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Artigo adicionado em 07/07/2006, às 01:56

SUPERMAN RETURNS: O OUTRO CHRISTOPHER REEVE
Pois é, ele não era somente um dos super-heróis mais amados do planeta… Interpretar um grande papel em um grande filme traz um grande mal. O caso é que o ator que se arrisca a assumir a pele de um personagem muito forte corre o sério risco de ficar marcado para sempre e nunca mais […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


Interpretar um grande papel em um grande filme traz um grande mal. O caso é que o ator que se arrisca a assumir a pele de um personagem muito forte corre o sério risco de ficar marcado para sempre e nunca mais escapar dele. Se por um lado o ator entra para a história, por outro lado jamais consegue ser lembrado por outra coisa a não ser aquele personagem. Se isto acontecerá com Brandon Routh, que vive o tímido jornalista Clark Kent e seu alter-ego Superman no novo Superman Returns, ninguém sabe – e eu, particularmente, espero que não, pois Routh provou mesmo ter talento de sobra para trilhar uma carreira de sucesso nos cinemas.

Infelizmente, este mal acometeu seu antecessor, o saudoso Christopher Reeve. Quando se fala a respeito de Reeve, só vêm três coisas à mente de muitos: sua espetacular interpretação do Homem de Aço nos primeiros longas da cinessérie; o grave acidente que fraturou duas vértebras de seu pescoço e sua coluna vertebral, deixando-o preso a uma cadeira de rodas e paralisado do pescoço para baixo a partir de maio de 1995 até o dia de sua morte, em outubro de 2004; e sua luta pelo uso das células-tronco no tratamento de doenças desde seu acidente.

Ainda há, entretanto, um lado de Christopher Reeve que muitos desconhecem – ou não fazem muita questão de considerar: o lado ator. Longe do uniforme azul e da capa vermelha. O lado ator que mergulhou em (poucos) papéis de menor importância, mas nem por isto menos contundentes.

Reeve, nascido em 25 de setembro de 1952, em Nova York, não erão tão inexperiente quando assumiu o manto de Superman no longa-metragem homônimo de 1978 – o ator já era ator profissional, fez parte da ultra-renomada Julliard School, conhecidíssima escola de artes, e tinha vasta experiência no teatro – por sinal, seu grande talento como intérprete é bem visível quando está na pele de Clark Kent em “Superman”. Depois de sua estréia nas telonas em S.O.S. Submarino Nuclear (Gray Lady Down, 1978), e do prestígio com a primeira fita do Azulão, Reeve esforçou-se em viver papéis mais desafiadores, e nisto gerou pelo menos seis ótimos trabalhos:

:: EM ALGUM LUGAR DO PASSADO (Somewhere in Time, 1980)

Um dos mais conhecidos e cultuados dramas românticos dos anos 80, dirigido com maestria pelo francês Jeannot Szwarc (responsável por vários episódios de Boston Legal, Without a Trace, Ally McBeal e Smallville) e lembrado até hoje pela maravilhosa trilha sonora de John Barry, utilizada à exaustão em diversos longas-metragens e comerciais, já desgastada. Reeve vive o teatrólogo Richard Collier, que, durante uma apresentação em um hotel, trava um bizarro contato com uma senhora de idade – que lhe entrega um relógio de bolso junto com um sofrido pedido: “volte para mim” – e descobre que ela, no passado, fora uma grande atriz que também apresentou-se lá. Ao saber que a tal senhora, Elisa McKenna, faleceu na noite em que o conheceu, Collier fica obcecado com a figura da mulher e, num momento de surrealismo, volta ao passado para reecontrá-la, agora na pele da jovem Jane Seymour. Depois de “Superman”, é o trabalho mais conhecido de Christopher Reeve – e foi, também, um dos primeiros trabalhos de um certo William H. Macy. Curiosidade: o diretor Szwarc comandou alguns anos depois o equivocadíssimo Supergirl.

:: ARMADILHA MORTAL (Deathtrap, 1982)

Comandado pelo genial Sidney Lumet, este intrigante suspense serviu também para consolidar a amizade de Reeve com uma das grandes figuras do cinema, um tal de Michael Caine (o Alfred, saca?). Inspirado num texto do renomado Ira Levin (também autor do romance que originou o mediano Mulheres Perfeitas), a história é centrada no fracassado autor de peças teatrais para a Broadway Sidney Bruhl (Caine), desesperado por um novo sucesso. Bruhl é tomado pela loucura ao descobrir um ótimo manuscrito criado pelo desconhecido Clifford Anderson (Reeve); obcecado pela idéia de que aquela idéia deve ser sua e de mais ninguém, Bruhl arma um plano para matar Anderson e se apossar de seu texto. O longa é conhecido também por uma estranha e polêmica cena de beijo entre Caine e Reeve – o primeiro declarou, alguns anos mais tarde, que a seqüência, que não tem muita lógica com relação ao restante do filme, só foi rodada porque ele e Reeve embebedaram-se no dia da filmagem e, em suas exatas palavras, “toparam fazer tudo o que lhes era proposto”.

:: ARMAÇÃO PERIGOSA (Street Smart, 1987)

Este inteligente drama policial serviu não somente para mostrar que Reeve se saiu bem em diversos gêneros, como também deu a primeira das quatro indicações ao Oscar a um certo coadjuvante que ninguém conhece chamado Morgan Freeman. Dirigido pelo novaiorquino Jerry Schatzberg, que trabalhou durante muito tempo como fotógrafo de revistas como a Vogue, a fita fala sobre o martírio do jornalista Jonathan Fisher (Reeve) que, para não perder o emprego, toma uma decisão que pode é tirar outra coisa… O que acontece é que, correndo o risco de ser demitido, Fisher decide escrever uma falsa matéria sobre prostituição e sobre as atividades criminosas de um cafetão. Só que a matéria sai tão bem escrita que Fisher passa a ser perseguido pela polícia (que quer capturar o tal indivíduo) e, pior, pelo cafetão Fast Black (Freeman), que está convicto de que Fisher escreveu SUA história ali… Para os fãs de suspense, de Christopher Reeve e de Morgan Freeman, é um prato cheio.

:: IMPRÓPRIO PARA MENORES (Noises Off…, 1992)

Acredite se quiser, trata-se de uma das mais festejadas comédias dos últimos anos. Com um elenco encabeçado por Michael Caine e repleto de notórios comediantes (como Julie Hagerty, Carol Burnett e John Ritter), este delicioso trabalho de Peter Bogdanovich (de “A Última Sessão de Cinema”) provou que Reeve também tinha uma bela verve cômica, ainda que pouco explorada. O enredo, absurdamente simples, é centrado na estréia na Broadway de um espetáculo teatral chamado Nothing On, dirigido pelo incrédulo Lloyd Fellowes (Caine), que recusa-se a assistir à peça. Quando indagado sobre o fato de querer distância do trabalho que dirigiu, Fellowes relembra todos os conflitos, problemas e trapalhadas envolvendo seu péssimo elenco, que antecederam esta estréia. Co-dirigido por Frank Marshall, produtor de vários longas de Steven Spielberg, “Impróprio para Menores” é um festival de gags hilárias – e recomendadíssimo para quem ainda acredita (erroneamente) que Todo Mundo em Pânico é exemplo de comédia decente.

:: VESTÍGIOS DO DIA (The Remains of the Day, 1993)

O papel de Reeve neste suntuoso drama de época dirigido pelo conceituado cineasta californiano James Ivory (de Maurice) e indicado a 8 Oscars é pequeno. Na verdade, Reeve só conseguiu o papel por ser grande amigo de Ivory desde que foi dirigido por ele em 1984, no obscuro drama “Os Bostonianos”). Ainda assim, é um de seus grandes trabalhos “off-Superman”. Reeve é o ex-congressista americano Lewis, novo dono da mansão Darlington Hall, na Inglaterra, e patrão do silencioso mordomo Stevens (Anthony Hopkins em uma de suas melhores interpretações). Em 1958, Stevens pede alguns dias de folga para que possa viajar e reencontrar Sally Kenton (Emma Thompson, em papel originalmente oferecido a Anjelica Huston), ex-governanta do Darlington Hall e alvo de sua paixão reprimida. Um belíssimo trabalho, daqueles que destrói o coração de qualquer ser humano. 😀

:: A CIDADE DOS AMALDIÇOADOS (Village of the Damned, 1995)

O último papel de Christopher Reeve no cinema antes do fatídico acidente que mudou sua vida é um remake (no caso, de uma fitinha de terror B de 1960) e ainda por cima dirigido por um dos toscos mais legais do universo, o senhor John Carpenter (de Eles Vivem). De fato, “A Cidade dos Amaldiçoados” é mais risível do que aterrorizante, mas nem por isto deixa de ser divertidíssimo. Reeve vive o médico Alan Chaffee, que mora na pequena cidade de Midwich. Certo dia, ocorre um bizarro desmaio coletivo, às 10 horas em ponto, que acomete apenas as pessoas que estão dentro dos limites da cidade. Com o passar do fenômeno, o médico e a epidemiologista Susan (Kirstie Alley) descobrem que várias mulheres ficaram grávidas durante o “evento”. O nascimento das crianças – que chegam dotadas de poderes psíquicos – alerta o médico para o fato de que talvez aqueles pivetes não sejam humanos de verdade… Vale a pena! 😀

Depois da queda do cavalo que o vitimou, Christopher Reeve passou algum tempo sem trabalhar e, em seguida, deu as caras em alguns telefilmes e seriados, entre eles uma nova versão do clássico Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock, e um episódio de “Smallville” (somando todas as suas aparições, seja em filmes para a TV, cinema ou séries de TV, contabilizam 46 trabalhos). Na verdade, estes filmes pós-1995 não são muuuito bons – pelo menos em termos de qualidade do produto final. Por outro lado, todos estres trabalhos servem para mostrar que Reeve não era apenas o Superman definitivo das telonas, mas também um exemplo de superação, bravura e persistência. Praticamente um super-herói – ainda que sua gloriosa filmografia, uniformes azuis à parte, demonstre que estamos diante é de um bravo ser humano, de carne e osso. Ele definitivamente foi muito mais além do Azulão.


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