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Se não fosse pela Mulher-Gato, não existiria a Mulher-Gato. Mesmo soando meio estranho, é a mais pura realidade. Porque Mulher-Gato (Catwoman, 2004), que estréia nesta sexta-feira em circuito nacional, provavelmente não teria conhecido as telas dos cinemas se não fosse pela brilhante interpretação de Michelle Pfeiffer para a mesma personagem em Batman, O Retorno (Batman Returns, 1992). Não que vá fazer alguma diferença, já que o novo “mico” de Halle Berry é ruim de qualquer jeito. Aliás, acho que nem podemos chamar aquilo de “filme”. Mas o desempenho de Michelle Pfeiffer na segunda aventura do Homem-Morcego pelas mãos de Tim Burton foi tão avassaladora que a personagem deixou de ser “o vilão secundário” do longa-metragem para se tornar um anti-herói que roubou todas as cenas em que dava as caras. Tanto que a idéia de rodar um spin-off estrelado pela felina já existia desde 1992 – de certa forma, era melhor que não tivesse saído do papel… hehehe!
Mas como assim, “anti-herói”? Bem, o conceito do ANTI-HERÓI já é bem antigo na literatura, nos quadrinhos e também no cinema. O termo vem da união de “anti” (em oposição) e “herói” (denominação dada aos grandes homens divinizados, dotados de qualidades guerreiras, triunfos, valor ou magnanimidade; ou seja, aquele que arrisca a vida pelo dever ou em benefício de outrem). Resumindo, é um herói com alguma imperfeição. No cinema, podemos definir o anti-herói de três maneiras diferentes. Ele pode ser um sujeito que trabalha para o bem, mas utiliza os meios mais sujos e cruéis para atingir seu objetivo, como é o caso do imortal detetive Harry Calahan, interpretado por Clint Eastwood em Perseguidor Implacável (Dirty Harry, 1971); um sujeito que trabalha para o bem, mas que não tem um padrão físico ou psicológico que o classifique como “herói”, como o ogro verde, feio, porco e mal-educado Shrek (2001, 2004); um vilão que, por uma crise de consciência, resolve defender o lado do bem, tal qual o perigoso Riddick de Vin Diesel em Eclipse Mortal (Pitch Black, 2000); ou um vilão que age não por maldade pura, mas para defender um motivo nobre e nada mais do que isso, como é o caso da própria Mulher-Gato de “Batman, O Retorno”, cujo único objetivo é se vingar do inescrupuloso Max Shreck (Christopher Walken), responsável pelo “empurrãozinho” dado em Selina Kyle.
Um dos primeiros exemplares desta categoria a aportar nos cinemas foi o detetive particular Sam Spade, interpretado pelo inesquecível Humphrey Bogart na obra-prima noir Relíquia Macabra (The Maltese Falcon, 1941), do diretor John Huston (pai da fantástica atriz Anjelica Huston – a Morticia da adaptação para os cinemas de A Família Addams). Neste filme, inspirado numa coleção de pulps do escritor Dashiell Hammett, o detetive investiga o assassinato de seu parceiro, e é envolvido por uma mulher misteriosa (a belíssima atriz Mary Astor) numa trama complexa que gira em torno de uma estatueta muito valiosa que estaria supostamente escondida na ilha de Malta. Além de cínico e contrário à regras, Sam Spade não esconde de ninguém que está mais preocupado em botar as mãos na estatueta do que em desvendar o crime. “Relíquia Macabra” é considerado o primeiro grande policial do cinema, tendo concorrido a três Oscars em 1941. Está disponível em DVD com o título O Falcão Maltês. Depois deste, muitos mocinhos e mocinhas de caráter duvidoso chegaram às telas. Eis uma listinha com alguns dos anti-heróis mais legais do cinema, na minha opinião – mas não necessariamente na ordem em que se apresentam.
:: O SUBVERSIVO
Sou muito suspeito pra falar de Clube da Luta (Fight Club, 1999). Não faço questão de esconder que a obra-prima de David Fincher (diretor de Seven e O Quarto do Pânico) é um dos meus filmes preferidos, e perdi a conta de quantas vezes li o livro do mecânico Chuck Palahniuk, na qual o trabalho é inspirado. Preferências à parte, “Clube da Luta” foi um dos filmes mais comentados da década de 90, pelo seu conteúdo altamente subversivo e pelas atitudes mais subversivas ainda de seu personagem principal, o malucão e carismático Tyler Durden (Brad Pitt). Junto com um homem identificado apenas como “o narrador” (Edward Norton), Durden é o criador de um grupo de terapia que funciona literalmente na base da porrada. Mas isso é somente a primeira linha de um enredo aterrorizante que envolve uma suicida em potencial (Helena Bonham Carter), um exército de homens revoltados com o “sistema” e um tal Projeto Caos. Contar mais seria uma grande SA-CA-NA-GEM com quem ainda não assistiu a este que é considerado por muitos o melhor filme da década de 90. Disponível em DVD. O que o torna um herói: Tyler Durden não têm intenções de dominar o mundo, mas sim de “libertá-lo”. O que o torna um anti-herói: Bem, trabalhar como garçom só pra urinar nos pratos e vender sabonetes feitos com gordura humana não são atitudes típicas de um herói…
:: O ATREVIDO
Em O Máskara (The Mask, 1994), o tímido bancário Stanley Ipkiss (Jim Carrey, no papel que o alçou à condição de astro) é passado para trás por todo mundo. Até que encontra uma misteriosa máscara de madeira e, quando a coloca, torna-se o Máskara, herói que mais parece um maníaco saído de um desenho animado da Warner. A película, baseada nas aventuras do personagem da Dark Horse Comics, foi dirigida por Charles Russell (de Queima de Arquivo e A Bolha Assassina) e se tornou um enorme sucesso no ano de 1994, tendo custado a bagatela de US$ 18 milhões e rendido seis vezes mais, só nos States. Apresentou efeitos especiais inovadores, claramente inspirados nos desenhos de Tex Avery (aquele do cachorro Droopy) e revelou Carrey e Cameron Diaz ao mundo. Até hoje, é um dos trabalhos mais aclamados do ator, junto com O Show de Truman (de Peter Weir), O Mundo de Andy (de Milos Forman) e Brilho Eterno de uma Mente sem Lembrança (de Michael Gondry). “O Máskara” está disponível em DVD, mas não é tão fácil de achar. O que o torna um herói: Meio que sem querer, o Máskara acaba por se transformar num “defensor dos fracos e oprimidos”. O que o torna um anti-herói: Sarcástico ao extremo, quase doentio, a primeira coisa que faz ao descobrir os poderes da tal máscara é dar o troco em todos que o aporrinhavam.
:: O SEDUTOR
Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula, 1992), de Francis Ford Coppola, foi outro filme que marcou época. Motivos não faltam: mesmo tendo sido infinitamente levado às telas, foi a primeira vez em que o personagem recebeu tratamento quase cem por cento fiel à obra de Stoker, publicada em 1897. A produção foi feliz em todos os aspectos, desde o roteiro até a escolha dos atores, e se tornou um fenômeno na ocasião de seu lançamento, aumentando em US$ 200 mi os cofres da Columbia Pictures. A trama gira em torno do Príncipe Vlad Dracul (o grande Gary Oldman, que pode ser visto atualmente nas telas como o Sirius Black de Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban), que recebe a visita de um agente imobiliário (Keanu Reeves, ainda longe de se tornar “o predestinado” da trilogia Matrix) e reconhece em Mina Murray (a gracinha Winona Ryder), noiva do rapaz, a reencarnação de seu grande amor, Elisabeta, morta quatrocentos anos antes. O trabalho de Coppola é lembrado até hoje, assim como a atuação inspirada de Gary Oldman e de Anthony Hopkins, este último como o professor Van Helsing (outro que, assim como a Mulher-Gato, ganhou um filme-solo este ano com Hugh Jackman no elenco), e também gerou outro filme fiel à sua origem, Frankenstein de Mary Shelley (Mary Shelley’s Frankenstein, 1994), de Kenneth Branagh e produzido pela mesma equipe de “Drácula”. Vencedor de três Oscars, “Drácula” existe em DVD numa versão muito pobre, mas indispensável. O que o torna um herói: Drácula não é uma má pessoa. Na real, ele faz o que faz única e exclusivamente por amor (Elisabeta) e por impulso (ele precisa se alimentar…). O que o torna um anti-herói: O vampirão não hesita em trucidar quem está em seu caminho, e mesmo assim todo mundo torceu por ele no final do filme.
:: O INTROVERTIDO
Martin Q. Blank (John Cusack) é um cara legal e boa praça, e bem sucedido em sua profissão. O único problema de Martin é justamente o seu “emprego”… A comédia de humor negro Matador em Conflito (Grosse Pointe Blank, 1997) foi considerado a grande surpresa independente de 97, mostrando uma visão satírica do executivo americano, disposto a “vencer a qualquer custo”. Na trama, o assassino profissional Martin vê seu mundinho virar de ponta-cabeça quando aceita executar um “serviço” em Grosse Point, sua cidade natal. Coincidentemente, ele chega na mesma semana em que acontecerá a festa de dez anos de sua formatura do colegial, o que o fará enfrentar sua ex-namorada (Minnie Driver, de Gênio Indomável), que ele delicadamente deixou plantada no dia da formatura. Ao mesmo tempo, Martin é obrigado a esconder sua “vocação” dos ex-colegas pentelhos, tentar amansar a garota, concluir sua tarefa e ainda despistar um “colega de trabalho” enfurecido, o sr. Grocer (interpretado de maneira hilária por Dan Aykroyd). Vale a pena dar uma olhada neste longa-metragem muito divertido do diretor George Armitage (que dirigiu também outra produção muito bacana, O Anjo Assassino, com os sumidos Alec Baldwin e Jennifer Jason Leigh). “Matador em Conflito” custou 15 milhões de dólares e rendeu mais de 31 milhões, uma marca impressionante para um filme independente. Disponível em DVD. O que o torna um herói: Martin Q. Blank não tem medo de se enfiar num tiroteio para defender o que considera “politicamente correto”. O que o torna um anti-herói: Mesmo com toda nobreza de seus atos, um herói não assassinaria um presidente apenas por dinheiro. Ainda mais usando um garfo como arma. Chega a ser hilário ver o cara matando alguém e em seguida, saindo para almoçar.
:: O ALUCINADO
Só o enredo de Donnie Darko (2001), de Richard Kelly – cujo currículo se resumia a apenas dois curtas -, já é um motivo bem plausível pra voar até a locadora. Donnie é um adolescente com sérios distúrbios psicológicos. Numa certa noite, tem uma crise de sonambulismo, levanta-se da cama e caminha até a rua. E escapa da morte certa: uma turbina de um avião cai sobre sua casa, mais exatamente em cima de seu quarto. A partir daí, Donnie passa a ser perseguido por um coelho gigante e deformado (!) que o obriga a cometer atos violentos (!!), fala sobre viagem no tempo (!!!) e lhe confidencia que o mundo irá acabar em 28 dias (!!!!). Falar mais é um crime. “Donnie Darko” rapidamente se tornou cult na terra do Tio Sam, e elevou ao status de astro o ator Jake Gyllenhaal (de O Dia Depois de Amanhã), além de ter um elenco bem eclético, que conta com Drew Barrymore, Patrick Swayze (alguém lembra de Dirty Dancing?), Noah Wyle (da série de TV ER) e a tetéia Jena Malone (de Cold Mountain). Foi lançado direto em VHS e DVD aqui no Brasil, e conforme já noticiado aqui n’A Arca, ganhou uma versão extendida recentemente. Que, aliás, rezo para que chegue logo, ou pelo menos chegue, não importa quanto tempo demore, aqui na nossa terrinha querida… O que o torna um herói: Em dado momento, Donnie sacrifica o que mais preza em prol de um bem maior – ato mais heróico, impossível. Não vou contar mais pra não estragar a surpresa. O que o torna um anti-herói: Donnie Darko é aquele tipo de pessoa que te faz sair correndo de medo ao cruzar numa rua escura à noite.
:: O LARGADÃO
Devo confessar que, pra mim, qualquer filme dos Irmãos Coen é bom. Até mesmo Matadores de Velhinha. Mas um dos personagens mais legais que a dupla de diretores-roteiristas já trouxe às telas é o doidaço Jeff Lebowski, interpretado por Jeff Bridges em O Grande Lebowski (The Big Lebowski, 1998). Nesta despretensiosa comédia, Lebowski, ou “The Dude”, como costuma se auto-intitular, é um jogador de boliche confundido com um magnata que possui o mesmo nome. Tem sua casa invadida por dois meliantes, apanha um bocado, é forçado a beber água direto do vaso sanitário e ainda presencia os bandidos “regando” seu tapete. Como não leva desaforo pra casa, The Dude procura o velho Lebowski para exigir um tapete novo, e acaba se metendo numa enrascada das boas. Os personagens secundários conseguem ser mais figuraças que o próprio The Dude: a amante do velho (a maravilhosa Julianne Moore – ei, ela daria certo como Mulher-Gato!), o parceiro de boliche com tendências homicidas (John Goodman), o jogador rival de roupas esquisitas, chamado Jesus Quintana (John Turturro)… bem, é um típico produto de Joel e Ethan Coen, considerado por muitos o seu melhor filme depois de Fargo (1996). Após assistir a esta jóia do humor negro, uma coisa é certa: The Dude é mesmo O CARA! E ele só queria um tapete novo… Disponível apenas em VHS no Brasil, o que é um desacerto total. O que o torna um herói: The Dude não mede esforços para honrar o seu intocável senso de justiça. O que o torna um anti-herói: O que pensar de alguém que não faz porcaria nenhuma o dia inteiro, vai ao supermercado de roupão e samba-canção, sai à rua com a barba toda suja de leite e ainda fuma baseado de cinco em cinco minutos?
Claro que a trajetória dos anti-heróis no cinema não se resume apenas a estes trabalhos que citei. Ainda há uma porção de personagens e filmes que podem (e devem) ser citados, mas infelizmente o espaço não permite. Sei lá, qualquer dia, eu escrevo um livro sobre isso… hehehe… O importante é que estes e outros longas estão aí pra mostrar que qualquer um pode ser um herói, independente de seus atos ou características. Afinal, que atire a primeira pedra aquele que não possui uma imperfeição sequer. Mas o verdadeiro herói, na minha opinião, é aquele que enfrenta o destino e se aventura a assistir ao novo filme da Mulher-Gato! Este merece até medalha de honra! 🙂
:: ALGUMAS CURIOSIDADES
– Relíquia Macabra custou 300 mil dólares. Uma fortuna incalculável na época.
– Durante a projeção de Clube da Luta, há exatamente 25 dicas que auxiliam o espectador a desvendar a bombástica revelação do filme. Mas claro que não contarei nada aqui, e de qualquer maneira a maioria das dicas só são perceptíveis depois de ver o longa duas, três vezes. É fácil de notar também que as teorias doentias de Tyler Durden estão inseridas de forma indireta em cada seqüência do longa; segundo o diretor David Fincher, foi uma maneira de “brincar” com um tema polêmico: as mensagens subliminares.
– Ainda falando de Clube da Luta, o roteiro do filme é de Jim Uhls (que nunca roteirizou nada até então), mas o final foi reescrito por Chuck Palahniuk, de modo que diferenciasse o filme do livro. Por sinal, o último capítulo de “Clube da Luta”, o livro, é uma das coisas mais estranhas que já vi em toda minha vida.
– A cena da dança de Jim Carrey e Cameron Diaz em O Máskara é, na verdade, uma reprodução passo a passo de um cartoon de Tex Avery, chamado “Red Hot Riding Hood”. Este mesmo cartoon é exibido na TV do apartamento de Stankey Ipkiss, numa das primeiras cenas do filme.
– Em Drácula de Bram Stoker, uma das três noivas que seduzem Keanu Reeves é Monica Bellucci, versátil e maravilhosa atriz italiana que já trabalhou em obras como o aterrador Irreversível (Irréversible, 2002), de Gaspar Noé, A Paixão de Cristo (The Passion of the Christ, 2004), de Mel Gibson, e Matrix Reloaded e Revolutions (2003), dos Irmãos Wachowski.
– O título original de Matador em Conflito, “Grosse Pointe Blank”, é um ninho de referências: Point Blank, além de ser o nome da cidade natal do personagem de John Cusack, também é o título original do clássico policial À Queima-Roupa (1967), de John Boorman, sobre um assassino profissional; Blank também é o nome do protagonista, mas ainda pode significar tiro de festim, espaço a ser preenchido ou algo desprovido de emoção, duas características do personagem; o verbo to blank significa eliminar; Gross (que tem a mesma pronúncia de grosse) significa indelicado.
– O papel de Donnie Darko foi oferecido inicialmente a Mark Wahlberg (de Planeta dos Macacos, de Tim Burton), que não pôde aceitar por problemas de agenda. Logo em seguida, Jason Schwartzman (do magnífico Rushmore, de Wes Anderson) aceitou o papel, mas desistiu em seguida. Finalmente, Jake Gyllenhaal assinou contrato para dar vida ao personagem. Cá entre nós, com a cara de louco que ele tem, não poderia haver escolha mais perfeita.
– Ainda em Donnie Darko, existem várias conexões assustadoras ao longo do filme, que só pega quem grudar os olhos na tela. Numa delas, logo no início do filme, a mãe de Donnie surge lendo It, clássico de Stephen King sobre um palhaço assassino. Em determinado momento, ela se envolve em um acidente provocado por um garoto… vestido de palhaço. Macabro.
– Jeff Bridges aparece em todos os frames de O Grande Lebowski, à exceção da cena em que a gangue dos niilistas estão comprando panquecas. O guitarrista Flea (da banda Red Hot Chili Peppers) e a cantora Aimee Mann (que fez, entre outros trabalhos, a trilha de Magnólia, a obra-prima de Paul Thomas Anderson) trabalham em pequenas pontas no filme, como dois membros desta gangue.
– A palavra “man”, marca registrada do personagem de Jeff Bridges, é pronunciada 144 vezes durante O Grande Lebowski. Aquela palavrinha bonita e adorada pelos americanos (sim, aquela que começa com f…), é dita 281 vezes. Apesar de ser um fanático por boliche, The Dude não é visto em momento algum do filme praticando este esporte, a não ser em uma rápida seqüência de um sonho.
– O aclamado ator Steve Buscemi, indicado ao Globo de Ouro 2003 por sua performance no chocante Mundo Cão (Ghost World, 2002, de Terry Zwigoff), atuou em todos os trabalhos dos irmãos Coen, tanto em papéis principais (caso de Fargo) quanto em pequenos papéis (caso de O Grande Lebowski). Curiosamente, seus personagens sempre acabam mortos.
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