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Artigo adicionado em 25/09/2003, às 10:49

ATARI.COM.BR: A ARCA conversou com o maior especialista do Brasil
Já faz 20 anos, mas parece que foi ontem… Eduardo Luccas, 32 anos, técnico em eletrônica, é o maior especialista brasileiro em Atari. É, ele vira o lendário video game do avesso e conhece todos os segredos do console que está completando 20 anos em 2003. Entrevistamos o homem, com exclusividade, e fizemos com que […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett


Eduardo Luccas, 32 anos, técnico em eletrônica, é o maior especialista brasileiro em Atari. É, ele vira o lendário video game do avesso e conhece todos os segredos do console que está completando 20 anos em 2003. Entrevistamos o homem, com exclusividade, e fizemos com que contasse para vocês, leitores, diversas informações valiosas sobre o aparelho que fez a cabeça da molecada nos anos oitenta (e, pelo visto, ainda faz até hoje!).

A ARCA: Olá, Eduardo, tudo bem? Prazer em recebê-lo n´A ARCA. Por que teve a idéia de criar um site nacional sobre o Atari?
EDUARDO LUCCAS: Primeiramente, quero deixar registrado que a idéia não é minha, é do amigo Maurício Tadeu Alegretti. O site está registrado desde 2000 e desde então eu vinha auxiliando o Maurício. Contudo, ele não mais pôde dedicar-se a ele, e eu continuei com o projeto. Espero, sinceramente, que possa voltar em breve ao “comando”.

Bem, a intenção principal é preservar tudo relacionado ao Atari, mas no Brasil. Explico: existe muita informação na internet a respeito do Atari, porém, trata-se, em 99,9% dos casos, de material relacionado à história no exterior; no caso, nos E.U.A. Infelizmente, existe muito pouco – pouco mesmo – sobre material nacional: as histórias ocorridas aqui, o desenrolar da indústria, dentre outras coisas. Vale lembrar que naquela época era proibida a importação de consoles de video game. Por isso, a indústria brasileira produziu e vendeu consoles compatíveis com o Atari, copiando os circuitos e fabricando-os aqui. A única empresa que lançou-o de maneira oficial no Brasil, graças a um acordo comercial (já que a Atari não poderia, por força da lei, estabelecer-se aqui na época), foi a Polyvox, que pertencia ao grupo Gradiente e hoje não mais existe.

Isso tudo criou uma realidade bastante diferente do ocorrido em outros países.

AA: Ainda há pessoas que curtem o Atari? Existem colecionadores?
EL: Sim, existem. O Atari e seus compatíveis nacionais foram, talvez, os video games mais populares do Brasil. Creio não existir hoje quem tenha 25, 28 ou mais e não o conheça. O fato de ter sido um video game extremamente popular e também por ter feito parte da infância – e da adolescência – de muita gente, ele é lembrado com muito carinho e as pessoas, de um tempo para cá principalmente, vêm sentindo vontade de jogar de novo. Apesar de ser possível utilizar programas emuladores, geralmente as pessoas querem jogar no console “real” mesmo.

Um outro fator muito importante é o sentimental. Muitos, a maioria eu diria, passaram agradáveis momentos jogando Atari; todos têm ótimas lembranças daquela época – uma coisa bem nostálgica mesmo – e isso faz com que as pessoas queiram jogar e curtir mais uma vez. Dado a esse fator, predominantemente, é que existem pessoas que colecionam o Atari e seus cartuchos. Há colecionadores sérios, que conservam, jogam e usam; têm todo um carinho para com o equipamento. É um aspecto muito legal e de grande importância. Os colecionadores sérios colaboram bastante entre si e são pessoas que estão ajudando a preservar a história do video game nacional. É certo que existem muitos colecionadores que concentram suas coleções nos cartuchos de Atari norte-americanos, mas existem vários que preferem os nacionais. Na minha opinião, são a melhor opção.

AA: É fácil encontrar o Atari para comprá-lo nos dias atuais? Existe um mercado para esse tipo de aparelho?
EL: Sim, o Atari vendeu muito por aqui na época e por isso é relativamente fácil de se encontrar o console ou os cartuchos para comprar. Até há pouco tempo havia alguns anúncios nos classificados dos jornais e hoje, dado aos adventos da Internet e dos sites de leilão on-line, tem-se muitos consoles e cartuchos à venda. É claro que é preciso tomar os cuidados de praxe, pois, como em todo comércio, existem os “picaretas”. Outro cuidado adicional para quem se interessar em adquirir um console tem a ver com os preços cobrados: há muitos “espertinhos” cobrando preços abusivos por cartuchos e consoles, com a falácia de “item raro”, “para colecionador”, etc. Mas, precavendo-se como em qualquer compra, é possível encontrar bons produtos.

AA: Como é feita a manutenção do Atari atualmente? Alguém ainda conserta o video game? Afinal, vinte anos separam a tecnologia de hoje da de ontem.
EL: Isso é um problema hoje em dia. O Atari já tem 20 anos de estrada e a imensa maioria dos locais que prestam assistência técnica a aparelhos eletrônicos se recusam a consertá-lo, alegando falta de peças ou desconhecimento. A solução, hoje, é tentar contatar os colecionadores ou entusiastas que entendam de eletrônica, que sejam técnicos ou engenheiros; o meu caso. Sempre é possível tentar consertar algo, uma vez que ainda se consegue achar algumas peças de reposição – e, quando não é possível encontrar algo, podemos fazer algumas adaptações. O importante é manter o console funcionando para que possamos continuar a jogar.

AA: Eduardo, você não se sente um pouco deslocado ao jogar Atari, ao passo que 98% das pessoas jogam Playstation 2 e GameCube?
EL: Não, de forma alguma. Primeiro porque eu não costumo ir “na moda” de qualquer coisa que seja. E também, principalmente, porque eu ainda acho os jogos de Atari muito divertidos. Coisa que não acontece com os jogos modernos. Apesar da diferença brutal em termos de design gráfico e sonoro dos jogos, se nos atermos à essência, que é o que importa na verdade, vemos que os do Atari são bem mais criativos e divertidos que os de hoje. Os jogos modernos utilizam muitos recursos computacionais, tais como a renderização em 3D, o som estéreo e toda a sorte de coisas disponíveis. Por outro lado, eles pecam em importantes quesitos como: criatividade, jogabilidade e o poder de “cativar” o jogador. Perceba: os jogos que são lançados recentemente, tirando-se os de temas esportivos, todos seguem o mesmo estilo: pessoa-segura-arma-e-atira-em-tudo-pela-frente. E muito violentos. Em contrapartida, os jogos do Atari, apesar de graficamente “quadrados”, são muito mais criativos; não precisam utilizar-se de temas violentos e, principalmente, são gostosos de jogar, cativam você.

AA: De que forma aconteceu o boom do Atari no início dos anos oitenta? Você se lembra? Ele vendeu muito?
EL: Lembro-me um pouco. Quem na época tinha lá seus 12, 15 ou 16 anos viveu intensamente o momento, garanto que de muita coisa não dá pra se esquecer. Foi uma “loucura”, acho que até hoje não existiu nada comparável em termos de video game por aqui. O Atari foi lançado em 1977 nos EUA e desde então poucos privilegiados tinham o console no país. Por volta de 1981, a base instalada de aparelhos começou a aumentar e em 1982 surgiram as duas primeiras empresas fabricantes de cartuchos nacionais: a Dynacom e a Canal 3. Para vocês terem uma idéia, foi como uma bolha gigante prestes a explodir. E explodiu em 1983: os primeiros consoles de video game de fabricação nacional apareceram! Primeiramente com o Odyssey da Philips, depois com o Dactari e logo em seguida com o Dynavision da Dynacom. E claro, depois com o Atari 2600 VCS da Polyvox. Com preço bem mais barato (por ser de fabricação nacional), com a possibilidade de parcelamento das lojas e também devido à ânsia da molecada em jogar, não deu outra: os Natais de 1983 e 1984 foram uma verdadeira “febre”. A coisa foi meio que “incontrolável” mesmo. E nós, a molecada doida pra jogar, curtimos de montão tudo isso. Foi muito, muito legal.

Mais detalhes dessa – e de outras – história podem ser lidos na seção respectiva do site.

Quanto às vendas de consoles e cartuchos, já da pra imaginar. Venderam muito. Não se tem estatísticas sobre isso, mas eu acredito que, sem errar por muito e com base em informações de revistas da época, o Atari, entre o oficial da Polyvox e os compatíveis, deve ter passado da casa de 1 milhão de consoles vendidos. E, conseqüentemente, pelo fato de terem existido, num dado momento, mais de 20 fabricantes diferentes de cartuchos brasileiros, devem ter sido vendidos de 4 a 5 milhões de jogos. Muita coisa, não acham?

AA: Sabemos de seus projetos em eletrônica para melhorar o Atari. Poderia, por favor, contar um pouco sobre eles para os leitores d´A ARCA?
EL: Bem, nós temos desenvolvido, de fato, alguns projetos e idéias para o Atari, tanto para “modernizá-lo” como para manter “vivo” o sistema, com novidades ou mesmo com componentes e peças sobressalentes. O primeiro desse projetos que saiu do papel – e certamente, o mais pedido – foi feito há cerca de dois anos: a implementação de uma saida de áudio e vídeo para o Atari. Antigamente as tevês só tinham entrada para antena, não eram como hoje, que dispõem de entradas de RF, A/V, S-Video, Video Componente, etc etc. Por isso os video games da época tinham, também, somente a saída RF para ser conectada à antena. Devido a esse fato e para melhor compatibilizar o Atari com as tevês modernas – além de melhorar a qualidade de imagem – desenvolvemos o projeto. Esse tipo de adaptação até já existia na Internet, porém, e mais uma vez, somente com explicações baseadas no console importado, muito confusas. A “nossa” foi feita com base nos consoles brasileiros.

Além desse temos outros quase prontos, faltando apenas a montagem de um protótipo. A implementação de um botão de pausa por hardware é um dos exemplos, porque a maioria dos jogos do Atari não têm esse recurso. E temos outras idéias, como a fabricação de cartuchos novos e até mesmo o fornecimento de cabos, adaptadores e toda a sorte de acessórios, de modo a proporcionar ao entusiasta do Atari o melhor uso do seu console e por muito tempo.

AA: Como você vê, Eduardo, o futuro do Atari? Como será, digamos, daqui a 20 anos?
EL: Olha, é sempre muito difícil prever o futuro – uma bola de cristal ajudaria – mas acho que os fãs, de fato, do Atari continuarão a gostar e continuarão jogando. Mostrarão o aparelho para os filhos e quem sabe para os netos: “olha, quando o papai (ou vovô) tinha a sua idade, jogava esses jogos”. Possivelmente os Ataris existentes estarão nas mãos de colecionadores e entusiastas, apesar de que, devido à grande quantidade comercializada, ainda poderão estar à venda. Eles certamente funcionarão. Hoje existem pelo menos dois projetos de entusiastas norte-americanos para a implementação dos chips do Atari em modernos componentes “programáveis”, justamente para suprir a falta de peças. Daqui a 20 anos esses projetos estarão prontos e você poderá trocar as peças, eventualmente defeituosas, por esses chips. Provavelmente, você baixará da Internet o projeto – ou os códigos – para gravar, você mesmo, o tal chip. Além disso, novos jogos virão, pois também há uma comunidade que programa coisas novas.

Enfim, eu acredito que enquanto as pessoas que viveram aquela época “mágica” estiverem vivas, o Atari permanecerá “vivo”. E se passarmos esse “conhecimento” para as gerações futuras – nossos filhos e netos – certamente o video game estará “firme e forte” por muitos e muitos anos !!!

Leia mais:
:: O passado tomou conta de você? Ficou interessado em saber mais? Então fique por dentro de mais um texto nostálgico do Garrettimus sobre o ATARI
:: E aí, curtiram a entrevista? Pois acessem já o site ATARI.COM.BR!


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