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Artigo adicionado em 28/08/2003, às 01:15

ENTREVISTA EXCLUSIVA: GIULIA MOON
Nem só de Bento Carneiro vivem os vampiros brasileiros… “A noite é dos vampiros. Eles amam. Matam. Ou apenas passam como sombras pelas janelas dos mortais”. É assim que a escritora paulistana Giulia Moon começa a apresentação de seu primeiro livro, Luar dos Vampiros (Scortecci Editora). Na verdade, se você é daquele tipo que adora […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


“A noite é dos vampiros. Eles amam. Matam. Ou apenas passam como sombras pelas janelas dos mortais”. É assim que a escritora paulistana Giulia Moon começa a apresentação de seu primeiro livro, Luar dos Vampiros (Scortecci Editora). Na verdade, se você é daquele tipo que adora contos de terror e fica procurando este tipo de material na internet, com certeza deve conhecer esta simpática publicitária, que publica seus escritos aqui e ali pela web há três anos.

A cruel e sedutora personagem Maya, por exemplo, já é velha conhecida dos internautas – e ganhou três contos só seus em ‘Luar dos Vampiros’. “O luar – luz noturna – é a única claridade natural que os vampiros suportam. Essa luz sutil flagra flashes desses vampiros em seu hábitat: nas ruas, nos becos, ao seu lado. Vampiros de espécies diferentes, como os seres humanos, diversos em caráter, temperamento e atitude”, explica Giulia. Conheça melhor o perfil e o trabalho da autora neste bate-papo sanguinário com o El Cid, seu malkaviano favorito. Depois, aproveite e leia o conto que ela escreveu exclusivamente para os internautas aqui d’A ARCA. E cuidado com o pescoço, rapaiz! 🙂

A ARCA: Antes de tudo, apresente-se para o nosso público: quem é Giulia Moon?
Giulia Moon: Sou publicitária, diretora de arte, formada pela FAAP. Paulistana, moro num mesmo bairro – Chácara Inglesa – desde que nasci. Adoro ler, principalmente livros de terror, ficção científica e de mistério. Não gosto de livros técnicos ou de auto-ajuda. Adoro ler quadrinhos, eu desenhava mangás quando era adolescente. Freqüento festas góticas e gosto de me vestir de preto, embora eu seja alegre demais pra ser gótica. Adoro rock tradicional. Curto também o som dos anos 80. Adoro ópera, trilha sonora de animes… Gosto de cinema, o último filme que assisti é A Viagem de Chihiro e adorei. Trabalho umas 12 horas por dia, durmo umas 4 horas por noite. Moro com minha mãe, que dorme mais tarde do que eu. O que eu mais queria agora era ter umas 12 horas a mais por dia pra fazer tudo o que eu quero. Que mais? Sou tímida e quieta pessoalmente e muito falante quando escrevo. Deu pra perceber, né? (Risos)

AA: Quando surgiu o interesse pelo tema ‘vampiros’?
GM: Eu sempre me interessei por vampiros, lobisomens e criaturas fantásticas em geral. Entre todos, os vampiros são os seres mais sutis, sensuais e sofisticados. Mas não havia muito para se ler ou assistir sobre vampiros que explorasse esse lado sedutor. A sensualidade era colocada sempre em segundo plano, ressaltando o lado monstruoso do personagem. Comecei a curtir vampiros assistindo o filme Drácula, com o ator Frank Langella, onde ele fazia um vampiro bonito, que cortejava as mulheres, dominando-as com os seus encantos. Em nenhum momento ele se transformava num monstro. Era baseado numa peça da Broadway que fez um grande sucesso explorando o lado sensual do vampiro.

Algum tempo depois, descobri o livro Vampiro Lestat, de Anne Rice. Eu o vi na Livraria Cultura e, folheando-o, percebi que Lestat era um vampiro moderno, que tinha as suas dúvidas e hesitações, embora fosse capaz de matar sem remorso. Adorei! Li, depois, muitos outros livros da Anne Rice. Mas o meu preferido é o “Vampiro Lestat”, a primeira mordida você nunca esquece.

AA: Em que sites podemos encontrar os seus contos?
GM: Tem a minha página, www.giuliamoon.hpg.com.br, onde há contos e poesias, além de um pouco sobre mim, sites que curto, etc. E vários sites onde tem contos meus publicados: (Contos Fantásticos), Adorável Noite, Boca do Inferno, E-Fanzine, Nave da Palavra 1, Nave da Palavra 2, Fábrica de Letras, entre outros. Você vai me encontrar também em dois grupos de discussão nos quais sou moderadora: Tinta Rubra, um grupo de escritores de contos e poemas de vampiros, e CryaContos, um grupo de contistas de fantasia, terror e ficção científica. Eu participo também dos grupos Adorável Noite e Fábrica de Letras. E, fora da internet, escrevo contos para um jornal, o Café Literário, uma publicação de ótimo nível que divulga novos autores.

AA: Como tem sido a repercussão da publicação do seu material na internet?
GM: Muito boa. Quem lê, se diverte. Às vezes se entusiasma e me envia mensagens muito legais pelo email. Alguns começam a escrever contos, entram nos meus grupos. O comentário geral é que se surpreendem. Não esperam muito, autora desconhecida, coisa e tal, e acabam se impressionando… Dizem que são gostosos de ler, e dá vontade de escrever também. Isso é interessante. Onde dá para perceber melhor como os contos são recebidos são os grupos de discussão. Os comentários são imediatos. Eu aprendi muito na Tinta Rubra, por exemplo, que hoje conta com mais de 250 associados.

AA: Fale um pouquinho sobre seu primeiro livro, ‘Luar de Vampiros’. Que tipo de histórias vamos encontrar em suas páginas?
GM: Eu quis reunir, num volume, o meu primeiro conto de vampiros, “A Dama Branca”, ainda inédito; os contos de Maya, a vampira preferida dos meus leitores da Internet e alguns contos mais recentes como “Sangue de Lúcifer”. O meu objetivo era apresentar-me ao público mostrando o melhor do meu estilo: uma narrativa leve, sedutora, embora cruel e assustadora no conteúdo. O nome “Luar de Vampiros” é uma referência, claro,ao meu nome, Giulia Moon. E o luar – luz noturna – é a única claridade natural que os vampiros suportam. Essa luz sutil flagra flashes desses vampiros em seu hábitat: nas ruas, nos becos, ao seu lado. Vampiros de espécies diferentes, como os seres humanos, diversos em caráter, temperamento e atitude.

Os meus vampiros não são monstros ou vilões maléficos e demoníacos. São vampiros, portanto, predadores. E agem como tal. Os contos têm enredo elaborado, com suspense, paixão… E humor. Foram escritos para divertir o leitor e, talvez, fazê-lo se apaixonar pelos vampiros. Quem quiser saber mais um pouco sobre cada conto, pode acessar a página do livro na Internet: www.giuliamoon.hpg.com.br/luar.htm.

AA: E como aconteceu a publicação deste material? Você correu atrás da editora, eles correram atrás de você…?
GM: Na verdade, nenhum dos dois. Como já disse antes, tenho muito pouco tempo para me dedicar à ocupação de escritora, pois a carreira publicitária é mais voraz do que qualquer vampiro. Nunca procurei nenhum editor a sério, e, nem me empenhei nisso. Um amigo, Lorenzo Ferrari, que escreve também para o Café Literário, representa a editora Scortecci, que presta serviços para os novos autores, editando e imprimindo os livros a um custo X. Ele me apresentou uns orçamentos, comparei com outros que consegui com o pessoal da minha agência, e decidi fazer o meu livro com eles. Acho que o resultado foi muito bom. O livro está sendo muito elogiado não só pelo conteúdo mas pela aparência…rs. Mas isso já é mérito de outro amigo talentoso, Beleto, diretor de arte e designer, que criou a capa.

AA: Quais são as suas influências como escritora?
GM: Às vezes um filme como Pacto dos Lobos me inspira a escrever algo com o mesmo clima. Noutras, um anime como Inuyasha ou Cowboy Bebop também. Acho que influência, mesmo, deve vir de autores que gosto, como leitora: Anne Rice, Stephen King, Edgar Allan Poe, Jorge Luís Borges, Lovecraft, Tolkien, Érico Veríssimo… O que eu quero é chegar a um estilo de narrativa mais pessoal, característico de Giulia Moon, escritora – e não apenas de Giulia Moon, leitora.

AA: Já jogou RPG? Porque existe uma versão bastante popular (e interessante) para os mitos vampíricos em ‘Vampiro: A Máscara’…
GM: Joguei RPG uma única vez e me diverti muito. Mas não tenho tempo para me dedicar ao RPG, fazer parte de um grupo, etc. Conheço pouca coisa do Vampiro, a Máscara. Muitos associados da Tinta Rubra e do CryaContos falam-me sobre esse universo vampírico do RPG. Na medida em que fazem o jogador exercitar a sua imaginação, acho um jogo fantástico.

AA: Como você explica tamanha atração que o homem mantêm há séculos pela lenda dos vampiros?
GM: O homem é fascinado, na verdade, por alguns tabus que o mito dos vampiros vira de pernas pro ar: a morte, a velhice, o “canibalismo”, a violência, o sado-masoquismo. Manipular esses tabus é fascinante, pois tanto o escritor como o leitor sentem uma sensação de perigo que o acabam conquistando. E, claro, há o eterno charme de uma longa capa negra, a voz macia e as mãos frias do vampiro. A grande maioria das pessoas prefere se tornar um vampiro chique do que um morto-vivo, por exemplo… (Risos)

AA: Qual é, na sua opinião, o vampiro mais interessante da literatura? Por quê?
GM: Eu gosto muito de Carmilla, de Sheridan le Fanu: ela é uma beleza! Insidiosa, fria, sedutora. Uma predadora, como eu gosto… Gosto de Drácula, apesar de não curtir toda a parafernália de poderes criados por Bram Stoker. Virar névoa, lobo, voar, etc… Acho que é um ser poderoso demais e eu adoro fraquezas… (Risos). E, claro, Lestat, de Anne Rice, nos primeiros livros. Quando ele era mais humano e frágil.

AA: Afinal de contas: vampiros existem ou não?
GM: Depende do que você chama de vampiro. Um vampiro com os poderes como os de Drácula, nunca vi. Mas se formos falar de pessoas que “vampirizam” outras, há muitas! Esses, não chamo de vampiros, mas de parasitas… Não quero ofender os pobres vampirinhos!

AA: Vamos fazer um jogo: eu sou um produtor de cinema hollywoodiano e resolvi que quero transformar um de seus contos em um filme blockbuster. Que conto seria? Aproveita e dá uma dica de diretor e elenco pra gente, vai… 😛
GM: Acho que o conto “Desejos São Rubros” – do “Luar de Vampiros” – com a vampira Maya e o seu mordomo Stephen seria um filme interessante. Depois de assistir ao making of do novo filme das Panteras na TV, comecei a achar que Demi Moore daria uma Maya legal. Mas não me lembro de ninguém, no momento, para ser Stephen. Vou deixar para a imaginação dos leitores. Diretor? Que tal Neil Jordan, do Entrevista com o Vampiro? Eu adorei o filme.

AA: Qual é a música ideal para uma história de vampiros?
GM: Todas. Os meus vampiros agem em qualquer cenário. Têm personalidades diferentes, gostam de músicas, de carros, de roupas. Então, tanto podem surgir sob uma sinfonia de Saint-Saëns quanto ao som de Gorillaz… Como qualquer ser humano.

AA: Que dica você daria para um jovem autor que resolveu começar a escrever agora e quer publicar seu próprio livro?
GM: Leia muito. Escreva sempre. Ouça o que as outras pessoas têm a dizer. Não se estresse demais – só um pouquinho – com as dificuldades de dinheiro, de jogo de influências, de egocentrismo. Procure sempre se divertir ao escrever, faça da própria escrita a maior fonte de prazer. Pois, se você, numa possibilidade remota, não conseguir se tornar um escritor famoso, pelo menos se divertiu à beça!

:: Leia o conto OS ÚLTIMOS, texto inédito da escritora Giulia Moon exclusivo para A ARCA


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