Por quase uma década, o completamente insano-hilário-anárquico-peculiar sexteto inglês Monty Python fez sucesso em sketches na tv, no cinema e em apresentações ao vivo, levando seu humor nonsense e despretensioso às gerações que viram seu auge – aproximadamente entre 1969 até 1983 – e às gerações que ainda não eram vivas naquela época, mas que ainda assim gostam de seu humor.
Aqui n’A ARCA, o Garrettimus já escreveu um artigo bem legal sobre eles: o que faziam, suas origens, curiosidades e o derradeiro fim da trupe. Mas agora devemos responder a pergunta que não quer calar: por onde andam esses dignos senhores? Vemos o John Cleese freqüentemente, inclusive quase-sem-cabeça, por assim dizer. Mas e o resto, onde foi parar?
Após sua última aparição como “Monty Python”, no filme não muito brilhante O Sentido da Vida, os Pythons continuaram trabalhando juntos em alguns projetos, mas sem a participação de todos os integrantes. Nos últimos anos, cada um seguiu seus projetos separadamente.
Então… vamos por partes:
:: GRAHAM CHAPMAN
Chapman é por muitos considerado o que tinha o espírito mais “Pythonesco” do sexteto. Em 1988 recebeu a terrível notícia de que tinha câncer na garganta. Mesmo assim, continuou levando adiante alguns projetos, até falecer em 4 de outubro de 1989.
Os cinco colegas de emprego preferiram não comparecer ao funeral, para que este não virasse um show para a imprensa, mas enviaram uma coroa com o pé, símbolo do Monty Python, e a declaração “Stop us if we’re getting too silly” (pare-nos se estivermos ficando muito bobos), numa alusão ao general que vivia cortando as cenas, que era interpretado por Chapman.
Depois, os Python fizeram algumas declarações públicas a respeito – Cleese parodiou o sketch do papagaio morto, dizendo “Graham Chapman is no more. He has gone to meet his maker. He has run down the curtain and join the choir invisible” (Graham Chapman não está mais entre nós. Ele foi encontrar seu criador. Ele desceu sua cortina e se uniu ao coral invisível). Já Eric Idle foi mais delicado, e disse que Graham tinha se cansado de tanto ouvir Michael Palin falar, e tinha preferido morrer a ter de ouvi-lo novamente.
Uma produção que tratará sobre sua biografia, o filme “Gin and Tonic”, está a caminho, e A ARCA trará novidades sobre ele, conforme o andamento da produção. Rhys Ifans (o ator que interpretou Adrian, em Little Nicky – pra citar algum filme conhecido aqui na terrinha) está bem interessado em interpretar Graham Chapman, diga-se de passagem.
:: MICHAEL PALIN
O ex-estudante de história e dos mais engraçados dos Python, Palin, agora com 61 anos, viaja bastante. Ok, ele já “viajava bastante” nos idos de Monty Python, mas agora, literalmente, Michael Palin virou um viajante. A rede britânica BBC custeou vários documentários de viagens em que ele é o protagonista, os Palin’s Travels, que mostram passeios grandiosos, como uma volta ao mundo em 80 dias, uma viagem de Pólo a Pólo, um passeio seguindo os passos de Hemingway e passagens por Bogotá, Alaska, Saara e, recentemente, Himalaia. Os lugares por ele visitados, mesmo os mais desconhecidos, acabam tornando-se atrações turísticas, procuradas principalmente pelos britânicos.
De acordo com algumas entrevistas recentes, Palin gosta muito de conhecer novas culturas e aprender com elas, por isso, não há nada melhor para curtir sua “aposentadoria”. Palin agora garante seu arroz e feijão (ou, melhor dizendo, seu chá) com a venda de fitas, dvds e livros escritos por ele contando sobre suas viagens.
Sua última participação no cinema foi em Ferocidade Máxima (1997), ao lado de John Cleese.
:: TERRY GILLIAM
O único estadunidense da trupe, Terry Gilliam era o responsável pelas surreais animações e pela direção genial de vários quadros de filmes e programas do Monty Python. De 1985 pra cá, veio trabalhando como diretor, e inclusive mostrando que realmente é essa sua área. Terry Gilliam sente-se melhor trabalhando com os atores, e deixando que eles decidam o que fazer, dando um novo rumo nas suas idéias de direção, porque acha que trabalha melhor assim, sem tomar todas as responsabilidades apenas para si.
Seus filmes giram quase sempre entre fantasia e ficção científica. Fazem parte de seu currículo: Os Doze Macacos (1995), O Pescador de Ilusões (1991), As Aventuras do Barão de Munchausen (1988) – atuando nesse filme também como roteirista, num ótimo trabalho, Brazil – O Filme (com a participação de Michael Palin), entre outros. Dirige também comerciais, como aquele famoso da Nike, em que os jogadores de futebol faziam um campeonato secreto em um navio.
No final deste ano, completará 64 anos, e está com dois projetos em andamento: The Grimm Brothers, que contaria a história de dois irmãos acostumados a fingir que eram mágicos e exorcizavam pessoas pelas vilas onde passavam, quando finalmente são postos à prova; e Good Omens, algo como uma comédia sobre o anti-cristo trocado no nascimento, baseada no livro de Neil Gaiman e Terry Pratchett.
:: JOHN CLEESE
Cleese é o mais velho e mais bem sucedido como ator atualmente dentre os Pythons. Vários papéis podem ser citados, mas alguns exemplos podem ajudar a refrescar a memória do leitor d’A ARCA: John Cleese ganhou papéis em continuações garantidas, como Nick Quase sem Cabeça em Harry Potter e papéis em James Bond e As Panteras Detonando. Lembrando também de uma boa participação na comédia atual, mas muito boa, Tá Todo Mundo Louco.
Novidades de Cleese: ele é a voz do pai da Princesa Fiona em Shrek 2, e participará de A Volta ao Mundo em 80 Dias, com Jackie Chan. Não, John Cleese não está mais na idade de lutar, e não participará das lutas divertidas de Chan. E volta a atuar como Q em James Bond, no ano que vem.
Também publicou livros, entre eles Families & How To Survive Them e sua seqüência Life & How To Survive It.
Caso interesse a alguém, John Cleese tem duas filhas (uma delas participou de Um Peixe Chamado Wanda), e vive com sua terceira esposa, Alice Faye Eichelberger, com quem se casou em 1992.
:: TERRY JONES
Tem se dedicado mais à carreira de roteirista, mas ainda faz participações em filmes. Em atuação e roteiro, participou do divertido épico Erik, o Viking (1988). Depois, direcionou-se mais à caneta e papel: como roteirista, alguns trabalhos do comediante são Labirinto (é, aquele com o David Bowie sinistro), tradução para o inglês dos filmes de Asterix e Obelix, e outros trabalhos para a televisão, que não são conhecidos por nós.
Em 2003, assim como Palin, tem participado de um documentário de História, o Terry Jones’ Medieval Lives, do History Channel. Trata de História, com uma dose de bom humor, “a spoonful of sugar” – como descreve Terry Jones (e a Mary Poppins também…). Nesses programas, Jones se caracteriza de vários personagens (… déja vu?), num estilo “divirta-se aprendendo”. Esses documentários de história não são a grande paixão do ator que, ao contrário de Palin, prefere ficar em casa: “São uma boa desculpa para visitar lugares como Itália e França. Mas não sou um produtor de documentários, mesmo. Não é minha grande paixão, eu preferiria estar fazendo outras coisas“. Trabalhou como diretor, co-dirigindo Em Busca do Cálice Sagrado, mas prefere cuidar da direção de filmes escritos por ele mesmo.
Livros também completam seu currículo: escreveu Who Murdered Chaucer? e Chaucer’s Knight. Agora pretende dedicar-se a seu próximo projeto – uma trilogia chamada The Squire Books.
:: ERIC IDLE
O grande responsável pelas músicas hilárias dos Python, Eric Idle ainda atua bastante em filmes, mas em papéis sem muito destaque. Tem trabalhado mais em dublagens (no filme Pinnochio, de Roberto Benigni, 102 Dálmatas, o filme de South Park, Transformers, Hércules, etc, etc), mas diante das câmeras também aparece, como em Gasparzinho e “Aventuras do Barão de Munchausen”, de Gilliam. Também interpretou Ricewind para o vídeo game Discworld, baseado na série de Terry Pratchett.
Ano passado, Eric seguiu os passos dos seus amigos, participando de um documentário sobre as desconhecidas ilhas Rutland. Gravou essas aventuras em CD, que tem músicas com nomes interessantes: Gay Animal Song, Banana Song e Whoops, Look Out Behind You. Parece que Eric ainda não perdeu seu humor nonsense. Outra prova disso é que, também em 2003, o jovem senhor estava fazendo uma turnê de shows ao vivo, com músicas e sketches cômicos, chamado Greedy Bastard Tour.
Idle ainda publicou livros, é o responsável por www.pythonline.com, o site oficial do Monty Python e, se já não bastasse tudo isso, está cuidando do musical baseado em Monty Python em Busca do Cálice Sagrado, que tem previsão de estréia nos palcos da Broadway no fim deste ano, chamado… Spamelot.
Ah, sim, e ele está muito feliz com sua esposa, filhos, cachorros, família, bons amigos e boa saúde. Tudo o que quer é vê-los bem alimentados e felizes.
Os seis Pythons escreveram uma autobiografia do grupo – The Pythons: Autobiography, um tesouro para os fãs do sexteto inglês, mas que infelizmente não tem previsão de lançamento no Brasil.
Também não há previsão se algum dia o agora quinteto Monty Python voltará a atacar, mas os próprios atores dizem que não seria a mesma coisa, principalmente depois da morte de Chapman. Fazer o quê? O tempo passa…
|