Num esforço intrépido de reportagem, a equipe d’A ARCA reuniu todas as suas forças e viajou aos bastidores da Cartoon Network para, com muita honra e orgulho, entrevistar um dos mais brilhantes dubladores da atualidade: Ricardo Juarez. QUEM???? Não o conhece??? Conhece, sim! Ele é reconhecido pela dublagem de um dos mais famosos personagens do canal: Johnny Bravo, eleito pelos telespectadores o desenho animado mais preparado para ser o presidente do Brasil.
Nesta deliciosa entrevista, Ricardo nos conta um pouco de seu trabalho, de sua vida, de seus hobbies e de sua relação com os fãs. E, é claro, ele não poderia deixar de falar sobre a incrível figuraça que é nosso grande amigo Guilherme Briggs.A ARCA: Ricardo, é uma honra poder entrevistá-lo. Por favor, pra começar, diga-nos quem é Ricardo Juarez?
Ricardo Juarez: A honra é toda minha! Adoro poder falar do meu trabalho. Ricardo Juarez é um cara bem humorado, sem grandes vícios… a não ser, é claro, beijar, chocolate, filmes e desenho animado! Gosto muito de entreter as pessoas, o sorriso é uma coisa mágica. 🙂 Gosto de divertir, informar e ajudar com o talento que Deus me deu.
A: Como o Ricardo se envolveu com a dublagem?
R: Nunca tinha pensando em fazer dublagem até conhecer o Guilherme Briggs (dublador do Freakazoid e do Samurai Jack): ele é o culpado.
A: E como você como conheceu o Guilherme? É verdade que são como irmãos?
R: Conheci ele no dia do alistamento militar. A gente estava na fila, começamos a conversar e ele mostrou um desenho do Capitão Jean Luc Picard (de Jornada nas Estrelas: A Nova Geração). Num piscar de olhos, viramos amigos. Temos muito em comum e sim: somos irmãos. Acho que tenho mais liberdade com ele do que com meu irmão de sangue. Só não concordo com o fato dele não explorar o talento na área do desenho. Digo isso porque ele tem um dom fantástico para desenhar. A dublagem não dá nenhum tipo de segurança, é muito difícil sobreviver apenas desse profissão.
A: Quais foram seus primeiros trabalhos em dublagem?
R: Hummmmmm… deixa eu pensar… Nacional Kid, Viagem ao Fundo do Mar? Hehehehehehehe, estou brincando. Olha, os primeiros foram no seriado S.O.S Malibu. Foi mais ou menos naquela época que comecei.
A: Sei que você também é locutor. Prefere ser locutor ou dublador? É possível sobreviver da dublagem?
R: Olha, eu acho que faço melhor locução do que dublagem. Mas gosto muito de dublar. O difícil mesmo é sobreviver da dublagem. É possível… mas difícil.
A: A dublagem de Johnny Bravo, seu personagem mais famoso, foi inspirada na interpretação do dublador original ou foi criação sua? Por favor, conte-nos um pouco sobre como foi ser escolhido para o papel.
R: No começo, seguia mais o texto e com o tempo fui colocando meus cacos. Nos primeiros capítulos fazia o Johnny praticamente com a minha voz natural e depois comecei a deixar a voz mais impostada e ficou melhor ficou legal. Normalmente, são feitos testes com 3 dubladores para o papel. Um deles faltou e o diretor de dublagem disse: “Quebra um galho pra mim… faz esse teste, é só pra completar…”. Então eu falei: “Mas eu? Fazer um teste pro papel principal?”. E ele: “Ahhhhhh… é só um teste… quebra esse galho pra mim!”.
A: Você “substituiu” Francisco Barbosa na dublagem do personagem Tygra, dos Thundercats, nos novos episódios exibidos pelo SBT. É uma responsabilidade muito grande, não é!? De fato, sua voz está muito parecida à da primeira dublagem do personagem. Isso foi proposital – um pedido do diretor – ou teve receio de tentar uma interpretação diferente, à sua moda?
R: Isso foi proposital… mas aconteceu uma coisa curiosa. Inicialmente, eu estava cotado pra fazer o Mum-Rah. Então, eu falei com o diretor e disse que a minha voz tinha muito mais a ver com o Tygra. Terminei fazendo o teste pro personagem. A responsabilidade foi grande… mas acho que dei conta do recado.
A: Gostaria de saber se gostou de ter dublado o personagem X-Brawn em ‘Transformers: A Nova Geração’ ao lado de seu fiel amigo Guilherme Briggs, que faz a voz do Optimus Prime. A exigência dos fãs dos personagens não o preocupou?
R: Bem… sempre tenho a preocupação de fazer o melhor trabalho possível . Fiquei até um pouco preocupado porque mudei algumas características do X- Brawn. Ele é um tipo cowboy quarentão, com uma voz bem rouca e meio rasgada. Quando fiz o teste pro papel, tentei fazer a voz o mais próxima possível do original mas terminei fazendo uma voz jovial e sem o jeitão cowboy. Até porque se eu fosse fazer um cowboy abrasileirado, ia deixar o personagem meio engraçado. Ia parecer um daqueles vaqueiros como o Rodrigo, vencedor do Big Brother 2.
A: O que pensa a respeito dessa onda de dubladores iniciantes que inundam a profissão?
R: Muita gente quer dublar hoje em dia porque acha legal. Alguns acham que imitar meia dúzia de vozes é o suficiente pra poder dublar. Não me entenda mal: sou a favor da renovação de vozes. Acho é que a grande maioria não está preparada. Além disso, é muita gente pra pouquíssimo trabalho.
A: Como você vê a dublagem da atualidade? Há futuro para a dublagem brasileira? Nossa dublagem ainda é a melhor do mundo, conforme dito pela Disney há algum tempo?
R: Considero a melhor do mundo mas, devido ao ritmo industrial, hoje em dia tudo é gravado às pressas e isso prejudica o produto final. O futuro é incerto. Por isso vou sempre dar mais atenção à locução.
A: O que acha dessa nova onda de atores e atrizes de televisão, na maioria dos casos despreparados para a dublagem, dublando em produções como “Shrek” (como é o caso do Bussunda, do Casseta & Planeta) e “A Era do Gelo” (que traz o ator Diogo Vilela)? Qual o motivo disso?
R: Por um lado, isso aumentou a vontade das pessoas acompanharem os bastidores da dublagem. Mas, por outro lado, mostrou os cachês altíssimos pagos aos globais… Bem que eles poderiam aumentar um pouco os nossos, né?
A: Na minha opinião, a dublagem realizada nos anos oitenta é formidável. As vozes são marcantes e as interpretações fabulosas. No seu entender, quais as diferenças existentes entre os profissionais de hoje e os de outrora?
R: Olha, naquela época o meio era muito mais fechado. E o trabalho era feito com muito, muito mais calma. Hoje em dia é tipo padaria: “embrulha e manda”. Tudo às pressas pra economizar o dinheiro do patrão. Naquela época, a preocupação com o lado artístico era maior.
A: Soube de um caso engraçado acontecido durante uma de suas locuções para um programa de TV. Esse caso tem a ver com elefantes e com: “… e, de repente, tudo ficou escuro…”. Poderia nos dar os detalhes desse caso cômico?
R: Ah, é… Hehehehehehehehehe! É o programa ‘Os Vídeos Mais Incríveis do Mundo’. Um cara tava lavando a jaula de um elefante. Eis que o bicho dá uma marcha ré e a cabeça do sujeito entra ‘lá’ dentro. Justamente quando eu falava na locução: DE REPENTE TUDO FICOU ESCURO 🙂
A: Quais são os hobbies do Ricardo? O que ele curte fazer?
R: Gosto muito de cinema. Sou muito namorador, adoro beijar. Acho que isso é uma característica dos escorpianos, que dizem ter um beijo quente!!! Hehehehehehehehehehe! Também adoro viajar e sou louco por eletrônicos e games.
A: Por favor, cite outros de seus trabalhos em dublagem. Gostaria de saber tudo! 🙂
R: Ok, é claro!
Star Trek Voyager >> Tenente Paris
Jag >> Sargento Galindez
Angel >> Charles Gunn (segunda voz)
Even Stevens >> Treinador Tugnut
Alias >> Agente Vaughn
Arquivo X >> Agente Doggett (segunda voz)
Shinzo >> Kutal
Digimon >> Narração
Atualmente, tenho feitos os comerciais da Som Livre. Faço a locução do Canal Brasil e já gravei para o Vídeo Show e para o Canal Futura.
A: Como última pergunta, gostaria que nos dissesse sua opinião sobre o FÃ. O que pensa do contato entre o fã e o artista? Você tem relação direta com seus fãs?
R: Sempre procurei tratar bem todo mundo que conheço. Gosto de ter contato com os fãs. Uma pena que já tive alguns aborrecimentos com alguns poucos trekkers. Mas gosto sim de ter contato com fãs.
A: Por quê teve problemas com os Trekkers? O que houve?
R: Infelizmente, algumas pessoas levam essa coisa de fã de seriado muito a sério. Esse foi o caso de um rapaz que mora em São Paulo. Depois de algum tempo, percebi o tipo de pessoa que ele é. Extremamente inteligente, tem um site que na minha opinião é o melhor da América Latina. Poderia ter sido um ótimo político, afinal tem o dom de distorcer o que os outros falam. E foi isso que ele fez comigo. Quando eu comecei a ignorá-lo, a inveja fez com que ele, um sujeito sem um pingo de humildade e com um ego do tamanho do Maracanã, inventasse várias hitórias.
Ele chegou ao ponto de criar um personagem, dizendo que que eu entrava no fórum do site dele para atacá-lo usando outro nome. Na época, com a ajuda de um amigo que é fera em internet, consegui rastrear o IP dessa suposta pessoa que seria eu. Foi engraçado porque alguns dos IPs eram de outros estados. Tinha da Região Sul, de São Paulo (Capital e Interior) e inclusive da Globosat, onde eu trabalho. Não sabia que a coisa estava tão evoluída, mas hoje em dia é possível “falsificar” o IP.
Ele me xingou de mau caráter pra baixo. Até hoje esse foi o único lugar onde fui atacado e ofendido. Sempre me dei bem com todos que conheço. Mas não desejo mal a ele. Afinal, não vou dar atenção a alguém com problemas emocionais. Não vale nem a pena dar continuidade a um processo criminal, por exemplo. Tenho coisas muito mais importantes para me preocupar.
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