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Não é nenhuma novidade que as animações japonesas são, há anos, uma verdadeira aula de cinema. Que o digam, por exemplo, clássicos como Akira e O Fantasma da Máquina (Ghost in The Shell) – filmes cujo apuro técnico e inventividade foram grandes inspiradores dos irmãos Wachowski em Matrix. Não é nenhum exagero dizer que um dos melhores filmes do ano é uma animação japonesa (A Viagem de Chihiro) e agora também dá pra dizer, com o peito aberto, que um dos filmes mais divertidos do ano é outro anime: trata-se do longa-metragem de Cowboy Bebop.
Trazendo para as telonas os personagens da série animada que, aqui no Brasil, pode ser vista no canal a cabo Locomotion, a película é cheia daquele charme e carisma despretensiosos que, vejam só, fazem tanta falta aos dois últimos filmes da trilogia ‘Matrix’. Passada num futuro não tão distante (2071, pra ser mais preciso), a aventura é protagonizada por um grupo eclético de mercenários, apelidados de ‘cowboys’. O relutante líder da equipe, que viaja a bordo da nave ‘Bebop’, é Spike Spiegel, um sujeito magrelo e de cabelo esquisito que está milhas distante do conceito de herói. Completam o time o grandalhão Jet Black, a sensual e atrapalhada Faye Valentine e a pequenina Ed, uma menina maluquinha que esconde o cérebro de uma imbatível hacker.
Neste futuro meio retrô, o quarteto vive em busca da recompensa perfeita. E quando eles aportam numa certa cidade de Marte, surge a oportunidade ideal para tirar o pé da lama: o governo do planeta oferece uma recompensa milionária pela cabeça do terrorista responsável por um horrendo atentado envolvendo um aparentemente desconhecido vírus fatal. É claro que não faltam as conspirações governamentais… mas isso eu não vou contar para não estragar a surpresa.
O que torna ‘Cowboy Bebop’ um filme tão interessante são as referências visuais. Regado a muito jazz, o filme mistura um pouco dos filmes de faroeste com a ação frenética de John Woo e aquela breguice das séries policiais americanas da década de 70. A sequência inicial dentro de uma loja de conveniência é um show à parte e já vale a curiosidade para conferir o restante da trama.
Se a sua única referência do mundo dos animes são Os Cavaleiros do Zodíaco e Dragon Ball Z, esta é a oportunidade perfeita para conhecer o lado mais requintado dos respeitados cineastas japoneses.
Os personagens são divertidos, interessantes, tridimensionais. Não precisam usar sobretudo ou óculos escuros para parecem ‘cool’. E também não precisam recorrer a diálogos pseudo-intelectuais para fazer uma reflexão filosófica. O espetáculo visual que as animações japonesas proporcionam já faz o serviço completo…
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