A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 16/06/2006, às 05:06

O CINEMA SAÍDO DO ARMÁRIO: PARTE 2
E toma a segunda parte deste especial! LEIA MAIS: :: O Cinema Saído do Armário: PARTE 1 :: O Cinema Saído do Armário: PARTE 3 PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert, 1994) – Diretor: Stephan Elliot – A história: Depois da morte de seu parceiro, o transexual Bernardette […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


LEIA MAIS:
:: O Cinema Saído do Armário: PARTE 1
:: O Cinema Saído do Armário: PARTE 3

PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO (The Adventures of Priscilla, Queen of the Desert, 1994)
– Diretor: Stephan Elliot
– A história: Depois da morte de seu parceiro, o transexual Bernardette (Terence Stamp) aceita um convite de seu amigo Tick (Hugo Weaving), também conhecido como Mitzi, para juntar-se a ele em um tour por várias cidades da Austrália, onde pretende apresentar um show como drag queen. Assim, Bernardette, Tick e um terceiro componente, Adam (Guy Pearce), ou Felicia, caem na estrada a bordo de um velho ônibus, ao qual dão o nome de Priscilla. A convivência ora pacífica, ora turbulenta entre os três, é desafiada constantemente por uma série de obstáculos no trajeto – e principalmente por um grande problema à espera de Mitzi no destino final do Priscilla.
– Por que assistir? Porque é simplesmente um dos maiores sucessos de público e crítica da década de 90. Esta tragicomédia australiana empreendeu uma surpreendente carreira, tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, e caiu nas graças do público por tratar das variações do termo GLBT com seriedade, respeito e muita, muita graça. Lançou à estratosfera o nome de Hugo Weaving (o glorioso agente Smith) e Guy Pearce (de “Amnésia”) e fez a platéia redescobrir as mágicas canções dos anos 70 de Abba, Gloria Gaynor, Village People e afins. Divertidíssimo!

ROSAS SELVAGENS (Les Roseaux Sauvages, 1994)
– Diretor: André Téchiné
– A história: Uma cidade do interior, Villeneuve, na França de 1962. Quatro amigos: entre sessões de cinema, bailinhos e conversas tão politizadas quanto fúteis, o jovem François Forestier (Gaël Morel) leva uma vidinha sossegada ao lado de sua pseudo-namorada Maité Alvarez (Élodie Bouchez), com a qual tem um relacionamento quase platônico. Ela o ama, mas ele não tem tanta certeza disso. O problema é que François acabou de se descobrir homossexual e apaixonou-se por Serge Bartolo (Stéphane Rideau), bronco colega de escola com quem teve sua primeira experiência sexual. Mas Serge não é gay; aquilo foi apenas “uma brincadeira”, e seu real interesse é Maité. Esta, por sua vez, entende o que realmente é o amor ao conhecer Henri Mariani (Frédéric Gorny), jovem argelino reservado, direitista e bastante agressivo, que perdeu sua família na guerra e chegou a Villeneuve para completar seus estudos. Como pano de fundo para a história deste quadrilátero, a Guerra da Argélia, o fascismo e suas conseqüências.
– Por que assistir? “Rosas Selvagens”, comandado pela aclamado André Techiné, mata dois coelhos com uma paulada só: além de entregar um belo e sensível olhar sobre a descoberta da sexualidade (e no caso de Fraçois, da homossexualidade) e o rito da passagem da adolescência para a idade adulta, ainda é extremamente competente como drama político. De todos os títulos descritos aqui, provavelmente é o meu preferido.

JEFFREY – DE CASO COM A VIDA (Jeffrey, 1995)
– Diretor: Christopher Ashley
– A história: Paranóico, inseguro e totalmente cauteloso, o garçom gay Jeffrey (Steven Weber) morre de medo da palavra “relacionamento”. Embora seus amigos insistem que ele precisa urgentemente de um namorado, Jeffrey reluta em se entregar a qualquer pretendente em potencial. Os avanços da AIDS só trazem mais dores de cabeça a Jeffrey, que não suporta a idéia de se contaminar e muito menos de perder alguém que ama por conta da doença. Assim, ele radicaliza e decide NUNCA MAIS fazer sexo ou envolver-se amorosamente em toda sua vida. Mas eis que, apenas algumas horas depois de tomar sua decisão, Jeffrey conhece o sedutor Steve (Michael T. Weiss). E como a vida é irônica, o garçom descobre em seguida que a) Steve é o grande amor de sua vida, b) Steve sente o mesmo com relação a Jeffrey e c) Steve é soropositivo…
– Por que assistir? Muita gente torceu o nariz para “Jeffrey”, já que estamos falando de uma ita de comédia que de certa forma satiriza a AIDS e a paranóia instaurada principalemtne na comunidade gay com sua presença. Balela: todo mundo reparou nas (ótimas) piadas deste filme e esqueceu de enxergar a alegre e valiosa mensagem de perseverança nas entrelinhas. “Jeffrey” é um retrato sincero, divertido e até comovente da luta contra a AIDS. E ainda traz Patrick Stewart, nosso querido amigo Professor Xavier, no bizarríssimo papel de um gay afetado. De rachar de rir!

DELICADA ATRAÇÃO (Beautiful Thing, 1996)
– Diretor: Hettie MacDonald
– A história: Em Hampsthead, bairro de classe média-baixa da Inglaterra, vivem Jamie (Glen Berry) e sua mãe Sandra (Linda Henry), que não costumam se dar muito bem. Jamie não gosta de esportes e é freqüente alvo de chacotas no colégio. Um dos poucos que não sacaneiam Jamie é Ste (Scott Neal), garoto popular, esportista e também vizinho de Jamie. Ste e Jamie fazem amizade depois que o primeiro leva uma surra do pai alcóolatra e pede abrigo por uma noite na casa do segundo. Os dois garotos tornam-se íntimos e precisam enfrentar um dilema: estão apaixonados um pelo outro. Mas como lidar com este sentimento tão proibido, ainda mais numa sociedade tão atrasada quanto a nata do bairro?
– Por que assistir? Grande sucesso na Inglaterra e também nos circuitos alternativos do Rio e de SP, “Delicada Atração”, inspirado numa renomada peça teatral escrita por Jonathan Harvey, tem a mesma estrutura de um “conto de fadas contemporâneo” como os tantos protagonizados pelas Hilary Duffs e Lindsay Lohans da vida (tirando, é claro, o fato de ser protagonizado por dois rapazes), mas sem o humor e a sacarina típicas das produções ianques. É um filme delicado, sensível, com diálogos inteligentes e muito bem escrito. E de quebra, traz uma insana e divertidíssima personagem: a hilária Leah (Tameka Empson), garota que, quando enche a cara, acredita receber o espírito de Mama Cass, falecida vocalista do The Mamas And The Papas (!).

O LIVRO DE CABECEIRA (The Pillow Book, 1996)
– Diretor: Peter Greenaway
– A história: A jovem Nagiko Kiohara (Vivian Wu) traz uma bela lembrança de sua infância. A cada aniversário, seu pai, um escritor de livros para crianças, caligrafava uma prece em seu rosto, e sua tia lia um manuscrito. Esta lembrança está ligada a outra, traumática: a de seu pai sendo sodomizado por seu editor, em troca da publicação de seus livrinhos infantis. Identificando-se com Sei Shonagon, a autora do manuscrito lido por sua tia, Nagiko decide escrever um diário. Em sua fase adulta, obcecada pela caligrafia oriental e por escritas em seu próprio corpo, Nagiko torna-se uma editora de moda, começa um romance com o tradutor inglês Jerome (Ewan McGregor) e pensa em tornar-se escritora. Duas terríveis coincidências: o únicoeditor interessado em publicar suas obras é o mesmo que estuprou seu pai continuamente no passado (o que o fez cometer suicídio), e o novo amante do tal editor é ninguém menos que o próprio Jerome. É a oportunidade ideal para Nagiko perpetuar uma cruel e criativa vingança.
– Por que assistir? Drama complexo, pesado, intimista e quase surreal, “O Livro de Cabeceira” pode ser considerado não somente um filme, mas poesia pura. Comandado com mão rígida pelo polêmico Peter Greenaway (de “Afogando em Números” e “O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante”), a fita é um delirante espetáculo visual e uma declaração de amor ao cinema e à literatura – além de ser absurdamente criativo em sua projeção. Só para se ter uma idéia de seu delírio visual, cerca de 80% do filme é adornado com uma moldura branca, onde são expostos vários poemas caligrafados em chinês paralelamente à história. Lindo.

FELIZES JUNTOS (Cheun Gwong Tsa Sit/Happy Together, 1997)
– Diretor: Wong Kar-Wai
– A história: Ho Po-Wing (Leslie Cheung) e Lai Yui-Fai (Tony Leung) saem de Hong Kong em direção à Argentina, em busca de um trabalho e uma vida melhor. Eles querem chegar às Cataratas do Iguaçu, desejo que representa acima de tudo um novo recomeço para o ora calmo, ora turbulento romance entre eles. De nada adianta, já que o comportamento instável e volúvel de Fai só causa mais dor em Wing. Aos poucos, Wing e Fai distanciam-se: enquanto o primeiro arruma um emprego em uma casa de tangos, o segundo prostitui-se. O reencontro acontece quando Fai aparece espancado no minúsculo apartamento de Wing, pedindo abrigo. Este, já desencanado, permite a presença do ex-amante, desde que não aconteça nada entre eles. A chegada de um outro nativo de Hong Kong, o heterossexual introspectivo Chang (Chang Chen), fará com que Wing pense em retornar à sua cidade natal e definitivamente abandone Fai à sua própria sorte.
– Por que assistir? Mais um longa-metragem que destaca-se pela brilhante fotografia (em sua maioria desbotada, quase preto e branco, contrastada em fortes tons de vermelho, azul e preto) e pela ousada narrativa fragmentada. “Felizes Juntos” não é apenas uma história de amor, mas sim um apaixonado poema a Hong Kong e aos relacionamentos humanos. Por outro lado, não é recomendado para o público médio. Daqui, o inventino Wong Kar-Wai partiria para a criação de sua obra máxima, o belíssimo Amor à Flor da Pele.

MINHA VIDA EM COR DE ROSA (Ma Vie En Rose, 1997)
– Diretor: Alain Berliner
– A história: Ludovic (Georges Du Fresne) é um simpático, alegre e levemente introspectivo garotinho francês de sete anos, que vive com sua família num bairro de classe média. Só há um único problema com Ludovic: ele pensa que é uma menina. A princípio, seus pais acham que é brincadeira de criança. Aos poucos, a coisa complica: Ludovic passa a usar roupas de menina, brinca com bonecas e declara estar apaixonado pelo filho do vizinho (!). Para Ludovic, isto tudo é normal; ele apenas não compreende a razão de ser uma menina… em um corpo de menino. Até conseguir compreender esta questão, Ludovic causará muitos problemas para sua família, que entra em parafuso com o lance todo, e fomentará indignação e muito bafafá na vizinhança…
– Por que assistir? Este drama tragicômico vindo da Bélgica trabalha um lado complicado: a descoberta da sexualidade ainda na infância. Com o olhar focado no ponto de vista inocente e pueril do menino Ludovic (numa madura e impressionante atuação do ator-mirim Georges Du Fresne), a fita de Alain Berliner causou burburinhos e foi aplaudida de pé por onde passou. E não é à toa: “Minha Vida em Cor de Rosa” consegue ser tão divertida quanto comovente.

PROCURA-SE AMY (Chasing Amy, 1997)
– Diretor: Kevin Smith
– A história: Os cartunistas Holden McNeill (Ben Affleck) e Banky Edwards (Jason Lee) são grandes amigos e dividem um apartamento e as glórias conquistadas com sua criação, a HQ de sucesso Bluntman & Chronic – por sua vez, inspiradas na surreal dupla Jay (Jason Mewes) e Silent Bob (Kevin Smith). Tudo corre bem para os amigos cartunistas, até que, durante uma convenção de quadrinhos, Holden apaixona-se de imediato pela maravilhosa Alyssa Jones (Joey Lauren Adams), também desenhista e dona de um título cult. Enciumado, Banky desconfia que a garota destruirá o pobre coração de Holden. O relacionamento entre os amigos começa a ruir a partir daí. Mas o pior ainda está por vir: o que pode acontecer quando Holden descobre que Alyssa Jones é… lésbica?
– Por que assistir? Preciso dizer? O primeiro motivo é porque “Procura-se Amy” é simplesmente o melhor filme de Kevin Smith, de “Dogma” e “Barrados no Shopping”. Entre outras razões, destaca-se o fato de ter a primeira (e talvez única) boa atuação do canastríssimo Ben Affleck, trazer o personagem mais legal de Jason Lee e incluir em sua projeção mais uma centena de referências ao grande amor da vida de Smith, o universo de “Star Wars”. O fato é que “Procura-se Amy” ainda consegue apresentar um painel bem divertido e complicado do que é e como lidar com o amor nos anos 90, quando a diversidade sexual deixa de ser restrita à marginalidade e torna-se pública – mas ainda assim, um tabu. E… céus, qualquer um se apaixonaria pela Alyssa Jones! Se ela ficar de boca fechada, claro. Aquela voz… 🙂

A VELOCIDADE DE GARY (The Velocity of Gary, 1998)
– Diretor: Dan Ireland
– A história: A garçonete Mary Carmen (Salma Hayek) é uma garota largada pela vida, que apaixona-se perdidamente por Valentino (Vincent D’Onofrio), um ator de filmes pornográficos. Ele também apaixona-se por ela à primeira vista. Assim, começam a sair e o rolo entre eles até que dá certo. Ao menos até o surgimento em cena de Gary (Thomas Jane), um sensual e explosivo garoto de programa. Valentino cai de amores por Gary que, por sua vez, carrega um vagão por Mary Carmen. O que de nada adianta, já que a garota o odeia. Afinal, ele é o responsável pelo desinteresse de Valentino por ela… A coisa muda quando Valentino descobre que é soropositivo. Para aliviar os últimos dias de vida de seu amado, Mary Carmen concorda em dividir Valentino com Gary. Seria esta idéia uma solução ou apenas um estopim para mais turbulência?
– Por que assistir? Talvez o título mais fraco desta seleção – mas ainda assim, bacana. “A Velocidade de Gary”, obscuro, pesado e quase desconhecido drama foi massacrado pela crítica e ignorado pelo público. Mas vale uma espiada pela forma despojada com que retrata a marginalidade e o bizarríssimo núcleo de gays, lésbicas e transgêneros da Nova York dos anos 90, alheia a qualquer espécie de perspectiva, e também para conferir Salma Hayek em um papel bagaceira e o nosso amigo Justiceiro, Thomas Jane, em início de carreira.

AMIGAS DE COLÉGIO (Fucking Åmål, 1998)
– Diretor: Lukas Moodysson
– A história: Åmål (sim, escreve-se com estas duas bizarras bolinhas em cima) é uma pequena, atrasada e absolutamente insignificante cidadezinha sueca, onde nada acontece. A adolescente Elin Olsson (Alexandra Dahlström) é linda, popular, entediada com a vida, e não tem uma boa reputação com os rapazes locais; mas a verdade é que ela é reservada demais para confessar que é virgem. Agnes Ahlberg (Rebecka Liljeberg), que estuda no mesmo colégio de Elin, é tímida, triste e bem espirituosa; sua timidez vem do fato de não confiar a ninguém seu mais valioso segredo, sua forte tendência ao lesbianismo. Certo dia, uma série de confusões fazem com que Elin acabe seu dia como a única convidada presente na festa de aniversário de Agnes. As duas apaixonam-se, mas a partir daí, Elin foge de Agnes, recusando admitir a si mesma que é gay.
– Por que assistir? O simpático “Amigas de Colégio” representa a estréia nas telonas do ótimo cineasta sueco Lukas Moodyston (que, mais tarde, entregaria o também bacana “Bem-Vindos”, ambientado em uma comunidade hippie). Esta fita é tão descontraída e tão gostosa de se assistir que, em certos momento, até esquece-se que o casal apaixonado central é formado por duas garotas… Formulado como uma comédia teen e filmado seguindo algumas das rigorosas regras do manifesto dinamarquês Dogma 95, é tão sutil que acaba tornando-se uma produção para todas as idades. Seu final é um dos mais bacanas do cinema atual.

DEUSES E MONSTROS (Gods and Monsters, 1998)
– Diretor: Bill Condon
– A história: No ano de 1957, James Whale (Ian McKellen) volta para casa após se recuperar de um derrame que quase lhe tirou a vida. Whale, que 20 anos atrás era um conhecido e cultuado diretor de filmes de monstros (como Frankenstein), tornou-se uma figura obscura, solitária, semi-desconhecida e que vive de recordações. Sem ter com quem conversar, faz amizade com seu jardineiro, o truculento Clayton Boone (Brendan Fraser), ex-fuzileiro naval que, consciente da homossexualidade do patrão, mantém um pé atrás. Com medo de perder o emprego, entretanto, investe nos papos de Whale. Surge, então, uma amizade cheia de altos e baixos, observada à distância pela superprotetora Hanna (Lynn Redgrave), governanta de Whale.
– Por que assistir? Porque é uma pusta de uma senhora homenagem à arte de se fazer cinema. E também porque traz uma das mais sublimes interpretações de Ian McKellen – o que, diga-se de passagem, não é fácil filtrar na fantástica filmografia do ator. E também porque traz Brendan Fraser em uma de seus (raros) bons momentos. E também porque é um soco no estômago. Obrigatório! Se você ainda não assistiu, faça o favor. Vai logo à locadora e seja feliz. 🙂

O BEIJO HOLLYWOODIANO DE BILLY (Billy’s Hollywood Screen Kiss, 1998)
– Diretor: Tommy O’Haver
– A história: Billy (Sean Hayes) é um fotógrafo gay obcecado por Polaroids e cenas de beijos em clássicos de Hollywood, que saiu da pequena cidade do interior onde nasceu para arriscar-se em Los Angeles. Tornou-se um profissional requisitado e bem-sucedido, e no lado pessoal, finalmente sente-se liberto das amarras que o prendiam em sua cidade-natal. Mas Billy está sozinho – embora isto não seja um problema tão grave, já que ele anda muito ocupado com seu novo projeto, uma exposição fotográfica que recria os mais famosos “beijos hollywoodianos” com modelos gays e drag-queens. Entretanto, a vida de Billy vira de ponta-cabeça ao surgir na parada o bonitão garçom e aspirante a modelo Gabriel (Brad Rowe), que torna-se amigo íntimo do fotógrafo – e por quem Billy se apaixona de imediato. Só há um pequeno parêntese nisso tudo: Gabriel é heterossexual…
– Por que assistir? Embora trate a velha questão homossexualismo vs. heterossexualismo, “O Beijo Hollywoodiano de Billy” não tem pretensões de discutir condições sexuais e nem mesmo apontar o que é certo e o que é errado. É apenas uma (boa) comédia romântica, daquelas para se assistir com a(o) namorada(o) num dia chuvoso debaixo das cobertas. A única diferença é que, aqui, o casal central é gay. Não importa: é um filme bem legal de qualquer maneira. E traz uma das seqüência de créditos de abertura mais excêntricas da história! 😀

SAINDO DO ARMÁRIO (Get Real, 1998)
– Diretor: Simon Shore
– A história: Steven Carter (Ben Silverstone) é estudante do último ano do colégio, tem notas ótimas e prepara-se para ingressar na universidade e dedicar-se a uma promissora carreira de jornalista. Embora seja aparentemente muito controlado e decidido, a coisa muda de figura quando a questão é sua (homo)sexualidade: seu maior pavor é a possibilidade de, um dia, ter sua condição revelada. Ainda assim, até que o rapaz convive bem com isto: alimenta uma paixonite aguda pelo cara mais popular da escola, o esportista e garanhão John Dixon (Brad Gorton), mas tem consciência de que jamais acontecerá algo entre os dois, já que Dixon é o rei da mulherada da escola. Para sanar seus desejos sexuais, Steven marca encontros às escuras, e é num destes encontros que o garoto tem uma surpresa: John Dixon, aquele que pega todas as meninas da escola… também é gay. E a paixão que Steven sente por Dixon… é correspondida! O que deveria ser motivo de alegria, aos poucos torna-se um pesadelo homérico para Steven Carter.
– Por que assistir? Assim como “Delicada Atração”, esta fita adolescente inglesa usa a oportuna estrutura de fábula para contar uma história bem escrita e tratada com bastante respeito. Ao contrário de “Delicada Atração”, porém, este “Saindo do Armário” (já exibido na TV paga com o título “Na Real”) não quer focar o conturbado romance entre os protagonistas, e preocupa-se apenas em narrar a descida ao inferno de Steven Carter até o momento em que o rapaz supera seus medos e enfim aceita a si mesmo como homossexual. É um filme com e para adolescentes, que carrega um atrativo a mais: inteligência.

AIMÉE & JAGUAR (Aimee und Jaguar, 1999)
– Diretor: Max Färberböck
– A história: Em plena Segunda Guerra Mundial, em Berlim, a militante Felice Schragenheim (Maria Schrader) conhece a sensível Lilly Wust (Juliane Köhler) em um bombardeio durante um concerto. Basta cruzar olhares para que Lilly sinta um “estalo” e aceite a idéia de que é lésbica, mesmo sendo casada e tendo filhos. As duas entregam-se a um tocante relacionamento e, para não ser descobertas, usam os codinomes Aimée e Jaguar para se comunicar. A iminência da guerra é um fantasma na vida de Felice, mas o amor que sente por Lilly a faz arriscar sua vida ao decidir permanecer em Berlim; tudo para ficar ao lado da mulher que ama. O que pode ser muito perigoso, já que Felice é judia… e Lilly, esposa de um macabro oficial nazista…
– Por que assistir? Endeusado pela crítica, aplaudido pelo público, “Aimée & Jaguar” arrebatou diversos prêmios – entre eles, o Urso de Prata em Berlim para a atuação das duas protagonistas – e chegou até a concorrer ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. E com justiça: baseado numa trágica história real, trata-se de um daqueles trabalhos capazes de revirar o estômago de qualquer um. O foco, entretanto, não é o caso de amor entre Felice e Lilly, mas sim a sobrevivência à Guerra e a abdicação de suas próprias vidas a favor de um grande amor. Belo, trágico, triste, de fazer qualquer um se derreter em lágrimas.

TABU (Gohatto, 1999)
– Diretor: Nagisa Oshima
– A história: Em Kyoto, no ano de 1865, a milícia de samurais Shinsengumi, criada para proteger o shogun, tradicional e absolutamente rígida com relação ao treinamento de seus combatentes, seleciona novos soldados que serão treinados para exterminar qualquer um que ousar se opor ao regime. Considerada praticamente uma família, por conta da união de seus soldados, Shinsengumi passa a enfrentar um problema ainda mais grave do que os sangrentos conflitos entre os soldados e seus inimigos. O caso é que um dos novos selecionados é Sozaburo Kano (Ryuhei Matsuda), jovem dotado de uma beleza andrógina, quase feminina, tão engimático quanto perigoso. Kano desperta a paixão de metade da milícia, e com isto, espalha o ciúme e a intriga entre os guerrilheiros – o que pode causar a extinção de Shinsengumi e a derrocada do regime Shogun.
– Por que assistir? Dizer que este é o filme mais polêmico de Nagisa Oshima, o mesmo de fitas como O Império dos Sentidos, é redundante. E há, afinal, algum trabalho não polêmico na filmografia desta figura? Hehehe. Independente de qualquer coisa, “Tabu” é um dos pontos altos da cinebiografia de Oshima, que revisita as histórias de samurai de um ponto de vista dramático nunca visto antes no cinema. Mas um aviso: não é qualquer um que conseguirá assistir a esta película sem xingar a mãe do cineasta… 😛 Enfim, é recomendado somente para os fãs fervorosos do diretor (o que é difícil de achar, na boa).

LEIA MAIS:
:: O Cinema Saído do Armário: PARTE 1
:: O Cinema Saído do Armário: PARTE 3


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2024