Superman é um dos personagens mais difíceis para se criar boas histórias. “Poderoso demais, não dá pra criar ameaças”, dizem alguns. Outros já falam coisas como “bonzinho demais, não existe ninguém assim”, entre outras coisas. As razões são inúmeras para que seja difícil criar algo memorável com ele. Tirando um ou outro especial ou minissérie, você lembra qual foi a última fase memorável de Superman nas revistas mensais? Difícil, né?
Sendo assim, eis eu aqui com (mais uma!) tarefa inglória de apontar para os culpados e bater o martelo. Sempre tem alguém que discorda, mas é isso aí! Viva a liberdade de expressão! espero que gostem:
:: 10 – DAN JURGENS
Ok, ele criou coisas interessantes. Mas foi bem no começo de sua carreira com o personagem. O tiro pela culatra foi mesmo a tão aguardada e “elogiada” (não por mim e por uma boa parte dos leitores, acredito eu) saga A Morte do Superman. Quando uma decisão desse nível é tomada em relação a algum personagem principal, é quase certeza de baixas vendas. E se as vendas estão baixas, é porque tem alguma coisa errada e isso quase sempre envolve histórias ruins. Não há desenho bom que salve. O trabalho de Jurgens com Superman pode ser dividido em antes e depois de “A Morte de Superman”. Antes, havia coisas originais, bacanas em sua maioria, que despertava certo interesse. Depois, foi uma sucessão de erros, onde uma fórmula começou a ser reciclada, trazendo o Apocalipse para uma “revanche” e um “retorno”. Ah, me poupe. Isso, fora outras coisas que não dá pra comentar…
:: 9 – ROGER STERN
Este não é um roteirista ruim. Na verdade, ele é muito bom. Inclusive há fases memoráveis dele no Homem-Aranha, por exemplo. Porém, ao meu ver, não acho que ele tenha se encaixado muito bem nas histórias do maior dos super-heróis. Ele começou muito bem (na época em que fazia dupla criativa nos roteiros com Jerry Ordway), mas com o tempo, o ócio criativo começou a afetá-lo. Um exemplo é que ele é um dos responsáveis (com alguns outros nomes que constam nesta lista, como Jurgens, por exemplo) diretos pela exdrúxula idéia dos Supermans elétricos azul e vermelho. Precisa dizer mais alguma coisa?
:: 8 – STUART IMMONEN
Como desenhista, Immonen é excelente. Como roteirista? Ele tem futuro. Mas não acertou a mão com o azulão não. Immonen mostra que domina as técnicas de roteiro e tem boas idéias, mas faltou uma coisa a ele: direcionamento. Se o leitor perdesse um capítulo de suas histórias, quando voltasse, já não sabia o que estava acontecendo. Ele nunca pareceu saber em que rumo conduzir o universo de Superman. A sensação que dava era a de que ele já estava lá como desenhista mesmo e quando alguns pularam fora do barco, a DC resolveu tapar buraco com ele até arranjarem um roteirista de peso. Só que ele foi ficando, ficando, ficando… e aí já era tarde demais.
:: 7 – KARL KESEL
Kesel é um homem de altos e baixos. Infelizmente, provou ser mais de baixos do que o contrário. Algumas de suas históriaS podiam ser divertidas e seu melhor momento foi com Superboy, logo após os eventos da “Morte de Superman”. Entretanto, com o próprio Super mostrou-se inconstante e muitas vezes (como muitos outros roteiristas) sem saber pra onde ir com ele. E essa talvez seja mesmo a limitação de Kesel, que fica melhor como roteirista da personagens adolescentes com histórias ao estilo antigo e com boa dose de inocência. Uma pena.
:: 6 – BRIAN AZZARELLO
Olha, alguns podem achar heresia o nome desse cara aqui. Ele manja muito de roteiro. Só que ele mesmo já confessou que o lance dele é algo mais policial, que ele não se sente à vontade com super-heróis. A DC insistiu que ele escrevesse Superman, querendo inovar, mas não rola. Dá pra notar que Azzarello não sabia que direção tomar com o azulão. Parecia meio perdido, não o ótimo Azzarello de outros títulos. O relacionamento do padre com Superman era bacana, mas aí descanbou para o clichezão de transformar o cara numa aberração. Fora o fato de que o arco de histórias dele começou interessante e depois foi ficando cada vez mais confuso e sem direcionamento. Pra sorte dele, poderia ser pior, já que os desenhos de Jim Lee ajudaram bastante. Se fosse outro desenhista de menor capacidade, seria pior ainda. Uma pena. Torci tanto por ele…
:: 5 – MARK SCHULTZ
Bobão. É assim que eu enxergo o Superman de Mark Schultz. Sabe os fãs de quadrinhos que dizem coisas como “Ah, o Super é mó otário! Prefiro o Wolverine!”? Eu dou o braço a torcer quando lembro das histórias escritas por esse cara. Me dá a sensação de que eu não estou lendo o Super de sempre. Parece praticamente descaracterizado. E as “ameaças” criadas pelo cara para o herói enfrentar… meu Deus. Nunca senti ameaça nenhuma, nenhuma empolgação por algum problema enfrentado pelo herói durante sua passagem.
:: 4 – LOUISE SIMONSON
Ela foi uma das cabeças responsáveis pela “saga” dos Supermans de todas as eras? Alguém aí lembra de uma época em que houve histórias dele em que apareciam os Supermans das eras passadas se misturando com os do presente e prováveis futuros? Aquilo foi uma lambança sem tamanho. Ruim para o leitor regular tentar acompanhar as esquisitices sem explicações que estavam acontecendo. Pior ainda para aquele garoto de seus oito anos de idade que deve estar tendo seu primeiro contato com HQs de heróis. Na indústria de quadrinhos, sempre existiu a máxima: “Faça suas histórias serem simples de seguir, por mais complexa que elas sejam. A sua história pode estar sendo a primeira história de alguém”. E parece que Louise esqueceu-se desse mantra sagrado.
:: 3 – CHUCK AUSTEN
Este aqui é um espanto. Seus textos não trazem profundidade alguma, as ameaças raramente são o que devem ser: ameaças; lenga-lenga ao estilo novela mexicana… onde é que Austen estava com a cabeça? Até foi legal injetar um pouco de humor leve nas histórias do azulão, faz lembrar algumas passagens dos filmes da Era Christopher Reeve, mas só isso não é o suficiente para limpar a barra do cara. Austen chegou, passou e foi embora. Se não fosse os maravilhosos desenhos de Ivan Reis, eu nem tinha notado que ele passou pela revista. E se mesmo com a arte de alguém do calibre de Ivan não foi possível salvar os roteiros, esqueça. A vida de roteirista de HQs não é pra ele mesmo, ainda mais com um ícone tão grande quanto Superman.
:: 2 – JEPH LOEB
Esse não aprende. E o pior é que ele sabe escrever, conhece muito bem a estrutura de um roteiro, faz diálogos em sua maioria muito bons, mas… tem o péssimo hábito de ressuscitar fórmulas e idéias batidas. Loeb sempre tentou trazer as idéias pré-Crise de Superman para os dias de hoje, tentando adaptá-las, mas com resultados pífios. Trazer o Krypton antigo para os dias de hoje, contradizendo a origem criada por John Byrne? Trazer o Krypto de volta? Quantas Supergirls já tivemos? É necessário mesmo mais uma? É fato que tudo o que Loeb quer trazer é diversão, mas algumas coisas são tão obviamente datadas e notadamente forçadas que fica difícil engolir.
:: 1 – QUASE QUALQUER COISA DOS ANOS 40, 50 E 60
Ok, as idéias eram boas. Eram. Elas funcionavam nas décadas de 40, 50 e 60. O mundo era outro. Assim como tudo, as coisas mudam e não foi diferente com a indústria e HQs e principalmente seus leitores. Os leitores foram amadurecendo com o tempo. Primeiro, com os heróis mais humanos criados pela Marvel. Depois, com a explosão de quadrinhos adultos com o surgimento de Watchmen, O Cavaleiro das Trevas, Orquídea Negra e tantos outros. É como querer fazer os antigos carros “estilo barata” da Fórmula 1 competir com as Ferraris e Williams de hoje. Simplesmente não dá. E não coloquei um nome específico aqui porque são muitos os roteiristas responsáveis por coisas bisonhas da cronologia de Superman. São tantas, que não dá pra especificar. Se ficou curioso, fica mais fácil ler a cronologia que publicamos aqui.
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