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Artigo adicionado em 04/09/2003, às 01:07

CAPITÃO AMÉRICA: A POLÊMICA DO BANDEIROSO
Ou: “Este tal de El Cid adora arrumar confusão” Quem me conhece há algum tempo, seja pessoalmente ou seja pelos meus textos publicados na web desde a época da finada (salve! salve!) PQP, sabe muito bem que tenho alguns desafetos no mundo da cultura pop. Detesto o Super-Homem (que me recuso a chamar de Superman), […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Quem me conhece há algum tempo, seja pessoalmente ou seja pelos meus textos publicados na web desde a época da finada (salve! salve!) PQP, sabe muito bem que tenho alguns desafetos no mundo da cultura pop. Detesto o Super-Homem (que me recuso a chamar de Superman), odeio o Mickey Mouse e tenho pavor do Zé Colméia. E nunca fui fã do Capitão América. Porque sempre achei que o personagem era datado, um herói que não encaixava nos dias de hoje, uma bobagem patriótica cega e sem o mínimo conteúdo. Eis que, anos depois, lendo toda a discussão que se desenrola nas seções de cartas da revista Marvel 2003, me vejo obrigado a defendê-lo.

Explico: uma série de leitores começaram a bombardear a redação da Panini com mensagens pedindo a remoção das histórias do Capitão América do mix da publicação. Dizem que ele é a representação de uma nação falida, citam os atentados do dia 11 de setembro como culpa dos EUA, afirmam que a nação de Bush é a responsável por todos os flagelos do planeta e blá-blá-blá. Enfim: pura bobagem. Quem se deu ao trabalho de ler pelo menos uma das histórias da nova fase do Capitão vai mudar de idéia radicalmente. O personagem, que agora é publicado nos States pela linha Marvel Knights, amadureceu. Deixou de ser uma bandeira ambulante e tornou-se o retrato de uma época. Revelou sua identidade publicamente, mudou-se para o bairro barra-pesada do Brooklin. Tudo graças ao maravilhoso trabalho do roteirista John Ney Rieber (que, infelizmente, já saiu do título).

As atuais histórias do Bandeiroso são cheias de críticas aos EUA, mostrando um herói deslocado e abalado pelos eventos do World Trade Center. O patriotismo inocente da era Joe Simon/Jack Kirby morreu. A todo momento, nosso Capitão se depara com um país degradado, destruído pela violência, pelas drogas, pela corrupção. E ainda tem gente que enxerga isso como patriotismo? O fato do sujeito usar a bandeira dos EUA como uniforme é justamente para mostrar que ele é um homem parado no tempo, como os governantes de seu país. O trabalho de Ney Rieber é tão crítico que ele chegou a ser repreendido pelo editor-chefe Joe Quesada graças ao tom de suas tramas. O roteirista fala de criminosos e terroristas sem ser simplório, dicotômico, babaca. É o melhor material envolvendo Steve Rogers em décadas. E ainda querem boicotar este material? Fala sérgio!

E até vou mais fundo: vamos deixar a hipocrisia de lado. Os atentados ao WTC não são culpa do povo americano. Mas sim culpa de uma situação de política externa muito complexa para ser analisada de forma tão simplista como ‘este é o bonzinho e este é o vilão’. Se quer culpar alguém, culpe os políticos. Dizer que aquelas milhares de pessoas mereciam morrer é ser muito filho-da-puta. Eles eram tão inocentes quanto eu e você. Tão inocentes quantos os árabes assassinados no Afeganistão. Eram pessoas que estavam trabalhando, que tinham filhos, que gostavam de ir ao cinema ou ler quadrinhos.

Um erro não justifica o outro. O governo Bush está tão errado quanto os líderes árabes. Tá todo mundo errado. Eu não tenho lado nesta história. O Saddam e o Bin-Laden são um par de desgraçados tão desprezíveis quanto o Bush. Tá na hora de parar de colocar a culpa em nações e começar a entender que quem está errado é o ser humano. É o ser humano que resolve que vai ser fanático, seja por uma religião ou por uma bandeira. E é justamente este fanatismo que Ney Rieber vem criticando em suas tramas.

Vamos e venhamos – pedir uma retratação formal e diplomática depois de ver seu país ser detonado num episódio dos Simpsons (não tá sabendo sobre isso? Então clica aqui e saiba de toda essa pataquada!) é tão ridículo quanto qualquer outra coisa que os americanos façam em nome de suas estrelas e listras. Eu não estou defendendo os EUA ou o povo norte-americano. Estou atacando a generalização. Frases como ‘todo americano é um desgraçado’ são injustas, assim como também são injustas as frases ‘todo árabe é extremista’, ‘todo judeu é pão-duro’ ou ‘todo brasileiro é vagabundo’. Bom… era isso (acho que eu exagerei, né?).


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