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Olha, esta crítica será bem rápida MESMO. Porque simplesmente não há o que falar de Garfield 2 (Garfield: A Tail of Two Kitties, 2006), equivocada e desnecessária seqüência da equivocada e desnecessária versão live-action do personagem criado por Jim Davis, aquela que assombrou os cinemas em 2004. Se realmente há alguma expectativa com relação a ISSO, esqueçam: “Garfield 2” é um LIXO e ponto final. Dá vontade de sair correndo e se atirar da primeira ponte que aparecer. Aliás, consegue até ser pior que o primeiro. Ugh.
Mas antes de falar sobre a pseudo-fita em si, alguém me responda a uma pergunta que não quer calar: quem foi a “brilhante” mente que teve a “sábia” idéia de que Garfield, o preguiçoso e gorducho gato que adora lasanha e odeia segundas-feiras, é um personagem infantil? NUNCA! O gato é irônico, sarcástico, até dissimulado… Quer dizer então que deve-se ganhar as telas dos cinemas em uma produção voltada às crianças só porque é um bichinho? Quer dizer então que, seguindo esta “lógica”, devemos esperar um longa-metragem infantil estrelado pelo Níquel Náusea? Ele é da mesma espécie que o Mickey e o Topo Gigio, oras! 😛
O problema, diga-se de passagem, não é sé este: além de não ser infantil nem aqui e nem em Timbuktu, Garfield é como o maldito Gatão de Meia-Idade: não foi feito para protagonizar uma história com mais de uma hora de duração! Ele cai bem (e olhe que nem sempre) numa tirinha de jornal com três quadrinhos. E não numa superprodução. Pombas!
Mas já que a burrada está feita – e o pobre bastardo aqui já sofreu as conseqüências de sua existência medíocre assistindo a ISSO -, então fazer o quê? À exemplo do primeiro filme, a história-qualquer-nota de “Garfield 2”, que bebe bastante na fonte do clássico “O Príncipe e o Mendigo”, é somente uma desculpa furreca e esfarrapada de mostrar o gato, novamente dublado por Bill Murray, e seu simpático amiguinho Odie, o cão (que, mais uma vez, é só o que se salva), em situações engraçadinhas – mas só para as crianças. Talvez, arrisco dizer, nem para elas. Hunf. 😛
O enredo (cof, cof) é assim: Jon Arbuckle (o esforçado Breckin Meyer, de Herbie: Meu Fusca Turbinado) está prestes a pedir em casamento sua singela namorada, a veterinária Liz (Jennifer Love Hewitt, aquela que você sabe o que fez no verão passado, péssima como sempre). Antes que ele consiga fazer o pedido, porém, ela viaja a Londres para participar de uma palestra. Obviamente, Jon vai atrás dela – queria eu ter dinheiro sobrando pra viajar à Inglaterra a hora que eu quisesse atrás de mulher, viu? Enfim, Jon embarca a Londres atrás de Liz e, como era de se esperar, o enciumado gato e o simplório cachorro partem para a Inglaterra atrás de Jon.
A confusão começa quando Garfield é confundido com Prince (dublado por Tim Curry, Kinsey), um gato que acabou de receber uma gorda herança de sua falecida dona – e que está sendo caçado pelo cruel sobrinho da véia, o Lorde Dargis (Billy Connolly, de Desventuras em Série, numa participação esforçada porém patética) que, além de odiar os animais naturalmente, quer dar cabo no bichano para papar a fortuna – sério, eu ajudava sem pensar duas vezes e não pedia um centavo em troca…
Enfim, é claro que Jon encontrará Prince que achará que ele é Garfield, enquanto este usufruirá de todas as regalias ao qual (o herdeiro) tem direito… Resumindo: pouco mais de uma hora recheada de situações estúpidas, diálogos toscos (em certo momento, Garfield diz que adoraria que “Jon fosse uma rainha”…) e um CGI tão falso quanto o utilizado em seu antecessor.
Aí é que tá: analisando em termos de estrutura de história, “Garfield 2” é praticamente uma cópia do primeiro, já que usa um fiapinho de trama pra despejar uma pá de pseudo-piadas bobas. O problema é que as poucas tiradas que funcionaram no primeiro, aqui não funcionam de jeito algum. Culpa do roteiro horroroso e da direção medíocre de Tim Hill, que provavelmente acha que botar o gato rebolando e imitando a batidíssima dança de “Pulp Fiction” infinitas vezes durante a projeção é o suficiente para realizar um bom filme infantil. Impossível acreditar que Hill é o mesmo que co-escreveu o hilário longa-metragem do Bob Esponja!
Junte neste engodo a falta de química entre Breckin Meyer e Jennifer Love Hewitt (que graças aos céus aparecem muito pouco), e a dublagem-em-piloto-automático do relaxado Bill Murray… pronto, eis mais uma bomba! E pelo amor de Deus, NÃO ME PERGUNTE sobre a participação do Ronaldo Fenômeno na fita, batendo uma bolinha com o Garfield! Não me pergunte! Sério, é de causar convulsões, o negócio. O HORROR! Só espero que ele não “atue” na Copa como “atuou” aqui. 😛
Pra resumir o lance todo: se você foi tortur… ops, assistiu ao primeiro trabalho do bichano no cinema, você já sofreu o suficiente. É só imaginar as mesmíssimas piadas sem graça da fita anterior, só que agora ambientadas na Inglaterra e com uma pontinha cheia de vexame do Ronaldo Fenômeno. Talvez funcione para a criançada – o que acho meio difícil, visto que ultimamente a molecadinha anda bastante exigente (culpa da Pixar… hehehe). Agora… se VOCÊ faz muuuita questão, se VOCÊ precisa ver isto, se VOCÊ é fã do Garfield… aí é outra coisa. Faz o sinal da cruz, peça perdão pelos seus pecados e vai fundo. Mas não diga que eu não avisei! Eu ainda prefiro o bichano nas tirinhas mesmo, e olhe lá. 😛
:: ALGUMAS CURIOSIDADES
– Das pessoas presentes na sessão, ao menos daquelas que eu consegui reparar, duas dormiram feito bebês. Uma delas chegou a roncar. E como rege a Lei de Murphy, ela estava sentada justamente na fileira à minha frente.
– Não adiantou nada dizer que a crítica seria rápida, pois ficou enorme do mesmo jeito.
Garfield 2 (Título original: Garfield: A Tail of Two Kitties) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Tim Hill / Roteiro: Tim Hill, Joel Cohen e Alec Sokolow / Inspirado no personagem criado por Jim Davis / Elenco: Bill Murray, Breckin Meyer, Jennifer Love Hewitt, Billy Connolly, Roger Rees, Tim Curry, Bob Hoskins, Richard E. Grant, Jane Horrocks, Rhys Ifans, Vinnie Jones / Duração: 90 min.
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