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Artigo adicionado em 02/04/2003, às 10:58

REVIEW: X-MEN WIDESCREEN
O formato é bem interessante, mas o conteúdo… é muito melhor! Depois de ler a excelente fase de Chris Claremont e John Byrne a frente dos X-Men, fiquei realmente triste com o vertiginoso declínio de qualidade das tramas no final dos anos 80 e por todo o decorrer da década de 90. Alguns dizem que […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Depois de ler a excelente fase de Chris Claremont e John Byrne a frente dos X-Men, fiquei realmente triste com o vertiginoso declínio de qualidade das tramas no final dos anos 80 e por todo o decorrer da década de 90. Alguns dizem que a fase de Jim Lee revitalizou a franquia mutante: pura balela. A arte, toda modernosa e radical para os padrões do que se fazia na época, só ajudou a atrair uma gama de leitores mais jovens. Mas os roteiros continuavam uma merda, com toda aquela cronologia confusa e infantilóide. Ninguém estava pedindo roteiros do calibre da Vertigo – eu só não queria que subestimassem a minha inteligência. Foi exatamente por isso que pulei de alegria quando descobri, há cerca de um ano e meio atrás, que o genial Grant Morrison assumiria o controle de um dos títulos mutantes, propondo mudanças radicais em toda a linha. Na edição especial X-Men Widescreen (Panini Comics), que reúne histórias de New X-Men Annual 2001 e Uncanny X-Men Annual 2001, temos a certeza de que os títulos mutantes voltaram a se tornar material realmente quente. Para fãs das antigas e também para fãs novatos.

Tudo bem: antes de tudo, vamos falar do formato da revista, que é o motivo pela qual ela pomposamente se chama ‘widescreen’. Ao invés dos quadrinhos tradicionais, cujo formato é vertical, esta é uma revista horizontal, quase como uma tela de cinema (daí o porquê da garbosa alcunha de ‘widescreen’), para ser lida deitada mesmo. A encadernação está excelente, assim como o papel e o material da capa. Realmente, um trabalho de qualidade da Panini Comics. Para quem curte discutir a dinâmica da Nona Arte, este gibi vale como um excelente defesa da tese de que os quadrinhos ainda têm um enorme potencial inexplorado de formato – e que justamente os ‘comics’ de heróis ajudaram a tornar a visão dos criadores tão quadrada e sem nenhuma evolução. Esta revista, que necessita de um ‘storytelling’ completamente diferente das usuais, abre espaço para outras formas de se contar visualmente uma história, o que deveria ser uma lição para os quadrinistas que estão presos a um mesmo modelo há séculos.

Ok, agora voltemos a falar do conteúdo – que é o que realmente interessa neste caso. Afinal, de que adiantaria o formato da revista ser ducaralho e as histórias nela publicadas serem uma bosta? Graças a Deus, este não é o caso. Por isso, retomo o meu primeiro páragrafo: a forma como Morrison e sua trupe encaram os X-Men deixou a faceta ‘super-herói’ como um aspecto secundário e tornou a equipe uma espécie de grupo militarizado que deve agir num mundo no qual a causa mutante tomou proporções catastróficas. A discussão sobre o futuro da humanidade e sobre como os mutantes podem sobrepujá-la e afetá-la de maneira trágica, direta ou indiretamente, voltou à pauta do dia. Justamente como tinha sido proposto por titio Stan Lee lá em 1963.

Em O Homem da Sala X, primeira história da revista, o próprio Morrison conta com a arte ágil de Leinil Francis Yu para relatar a viagem de Ciclope, Fera, Wolverine e Rainha Branca à China para um velório. Lá, eles encontram a misteriosa Dominó, antiga terrorista mutante do X-Force e que atualmente é uma espécie de contato de Xavier na Ásia, a frente da tal Corporação X (nome que serve de fachada para as operações pacifistas do Professor X em diversos cantos do mundo). Enquanto investigam o assassinato de Glória Dolores Mu-Oz, parceira de Dominó na Corporação X, os pupilos de Chuckie (como Wolverine gosta de chamar o tutor da equipe) se deparam com um ‘culto de auto-estima’ radical que trafica órgãos mutantes para que eles sejam implantados em humanos, os chamados O-Men. Diz o líder da organização, um certo senhor Sublime: “Queremos ser mutantes também, e viver num mundo melhor do que este”. Quando tudo já parece bizarro o suficiente, eis que somos apresentados a um poderoso mutante chamado Xorn… cujos detalhes prefiro que vocês conheçam lendo a revista para não estragar a surpresa. Uma excelente história, que explora de maneira contundente uma faceta da revolução que poderia acontecer caso os mutantes realmente existessem – e o maior estudioso da espécie revelasse, em cadeia nacional, que é um deles e que comanda um grupo de caráter militar chamado X-Men. Vale também para notar a transformação dos personagens nesta nova fase – principalmente o Ciclope, que voltou a ser um líder seguro e durão, que na verdade ainda esconde o garoto assustado dos primeiros dias como x-man.

Já na segunda história, Genes Sob Encomenda, o argumentista Joe Casey coloca Noturno, Homem de Gelo, Arcanjo, Câmara, Wolverine e a novata Stacy X em contato com uma nova e perigosa droga, mania entre os adolescentes e disputada a peso de ouro como nova fonte de renda para uma série de cartéis de narcotráfico. Tratam-se dos tais ‘genes sob encomenda’: uma espécie de retrovírus que, quando injetado na corrente sanguínea humana, libera genes mutantes agressivos que afetam todas as células no meio do caminho, causando uma mutação de DNA em velocidade espantosa. O que isso significa? É uma droga para que os humanos se transformem em mutantes por algum tempo e possam experimentar a sensação (desastrosa, já que eles não têm idéia dos efeitos) de ter super-poderes… No entanto, o grande perigo é justamente a reprodução acelerada deste DNA híbrido, que pode ser tão violenta que acaba causando a morte do usuário. No final das contas, os heróis mutantes descobrem que a principal cabeça por trás desta droga é justamente um velho e apararentemente inofensivo inimigo da equipe, daquela época em que os X-Men eram apenas cinco. Além desta surpresa final, a história vale a pena especialmente pela arte abstrata de Ashley Wood, que usa aquarela em tons acinzentados… com resultados impressionantes. Puro delírio visual. Ah, sim: como é bom ver o Arcanjo voltar a ser um personagem interessante e relevante.

Ao final da revista, um bônus delicioso: uma publicação, na íntegra, de uma espécie de manifesto que Morrison entregou a Mark Powers, um dos editores da Marvel, com as idéias iniciais para o seu trabalho com os X-Men, antes mesmo que ele assumisse como roteirista. No texto, o careca faz uma profunda análise dos motivos pelos quais os gibis dos mutantes caíram tanto de qualidade e deixaram de vender. Logo em seguida, eles nos apresenta suas loucas propostas para que estes personagens tornem-se atraentes aos olhos da molecada que ficou vidrada com o filme e, ao mesmo tempo, para que eles VOLTEM a ser atraentes aos olhos desiludidos do fã mais fiel e ardoroso. É legal descobrir, por exemplo, que inicialmente Morrison queria Colossus e Moira McTargett na equipe… e que Moira seria morta ao final do primeiro arco. A idéia também era matar a Vampira e substituí-la por uma outra personagem mais próxima da garota gótica e sombria que vemos no filme e em X-Men Evolution. “Nunca me convenceu a idéia de uma mulher que não pode tocar ninguém com segurança ter a personalidade confiante e arrojada de uma conquistadora sexual sulista”, explica ele.


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