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Era a áurea (será mesmo?) época na qual a Abril detinha os direitos sobre a publicação do AD&D aqui no Brasil. Durante uma das Bienais Internacionais do Livro, em São Paulo, a editora montou um estande temático pra divulgar o jogo para os adolescentes babões que eram forçados pelos pais a acompanhá-los: em forma de castelo, com livros de RPG por todos os lados e devidamente guardado por um cidadão trajado como cavaleiro medieval. Só que acho que passar o dia todo vestindo uma armadura de metal e carregando uma espada e um escudo da Idade Média não fez bem pra cabeça do cara…
Vendo uma puta duma movimentação num estande perto do seu, o “cavaleiro” resolveu saber do que se tratava. É claro que, conforme ele se aproximava, o povo ia dando espaço pro cara passar – e você não sairia da frente de um infeliz com uma enorme two-handed sword? Eis que o cara chega a uma mesa, depois da enorme fila ter deixado o cidadão passar, e ele dá de cara com o mago bestseller Paulo Coelho, distribuindo autógrafos em seu último livro (não lembro bem qual era – também, o cara lança um por ano!). Sem saber o que dizer, Paulo Coelho levantou os olhos e arriscou um solícito “Pois não?” E não é que o nerd fantasiado de cavaleiro aprontou das suas?
– Tu és o mago de plantão?, disse o cara de armadura.
Meio sem jeito, Paulo Coelho olhou para um lado, olhou para o outro, e respondeu:
– É, acho que sou eu sim- com um sorriso amarelo no canto do rosto.
– Por acaso tu encantas espada? – perguntou o cavaleiro
– Não – respondeu o mago escritor
– Talvez tu encantes escudo? – perguntou o cavaleiro
– Não – respondeu o mago escritor
– Então tu encantas armaduras? – perguntou o cavaleiro
– Não – respondeu o mago escritor
– Então que MERDA de mago você é? – bradou o cavaleiro, que deu as costas e saiu andando, deixando a multidão e o próprio Paulo Coelho aos risos…
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