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Depois de assistir à ‘A Sociedade do Anel’, primeira parte da soberba adaptação cinematográfica de ‘O Senhor dos Anéis‘, um dos maiores clássicos literários da história, tudo que eu conseguia pensar era: “Deus do céu, o Peter Jackson vai ter um trabalhão para fazer um filme ainda melhor do que este na sequência”. Afinal, é quase um consenso entre os fãs que ‘As Duas Torres’, o segundo livro da famosa série de J.R.R Tolkien, é o melhor dos três volumes. Pois bem, meu caríssimo internauta e amigo: tudo que eu tenho a dizer é que Peter Jackson cumpriu sua missão – e com absoluta maestria, devo dizer.
‘As Duas Torres’ é, sem sombra de dúvidas, um filme muito melhor do que o primeiro. Muito melhor resolvido, com sequências ainda mais memoráveis, excelentes (e providenciais) toques de humor, interpretações muito mais marcantes e uma edição que intervêem perfeitamente para evitar um problema que a narrativa do livro poderia ter em sua transposição para as telas: as muitas tramas que correm em separado. Por mais que eu adore o trabalho de Tolkien, há de se admitir que, como bem lembrou nosso grande amigo William Matos, as cenas em que o protagonista Frodo Bolseiro e seu fiel amigo Sam Gamgee caminham em direção ao reino de Mordor se tornam muito maçantes com o passar das páginas. Coisa que não acontece em nenhum momento do filme – em especial pela aparição do rastejante personagem digital Gollum.
Relembrando…
Só para que você não fique perdido no meio de tanta informação: estamos na Terra-Média, um mundo que se parece com a nossa Terra durante a Idade Média, só que povoado por criaturas como elfos, anões, magos, hobbits (humanóides de pequena estatura e com enormes pés peludos) e toda a sorte de seres fantásticos, que convivem ao lado de bárbaros e guerreiros como os nossos cavaleiros medievais. No primeiro filme, o jovem hobbit Frodo Bolseiro (Elijah Wood) recebe de seu tio Bilbo (Ian Holm) o Anel do Poder, um artefato sombrio forjado há muitos séculos por uma criatura de puro mal conhecida como Sauron. Ao lado do mago Gandalf, Frodo descobre que este ser está armando suas tropas para tenta tomar a Terra-Média novamente e lançar todos os reinos no meio das trevas. Para tanto, ele só precisa recuperar seu anel. Frodo decide destruí-lo… mas a única forma de fazê-lo é queimá-lo no mesmo fogo que o forjou, em Mordor, o reino amaldiçoado de Sauron.
Uma aliança se forma para levar Frodo ao seu destino: surgem os humanos Aragorn (Viggo Mortensen) e Boromir (Sean Bean), o elfo Legolas (Orlando Bloom) e o anão Gimli (John Rhys-Davies). A esta sociedade do anel unem-se ainda os hobbits fanfarrões Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd) e o fiel jardineiro e amigo de Frodo, Sam Gamgee (Sean Astin). Com o passar do tempo, Frodo começa a descobrir os fardos de ser dia-a-dia tentado pela presença de tamanho poder ao alcance de suas mãos…
No caminho da sociedade, uma série de perigos surgem: Gandalf é dado como morto no confronto com um demoníaco balrog e Boromir, querendo ter o poder do anel para si e para seu povo, em Gondor (o último reino livre dos homens), acaba atacando Frodo. No entanto, ele se redime ao dar sua vida para salvar o portador do anel dos terríveis Uruk-Hai, seres derivados dos orcs enviados pelo mago sombrio Saruman para levar o hobbit que carrega o anel do poder. Por engano, as criaturas acabam levando Merry e Pippin. Vendo o efeito que o artefato pode causar, Frodo decide prosseguir sozinho sem que o restante da sociedade saiba. No entanto, ele acaba tendo que aceitar a companhia de Sam, que prometeu a Gandalf jamais deixar que algo de ruim acontecesse ao amigo. Está desfeita a sociedade do anel.
Agradeça esta nossa pequena introdução, porque nosso simpático diretor, Peter Jackson, não dá nem o gostinho de uma breve releitura do que aconteceu na primeira parte da trilogia e já parte direto para a ação. “Esta história de ‘no capítulo anterior, você viu…’ é muito típica de televisão. Não queria apelar para este recurso”, explicou ele.
Já em ‘As Duas Torres’…
Aragorn, Legolas e Gimli seguem em seu caminho, tentando encontrar os Uruk-Hai que levaram Merry e Pippin. Mas os dois hobbits amendrontados acabam sendo encontrados antes por uma criatura chamada Barbárvore, uma espécie de protetor das florestas que os carrega para dentro da floresta crendo se tratarem de pequenos orcs – raça conhecida por sua capacidade destrutiva e seu desprezo pela natureza.
Enquanto isso, seus três amigos reencontram Gandalf (cujos poderes foram aumentados e que agora não é mais Gandalf, o Cinzento, mas sim Gandalf, o Branco) e partem para ajudar o Reino de Rohan, terra dos Senhores dos Cavalos, que será o primeiro reino dos homens a ser atacado pelas terríveis tropas de Isengard, lar de Saruman, que em sua aliança profana com Sauron pretende exterminar os seres humanos da Terra-Média. Theoden (Bernard Hill), governante de Rohan, está sob a influência do ardiloso conselheiro Grima Língua-de-Cobra (Brad Dourif), que ajuda Saruman a manter uma espécie de feitiço sobre o velho rei. Quando Gandalf finalmente o liberta desta terrível magia, Theoden reassume seu posto, mas ainda se recusa a colocar seu povo em perigo aderindo à guerra da qual o mago e seus amigos falam. Mas ele acaba não tendo escolha: Saruman envia suas tropas de orcs e Uruk-Hai e acaba encurralando o povo de Rohan no único lugar para o qual eles poderiam fugir: sua fortaleza no Abismo de Helm.
Em seu caminho para Mordor, Sam e Frodo acabam cruzando com Gollum, a deformada criatura que era o portador do anel antes de Bilbo Bolseiro roubá-lo. Outrora, Gollum foi uma espécie de hobbit conhecido como Smeágol, cuja obsessão pelo Anel do Poder tomou proporção tamanha que acabou transformando a criaturazinha física e mentalmente. Não demora até que o trio, a caminho de Mordor, cruze o caminho de Faramir, irmão de Boromir, e das tropas de Gondor. E eles estão muito interessados no anel… Mas sua influência sbre Frodo cresce a cada dia, e o tempo do pequeno hobbit pode estar se esgotando…
Um espetáculo visual
Tudo bem, eu sei que o termo acima é o mais puro chavão, mas eu não encontrei palavras melhores para descrever o impressionante trabalho de fotografia de Andrew Lesnie e, é claro, a mais do que perfeita inserção de computação gráfica da equipe da WETA Digital – empresa que, nos próximos anos, promete rivalizar pau-a-pau com a Industrial Light & Magic do nosso simpático George Lucas.
O exemplo mais claro do avanço da WETA é justamente o desenvolvmento de Gollum, cuja voz e movimentação corporal ficaram a cargo do competente Andy Serkis. Diferente do que acontece com personagens como Jar Jar Binks (em Star Wars: Episódio 2) e o elfo doméstico Dobby (de Harry Potter e a Câmara Secreta), Gollum parece REAL. E… não, eu não estou exagerando. A textura da pele, o olhar, os gestos, as expressões faciais, tudo é muito convincente. Gollum tem forma e volume, e sua interação com os personagens ‘reais’ e com o cenário é simplesmente perfeita, fruto de um trabalho minuncioso e delicado. E tem mais: ele ainda interpreta bem (uma lição para a doutora Aki Ross de Final Fantasy)! Quando Frodo conquista sua confiança e começa a despertar o Smeágol que está escondido dentro dele, as cenas nas quais o pequeno monstrinho trava uma batalha consigo mesmo, como se tivesse dupla personalidade, são assustadoras e ao mesmo tempo muito divertidas. Gollum é, assim como o Yoda de ‘Episódio 2’, o melhor personagem da película.
Mas ele não é o único que dá show de interpretação. Tão surpreendente quanto Gollum é Brad Dourif, que dá vida ao ardiloso Grima Língua-de-Cobra. Manipulador, vil e, antes de tudo, um homem asqueroso e assustado, o Grima de Dourif está 100% de acordo com as descrições do detestável vilão nos livros de Tolkien. Outro destaque é a hilariante participação de John Rhys-Davies, cujo Gimli ganhou mais espaço em tela para mostrar seu lado rude e durão… porém com bom coração. Ele ganha o espectador nos momentos mais engraçados da aventura. Sua relação com Legolas também foi aumentada, principalmente para que ganhasse terreno a disputa para ver quem mata mais orcs. Davies ainda diverte o público como a voz do ent conhecido como Barbárvore. Quando o assunto é interpretação, não dá pra deixar de falar também em Christopher Lee e em Ian McKellen, que sob as barbas de Saruman e Gandalf continuam roubando a cena.
Ah, sim: cabe aqui uma pequena, porém significatva, bronca ao pessoal da New Line (estúdio responsável pelo filme) e a todos os envolvidos… inclusive o Sr.Peter Jackson, diretor da película. Nem todos os espectadores do filme ao redor do planeta leram os livros originais de Tolkien. Portanto, nem todo mundo tinha a obrigação de saber que Gandalf não morreu. Creio que manter esta informação em segredo não custaria nada e tornaria o envolvimento ainda maior para aqueles que não sabem os pormenores da trama. Mas isso não se faz revelando, logo no primeiro trailer, que o mago continua vivinho da silva, né?
Tudo bem, tudo bem…
…sei que os leitores vorazes da obra do mestre Tolkien estão é esperando para saber da tão aguardada cena da batalha no Abismo de Helm, quando Aragorn, Legolas e Gimli ajudam os exércitos do reino de Rohan a resistir ao avanço dos mais de 10 mil orcs e Uruk-Hai vindos de Isengard, seguindo as ordens de destruição de Saruman. Tudo que tenho a dizer é: a sequência inteira é simplesmente espetacular. De tirar o fôlego, envolvente, emocionante e angustiante, faz a luta nas Minas de Moria, que tanto surpreendeu no primeiro filme, parecer coisa de criança. Se você, como eu, for assistir ao filme mais do que uma vez, trate de ficar ligado em cada um dos milhares de orcs que se amontoam nos portões do castelo de Helm. Cada um tem movimentação própria, por mais que todos sejam fruto de computação gráfica. Obra de um software proprietário da WETA Digtal.
Nem a presença das tropas de elfos de Elrond (Hugo Weaving), que originalmente não participam desta batalha no livro, estraga a emoção. Aliás, dentro da narrativa de Jackson, os elfos fazem todo o sentido de estar ali – como uma forma de dizer que uma coalisão contra o crescimento de Sauron está lentamente se formando, e que algumas facções de homens ainda não estão tão afastadas da natureza (da qual os elfos são os maiores representantes) como se pensa.
Por sinal, arrisco até a dizer que as mudanças promovidas pelo diretor em relação ao escrito por Tolkien vão enfurecer menos aos fãs mais puristas do que aquelas que pudemos constatar no primeiro filme, exatamente por estarem muito mais dentro de um contexto. Tá certo, ele cortou a aparição de Tom Bombadil, mas isso não atrapalha em nada o andamento da história. E a participação da Arwen (Liv Tyler), que não orignalmente não dá as caras no segundo livro e foi tão criticada pelos ardorosos seguidores de Tolkien, se dá num nível quase onírico e não promove qualquer alteração significativa nos acontecimentos futuros. E ainda ajuda a justificar o colar que ela deu de presente para Aragorn… e que no livro vai para as mãos de Frodo. Temos que continuar lembrando aos fanáticos que Jackson foi obrigado a fazer escolhas e cortar certas sequências do livro, caso contrário teríamos filmes de muito mais de quatro horas. O que vale é que Jackson está mantendo, competentemente, o espírito da obra de Tolkien, ampliando o interesse por seus livros. Aí está o grande mérito desta trilogia cinematográfica…
Resumindo tudo…
…ao final destas três maravilhosas horas, a pergunta que não quer calar é: “alguém aí sabe me dizer quanto tempo ainda temos que esperar para ver a conclusão da trilogia?”. Eu já estou roendo as unhas em antecipação por aqui…
TÁ CURIOSO?
Então, antes de ir ao cinema, que tal colocar seu acelerador de downloads para funcionar?
PREVIEW
– Alta Resolução
TEASER
– Tela Cheia
– Alta Resolução
– Média Resolução
– Baixa Resolução
TRAILER
– Tela Cheia
– Alta Resolução
– Média Resolução
– Baixa Resolução
CLIPES
– Aragorn, Legolas & Gimli
– Frodo & Sam
– Eomer
– Ataque dos Wargs
– Edoras
– Fangorn
MÚSICA
– Baixe a música do Gollum! Formato WMA
MAS AINDA TEM MAIS!!!!
– Conheça os novos personagens que aparecem nesta segunda aventura…
– Relembre os heróis e vilões que surgiram no primeiro filme da trilogia
– Galeria de fotos: comece a babar com as imagens de ‘As Duas Torres’
– Um glossário para entender a Terra-Média
– Biografia do autor: Quem foi este tal de J.R.R.TOLKIEN? Saiba tudo!
– Aproveite e leia também a nossa crítica de ‘A Sociedade do Anel’
– Por falar em ‘A Sociedade do Anel’… já comprou o DVD? Tá esperando o quê?
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