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Artigo adicionado em 02/02/2004, às 02:58

Crítica: MESTRE DOS MARES
Novo filme de Russel Crowe é razoável. Até demais Com 10 indicações ao Oscar 2004, Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo reúne uma série de características que a Academia adora e que podem garantir ao novo filme de Russell Crowe algumas inesperadas estatuetas: é uma produção de época, épica e potentosa, […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Com 10 indicações ao Oscar 2004, Mestre dos Mares – O Lado Mais Distante do Mundo reúne uma série de características que a Academia adora e que podem garantir ao novo filme de Russell Crowe algumas inesperadas estatuetas: é uma produção de época, épica e potentosa, cheia de extras e com uma direção de arte apuradíssima. No entanto, nada disso é suficiente para segurar o desastre em que se transforma a segunda metade da trama. Fica até a dúvida no ar: será que foi mesmo Peter Weir (do ótimo “O Show de Truman”) quem completou a direção das aventuras do Capitão Jack Sortudo?

“Mestre dos Mares” convida você a conhecer a tripulação do navio inglês HMS Surprise. Durante as guerras napoleônicas, a embarcação tem como missão impedir o avanço do navio francês Acheron ao Pacífico – o que daria uma enorme vantagem estratégica às tropas de Bonaparte. Na primeira parte do filme, somos envolvidos numa viagem tensa, cheia de percalços, uma espécie de versão sombria de Piratas do Caribe. Afinal, o Acheron é muito maior e acaba massacrando o seu perseguidor, diminuindo consideravelmente a tripulação do navio comandado pelo personagem de Crowe. Tudo é muito cinzento e estranho, o espectador chega a ficar enjoado com os “bastidores” do que acontecia dentro de um navio de guerra na época. E este é o grande trunfo da produção – justamente porque fica bem longe dos clichês de filmes do gênero. É forte e não tem medo de chocar. Chega até a surpreender.

Enquanto os britânicos se recuperam e preparam uma nova investida contra os algozes franceses, os personagens se desenvolvem de maneira saborosa – dos empregados mais simplórios de bordo (dos quais faz parte justamente o divertido Billy Boyd, o Pippin de O Senhor dos Anéis) aos jovens tenentes e aos velhacos comandantes da missão. Destaque principalmente para o Dr. Stephen Maturin, cirurgião de bordo e naturalista vivido por Paul Bettany (em performance que não deveria ter sido ignorada pela Academia). Mesmo Crowe, normalmente canastrão e exagerado, não chega a comprometer. Até este momento, o timing pode até parecer um pouco lento para aqueles acostumados ao padrão hollywoodiano de filmes de ação, mas funciona perfeitamente. Só que nada dura para sempre.

Quando a trama se aproxima de sua conclusão…eis que surge a síndrome de Inteligência Artificial. No filme dirigido por Steven Spielberg com roteiro de Stanley Kubrick, a história segue com um ritmo tipicamente Kubrick até que Spielberg resolve, nitidamente, dar o seu tom característico na direção. E de um conto de fadas meio sinistro, “Inteligência Artificial” se torna um novo filme, uma bobagem futurista e rasteiramente sentimentalóide. Em “Mestre dos Mares”, o fenômeno é mais ou menos o mesmo. Quando aproxima-se o confronto final contra o Acheron, todo o medo e desespero dos personagens em nítida desvantagem é substituído por uma solução simplória e tipicamente hollywoodiana. Parece até outro filme. E até o capitão Jack Sortudo fica sorridente. Por pouco, Jack Sparrow, o pirata vivido por Johnny Deep na produção da Disney, não aparece para dar uma mãozinha.

E o final (que não vou contar, é óbvio) acaba sendo completamente brochante e sonolento, com uma interminável batalha de solução fácil e com conclusão previsível. O próprio capitão acaba ficando um tanto descaracterizado e bobo, em comparação àquele personagem muito mais tridimensional lá do começo do filme. Uma saída fácil e medrosa para um filme que caminhava muito bem e tinha tudo para terminar de maneira soberba. Talento para isso, o diretor Weir tem de sobra. O que faltou foi coragem.

Para os brasileiros, o filme oferece uma detalhe a mais para se ficar de olho: afinal, o navio inglês de Crowe chega a parar na costa do Brasil colonial para reabastecer – e torna-se no mínimo pitoresco ver os tripulantes do HMS Surprise trocando mercadorias com os índios e de olho nas belas senhoritas indígenas…


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