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Artigo adicionado em 02/09/2006, às 02:26

MENINA MÁ.COM: Hollywood tem muito a aprender com o cinema indie
E o General Stryker estava certo: os mutantes são perigosos! ;-D :: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | HD (em QuickTime) :: Spots de TV: #1 | #2 | #3 (em Windows Media) :: Visite o site oficial “Não é filme cult indie maldito e bastardo não, né? Não é nenhum documentário do […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


:: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | HD (em QuickTime)
:: Spots de TV: #1 | #2 | #3 (em Windows Media)
:: Visite o site oficial

“Não é filme cult indie maldito e bastardo não, né? Não é nenhum documentário do Tadjaquistão com sete horas e meia de duração, cheio de paisagens e apenas três diálogos neste meio tempo, né?”. Isto é o que metade dos meus amigos me pergunta quando chega o final de semana e eu saio por aí convidando meio mundo para pegar uma sessão de cinema… hehehe!

O fato é que todo mundo já conhece minha predileção por fitas indie, estrangeiras, não-convencionais, fora do circuitão hollywoodiano. Não que eu não curta cinema-pipoca, muito pelo contrário. Mas inegavelmente tenho uma quedinha por produções menores e bizarras. A razão é que defendo (e isto é fato comprovado) que o cinema independente possui um despojamento e uma liberdade que não existe no cinema padrão de Hollywood; na boa, sem menosprezar os filmes-pipoca, é no circuito alternativo que residem atualmente as melhores histórias, e também é lá que muitos atores sem oportunidades no “esquemão” têm a chance de mostrar a que vieram – e o mais importante, sem gastar muito. 😉

O elogiadíssimo suspense Hard Candy, que aqui recebeu o horroroso título Menina Má.Com (por favor, esqueçam este título brazuca), é uma prova incontestável disso. Dirigido com maestria pelo diretor de videoclipes e estreante na telona David Slade – que por conta deste trabalho, foi convidado para comandar a versão live-action da HQ de horror “30 Dias de Noite” -, o longa não precisa de nada além de um único cenário e dois personagens em cena para provar que o resultado positivo de uma produção em termos de qualidade só depende mesmo da boa-vontade de sua equipe e de um roteiro bem escrito em mãos.

Resumindo, aqui aprendemos que, nas mãos das pessoas certas, até uma historinha banal pode gerar um troço de congelar a medula! Definitivamente, o cinema indie tem muito a ensinar. De qualquer forma, “Menina Má.Com” (título ruim!!) é uma fita que jamais conseguiria ver a luz do dia caso fosse planejada em Hollywood. Não, pelo menos, sem ser impiedosamente retalhada pela censura, e não digo isto por ter cenas pesadas aqui. O problema é a história mesmo, que por si só já é bastante nauseante… 😛

Então vamos lá. Ao início do longa, o espectador presencia uma conversa via chat de Internet entre “Thonggrrrl14” e “Lensman319”. Conversinha bem picante, por sinal. A primeira é Hayley Stark (Ellen Page, a Kitty Pryde do último e polêmico X-Men), garotinha de apenas 14 anos; o segundo é o fotógrafo profissional charmosão Jeff Kohlver (Patrick Wilson, o Raoul do chatinho O Fantasma da Ópera), de 32 anos. Os dois, que conversam pela Net há cerca de três semanas, decidem finalmente se conhecer pessoalmente, por sugestão dela. Encontram-se numa cafeteria e descobrem afinidades… Complicado, não? Ainda assim, Jeff insiste que nada pode fazer – mas diz a todo tempo que sofrerá muito e talvez não agüente esperar 4 anos para estar com ela.

Por outro lado, Jeff não oferece muita resistência quando Hayley demonstra grande interesse em ir até a casa dele. E então… CHEGA! Infelizmente, não dá pra contar mais nada da história sem estragar as várias surpresas que seguem por aqui (embora estas surpresas não sejam tão espetacularmente surpreendentes, já digo logo). E acredite, é muita coisa: até a trama chegar neste ponto, se foram apenas 10 minutos de um total de uma hora e 40 de projeção.

O que dá pra dizer sem entregar muita coisa é que o desenrolar de “Menina Má.Com” (que título, socorro!!) é tenso, beeem tenso. Confinado em um único ambiente, a espetacular casa-saída-de-catálogo-de-revista-de-decoração de Jeff Kohlver, e com apenas dois personagens em cena praticamente o tempo todo, o intrigante roteiro de Brian Nelson – oriundo da TV e roteirista também do futuro “30 Dias de Noite” – não perde muito tempo para estabelecer sua trama e, a partir daí, oferece um quebra-cabeça cujas peças são entregues em doses quase homeopáticas – como na cena da cafeteria, onde um pequeno elemento em um canto da tela já dá uma dica violenta do que está por vir. Quem é o vilão, quem é o mocinho? Aqui, nada é o que parece ser. Os fãs de cinema de suspense vão vibrar! 😀

Porém, deve ser dito que a película apóia-se quase integralmente em diálogos. Ação, mesmo, é pouca. Quase não há uso de trilha sonora e a fotografia é a mais tradicional possível – ainda que, em certas seqüências, a direção não resista à tentação de apelar para movimentos de câmera vertiginosos. Enfim, a tensão vem exclusivamente do apavorante embate entre os personagens de Patrick Wilson, ótimo por sinal, e de Ellen Page: pra falar a verdade, até onde possa me lembrar, o último grande confronto entre dois indivíduos confinados num único espaço que vi na telona foi entre James Caan e Kathy Bates em “Louca Obsessão” (lembra desse fantástico thriller?).

O que não significa, contudo, que não haja momentos de fazer qualquer um arrancar os cabelos aqui. Um destes momentos, a seqüência da “cirurgia”… afe! Junto com a pipoca e o guaraná, é bom comprar um vidrinho de calmantes para a sessão. 😉

Aliás, um adendo: provavelmente este é o passaporte de Ellen Page ao mainstream hollywoodiano. Sua atuação é coisa de louco e não deve nada ao trabalho de muito veterano prestigiado por aí. Quem lembra dela em “X-Men”, não tendo muita oportunidade além do “mamãe, veja como sei atravessar paredes”, certamente se impressionará com a qualidade de sua interpretação como a graciosa Hayley. Infelizmente, o que deve ter de ator espalhado em Hollywood que até tem talento, mas não tem como apresentá-lo ao público por conta da preferência dos executivos de estúdios por “rostinhos bonitos e inexpressivos”… :'(

Pra mim, pessoalmente, só foi uma pena a personagem de Sandra Oh (de Sideways), que é uma atriz que gosto muito, ter tão pouco tempo em cena. Ela aparece apenas duas vezes, que juntas não somam cinco minutos. Mas enfim, o enredo não tinha mesmo espaço para ela.

Num saldo geral, “Menina Má.Com” (como diz o Kaickull, meu coração até parou com este título) é um trabalho que merece encontrar seu público, e que representa em toda sua projeção o fato de que um bom cinema não é feito de cenários arrojados, efeitos especiais megalomaníacos e uma verba gigantesca. E também serve para provar que, ao contrário do que o Professor Xavier sempre pregou, o General Stryker é que estava certo: os mutantes realmente podem ser muito perigosos! Hehehe!

E não se preocupe: este filme não é um documentário, não foi rodado no Tadjaquistão, não tem sete horas e meia de duração, não é cheio de paisagens e não tem apenas três diálogos. 🙂

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– O título original do filme, “Hard Candy”, é uma referência a uma gíria gringa de Internet para garotas menores de idade.

– Ellen Page conseguiu o papel de Hayley ao aparecer no teste com o cabelo curtinho, ao estilo Joãozinho; o corte era uma exigência de um longa-metragem na qual Page atuou na época dos testes – e, ela não sabia, também era uma preferência do diretor de “Menina Má.Com” (mas quem deu este título, afinal??).

– “Menina Má.Com” (tradução tenebrosa!!) foi rodado em apenas 18 dias, nos arredores de Los Angeles. Em 2005, a fita faturou três prêmios no Festival de Sitges, na Espanha, um dos mais conceituados festivais de cinema de suspense e horror. Os prêmios foram de Melhor Filme, Melhor Roteiro e Melhor Filme pela Escolha da Audiência; no ano anterior, o grande vencedor foi Oldboy, de Chan-wook Park.

– O Benício mandou avisar que a Ellen Page é dele e ninguém tasca; diz a lenda que o nosso notório “IMDb ambulante” (!) tem uma predileção não esclarecida por mulheres com cabelo Joãozinho… 🙂

SPOILER, SPOILER, SPOILER:
– A inspiração para a história de “Menina Má.Com” (síncope nervosa!!) veio do Japão. O produtor David Higgins decidiu sugerir o projeto ao roteirista Brian Nelson após ler uma reportagem sobre um grupo de estudantes japonesas menores de idade que teclavam com pedófilos na Internet e, em seguida, armavam tocaias para mandá-los à prisão ou, em alguns casos, matá-los. Literalmente justiça com as próprias mãos! 😛

Menina Má.Com (Título original: Hard Candy) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos / Direção: David Slade / Roteiro: Brian Nelson / Elenco: Patrick Wilson, Ellen Page, Sandra Oh, Jennifer Holmes, Gilbert John / Duração: 103 minutos.


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