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Artigo adicionado em 06/06/2004, às 12:34

TINTIN
Com mil milhões de caranguejos pernetas! Quadrinhos clássicos são divertidos, sim. Nem sempre é preciso de colants amarelos, máscaras ou golpes sofisticados para criar histórias interessantes. Um jornalista belga de topete loiro, sem precisar de muitos enfeites, foi capaz de render muitos quadrinhos, alcançar outras mídias e ainda ter fãs depois de 75 anos de […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Quadrinhos clássicos são divertidos, sim. Nem sempre é preciso de colants amarelos, máscaras ou golpes sofisticados para criar histórias interessantes. Um jornalista belga de topete loiro, sem precisar de muitos enfeites, foi capaz de render muitos quadrinhos, alcançar outras mídias e ainda ter fãs depois de 75 anos de existência. Não, não, o Tintin não é apenas aquela série de desenhos de meia hora que passa na TV Cultura, é muito mais do que isso.

:: COMO SURGIU TINTIN

Hergé (o pseudônimo de Georges Remi), o autor do célebre Tintin, passou sua juventude na Federação dos Escoteiros Católicos da Bélgica, o que lhe deu ótimas oportunidades para viajar, conhecendo países e culturas diferentes, e principalmente serviu de fonte de inspiração para a criação do personagem.

Na verdade, Tintin deriva da primeira personagem criada por Hergé: um escoteiro chamado Totor. Sugestivamente, as primeiras publicações com Totor chamavam-se Les aventures de Totor. Já bem colocado como ilustrador do jornal Le Vingtième Siècle, do reverendo Wallez, Hergé destacou-se no meio e foi colocado como diretor do suplemento juvenil Le petit vingtième. Após algum tempo nesse cargo, o desenhista fez com que Totor “evoluísse” e se tornasse o nosso conhecido Tintin (ou Tintim, em português, dependendo da data de publicação da história).

A primeira história publicada com o novo personagem foi Tintin no País dos Soviéticos, em 10 de janeiro de 1929. Essa primeira aventura do detetive repórter era impregnada de uma visão de mundo européia (estilo “a Europa é o umbigo do mundo”) e mostrava um certo preconceito em relação às outras culturas, o que marca as obras de início de carreira de Hergé.

:: QUEM É O DO TOPETE?

Um jovem jornalista que vive se metendo em aventuras e passa por várias peripécias, geralmente para salvar alguma pessoa boazinha da garra dos malvados (que várias vezes eram liderados pelo infame Rastapopoulos – é, esse nominho lindo mesmo). Tintin tem vários amigos, mas seu mais fiel companheiro é Milu, o fox terrier que sempre aparece nos momentos estratégicos para salvar o jornalista.

Tintin sempre consegue deduzir as questões apresentadas e fugir dos perigos iminentes usando sua inteligência/esperteza, que são, talvez, um dos únicos pontos que chamam atenção no personagem.

Outras personagens se destacam às vezes até mais que o protagonista – neles, seus traços são realistas, contrastando com suas personalidades, que são bem caricatas.

:: QUEM SÃO ELES?

As personagens centrais são estas:

Milu: Sua primeira aparição foi exatamente na estréia de Tintin. Desde o primeiro quadrinho, o fox terrier branco o acompanha, nos bons e maus momentos. E vice-versa. Ao contrário do que acontece na animação, os pensamentos de Milu aparecem nas HQs, como se fosse um diálogo com Tintin. Como nas primeiras publicações o cachorrinho era praticamente o único confidente do protagonista. Esses diálogos entre os dois eram necessários, mas após o surgimento de Haddock, Milu tornou-se mais, por assim dizer, calado. Seu nome é devido à Marie-Louise van Cutsem, uma namorada de Hergé, cujo apelido era Malou.

Dupont e Dupond: Dois detetives ingleses, com as mesmas roupas, mesma pronúncia do nome, mesmos gestos, mesmas falas e mesmos fracassos, mas que não são irmãos. Todos os casos em que participam são decifrados por Tintin, sobrando à atrapalhada dupla apenas o decreto de prisão dos infratores. Os Duponts são tão escravos da ordem que chegam a ser patéticos, e eu diria mais: isso é uma total tiração de sarro com os ingleses. Sua data de estréia na série foi em 1934, em Cigarros do Faraó.

Capitão Haddock: Surgiu em O Caranguejo das Tenazes de Ouro, como mero participante da história, mas daí passou a ser o coadjuvante principal de todas as viagens de Tintin. O capitão acaba ganhando mais destaque que o repórter detetive, por ter uma personalidade mais marcante. Haddock é um ex-oficial da marinha mercante, que tem como hobby praguejar, praguejar e praguejar. Seus insultos geralmente começam com “Com mil milhões de.”, terminando em gírias do mar (ou não). Não é muito fã das aventuras de seu amigo Tintin, e geralmente o acompanha de má vontade. Seu outro hábito é beber bastante, e nos quadrinhos isso é mais evidenciado que nos desenhos animados. Na verdade, o capitão Haddock era um navegador bêbado de primeira categoria, mas após conhecer Tintin acabou largando muito (mas não todo) seu gosto pela bebida. A forma de seu desenho, se comparada a de Tintin, é bem mais elaborada, e seus sentimentos podem ser vistos com clareza através de suas expressões faciais. Muitos especialistas dizem que Haddock é o alter-ego de Hergé.

Professor Girassol: O engraçado Professor Girassol é um inventor capaz de construir máquinas incríveis. É um tanto quanto surdo e distraído, e protagoniza momentos cômicos devido a essas características. Apesar disso, suas invenções são realmente boas, e sempre almejadas pelos vilões da série, sendo o ponto de partida de muitas tramas. É interessante ver como Girassol, usando um simples pêndulo, consegue chegar a várias conclusões inusitadas, e como de simples inventor de quintal, passa para físico nuclear, participando até da pesquisa para a construção de um foguete que levaria Tintin à Lua. Seu primeiro nome em francês é Tryphon, e foi baseado no nome de um carpinteiro que Hergé conhecia.

:: CURIOSIDADES

– 10 de janeiro de 1929: data de publicação da primeira história de Tintin, “Tintin no País dos Soviéticos”.
– Os quadrinhos das Aventuras de Tintin foram traduzidos para mais de 50 línguas, e venderam mais de 200 milhões de cópias.
– A primeira publicação brasileira da série foi em 1980, trazida pela editora Record.
– Em 1974 foi publicada uma biografia de Hergé, chamada Tintin e Eu.
Anders Ostergaard produziu um documentário baseado nessa biografia.
– A inspiração de Hergé vinha principalmente de revistas, como National Geographic.
Al Capone foi um dos vilões a enfrentar Tintin.
Dalai Lama e Pedro Malan são leitores confessos da série de Hergé.
– Tintin e Milu estampam uma moeda comemorativa na Bélgica.
– Em 1961 e 1964, respectivamente, estrearam na França os filmes Tintin et le mystère de la toison d’or e Tintin et les oranges bleues, este segundo com coreografias de luta de tirar o fôlego (de tanto rir).
– Uma peça musical baseada em Templo do Sol estreou em 2003 na França, com uma super produção.

:: HERGÉ E SUAS PESQUISAS

Ainda muito jovem, e sem muito embasamento, Hergé, no início de sua carreira tratava muito superficialmente dos países por onde Tintin passava, mostrando apenas uma visão européia de suas culturas. Após fazer amizade com o chinês Tchang Tchong Jem (o garotinho chamado Tchang, amigo de Tintin, foi baseado nele), abriu seu pensamento, disposto a conhecer outras culturas. Foi então que Hergé passou a pesquisar muito sobre os países onde pretendia ambientar a trama. Cada viagem que Tintin fazia era baseada em profundas pesquisas por parte do autor. E não satisfeito em buscar informações apenas sobre as locações, Hergé também fazia um bom estudo a respeito das invenções citadas na série de quadrinhos. Existe até um livro publicado recentemente na França que mostra o embasamento real de todas as descobertas científicas mostradas nas obras de Hergé.

E pra fechar com chave de ouro, leia essa nota e mais essa, que contam alguns detalhes sobre as intenções de Spielberg na produção de um filme sobre Tintin.


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