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Artigo adicionado em 10/09/2003, às 06:02

MEMÓRIAS DO ATARI: O Natal de 1983
Viaje no tempo com A Arca e relembre os bons momentos de sua infância! Aproveito o aniversário de 20 anos do Atari para escrever aos amigos leitores d´A Arca acerca de um certo tempo, a nossa meninice, que há muito se foi. Lembremo-nos dos distantes anos oitenta, que nunca estiveram tão próximos, bem como tão […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett


Aproveito o aniversário de 20 anos do Atari para escrever aos amigos leitores d´A Arca acerca de um certo tempo, a nossa meninice, que há muito se foi. Lembremo-nos dos distantes anos oitenta, que nunca estiveram tão próximos, bem como tão vivos em nossos corações após tudo que se passou desde então. Escrevo em homenagem a um dos ícones dos anos oitenta, o bom e velho Atari 2600, um console que virou sinônimo de video game e que, sozinho, responsabilizou-se pela popularização desse brinquedo eletrônico no Brasil.

Tive a pretensão de falar sobre uma época em que as coisas eram mágicas: os beijos de nossas mães à hora de dormir, as gostosas tardes de Sessão da Tarde, as brincadeiras com os amigos do colégio e tantas outras coisas; preciosas gotas de ouro nos oceanos de nossas existências. Definitivamente, uma época em que o céu era mais azul, os doces eram mais saborosos e a tênue ingenuidade preenchia nossos corações.

E o Atari fez parte desse universo mágico, outrora desfeito nos meandros do tempo, mas jamais esquecido.

O ano era o de 1983, mês de novembro, talvez. “Devorava” as revistas especializadas em videogames e em microcomputadores, tais como as saudosas Micro & Video, Video Magia e Micro Sistemas, dentre outras jóias daquele tempo. Fiquei maravilhado por causa de um certo Atari 2600, quando li a respeito dele nas referidas publicações. As imagens dos jogos daquele console se mostravam muito bonitas e, em comparação ao video game que eu possuía, um Odyssey, achava-os – aparentemente – muito mais bacanas.

Meu padrinho prometeu um Atari 2600 para mim, o qual seria dado no Natal daquele ano. Tinha dez anos de idade à época, mas lembro-me de tudo e espero partilhar minha alegria daquele Natal mágico com todos vocês, amigos.

Havia uma locadora de video games próxima à minha casa, na Aclimação (em São Paulo), cujo nome era Wargames (em referência àquele filme homônimo). Era uma locadora muito bacana e enorme – um menino de 10 anos de idade era, de fato, facilmente impressionado pelo tamanho do estabelecimento. Lá eu vi, pela primeira vez, um Atari “ao vivo”. Permitam-me a correção, pois, na verdade, era o Dynavision, um sistema clone do original. Fiquei apaixonado pela beleza do aparelho, especialmente pelo design dos controles, contudo, nunca o vi funcionar; sempre permanecia desligado, apenas à mostra. Passei a desejar muito meu Atari e as propagandas da tevê só me deixavam mais ansioso. O slogan do video game não saía de meus pensamentos: “Atari da Atari”.

Um de meus irmãos mais velhos (por parte de pai), o Maurício, conhecia o Atari, visto que seu tio trouxe um dos Estados Unidos. Permanentemente me pegava extasiado ao prestar atenção às explicações dele acerca dos jogos, sobre como eram coloridos e bonitos. Já não agüentava mais esperar pelo Natal… Quando crianças, o tempo demora muito a passar, não é mesmo?

Até que enfim chegou o dia de comprar meu tão desejado presente. Não acreditava mais em Papai Noel, portanto, tive o prazer de acompanhar a compra do meu aparelho. Lá fomos eu, meu pai e meu falecido padrinho, de quem me encontro deveras saudoso. Primeiramente compramos o video game, adquirido no extinto Mappin Praça Ramos, o qual foi, noutros tempos, uma imponente loja de departamentos. O Mappin estava cheio naquele Natal, lembro-me muito bem disso. Compramos o Atari, porém, não encontrei muitos dos jogos pelos quais procurava, porque apenas cartuchos da Polyvox eram vendidos lá. Esqueci-me de dizer: meu irmão compilou uma listinha de jogos, os melhores que eu deveria adquirir. Fiquei triste por não ter encontrado títulos como River Raid e Seaquest, mesmo nunca os tendo visto ou jogado. Ainda sobre o Mappin, recordo-me de lá ter comprado três cartuchos da Polyvox e Space Invaders foi um deles!

Contente, parti pela rua Conselheiro Crispiniano em busca dos cartuchos, pois nutria esperanças de encontrá-los! Lembro-me de ter entrado em duas lojas e de não ter encontrado nada. Porém, ao entrar na Fotóptica (ou na Colorcenter?) encontrei quase todos os cartuchos que queria: River Raid, Seaquest, Enduro, Pitfall!; todos fabricados pela saudosa marca Canal 3 (as caixas desses cartuchos eram muito bonitas, vistosas e coloridas – cada uma de uma cor diferente). Fiquei muito contente, contente mesmo, porque teríamos muitos cartuchos com os quais nos divertir no Natal! Voltamos para casa, porém, só pude abrir os presentes na véspera, à meia-noite, conforme o costume de minha família. O Atari, para meu desespero, permaneceu embrulhado sob a árvore.

Passei o dia ansioso; andava pra lá e pra cá, ao passo que o tempo não passava… E eu não via a hora de chegar a meia-noite! Imaginava como seriam os jogos e tomava como base os jogos do Odyssey, o video game que tinha desde maio daquele ano.

Enfim chegou a meia-noite! Após os cumprimentos, corremos e abrimos o Atari! Foi a maior festa, tanto que eu nem ceei direito! Lembro-me do Maurício ter ligado o console no quarto do meu padrinho, numa tevê de 20 polegadas. Ligamos o video game e imediatamente começamos a brincar! Fiquei maravilhado ante a qualidade dos jogos. Os primeiros cartuchos vistos – e jogados – foram Missile Command (acompanhava-o como brinde) e River Raid. Jogamos um pouco e depois dormimos. O formidável mesmo começou a acontecer a partir do dia 25: ligamos o Atari no meu próprio quarto e passamos horas intermináveis a jogar! Meu irmão posou em casa durante uma semana inteira (ele morava com a mãe) somente para jogarmos. Ele anotava todos os recordes num bloquinho de papel e era imbatível. Eu o invejava por jogar tão bem, verdade. Na época eu tinha 10 anos, ao passo que ele tinha 18, e talvez a diferença de idade fosse o motivo da superioridade. Bem, acho que é para esse tipo de coisa que servem os irmãos mais velhos, além dos croques que sempre davam na gente.

Aquele período foi mágico. As horas não passavam! Jogávamos, eu e ele, durante todo o dia. O dia inteiro a apostar para ver quem faria os maiores recordes, e, obviamente, era ele quem os fazia. Os jogos não lhe apresentavam segredos, o cara parecia o Tron em pessoa!

Durante o finalzinho de 1983 e por todo o ano de 1984 aluguei cartuchos na Wargames. Para a escolha deles, havia uma espécie de fichário preso à parede, no qual dezenas de “fichinhas” coloridas – que continham os nomes dos jogos – pairavam imóveis até que fossem alegremente escolhidas por alguma criança. Eram um barato aquelas fichinhas! Essa mesma locadora também locava fitas de vídeo (no auge das fitas piratas): lembro-me de, a cada visita lá feita, ter cobiçado um pôster imenso do primeiro filme da série Mad Max. Às sextas-feiras, após meu retorno do colégio, eu e papai – quanta paciência da parte dele – caminhávamos até lá para alugar os jogos. Alguns eram velhos conhecidos meus, por causa de tê-los visto nas revistas; outros, um mistério, e era uma delícia poder descobri-los. Os cartuchos alugados vinham acondicionados em pequenas caixinhas plásticas pretas, muito bonitinhas e cheirosas (o cheiro do plástico era muito gostoso e, às vezes, ainda posso senti-lo). Eu passava o final de semana na jogatina e me divertia muito, e era triste ter que devolvê-los à locadora na segunda-feira.

Foi um tempo deliciosamente gostoso e mágico… Busco palavras para descrevê-lo; ou melhor, a sensação não pode ser descrita com palavras, apenas sentida…

Hoje em dia, infelizmente, aquela mágica se foi ou, pelo menos, grande parte dela. Alguns entes queridos, como minha mãe e meu padrinho, não estão mais comigo e a saudade deles é muita. Saudade, também, de ser criança, aquele garoto de 10 anos de idade que viu o mundo com outros olhos.

Caro leitor d´A ARCA, a lembrança é uma benção divina, certamente, porque ela é um presente que podemos carregar conosco para sempre, é algo que eternamente ficará em nossas memórias e em nossos corações. É devido a ela a inexistência de máquinas do tempo, uma vez que não nos é permitido voltar às situações previamente vividas, pois, de outra forma, banalizaríamos tudo o que nos é mais querido. É permitido viver, sim, uma vez a cada instante; a cada dia, a cada hora, a cada minuto e a cada segundo. Reflita a respeito deste artigo, pense bem sobre as preciosas horas de sua vida que são gastas de má forma e que não têm mais volta. Afinal, dessa existência levaremos apenas os bons momentos gravados em nossos espíritos.

Em mim vejo lembranças e recordações de um homem de 30 anos que, freqüentemente, gostaria de voltar a ser um menino de 10…

Será possível?


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