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Há 7 anos a Rare lançou para o Nintendo 64 um cartucho que revolucionaria o modo como os FPS (First Person Shooters, ou se preferir, “joguinho tipo Doom”) são feitos. 007 Goldeneye foi um sucesso de crítica e vendas, e até hoje é lembrado como um dos melhores jogos de tiro, assim como o game de James Bond definitivo. Depois dele, alguns outros jogos mais fraquinhos tentaram seguir o estilo, mas falharam. Até que a EA Games decide virar a mesa, preparar uma superprodução digna de um filme, e lançar um jogo digno de Bond.
James Bond 007: Everything or Nothing é um jogo de ação em terceira pessoa cheio de tiros, explosões, engenhocas, carros, mulheres e é claro, James Bond mostrando porque é o agente secreto mais bem sucedido do mundo.
:: PRODUÇÃO ESTELAR
Você vai fazer um jogo de 007 com personagens realistas, vozes, etc. Você então quer 100% de autenticidade, não é? Ora, então porque não chama logo o Pierce Brosnan pra fazer a voz do personagem principal?
A EA Games pensou assim, e lá está aquele sotaque irlando-britânico do último 007 no cinema no game! E não só isso, mas a cara dele também está lá. O nível de realismo facial é impressionante. Não dá pra não reconhecer os atores. Todos eles passaram por um processo de “cyber-scaning”, para que seus personagens no jogo ficassem perfeitos. E ficaram.
E você pensa que é só o 007 que faz um filme de James Bond? John Cleese e Judi Dench reprisam seus papéis de R, o inventor que traz todas as engenhocas high-tech de Bond, e M, a superior imediata de Bond. Mas porque não trazer mais? O vilão do jogo é interpretado por ninguém menos que Willem Dafoe (sim, o Duende Verde do primeiro Homem-Aranha!). Ainda temos Richard Kiel, como o temível Jaws, retornando mais uma vez para atazanar Bond, e como não poderia faltar, interpretando as Bond Girls temos Shannon Elizabeth, Heidi Klum, Misaki Ito e a cantora Mya, que além de emprestar o rosto, o corpo e a voz para uma agente da NSA, canta a música da apresentação do jogo (muito mais legal do que a da Madonna!).
E por falar nisso, a apresentação do jogo é extremamente semelhante a de um filme do agente 007. Terroristas trocando bombas num país difícil de soletrar, subitamente uma explosão, Bum, e você começa a jogar do nada! Bem parecido com outro sucesso da EA Games, The Lord of The Rings – The Two Towers, que começa da mesma maneira, te jogando no meio de uma guerra. Só ao terminar a primeira fase, você vê a apresentação, estilosíssima, com a música da Mya e tudo mais de se esperar. Definitivamente, um filme.
:: E O JOGO EM SI?
James Bond é enviado dessa vez para diversas partes do mundo, entre elas Egito, EUA, Peru e Rússia para tentar impedir mais um doido que quer dominar o mundo, Nikolai Diavolo, que pretende fazê-lo através da nanotecnologia (robôs microscópicos). Diavolo, inclusive, era lacaio de Max Zorin, super vilão do filme 007 – A View to a Kill, de 1985, que foi interpretado por Christopher Walken.
Não são só os rostos dos atores que estão bem feitos. Os cenários, explosões, efeitos de luz, graficamente o jogo está muito bom. Temos uns e outros poréns, no entanto: algumas vezes a animação de Bond o faz parecer ter braços de borracha, mas isso vira um mero detalhe quando você vê o jogo acontecendo.
A ação do jogo flui magicamente. Os controles são preciso e diretos, e embora às vezes existam alguns problemas com o “lock-on” da mira automática, você nunca poderá culpar os controles por que James Bond morreu.
James Bond pode saltar e rolar, para fugir de tiros, usar os punhos para mostrar como um cavalheiro briga de verdade e ainda matar silenciosamente, sendo cauteloso, sorrateiro e quebrando alguns pescoços. Uma das engenhocas mais usadas no jogo é o “rappel”, uma cordinha que deixa você chegar a lugares inalcançáveis, e também saltar de prédios sem medo de despencar, podendo, enquanto “caminha” prédio abaixo, estourar uns miolos de inimigos. Você, que sempre viu os filmes e dizia “Mas não dá pro 007 matar tanta gente e não levar bala. Poxa, ele deve ter um sexto sentido!” estava certo! Com o toque de um botão, você liga uma espécie de “bullet-time” diferente dos que estamos acostumados. Nessa tela, tudo fica azul, extremamente lento, e além de poder trocar de arma mais facilmente, você pode vasculhar ao redor de Bond atrás de inimigos, itens especiais, aquele lugar maneiro para plantar uma bomba, etc. Outro toque no botão e você já tem o inimigo em sua mira, sendo peneirado por balas a serviço da rainha. Isso facilita o jogo, mas não o torna banal. É uma alternativa bem criativa para injetar um pouco de “novo” na franquia.
Outra idéia inovadora são os chamados “Bond Moments”. No clássico Goldeneye, uma das maiores dificuldades era destrancar todos os power-ups secretos, terminando determinada fase em determinados tempo e dificuldade. Nesse, você pode destrancar os extras e power-ups ganhando pontos nas fases. E você ganha pontos extras por realizar algumas tarefas diferentes. São os tais “Bond Moments”, coisas que só nosso querido agente pensaria, como, por exemplo, atirar numa viga no teto, derrubando-o e matando uns 4 inimigos com uma só bala. Derrubar uma mesa para se proteger, causar uma explosão espetacular, dar uma trégua na missão para massagear aquele mulherão que está numa mesa de massagem. Com certeza, ninguém na EA poupou esforços criativos para deixar o jogo com a cara dos filmes.
O jogo se baseia principalmente em tiroteio, esconder-se atrás de paredes ou caixas, mas com algumas fases em que você dirige um veículo (carro, helicóptero, motocicleta), que dão uma quebrada na rotina, e são bem divertidas. O sistema de direção é simples, porém bem eficaz. E é claro, você tem mísseis, metralhadora, modo “carro invisível”, cortesia de R. Há ainda fases completamente diferentes, como a que você simplesmente tem que alcançar uma garota durante uma queda.
Além das vozes hollywoodianas, o som do jogo é bem legal. Tiros, motores, explosões. Nada de novo, mas cumprem seus papéis. Além da música, conduzida por Sean Callery, que ganhou o Emmy pelas melodias que criou para a série 24 Horas, da Fox.
:: ENTÃO, JOGO?
Jogue. Se você é um fã de jogos de ação, com certeza já jogou 007 Goldeneye, e está órfão de um game digno de carregar esse nome desde então. Esse jogo já é uma realidade, que vai alimentar a sede por adrenalina de todos os que gostam dos filmes do agente secreto criado por Ian Flemming.
O jogo tem só um problema grave, ao menos para mim. Não consigo tirar a música da entrada da cabeça…
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