Se você ainda está pensando em ir até o Mc Donald’s e comprar um Mc Lanche Feliz para completar sua coleção de bonecos da Pixar, pode ir tirando seu cavalinho da chuva. “No more Pixar for you”. Agora você pagará seus 9 reais por brinquedos do SNOOPY, que virão devidamente acompanhados de um lanche, uma batata e um refrigerante à sua escolha.
E esses brinquedos do Snoopy continuarão seguindo o novo protótipo de brindes da caixinha. Esqueça aqueles bagulhetes inúteis de alguns anos atrás. Desde o lançamento das Hello Kitties que faziam mil coisas e que venderam como água na lanchonete amarela e vermelha, a idéia de tratar os brindes como algo com um maior destaque está pegando. Aliás, os bonecos da Pixar, que foram vendidos durante o mês de julho, estavam simplesmente perfeitos. Meu Mike Wazowksi, que fica ao lado do meu computador e tem olho, pálpebra, braços e pernas articulados, comprova isso. Não por acaso, a lanchonete vendeu 1 milhão de unidades do McLanche Feliz só nos cinco primeiros dias da parceria Pixar/Mc Donald’s.
A intenção da empresa é que o sucesso de vendas se repita com o cãozinho beagle de Charles Schulz. O cachorrinho virá em 4 partes (ahm, é, isso mesmo). O comprador poderá escolher entre ganhar a cabeça do Snoopy – um tabuleiro com dois joguinhos envolvendo as personagens da turma do Charlie Brown; o tronco do caõzinho – um daqueles labirintos em que uma bolinha de metal deve ser encaixada num buraquinho (na verdade, o Mc Donald’s diz que não é apenas um labirinto e sim um MULTIlabirinto, seja lá o que for isso); e os pés do Snoopy – que viram um jogo da velha. Assim que todos os pedaços do cachorro forem montados, você pode completar sua coleção com seu pratinho, que vem junto com aquele passarinho amarelo: o Woodstock. Eles se transformam num jogo de argolas. Em suma: São “4 jogos megadivertidos que formam o MEGA SNOOPY”, que é grandinho e tem 35 cm de altura. Mega legal, né?
:: E O SNOOPY?
Mais do que um cachorro que ilustra cartões de aniversário e shampoos infantis, o Snoopy era parte das famosas tirinhas do norte-americano Charles Schulz. O verdadeiro protagonista de suas tirinhas, que foram publicadas pela primeira vez em 1950, era o menino Charlie Brown (também conhecido aqui no Brasil por Minduim, na tradução do Ziraldo).
Peanuts era o título da série de tirinhas que enfocava a turma de Charlie Brown – Lucy, Linus, Schroeder, Marcie e Sally eram alguns dos amigos do menino. O nascimento desses personagens foi na tirinha que precedeu Peanuts, a Li’l Folks. Após esse período experimental em que o autor Charles Schulz ainda dava seus primeiros passos nos quadrinhos, Peanuts passou a ser o nome definitivo das tirinhas, que no dia 2 de outubro de 1950 ganharam um espaço em 7 jornais estadunidenses, sendo publicadas sempre aos domingos, e conquistando a partir daí um sucesso que dura até hoje, mesmo com a morte do desenhista/argumentista e arte finalista (só para se ter uma idéia, Peanuts fez parte de mais de 2600 jornais ao redor do mundo).
Schulz era o único a desenhar e a criar suas tiras, e, como artista, não suportava a idéia de ver outros desenhando por ele. Aliás, a última tira inédita da turma de Charlie Brown foi publicada um dia após a morte de Charles Schulz, que uniu-se ao coro dos invisíveis em 13 de fevereiro de 2000.
:: MAS… E O SNOOPY?
Além das crianças já citadas acima, o pássaro Woodstock e o cachorro Snoopy faziam parte da trupe dos quadrinhos de Schulz. Snoopy é o cachorro de estimação de Charlie. Enquanto seu dono não tem sorte na vida, e nada dá certo para ele, o beagle (que de beagle mesmo não tem nada) tem uma grande legião de fãs e se dá bem em muitas atividades que, com a sua mania de sonhador, se mete a fazer.
O personagem canino foi o mais popular da turma, e também, talvez por isso mesmo, tenha sido um dos maiores responsáveis pelo sucesso da tirinha. O beagle apareceu pela primeira vez em uma das primeiras tiras de Peanuts, como um cãozinho dado de presente a Charlie Brown. Nos seus primórdios, Snoopy agia como qualquer cachorro normal. Apenas após 1958 ele passou a andar como um bípede e a dormir em cima de sua casinha. Com a sua humanização, ganhou mais carisma, e o público passou a gostar mais dele.
Sim, o beagle sonhador imaginava-se como várias personalidades. Em seus sonhos, ele podia ser o que quisesse. Seja um piloto da Primeira Guerra Mundial ou um grande escritor – esses instantes sonhadores de Snoopy proporcionam aos seus leitores um minuto de “vamos, sonhe comigo também!”
Aliás, todas as historietas criadas por Charles Schulz têm um aspecto um tanto quanto singelo. Diferentemente de algumas outras tirinhas, não existe naquelas um elemento totalmente engraçado que nos faça rir ao final. Por trás dos quadrinhos existe sim uma temática meio poética, que quase sempre lembra elementos infantis – assunto muito apreciado pelo autor.
Por isso, apesar de Garfield e Snoopy serem animais, personagens de tirinhas, preguiçosos (mas, no caso do cãozinho, não exageradamente) e só falarem através de balões de pensamento, as diferenças entre ambos são grandes. Enquanto o primeiro é um dos reis das histórias irônicas e humor às vezes ácido; Snoopy é o dono das histórias engraçadinhas… e só. Mas que no fundo resgatam o sentimento da criança dentro dos leitores através das divagações filosóficas do personagem. Ok, esse artigo ficou “fofo” demais pro meu gosto…
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