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Ele era jovem. Sua arte ainda estava nua e crua, sem o mesmo brilho que teria em futuras obras como Sin City ou 300 de Esparta. A anatomia falhava aqui e ali, mas a linguagem cinematográfica, os enquadramentos, a diagramação e os roteiros inteligentes… sim, estava tudo ali. Aquele era um jovem e promissor quadrinista chamado Frank Miller. Eram os idos de 81. E o personagem em questão era ninguém menos do que o herói cego conhecido como Demolidor. Ali, ele começava a se tornar uma lenda.
Os Maiores Clássicos do Demolidor de Frank Miller é na verdade um primeiro volume que reúne, em 148 páginas, as edições originais de Daredevil dos números 168 a 173, quando a história do Homem Sem Medo começa a mudar. Quando as tramas ficam mais adultas. Quando o Rei do Crime começa a enxergá-lo como algo mais do que um reles incômodo e a inimizade entre os dois começa a ganhar proporções épicas. Quando o Mercenário enlouquece de vez e se torna um dos mais mortais e imprevisíveis vilões da galeria do “chifrudinho”. Quando uma ex-namorada da época de faculdade ressurge… como a mais letal adversária do herói: Elektra. E começava aí a história que daria origem ao romance mais autodestrutivo da história dos quadrinhos.
Embora o primeiro Cavaleiros das Trevas tenha sido um divisor de águas na forma como entendemos os super-heróis, Miller já começava a plantar suas sementes neste trabalho primordial, transformando um vigilante combalido numa sensação de vendas tão quente quanto os X-Men de Chris Claremont. Escrevendo para um bando de adolescentes esperando pelo bom e velho escapismo de sempre, o autor narigudo não só escrevia como desenhava tramas com cérebro, que mostravam um combatente do crime cheio de defeitos como eu e você… mas muito mais adulto que o Homem-Aranha.
Enviar um exemplar traduzido deste volume talvez fosse a solução certa para evitar que o diretor Mark Steven Johnson fizesse aquela bobagem cinematográfica que ele teve a ousadia de chamar de “Demolidor”.
Tudo bem, eu esperava que o filme fosse pior… mas ele poderia ter sido muitíssimo melhor. Isso é o mais frustrante. Se fosse desta forma, Johnson teria entendido a força que uma personagem como a Elektra deveria ter. Afinal, ela é uma das anti-heroínas com mais personalidade das HQs, totalmente feminista e cheia de eletricidade e não aquela lutadora frágil e chorona que encara Ben Affleck nas telonas. E quanto ao Rei do Crime? Aqui, fica claro que ele é uma entidade, um comandante inatingível, que coordena seus planos do alto de sua torre de metal e jamais se deixa atingir. É para isso que existem operativos como o Mercenário. E é por isso que acho a seqüência final do filme completamente desnecessária e forçada. Quer ver uma verdadeira luta entre o demônio mascarado e seu maior algoz? Dê uma olhada na revista…
Esta é uma edição que, se você ainda não tem, é sua obrigação como colecionador desembolsar R$ 12,90 para guardar o item em sua prateleira. Palavra de honra. E mais: vamos aguardar ansiosamente a próxima, quando talvez tenhamos a terrível conclusão desta história de amor escarlate…
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