”, já que lembram cenas já ocorridas na própria trilogia) que, quando repetidos da maneira certa, são bem divertidos.

:: OS ATORES

Michael J. Fox participava, na época da filmagem do primeiro “De Volta Para o Futuro”, de um seriado de sucesso, o Family Ties. Devido a esse empecilho em sua agenda, foram cogitados outros nomes para interpretarem Marty McFly: C.Thomas Howell e Eric Stoltz. Após alguns testes que desaprovaram Eric Stoltz, e após verem a empolgação de Michael após ler o script, foi confirmado: seria ele o jovem viajante, que andava de skate voador. Isso, aliás, é uma curiosidade: Michael J. Fox teve que aprender de andar de skate para fazer o filme (e reaprender depois, pois tinha perdido a prática após os 5 anos de diferença entre o primeiro filme e as suas seqüências). O moço aprendeu também a andar de cavalo, a atirar, e teve que melhorar seus dotes como guitarrista. Após ter feito outros filmes e ser um dos principais da série Spin City, Michael Fox teve que sair de cena cedo, pois sofre do Mal de Parkinson.

Christopher Lloyd pra mim é o grande, o único Christopher Lloyd. Antes de interpretar o Doutor Brown, ele era conhecido como o insano Jim Ignatowsky no seriado Táxi (em que Andy Kaufmann, que hoje tem até um filme estrelado pelo Jim Carrey em sua homenagem, também trabalhava). Com a sorte de conseguir esse papel de destaque na trilogia, Lloyd pôde alavancar sua carreira – ele também é conhecido por seu papel como o tio Chico, da Família Adams, e como um dos vilões mais supimpas da história do Cinema, em Uma Cilada para Roger Rabbit.

Ambos se encontraram em um episódio especial de “Spin City”, chamado De Volta para o Futuro IV.

DeLorean: De acordo com a concepção original do filme não era para o carro existir – afinal a máquina do tempo seria uma… geladeira! Após pensarem um pouco e concordarem que uma máquina do tempo seria mais legal se pudesse se locomover (fora o fato de que as crianças poderiam sair por aí se trancando em suas respectivas geladeiras), resolveram adotar um automóvel para viajar pelo tempo. E como o DeLorean tinha toda uma semelhança com naves espaciais – as portas abrindo por cima, e um jeitão diferente – foi ele o escolhido. Na verdade, foram três carros comprados e ajeitados pela equipe dos efeitos especiais: uma mistura de mostradores digitais, fios, espirais, tubos e lança-chamas foi acoplada aos carros. Dois deles funcionavam, enquanto o outro era mantido parado, para ser utilizado apenas nas tomadas mais próximas.

:: A TRILHA SONORA

O responsável pela perfeita trilha sonora da trilogia “De Volta Para o Futuro” foi um dos mestres da trilha sonora, Alan Silvestri, o mesmo que compôs para O Retorno da Múmia e Forrest Gump. O cara entendeu muito bem o pedido de Bob Zemeckis, que lhe deixou bem claro que não estava com muito dinheiro para produzir o filme, e com baixas expectativas em relação a ele. Portanto, a trilha sonora deveria ser grandiosa para salvá-lo.

Bem, é só ouvir uma palhinha da música tema (que já apareceu em lugares dos mais inusitados – como música tema do Jornal Rá-Tim-Bum, como fundo musical para um comercial de provedor de Internet, e na aberração televisiva Gugu na minha casa!), para ter noção de como a trilha sonora é realmente grandiosa, realmente perfeita, e realmente salvaria o filme, se este fosse um desastre de bilheteria (coisa que ficou longe de acontecer).

:: AS CURIOSIDADES

– Um dos relógios que aparecem na primeira cena da trilogia mostra um bonequinho pendurado nele; numa clara referência ao final do filme (e a melhor cena da trilogia) em que Doutor Brown se pendura no relógio da torre.

– Um dos jurados que desaprovaram os acordes de guitarra do McFly era o músico Huey Lewis, em seu primeiro trabalho como ator, e que compôs a música Power of Love para o filme.

– A fumaça da máquina do tempo foi providenciada por dois extintores colocados dentro do carro.

– A Disney rejeitou o projeto do filme, porque achava “imprópria” a relação entre mãe e filho mostrada no roteiro.

– A cena do raio caindo no relógio foi gravada na mesma rua utilizada em Gremlins, um ano antes.

– Ao receber a carta de Michael McFly, o doutor a rasga, mas coloca os pedaços no bolso – aposto que ninguém reparou nisso!

– Em 1988, Robert Zemeckis, Steven Spielberg, Christopher Lloyd e Alan Silvestri trabalharam juntos novamente, em “Uma Cilada para Roger Rabbit”.

:: O DESENHO ANIMADO

Lembram do desenho animado baseado na trilogia? O Doutor Brown, a Clara Clayton e seus filhinhos Júlio e Verne estrelavam a animação, e eram vizinhos de Marty. Em sua garagem podiam ser encontrados um DeLorean e um trem… Marty, Jenniffer e Biff também apareciam, tanto no presente como em outras eras. Ao final do episódio, o momento esperado: Christopher Lloyd, em carne e osso surgia diante das câmeras, ensinando a criançada a fazer algumas experiências mirabolantes. Tudo meio no estilo de Mundo de Beakman.

:: O DVD

E toda a trajetória percorrida por esses filmes clássicos não acaba destinada a permanecer no limbo da Sessão da Tarde por toda a eternidade. Afinal, nas grandes distribuidoras ainda existem pessoas de bem, que resolvem lançar coleções caprichadas de DVDs. E foi o que aconteceu com a trilogia “De Volta Para o Futuro”. Nesse caso a coleção é bem caprichada mesmo – conta com bastante material no Bônus (que é a parte mais emocionante dos DVDs, não é?).

Um documentário dividido entre os três discos conta com o depoimento dos criadores da série, e com várias curiosidades. O making of segue essa mesma linha – com cenas dos bastidores, que mostram até o pessoal testando os skates voadores. Cenas cortadas e trailers de cinema, como é de praxe, também fazem parte do pacote, que ainda inclui erros de gravação, comparação do storyboard com as cenas já gravadas, e Anedotas da Universal, que traz o comentário dos idealizadores da trilogia e curiosidades gerais.

Mas, como nem tudo é perfeito, há um porém: a dublagem dos DVDs não é a mesma que a antiga, feita em São Paulo, onde Marty McFly era dublado por Orlando Vigianni. Para os que estavam acostumados com essa versão, pode parecer um desastre, mas, sinceramente, gostei bastante da redublagem. Está muito bem feita, por mais que os paulistanos queiram reclamar do sotaque carioca dos dubladores (o Manolo Rey – dublador do Presuntinho e do Gaguinho – manda bem como o McFly) e o Mauro Ramos (não pude confirmar isso com certeza, já que as vozes em português não ganham créditos… se alguém souber me confirmar se é mesmo o Mauro Ramos, seria um favor!) está, também perfeito como o Doutor Brown.


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