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Artigo adicionado em 30/06/2006, às 10:24

SUPERMAN RETURNS: A OPINIÃO DO FÃ
“Você escreveu que o mundo não precisa de um salvador… mas todo dia eu ouço as pessoas clamando por um” Diante da dimensão que é a crítica de Superman – O Retorno, tentarei ser o mais sucinto e sincero possível: um filmaço! Sei que pareço suspeito devido à minha “fama”, que me precede, mas o […]

Por
Emílio "Elfo" Baraçal


Diante da dimensão que é a crítica de Superman – O Retorno, tentarei ser o mais sucinto e sincero possível: um filmaço! Sei que pareço suspeito devido à minha “fama”, que me precede, mas o Zarko assistiu ao meu lado e não me deixa mentir ou fazer algum tipo de “lobby”. Ficamos falando só do longa uma boa parte do dia, empolgados com o que vimos.

Porém, um aviso que nós concordamos em gênero, número e grau: não vai agradar a todos. Se você procura ação desenfreada, cenas alucinantes e coisas assim, esqueça. Nada de fórmula a lá X-Men 3. Nada de porrada sem parar, sem sentido. “Superman – O Retorno” é basicamente uma história de amor. Amor entre duas pessoas e amor de família. Onde você já viu isso antes? Ora, nas duas primeiras produções do personagem e nas do Homem-Aranha. É em sua síntese, um cara com capacidades extraordinárias tentando lidar com isso, junto ao fato de amar alguém normal. E a ação é garantida pelo vilão que quer atrapalhar tudo com seus objetivos nefastos. Desse modo, a história é bem equilibrada com comédia, drama, ação, romance, ficção científica… enfim, há um equilíbrio entre todos esses gêneros. Mas se, ao ler isso, você achar que o filme é algo “mela cueca”, “açúcar espalhado pelo ar” ou “baba do boi”, também esqueça. Quando a ação acontece, é simplesmente de cair o queixo.

Se ainda assim você não se convence, digo uma coisa: é uma senhora homenagem aos longas do Christopher Reeve, chegando até ao ponto de ser muito parecido com Superman – O Filme em muitos aspectos. É referência pra cá, referência pra lá, é um festival de citações, homenagens e conceitos calcados ainda na primeira película oriunda de 1978. Uma das coisas mais legais é ver com que habilidade o diretor Bryan Singer e os roteiristas Dan Harris e Michael Dougherty manipularam isso tudo a ficar de modo que agradasse os fãs dos quadrinhos, a platéia que viu os outros longas e aqueles que estão (por incrível que pareça) sendo apresentados apenas agora ao personagem. E embora seja uma continuação de Superman II – A Aventura Continua e ter referência desse e do anterior, não é preciso assistí-los para degustar desta pérola.

Aliás, é embasbacante a maneira como Singer conduz tudo, principalmente os conflitos internos de cada personagem e os momentos dramáticos e românticos. E quando entrega uma sequência de ação, te prende na cadeira. Cada ângulo de câmera, cada sequência, tudo de forma soberba e até sobre-humana, eu diria. Eu já era fã do cara porque ele fez Os Suspeitos, que pra mim está entre os dez melhores filmes de todos os tempos. Aí veio O Aprendiz, que só consolidou ainda mais o talento do cara, dando um suspense e um terror psicológico de primeira. Ele é o típico diretor de suspense, contador de uma boa história. Quando foi parar em X-Men, creio que ele deu uma pequena derrapada (embora o filme não seja exatamente ruim pra mim), mas era seu primeiro trabalho com ação de verdade. Aí ele trouxe X-Men 2, mostrando que tinha aprendido muito bem a lição. E “Superman – O Retorno” só mostra ele indo a um degrau acima. Creio que se ele não tivesse tido a experiência anterior com os dois X-Men, “Superman – O Retorno” não teria saído tão bom.

Não é novidade, pra quem costuma acessar A ARCA, que comecei a ter medo do filme quando saiu a primeira foto de Brandon Routh com o uniforme azul e vermelho. Aí veio a história do filho da Lois. Fiquei com mais medo ainda. Depois de um tempo de dor, tortura e sofrimento, saiu o primeiro teaser. “Opa, tem algo aí!” – foi o que pensei. Comeceu a ficar um pouco mais animado. E sabe quando percebi que iria ser um filmaço? Quando as luzes se apagaram e os créditos começaram a rolar. A música tema de John Williams de fundo e os créditos passando, igualzinho (mas com uns efeitos de fundo a mais) aos das antigas produções. Olhei pro Zarko, o Zarko olhou pra mim e soltamos um sonoro “Uau!”. Se Singer teve respeito e diginidade até com os créditos, o que seria o resto?

Ele tem falhas? Tem, mas não incomodam (como acontece em X-Men 3, por exemplo, que me incomodaram bastante) e vai passar batido pela maioria do público. Mas isso já discuto mais adiante.

Bom, vamos à história?

Depois que ruínas do antigo planeta Krypton foram descobertas onde era sua órbita, Clark quis imediatamente ir para lá buscar suas origens, alguma resposta sobre qualquer coisa do seu passado e do seu povo que ele pudesse ver e analisar com os próprios olhos e não só antigas “fitas de vídeo” da Fortaleza da Solidão. Cinco anos de ausência foram sentidas na Terra. Não tendo se despedido de seus entes queridos, muitos se perguntavam onde ele estava. A mais ferida, óbivo, foi a intrépida repórter Lois Lane, que chegou a escrever um artigo chamado “Porque o mundo não precisa do Superman”.

Quando ele volta após essa longa ausência, toma um baque: Lois está noiva de Richard White (o talentoso ator James Marsden, dessa vez muito bem aproveitado por Singer, mostrando que ele realmente odeia o Ciclope), que é sobrinho de Perry White (o ator Frank Langella, estando apenas competente como o personagem), o editor-chefe do jornal Planeta Diário. Além disso, o mais agravante é o fato de Lois já ser mãe de um pequeno menino. O jovem Jimmy Olsen (também com a sutil e ótima interpretação de Sam Huntington), que sempre foi o melhor amigo de Clark, serve como âncora para ele, trazendo-o de volta á realidade de estar na Terra, atualizando-o dos principais acontecimentos nos últimos cinco anos. E a conversa entre Jimmy e Clark e a presença do filho de Lois despertam estranhas sensações nele. Qual é seu papel no mundo? Ainda é o mesmo? Como Lois lidou com a ausência dele? E como ele lida com isso? Um filho? Como assim, um filho? Noiva? Mas… quem é esse cara? – essas são apenas algumas das perguntas que passam pela cabeça de Clark e é sobre isso que trata o longa: mudanças, busca por identidade, seu lugar no mundo. E quando tudo muda radicalmente (seu amor, seu trabalho, tudo), como lidamos com isso?

Ao mesmo tempo em que Clark lida com a sua volta e com todas as mudanças e o mundo tenta se adaptar à realidade de que Superman está de volta, o sempre maléfico Lex Luthor (o grande Kevin Spacey, que dispensa apresentações), algoz do herói, está livre da prisão e “herdou” a fortuna de uma velha viúva. Com o dinheiro, financia uma viagem até a Fortaleza da Solidão, o lar escondido de Superman. Usando de toda a tecnologia disponível lá, pretende criar um novo continente. Resumindo, ele ainda tem aquele mesmo objetivo do primeiro longa: dar o maior golpe imobiliário da história. O problema é que pra isso, o mar engolirá boa parte de todos os continentes, matando bilhões. E além disso, ele teria à disposição toda a tecnologia kryptoniana para poder se defender. Claro que, sabendo da volta de Superman, Luthor segue com seus planos adiante, mas se prepara para o inevitável encontro. Basicamente, é isso.

Sobre as interpretações, não há o que falar sobre Kevin Spacey: ele é o Luthor. Sua interpretação é digna de Gene Hackman, embora seja mais séria e taciturna, já que o Luthor desse longa está sedento por vingança. Mesmo assim, há os momentos cômicos, equilibrando tudo. É alguém que consegue levar a produção nas costas se fosse preciso. Ainda bem que não é.

A Lois Lane de Kate Bosworth me preocupava. Ainda bem que ficou no passado. Embora ela seja a mais fraca do elenco principal, Kate é uma Lois competente e tem alguns poucos momentos em que lembra a interpretação de Margot Kidder, a antiga Lois. Dessa forma, a interpretação dela é passível da preocupação, mas já o visual, não. Além de não parecer em nada com a Lois dos outros filmes, o visual dela não sugere uma repórter madura e ganhadora de prêmios Pulitzer.

Agora, o momento que imagino que todos devem estar se perguntando: e o Brandon? Olha, ele só tem um problema… veio depois do Christopher Reeve. Trocando em miúdos, dá conta dos três papéis (Superman, Clark Kent e Kal-El) com um pé nas costas. Sério mesmo. O cara demonstrou ser um grande ator e acima de tudo, honrou o manto que estava vago há muito tempo. É com certeza o melhor Superman desde Reeve e creio que continuará assim durante um bom tempo. A variação de suas expressões, sua voz e maneirismos é muito sutil, mas ao mesmo tempo consegue passar a sensação de quem ele é em cada momento. Como Clark, ele é atrapalhado, tímido e se passa por bobo quando quer. Como Superman ele é realmente uma figura divina, passando o ar de que está um (ou vários) patamar acima da humanidade, mas sem perder o fato de ter sido criado entre nós. É incrível também o fato de ele se parecer muito com Reeve em vários momentos, tomadas e ângulos. Somado também que pegou as gags, trejeitos e expressões de seu sucessor de forma perfeita, Routh torna-se realmente aquilo que todos esparavam a anos: um verdadeiro Superman.

As falhas? Bom, vamos lá. Há duas que me incomodaram um pouco, mas não o bastante pra estragar o filme em si e a diversão que senti. E há ainda outro fato que não é uma falha, mas pode vir a ser se não for bem trabalhada em uma sequência.

A primeira é o plano de Luthor. Ele cria um continente, esperando dar o maior golpe imobiliário da história, ou seja, vai alugar ou vender terreno, tornando-se o homem mais rico do mundo e com a tecnologia kryptoniana aliada ao dinheiro, o mais poderoso. O problema é: será que ele, com toda sua inteligência, não pensou que, afundando a maior parte dos EUA (só a nação mais rica e poderosa) e uma boa parte do mundo, ele não estaria causando um colapso econômico de proporções nunca vistas antes? Dos sobreviventes (já que bilhões morreriam), quem teria dinheiro pra pagar por um pedaço de terra na “Luthorland”? É um fato a se pensar. A sorte é que provavelmente essa lógica de raciocínio vai passar batida pelo grande público, creio eu.

A segunda tem a ver com Luthor também. O papel, embora tenha grande destaque, ao meu ver, faltou uma carga dramática maior. E não é culpa de Spacey, que tirou pedra de vaca. Creio que o papel de Luthor poderia ter sido um tiquinho melhor escrito. Um exemplo é quando Luthor torna-se ciente que Superman voltou. Ele apenas lê no jornal, acontece uma piadinha sobre ele ser bonito e é isso. Pô, o cara apodreceu anos na cadeia por causa do azulão e está sedento de vingança, mas… ele pouco demonstra isso. Demonstra mais apenas quando Luthor finalmente encontra-se com o herói e só. Não é algo que estrage o filme também, mas poderia ser melhor trabalhado.

Já o fato que pode se tornar uma falha se não for bem trabalhado: o filho de Lois. O papel dele na história é bastante claro: ele é o filho da mulher que o herói ama. Ficar com ela significa adotá-lo, ser pai dele. O personagem está lá para cutucar emocionalmente o herói. Até aí, beleza, até passa o fato de que eles mudaram drasticamente algo da mitologia do personagem. Mas o problema são coisas que ele esconde e que ficam no ar. Esse “segredo”, se bem trabalhado numa sequência (porque fica em aberto), vai render idéias maravilhosas e metáforas brilhantes. E espero que seja assim mesmo que Singer, Harris e Dougherty pensem, pois o segredo ao mesmo tempo tem o potencial de se tornar a maior cagada da história dos filmes de heróis se deixarem a peteca cair. Espero que seja a mesmo equipe a fazer as sequência, pois assim as chances de dar algo errado diminuem drasticamente. Agora, se for com outro diretor e roteiristas…

Resumindo tudo, “Superman – O Retorno”, é um retorno em grande estilo, feito para todo tipo de público, desde os leitores de quadrinhos; aqueles que apenas viram os filmes anteriores e até aqueles que sequer tiveram um contato maior com o personagem e seu universo.

E claro, mais uma vez, é possível crer que um homem possa voar.

Superman – O Retorno (Título original: Superman Returns) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Bryan Singer / Roteiro: Michael Dougherty e Dan Harris / Argumento: Bryan Singer, Michael Dougherty e Dan Harris / Baseado nos personagens criados por Jerry Siegel e Joe Shuster / Elenco: Brandon Routh, Kevin Spacey, Kate Bosworth, James Marsden, Frank Langella, Parker Posey, Sam Huntington, Eva Marie Saint, Kal Penn / Duração: 154 minutos.


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