Vocês não imaginam a minha alegria ao ler este exemplar de Estranhos no Paraíso – Inimigos Mortais. Primeiro, por ser fã de Terry Moore, e segundo, por ter lido só metade desta saga, já que a editora anterior perpetuou um excesso de asneiras contratuais que acabaram por deixar os leitores na mão. “Estranhos no Paraíso” é mais um sinal de que existe vida inteligente nos gibis, de que os quadrinhos podem explorar quaisquer ambientes; não há limite, não há nada que não possa render uma boa história. Basta apenas uma coisa: talento. E talento Terry Moore tem de sobra, não só para explorar o universo feminino, mas para explorar a compreensão humana. Os personagens dele não são perfeitos, são como qualquer pessoa: podem ser boas, podem ser mesquinhas, podem errar, fazer burradas, dizer coisas sem pensar e com isto trazer uma série de conseqüências. E isto é o que é “Estranhos no Paraíso”: pessoas, nada mais do que pessoas.
Esta encadernação de “Inimigos Mortais” pode ser considerada um dos pontos mais importantes de toda a história do título, pois fecha vários círculos e pontas abertas desde a primeira edição, de 1993 – inclusive as pendências do quase-triângulo-amoroso Francine/Katchoo/David. Como sempre, Moore explora a trama de todos os lados, explorando também outras linguagens como letras de músicas e textos em forma literária. A narrativa é perfeita, e é montada de forma que até quem nunca leu as edições anteriores se familiarize com o que ocorreu anteriormente. Mas nada que impeça você de sair caçando as outras edições, pois cada uma é única. O melhor de tudo é ver que os personagens não estão ali por acaso; cada um tem sua função na trama, alguns deles até surpreendem durante este encadernado.
Até o ponto atual, temos Francine e Katchoo após um beijo que não foi lá estas coisas, um David desaparecido após levar um imenso e injusto fora de Katchoo, e a violenta e perigosa Darcy Parker, que continua querendo a cabeça daquela que foi o “amor” de sua vida. Sem contar que o casal feliz Chuck e Rachel acaba tendo problemas por certas mudanças no comportamento de Rachel. Já o Freddie… bem, ele continua o mesmo machista e espírito de porco de sempre. E todos eles têm importância na trama, que se entrelaça e revela, como dito por Francine, “o grande elefante no meio da sala” que ninguém viu chegar lá. Sim, não posso falar mais nada, pois estragaria a ótima trama de “Inimigos Mortais”.
Não posso deixar de falar no tratamento dado à edição pela editora HQ Maniacs, que é excelente; o papel e as duas capas, nem se fala. Sei que é difícil comprar um TP devido a seu inflado valor, mas na atual conjuntura no país, sabemos que estes títulos, considerados até “independentes”, não tem muito tempo de vida se publicados mensalmente e no formato original. E que, com certeza, acabaria como outras frustradas publicações anteriores, que não chegaram nem mesmo a ter suas sagas concluídas e deixaram o leitor chupando o dedo. Então, meu amigo, corra à banca mais próxima ou entre no site da editora HQ Maniacs clicando aqui. Vale a pena!
Estranhos no Paraíso – Inimigos Mortais (Título original: Strangers in Paradise – Immortal Enemies) / Ano: 2006 / Editora: HQ Maniacs / Roteiro, Desenhos e Arte-final: Terry Moore / 152 páginas.
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