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Artigo adicionado em 31/10/2002, às 01:19

ZONA MORTA: REMAKE DE UM CLÁSSICO
AXN exibe, às quartas-feiras, as investigações sobrenaturais de John Smith Você se lembra dele? Há algumas semanas estreou no canal AXN a série "Zona Morta" (The Dead Zone), baseada no livro homônimo de Stephen King – publicado em 1979 – mas também inspirada no clássico longa-metragem dirigido por David Cronenberg. Essa "nova" Zona Morta é […]

Por
Marcus "Garrettimus" Garrett

Que medo do sujeito...

Você se lembra dele?

Há algumas semanas estreou no canal AXN a série "Zona Morta" (The Dead Zone), baseada no livro homônimo de Stephen King – publicado em 1979 – mas também inspirada no clássico longa-metragem dirigido por David Cronenberg. Essa "nova" Zona Morta é estrelada por Anthony Michael Hall e teve o respectivo enredo ligeiramente alterado, transposto para os dias atuais.

O princípio

John Smith, simpático e bem sucedido educador, sofreu um acidente automobilístico após ter deixado a residência da amada noiva num dia chuvoso. Traumatizado com o infortúnio lhe ocorrido, Johnny permaneceu em estado de coma por quatro anos e meio.

Ao acordar na clínica do Dr. Sam Weizak, médico de vanguarda e especialista em problemas cerebrais, Johnny o conheceu e se reencontrou com os pais. A dura realidade foi a ele contada pela mãe a contragosto do pai: enquanto estivera em coma a amada se casara com outro homem. Johnny esmoreceu.

O corpo de John Smith se encontrava fraco, especialmente no tocante às pernas e aos pés; anos em coma enfraqueceram os músculos do professor primário. De fato, tinha imensa dificuldade de locomoção, tanto que foi necessário a ele o início de sessões de fisioterapia. A partir de então o pesadelo de Johnny principiou, pois constataria um fato estarrecedor: além da perda da amada, além das dificuldades de locomoção que doravante o fariam caminhar auxiliado de uma bengala, além da perda da carreira profissional e de ter "acordado" num mundo ligeiramente diferente (afinal, foram quase cinco anos "no escuro"), logo surgiria algo novo: um "dom".

O meeeeestre Walken

A Hora da Zona Morta

Dom ou Maldição?

Numa das passagens mais interessantes da obra, Johnny tocou na mão de uma enfermeira quando essa lhe prestava cuidados na clínica. Ao fazê-lo teve uma visão: a casa da enfermeira em chamas, ao passo que a filha pequena chorava desesperada no quarto. Confuso com aquelas imagens, Johnny suplicou-lhe a ida imediata à casa, uma vez que a mesma era consumida pelas chamas.

A enfermeira, desesperada e temerosa, partiu da clínica e realmente encontrou a casa ardendo em chamas, mas conseguiu ter sua filha salva pelos bombeiros, graças ao aviso de John Smith. De outra maneira a filha morreria.

Johnny teve constantes "visões" após esse episódio do incêndio. Passou a ser alvo dos estudos do Dr. Weizak, porém teve alta da clínica para que obtivesse "de volta" a vida normal que lhe fora roubada. Seria obra do acaso ou de Deus?

Ele voltou do coma dotado desses dons de clarividência e de premonição. Ao longo da obra é contestado o fato da tal premonição ser um dom; podia ser uma maldição, ao invés disso. Um dos detalhes intrigantes é a natureza das visões: elas somente acontecem se Johnny tocar no corpo – vivo ou morto – ou num objeto de alguém; ainda assim, poderia as ter ou não, uma vez que o processo foge ao controle dele. O dom adquirido após o coma proporcionava visões do passado, do presente ou do futuro das pessoas envolvidas, contudo, não podia ser controlado.

Johnny viveu diversas situações inusitadas, como a grande ridicularização a ele impingida pela mídia, através da qual foi sumariamente desacreditado e tomado por louco e charlatão, e como o auxílio prestado à polícia na resolução de crimes insolúveis pelos métodos tradicionais de investigação.

A cadeia de acontecimentos e de clarividências, ao término do livro, levou Johnny a "salvar o mundo" do que poderia ter se tornado uma hecatombe nuclear. Está curioso? Leia!

A tal Zona Morta à qual o título se refere tem a ver também com a natureza da clarividência de Johnny. Nas visões recebidas por ele sempre há algum aspecto nebuloso, algo impossível de ser divisado por completo; é o "nosso" ponto-cego do Português. Numa conversa entre ele e o Dr. Weizak aprendemos: o tal ponto-cego, ou zona morta, possui essa natureza "obscura" porque pode ser ALTERADA por Johnny; o futuro revelado é mutável se ele assim o desejar, se INTERFERIR no desenrolar dos acontecimentos. Essa é a Zona Morta de John Smith. Ele pode, além de prever os acontecimentos, altera-los.

O meeeeestre Walken

Christopher Walken

A Hora da Zona Morta

"A Hora da Zona Morta" (*) é a primeira adaptação cinematográfica do livro de King, rodada em 1983. Belíssimo filme, foi dirigido pelo veterano David Cronenberg (de "A Mosca" e de "Videodrome") e estrelado pelo brilhante Christopher Walken, ganhador do Oscar de Ator Coadjuvante pela atuação no filme "O Franco Atirador".

A versão de Cronenberg nos encanta pelo perfeito "clima" conseguido pelo diretor. Nessa versão, Johnny foi realmente retratado como o ser humano "normal" que, apesar dos poderes da clarividência, não é um super-homem, mesmo porque o tal "poder" lhe custou a vida. Os planos abertos de câmera, a fabulosa e meio assustadora trilha sonora composta por Michael Kamen (também compositor de "Brazil, o Filme", de "Highlander" e de "Máquina Mortífera") e a condução da narrativa são os ingredientes responsáveis pela qualidade do filme.

O professor primário foi magistralmente interpretado por "Chris" Walken, conforme citado, que deu vida a esse personagem tão perturbado e marcado pelo destino. Se "A Hora da Zona Morta" tivesse apelo comercial à época, certamente o ator ganharia outro Oscar. Walken, de fato, se tornou conhecido pelas interpretações de tipos perturbados. As cenas em que Johnny perambula pela noite – trajado de jaqueta preta cujas abas do colarinho se encontram viradas para cima – são de arrepiar!

Martin Sheen, Tom Skerritt, Brooke Adams e Herbert Lom são algumas das estrelas do filme.

Puta cara de canalha, fala sério

Anthony Michael Hall

A Nova Zona Morta

Na série fizeram alterações no enredo original da obra. Os quatro anos e meio de coma foram aumentados para seis. Sarah, a ex-noiva de Johnny, se casou com o policial Walter Bannerman (George, no original): o responsável pelas investigações e morte de um serial killer descoberto por meio da ajuda do clarividente. Na versão original, Sarah se casou com um advogado bem sucedido, ao passo que o policial é um coadjuvante. Imagino o provável motivo: isso foi alterado de modo que o policial seja um personagem fixo da série.

O Dr. Weizak foi substituído por um médico chinês, Dr. Tran. Johnny é auxiliado no dia-a-dia por outro personagem que não o doutor: Bruce Lewis. Os episódios são situados nos dias atuais (2002), ao passo que na obra original a coisa toda acontece nos anos setenta.

John Smith é interpretado por Anthony Michael Hall, "rosto conhecido" por meio dos filmes juvenis produzidos nos anos oitenta. Como não se lembrar dele em "Mulher Nota 1000" ou em "O Clube dos Cinco"? Infelizmente, ficará obscurecido pela interpretação de Walken. "Sorte" aos que não assistiram ao filme de 83.

Até o momento foram exibidos alguns episódios. É pouca coisa disponível para que possamos analisar os aspectos dessa nova produção. Os dois primeiros episódios, o "piloto", retrataram os acontecimentos narrados até metade do livro, aproximadamente. Uma das coisas bacanas são as cenas de clarividência: os efeitos empregados são muito bons. Numa dessas cenas o cenário "congelou-se" e Johnny caminhou por entre as pessoas e por entre pingos de chuva – chovia muito – como se estivesse num museu de cera ou como se tudo à sua volta estivesse paralisado. Muito interessante! Outro detalhe importante é o fato de Johnny procurar auxiliar as pessoas em seus problemas do dia-a-dia, valendo-se de sua paranormalidade.

Dead Zone foi criada por Michael Piller, produtor executivo de "Jornada nas Estrelas: A Nova Geração", co-criador de "Deep Space Nine", e co-criador e produtor executivo de "Voyager".

A série é exibida pela AXN (canal 59 da TVA) às quartas-feiras. O horário de exibição é às 20:00 horas. Reprises acontecem aos domingos, às 19 horas, e durante os dias de semana. Confira os horários no seu guia de programação.

Aguardemos os novos episódios, pois há muito que acontecer ainda.

Encerramos o artigo com uma frase pinçada do filme de Cronenberg, dita por Johnny ao Dr. Weizak: "… se pudesse voltar no tempo na Alemanha, antes de Hitler ter tomado o poder… e sabendo do que sabe agora, o que faria? O mataria?". Detalhe: o Dr. Weizak é judeu.

(*) Terrível título nacional dado ao filme devido ao sucesso de "A Hora do Pesadelo". Naquela época diversos filmes foram batizados desse modo, tais como "A Hora do Espanto", "A Hora do Lobisomem" e assim por diante.


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