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Artigo adicionado em 26/10/2006, às 06:57

DIREITO DE RESPOSTA: O Trio Tormenta dá a sua versão dos fatos!
E a discussão promete pegar fogo! Depois da incendiária entrevista exclusiva concedida por Marcelo Telles, editor da Dragão Brasil, para A ARCA (leia na íntegra clicando aqui), era de se esperar que o chamado Trio Tormenta (Marcelo Cassaro, Rogerio Saladino e J.M.Trevisan), antigos responsáveis pela maior revista de RPG do Brasil, tivesse a sua oportunidade […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Depois da incendiária entrevista exclusiva concedida por Marcelo Telles, editor da Dragão Brasil, para A ARCA (leia na íntegra clicando aqui), era de se esperar que o chamado Trio Tormenta (Marcelo Cassaro, Rogerio Saladino e J.M.Trevisan), antigos responsáveis pela maior revista de RPG do Brasil, tivesse a sua oportunidade de defender-se e revelar o outro lado da moeda. E como veículo democrático que somos, é claro que nós abriríamos este espaço com o maior prazer – por mais que, dias depois desta resposta, Telles e sua equipe tenham saído oficialmente do comando oficial da “Dragão”.

Trevisan e Saladino preferiram salientar alguns trechos da entrevista e rebatê-los, como bem cabe em um caso como este. Assim sendo, vamos ao direito de resposta:

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“Telles: Foi um ano muito difícil, muito complicado por conta do Caso Guarapari (outro crime em que o RPG foi envolvido injustamente), que causou a maior crise que o mercado brasileiro de RPG já teve. As vendas de todos os produtos caíram drasticamente e a da revista não foi exceção”.

Trevisan: Olha… aqui existem duas coisas. Uma é uma opinião pessoal, outra é um fato. A opinião é que o caso Guarapari não afetou em nada. Quem proibia filho de jogar, já proibia antes. Ninguém lembra de Guarapari. O grande público sequer se importa com o RPG.

O problema é que o jogador de RPG é alarmista por natureza. Porque passou uma reportagem há sei lá quanto tempo na Globo, já acham que vai vir um esquadrão com tochas na mão pra queimar os livros e enforcar todo mundo em praça pública.

Não é assim que funciona. Sei que casos isolados existem e fico chateado, mas são casos isolados e não passam disso. A própria suposta tentativa de proibição do RPG foi uma piada de mau gosto. Estamos em um país onde moleques de 16 anos guiam carros, fumam e bebem. Mesmo que houvesse uma proibição (o que não tem e nunca teve o menor cabimento), enquanto você tiver um livro guardado embaixo da cama, o hobby não morre.

Isto posto, é meio estranho dizer que a tal “crise do mercado” se deve ao caso Guarapari. O problema é bem mais complexo. Envolve política, economia e afeta todos os setores. Faz parte de uma retração normal que já vinha ocorrendo e que fuzila quem não tem chance ou capacidade de se adaptar. Culpar o tal crime é caçar bode expiatório.

Saladino: Pelo que acompanhei nesses meus anos trabalhando em revista, posso afirmar que o caso de Guarapari não surtiu um efeito tão grande a ponto de gerar uma crise no hobby de tamanha proporção, a ponto de derrubar dessa forma as vendas.

Quando se fala em crise, é leviano apontar um fator como responsável. Todo profissional de qualquer área concorda que “crises” se devem por vários fatores, muitos são conseqüências uns de outros. No nosso país, sempre que há ameaça de crise, setores como revistas e livros estão entre os primeiros a sofrer, pois as pessoas precisam se concentrar em coisas mais essenciais – e, por mais que me doa dizer, livros e revistas não são considerados imprescindíveis.

Casos como Guarapari com certeza atrapalham e causam uma diminuição em vendas. Enquanto estive trabalhando na Dragão, passamos por quatro situações dessas. As vendas caíram? Sim. Tivemos problemas? Sim. Mas a revista sobreviveu, graças a iniciativas nossas para mostrar que RPG não tinha nenhuma relação com essas bobagens que aconteciam. Em um desses momentos, quando se decidiu fazer uma classificação etária para livros de RPG e até para a revista, estávamos junto com o pessoal da Devir, da Daemon e etc. para atuar em favor do hobby juntos às autoridades.

Culpar uma crise (afinal, brasileiro está acostumado a viver “em crise”) por baixas vendas é uma saída que soa, ao mesmo tempo, profissional e “inteirada” das informações. Mas não é exatamente verdadeira.

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Telles: Sobre a saída dos antigos editores eu prefiro não comentar. Existem processos judiciais em curso e, até que a justiça se pronuncie, ninguém tem autoridade para falar nada. Nada do que se diz por aí é procedente. E isso é uma questão que envolve eles e a editora, sobre a qual eu e minha equipe não temos nenhum envolvimento. Mais de um mês após os antigos editores terem anunciado publicamente a saída deles, eu entrei em contato com a editora para saber sobre o futuro da revista, porque eu colaborava com as Notícias do Bardo. Para minha alegria, eles tinham total conhecimento do nosso trabalho com a REDERPG (www.rederpg.com.br) e planejavam entrar em contato comigo. Depois do telefonema passei o dia inteiro pensando sobre o assunto, conversei com a Dri (NdoE: Adriana Almeida, esposa do Telles e webmaster da REDERPG) e com algumas pessoas da minha equipe. No dia seguinte eu liguei novamente e fiz uma proposta de trabalho. Duas semanas depois recebemos o ok e começamos a trabalhar na edição 112, a primeira sob o nosso comando.

T: Nosso desligamento se daria mediante a um acordo: como a editora estava mal das pernas graças à terrível administração da época, concordamos em sermos demitidos e trabalharmos como freelancers, com uma verba fixa por edição (muito menor que nosso salário na época). Era um modo de recebermos o que nos era de direito, ajudar a editora e continuar com a Dragão.

Para ajudar no orçamento particular (e como Plano B), entramos em contato com a Editora Mantícora para elaborar a revista que viria a ser a Dragon Slayer (na época eu morava sozinho e pagava aluguel… tudo com a grana que recebia da DB, que podia cair pela metade com o novo acordo). A partir disso passamos a discutir o contrato com a Talismã, pedimos alterações e tivemos nossa comunicação com a editora bruscamente rompida algumas semanas depois. Ninguém entendeu nada.

Pouco tempo mais tarde, ficamos sabendo que a Rede havia feito uma proposta para assumir a revista. Proposta bem parecida com a nossa, mas incluindo as duas primeiras edições feitas gratuitamente, e o Telles traria sua própria equipe de desenhistas e colaboradores. Um e-mail nosso foi mandado a ele “jogando um verde” para tentar saber se isso era verdade ou não. Ele desconversou com uma resposta evasiva. Não demorou para que o site anunciasse a nova administração.

Em termos pessoais, o ponto aqui é: eu coloquei o Telles na DB para fazer as notícias do “Bardo”. Pouca gente sabe, mas durante muitos anos ele e o Cassaro não se bicavam. Eu aproximei os dois e ajudei a Rede a se estabelecer dentro da revista. Se a editora algum dia soube que o site existia, foi exatamente por causa disso. Mesmo porque, a pessoa que dirigia a empresa naquela época – e continua dirigindo – nunca soube diferenciar um site de RPG de um site de culinária.

A proposta do Telles “na surdina” possibilitou à Talismã ignorar seu acordo conosco. Nossos direitos trabalhistas foram totalmente esquecidos, ninguém mais atendeu sequer um telefonema nosso (no meu caso, em tribunal trabalhista, um acordo já foi fechado entre as duas partes; a editora está pagando a quantia combinada).

Assim, para quem se gaba de “dar espaço a novos artistas”, Telles se esquece que, ao entrar com uma nova equipe de colaboradores, ofereceu à editora meios para seguir com sua revista carro-chefe e ignorar suas dívidas com os antigos colaboradores.

S: A questão judicial da nossa saída da Editora Talismã/Melody, realmente não vou comentar. Existem questões ainda em curso, e serão resolvidas nesse âmbito. O que me incomoda é a disparidade entre o que aconteceu, e o que foi divulgado.

Outra coisa que me incomoda, é o fato de Marcelo Telles usar a questão judicial para – muito comodamente – se furtar de mencionar fatos pertinentes. Quando acha adequado, nada comenta (e avisa que qualquer informação a respeito não é precisa). Quando acha adequado, menciona nossa saída da editora para justificar tudo.

Nossa relação de trabalho com a editora Talismã/Melody não estava satisfatória, graças a uma mudança administrativa. O pagamento de muitos colaboradores, principalmente ilustradores, não vinha sendo feito. Vários acordos foram quebrados unilateralmente pela editora, sem nenhuma justificativa.

A nova administração nos ofereceu uma proposta para reduzir custos e continuar com a revista. Aceitamos e esperamos que detalhes fossem acertados. Marcelo Telles estava a par de todo esse panorama, inclusive o descumprimento de pagamentos dos colaboradores. Esperamos por respostas da editora, que não vieram. Então ficamos sabendo, pelo site RedeRPG, que eles assumiriam a revista. Nenhuma resposta nos foi dada, nenhum esclarecimento. De nenhuma das partes. Telles até chegou a negar que estaria negociando com a editora.

Sinceramente, não me importa como foi a negociação ou quando foi. Mas me preocupa a forma como é colocada em alguns lugares, envolvendo mentiras e acusações falsas. E pior, vindo de pessoas que não teriam como saber como aconteceu de verdade!

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Telles: Mas acredito que a principal mudança foi a de postura. A DB, antes, era rejeitada, duramente atacada pela maioria dos jogadores. Se os antigos editores tiveram o mérito de criar o “seu” público, em contrapartida eles criaram um “anti-público” muito maior. Quando se falava na DB no orkut, por exemplo, os jogadores caíam de pau em cima (e ainda caem em relação aos antigos editores). Hoje a revista é minimamente respeitada. Ela ainda precisa evoluir mais, para mostrar que vale a pena comprar ou voltar a comprar a revista, e não apenas mostrar que ela melhorou. Ao contrário do que acontecia antes, procuramos sempre ouvir o público, via todos os meios de que dispomos. Então, todas as mudanças têm sido feitas no sentido que os jogadores têm indicado com o feedback que recebemos. E o mais importante: o jogador é tratado com respeito, por mais pueril que seja o seu comentário ou dúvida.

T: Eu adoraria ver os números a que o Telles teve acesso. Acho estranho que uma revista se mantenha dez anos no mercado, gere outras linhas de produtos bem-sucedidos, e ainda mantenha a mesma equipe de criação por todo esse tempo com um “anti-público” tão enorme.

No próprio Orkut, convido qualquer um a digitar “Tormenta” ou algum termo relacionado: existem comunidades para o mundo, a DS, os autores, vários deuses do Panteão, etc, etc. É esse o anti-público da Internet?

E mesmo com isso, ainda acho citar o Orkut, por exemplo, um equívoco porque muita gente se inscreve mas pouquíssima gente realmente participa das discussões. Além disso, a maior comunidade, RPG Brasil, é composta em sua maioria de veteranos que não precisam da DB, nem em nossa época, nem na fase Rede. São jogadores auto-suficientes.

Se fosse para considerar algum número significativo em termos de popularidade, era mais fácil consultar as listas de discussão do yahoogroups, mais antigas e movimentadas que qualquer comunidade de RPG no Orkut: a lista-Tormenta (criada em 2000), dedicada somente ao mundo de Arton, foi fundada por fãs e conta com mais de 700 usuários; enquanto a própria lista da RedeRPG (da qual participo), criada em 2002, mas incluindo usuários de uma lista cinco ou seis anos mais antiga, que trata de qualquer manifestação RPGística, tem pouco mais de 500. Por que esse dado é ignorado?

Mesmo assim, realmente acho que – embora a opinião do leitor deva sempre ser ouvida – considerar a amostragem da Internet ou uma pesquisa feita em site, onde 50, 60 pessoas respondem (sendo que uma revista de tiragem razoável tem que vender 4.000 exemplares pra se manter), como motivo suficiente para mudar o rumo editorial de uma revista é bobagem. Acontece o que aconteceu com a DB: duas mudanças de logo, projeto gráfico e foco editorial com apenas 8 edições publicadas. Qualquer um que lide com o ramo de revistas sabe que é impossível se firmar nas bancas desse jeito.

S: Chega a ser engraçado ler que a revista era “rejeitada” pela maioria dos jogadores, sendo que esta tinha boa vendagem. Principalmente agora, quando a mesma revista é “elogiada e respeitada”, mas está interrompida por baixas vendas. Não faz o menor sentido.

Há um grande equívoco aqui. Um editor não pode fazer a revista que ELE acha melhor, ou que SEUS amigos gostariam de ler. Uma revista é feita para seu público, oferecendo o que o PÚBLICO quer. A DB ouvia, sim, seus leitores. Eu mesmo lia praticamente todas as cartas e e-mails enviados, e nossa pauta era baseada em tais sugestões. Não no ego deste ou daquele, como alguns acham.

Muitos leitores expressam suas opiniões na Internet, mas um número ainda maior não o faz. Alguns não podem, outros simplesmente não querem. A maioria dos RPGistas do Brasil nunca postou uma opinião sequer em um fórum ou lista, e mesmo assim jogam GURPS, Daemon e 3D&T. A Internet tem certo peso nas decisões de pauta, sim, mas está longe de ser o único público a ouvir.

Dizer que a DB não ouvia o leitor antes é simples ao extremo, ou fechar os olhos propositalmente. O próprio Telles foi um leitor e crítico da DB ouvido várias vezes, muito me estranha esse comentário dele.

Telles: Por questões éticas, não vou comentar sobre a Dragon Slayer, Tormenta e outros trabalhos deles. Esse foi apenas um de muitos ataques que recebemos por parte dele e de pessoas associadas a ele. Isso é a síntese da mediocridade do mercado brasileiro de RPG. Se o nosso mercado fosse um mercado de verdade, um sujeito desses nunca mais publicaria nada. Somos carentes de bons profissionais, como editores com capacidade profissional e moral de colocar o ego de alguns escritores no seu devido lugar.

Quanto aos prejuízos, sem dúvida nenhuma o Cassaro entende muito mais disso do que eu. Os tais “sucessos” que ele alardeia deram tanto prejuízo à Talismã que eles preferiram entregar a Dragão Brasil na mão de uma equipe inexperiente, do que ele continuar com ela ou lançando outros “sucessos”. Esse é o verdadeiro motivo dos ataques dele: ele queria continuar fazendo a DB como freelancer, ao mesmo tempo em que fazia a Dragon Slayer. A editora preferiu entregar a revista para a gente.Depois disso, os fracassos do Primeira Aventura e dos três primeiros números da Dragon Slayer fizeram a Mantícora deixar de ser uma editora e virar um estúdio. Ao mesmo tempo, ele fez a RPGMaster com a Mythos, outro fracasso. Agora temos o 4D&T com a JBC e a DS pela Escala. Não vi o 4D&T ainda nas bancas. Se for apenas para lojas especializadas, não acredito que seja bem-sucedido. Quanto à DS pela Escala, acho que ela terá vida curta, apesar de ter a NeoTokyo para puxar as suas vendas. Mas já cumpriu o papel que o Cassaro queria, que foi prejudicar a DB. Por fim, a editora tem todo direito de se livrar de seu encalhe. Nenhum dos produtos da editora que vieram de brinde em nossas edições estavam vendendo alguma coisa. Ela está fazendo uma série de edições encadernadas justamente para se livrar desse material.

S: Outra contradição: Marcelo Telles diz que não vai comentar sobre DragonSlayer ou outro de nossos projetos, mas faz exatamente isso. Diz que sua DB é elogiada, não recebe críticas – mas, quando alguém reclama, diz que são “ataques”. Acusa qualquer crítico de ser “fanboy do Trio”. Chegou ao cúmulo de afirmar que eu estaria escrevendo críticas sob nome falso. Diz categoricamente estar sendo “atacado” por mim, o Trevisan ou o Cassaro, mesmo sem uma prova sequer (aliás, seria simples rastrear o IP dos tais “atacantes”). Vejam, a DB não recebe críticas, recebe ataques. E Telles AFIRMA ouvir todas as críticas enviadas, desmerecendo qualquer crítica contrária a ele.

Quando a prejuízos, vale lembrar que isso só foi mencionado quando a Editora Talismã/Melody mudou sua administração. Curioso que, antes da administração atual, a editora não apenas mantinha a DB nas bancas como também lançava edições especiais, quadrinhos, livros básicos e suplementos. Como pode uma revista durar 111 edições, dando prejuízo? Como Tormenta e 3D&T chegariam a tantas edições, sem que as versões anteriores fossem bem-sucedidas? Isso é chamar os leitores de imbecis.

Outra inverdade: livros e revistas no estoque dão prejuízo?! É uma insanidade! O procedimento normal em qualquer editora de pequeno porte é enviar uma mesma revista para as bancas várias vezes. Em nossa época, os custos (papel, gráfica, salários…) eram pagos logo na primeira exposição, e ainda com uma margem de lucro. Mesmo assim, lucros maiores provêm de relançamentos. Relançamentos DAS REVISTAS EM ESTOQUE. Isso SEM falar nas vendas de números atrasados.

Telles fala no “fracasso” da DragonSlayer. Ora, a DB foi descontinuada por vendas baixas, enquanto a DS está nas bancas (com um atraso ou outro, geralmente por culpa nossa). Quem fracassou?!

Telles parece ter certa reincidência em falar com base em informações erradas, ou informação nenhuma. Afirma que a DS terá vida curta, afirma que ela só existe para atacar a ele e a DB. No entanto, me acusou de “mentiroso” por um ano na lista de discussão da RedeRPG, sem provas do que dizia. Após esse tempo todo, assumiu que estava mentindo a meu respeito, que suas informações estavam erradas. Exatamente o que eu dizia.

T: Pois é… aí o povo não entende porque a gente ataca. Já que é para falar de vendas baixas, ia ser legal divulgar as vendas de “Conspiração do Amanhecer”, o único livro escrito pelo Telles e publicado por uma editora que (ops!) se retirou do mercado.

Outra coisa: vão falar sobre a DS também ter sido suspensa por um tempo (resultado do que – na minha opinião – foi um erro de estratégia ao publicar muita coisa ao mesmo tempo por uma única editora de pequeno porte). É bom lembrar que já nessa época a revista tinha uma tiragem maior e vendia mais do que a DB.

Sobre más vendas, ao consultar os números da época fica bem claro para qualquer pessoa que entenda o mínimo de mercado que as vendas não foram baixas. Um patamar de 25% para um livro com uma tiragem de 20.000 exemplares em banca, custando cerca de R$ 15,00, caso do AÇÃO!!!, está muito longe de ser prejuízo. Quem não entende muito do assunto bate o olho na porcentagem e tira conclusões primárias.

E só para constar: não sei onde o Telles tirou diploma de direito, mas os advogados que a gente consultou discordam dele. Direito autoral tem que ser pago nem que a edição venda 0.0001%. O que o Telles está tentando dizer é que em 2 anos (tempo em que a gente não recebe) livros como Holy D20, AÇÃO, Libertação de Valkaria e Reinado D20 não venderam sequer UM exemplar (o único fato que justificaria o não-pagamento) o que – dadas as vendas de nossos livros na Jambô – é um ato de leviandade ou inocência extrema. Colocar os livros de brinde é colaborar com um tipo de política que prejudica o autor e, por tabela, o RPG nacional. E vindo de alguém que se julga um grande defensor do hobby isso me soa bem contraditório.

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A ARCA: Aproveitando o momento “direito de resposta”, circula um e-mail pela internet fazendo comparações entre a nova “Dragão” e a antiga. Entre os pontos mais polêmicos estão “fez 5 edições em 12 meses e ainda se diz mensal”, “é feita por um moderador de fórum e diagramada por sua esposa”, “está no bolso da Devir”, “elogia jogos ruins, deixando p* os leitores que acreditaram e compraram esses jogos”, “é tão picante quanto água morna” e as recorrentes “é feita para os usuários da REDERPG” e “comemora esses 11 anos como se fossem seus”. Nos bastidores, há quem diga que foi o próprio “Trio Tormenta” (Cassaro, Saladino e Trevisan) que formulou esta mensagem, embora não existam provas a este respeito. O que você tem a dizer?

Telles: Olha, a única coisa verdadeira naquele e-mail é que eu sou professor e que a Dri é minha esposa. O resto é um monte de bobagens e mentiras que tem por base os inúmeros factóides que o Cassaro criou nesses anos todos. Nem contar a pessoa que escreveu sabe, pois em um ano lançamos 9 edições, mesmo com todas as dificuldades que enfrentamos, como os problemas de distribuição da revista. Apenas para dar uma dimensão da besteira deste tal e-mail, uma coisa que ele disse foi que eu não gosto de mangá e anime. Pois bem, eu coleciono mangá (Lobo Solitário, Vagabond, Blade, Eden, Chonchu, etc) e assisto anime desde o tempo em que a gente simplesmente chamava de “desenho animado japonês”.

Esse foi apenas mais um capítulo de uma série de ataques baixos que sofremos, por pessoas ligadas a eles. A questão aqui é que a DB precisa ser uma revista de RPG, não do gosto pessoal de seu editor. Por isso a DB do Cassaro era ridicularizada pelos jogadores mais experientes e a atual não. Por isso estamos dando um tempo com a temática anime/mangá e estávamos re-introduzindo ela aos poucos, porque o seu excesso mais a overdose dos produtos da casa desgastaram a revista, isso sem falar nas resenhas tendenciosas e no sistemático desrespeito aos leitores. Animé e mangá voltarão a aparecer na DB, na medida certa e com qualidade. Nada de tosqueiras como “Acuidade com Arco”.

S: Mais uma vez uma afirmação sem provas. Telles AFIRMA que o Cassaro escreveu a tal lista. Ele mesmo me disse que não (na verdade, o Cassaro achou a tal lista muito “light”). Esse tipo de coisa vem de leitores insatisfeitos. Tivemos o mesmo tipo de coisa na nossa época, é normal, comum. Tivemos dez anos disso. Para o Telles, é um “ataque” que prejudicou a revista.

A paranóia do Telles é impressionante. ele vê o Cassaro em cada sombra, em cada esquina. Todos os problemas da atual DB, só podem ser culpa do Cassaro. NÃO das decisões de seu editor atual.

Jamais critiquei a DB desde que a equipe da RedeRPG assumiu a revista. Não critico o conteúdo, a escolha de matérias, os colaboradores ou o “rumo” da revista. Tem muita gente boa trabalhando lá, nada tenho contra eles.

Mas me incomoda por demais a postura do Telles, colocando o peso de qualquer erro em atribuições externas. Ele se vangloria dos elogios, mas isenta-se de erros. Por suas vendas baixas, culpa o mercado “medíocre” (em suas próprias palavras), a crise, o caso Guarapari, o Cassaro e até – o que é pior – os próprios leitores. Não é estranho, como o mercado de RPG só ficou “medíocre” DEPOIS que Marcelo Telles assumiu a DB? Dez anos de não-mediocridade, e agora BUM!

Quando estive na DB como editor, passamos por crises muito piores. Classificação etária, proibição da venda de RPG em alguns estados, deputados e religiosos fazendo campanha ativa contra o RPG, e pelo menos outros quatro crimes graves relacionados ao hobby. Passamos por crises econômicas muito mais graves. E mesmo assim a Dragão nunca se ausentou das bancas.

Tivemos problemas, e não foram poucos. Mas nunca alegamos “ataques”, nunca culpamos qualquer crise e, acima de tudo, nunca dividimos esses problemas com o leitor. O leitor não tem a obrigação de ser solidário, de comprar uma revista apenas por compaixão. NÓS é que temos a obrigação de oferecer uma revista interessante e divertida.

Telles diz que uma revista precisa ser do público que curte RPG, não do gosto pessoal do editor. Ele vem praticando o que prega? As vendas provam que não. Crise e outros fatores podem influenciar, mas não acabar de vez com uma publicação. Leitores insatisfeitos, podem.

Como disse antes, nada tenho contra o pessoal que realmente faz a DB, a equipe da RedeRPG e seus colaboradores. Mas seu editor mentiu a meu respeito, usa versões errôneas de fatos para fazer papel de vítima e – principalmente – culpa outros por seus erros.

T: Eu reformularia a frase do Telles para “A antiga DB era ridicularizada por jogadores experientes que freqüentavam os fóruns da Rede e hoje freqüentam o orkut”. Porque eu conheço gente experiente que curtia a revista e que joga (ou jogava Tormenta). Conheço moleques que começaram com as adaptações de mangá e hoje jogam Tormenta D20, mesmo tendo acesso a livros gringos. Tudo isso é muito relativo. É mais fácil se basear em meia dúzia do que parar para pensar.

Enquanto a Rede fazia as Notícias do Bardo e o site era divulgado na revista todos os meses, a DB prestava. Eu admito que o site da Rede RPG é um portal legal (faço parte da lista da Rede há anos) e que existem pessoas com boas idéias na equipe da DB (sou amigo pessoal de boa parte da galera que elaborou o Crônicas da Sétima Lua) mas ele, assim que assumiu a revista, teve uma iluminação divina e percebeu que nada do que a gente fazia prestava, que estávamos equivocados em nossa postura editorial e que, no fundo, não entendemos nada de RPG. E a gente é quem cospe no prato em que comeu. Vai entender.

Resenhas tendenciosas? Qual foi mesmo a nota de “Conspiração do Amanhecer” na resenha feita na DB?

De qualquer modo, odiando ou não a gente, gostando ou não do nosso trabalho, queria que o leitor d’Arca tivesse só uma certeza: a gente tem muito, mas muito mais o que fazer do que ficar inventando nick falso para mandar lista para Orkut ou para meter o pau nos outros (justamente por isso o Cassaro acabou não participando disso aqui. Cuidar da animação da Holy dá trabalho. Por mais que o Telles goste de dizer que ela não existe e não passa de um golpe do Cassaro para se auto-promover). Todas às vezes em que a gente disse algo, foi assinando no fim do texto ou na cara do próprio Telles, ao vivo.

Essa sempre foi nossa postura e estamos os três velhos demais para mudar nessa altura do campeonato.

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Por fim, gostaríamos de agradecer ao site A ARCA pela imparcialidade e a chance de esclarecer nosso lado dos fatos; e aos leitores, pelo apoio nesses anos todos.

J.M. Trevisan (www.doutorcarecalab.blogspot.com) e Rogerio Saladino.

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Nota do Editor: De sua parte, o site A ARCA dá o assunto por definitivamente encerrado, já que ambas as partes tiveram a oportunidade de se expressar. Não queremos, de forma nenhuma, transformar este espaço em uma “flame war” sem fim.


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