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Artigo adicionado em 25/05/2006, às 12:33

SUPERMAN RETURNS: BRYAN SINGER
Ele deu vida aos mutantes da Marvel no cinema. E agora quer ressuscitar um certo Homem de Aço. Nascido no dia 17 de setembro de 1965 na cidade de Nova York, o diretor Bryan Singer é do signo de virgem. E como bom representante desta conjunção astral, o cineasta é daquele tipo perfeccionista, que gosta […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Nascido no dia 17 de setembro de 1965 na cidade de Nova York, o diretor Bryan Singer é do signo de virgem. E como bom representante desta conjunção astral, o cineasta é daquele tipo perfeccionista, que gosta das coisas acertadinhas nos mínimos detalhes. Criado na região sul de Nova Jersey (o berço nerd de Kevin Smith e dos cantores Bon Jovi e Bruce Springsteen), Singer foi adotado por uma família judia – e cuja infância foi marcada por sua amizade com uma dupla de garotos não judeus de um grupo chamado Nazi Club. A existência do clubinho – surgido, segundo Singer, muito mais pelo interesse na Segunda Guerra do que pelo interesse na doutrina de Adolf Hitler – foi, no entanto, curtíssima, graças à intervenção da mãe de Singer. O episódio o fez ter ainda mais consciência de sua identidade, e se tornaria primordial em sua filmografia.

Depois de se formar na escola West Windsor-Plainsboro High School South (mas que nominho grande, não?), Singer acabou seguindo o seu crescente interesse pelo mundo do cinema – já que, ainda adolescente, rodava pequenos filmetes em 8mm – e ingressou na School of Visual Arts, em Nova York. Mas logo ele pediria transferência para a USC School of Cinema-Television, em Los Angeles, onde concluiria seus estudos. Já bem mais próximo de Hollywood, conheceu ainda na faculdade dois de seus futuros colaboradores freqüentes, o compositor e editor John Ottman e o co-produtor Kenneth Kokin.

Embora seja primo dos atores Marc Singer (astro da tenebrosa cinessérie “O Príncipe Guerreiro”) e Lori Singer (a mocinha do clássico dançante “Footloose”), o astro de seu primeiro filme logo depois da graduação, o curta Lion’s Den (1988), foi um colega de infância chamado…Ethan Hawke. Com orçamento de 16.000 dólares, a produção contava a história de um grupo de amigos de escola que se reuniam anos depois e descobriam que não eram mais tão íntimos quanto antes. O curta pavimentou o caminho para que o diretor ganhasse status e pudesse caminhar rumo ao seu primeiro longa, Linha Direta (Public Access/1993), também sua primeira colaboração com o roteirista Christopher McQuarrie. A produção independente, sobre os perigos da mídia de massa na comunidade de uma pequena cidade, ganhou o prêmio do Grande Júri no Sundance Festival. Singer ficou feliz pra burro. Mas sabia que era só o começo.

::: AND HIS NAME WAS…KEYSER SOZE

A atenção do universo cinematográfico começou a se voltar para Singer em 95, quando o cineasta de apenas 29 anos desfilou talento em seu segundo longa: Os Suspeitos (The Usual Suspects). Reunindo um elenco impressionante formado por nomes como Gabriel Byrne, Kevin Spacey, Benicio Del Toro e Stephen Baldwin, Singer repetiu a parceria com McQuarrie, Kokin e Ottman, e fez uma película inesquecível, mostrando linguagem afiada e um domínio narrativo respeitável. As filmagens trancorreram em apenas 35 dias, gastando menos do que o orçamento proposto de US$ 6 milhões. O perfecccionismo do virginiano Singer falou mais alto, em especial na complexidade de uma trama que tornou-se um inesperado sucesso de público e crítica. E no final, “Os Suspeitos” rendeu um Oscar de “melhor ator coadjuvante” para Spacey e, vejam só, um Oscar de “melhor roteiro original” para o amigo McQuarrie.

Finalmente, ele tinha conquistado Hollywood – que agora já sabia muito bem quem era o seu novo vizinho.

Três anos depois, Singer surpreenderia o mundo novamente com o excelente thriller O Aprendiz (Apt Pupil), baseado no conto de Stephen King. A polêmica seguiu a produção desde o começo, principalmente quando um grupo de extras afirmou ter sido coagido a fazer uma cena de nudez. Nunca se descobriu se era verdade ou mentira. Mas boatarias à parte, o fato é que a história de um jovem de subúrbio (Brad Renfro) que faz um pacto com seu vizinho, um criminoso de guerra nazista (Ian McKellen, excelente), não teve o mesmo sucesso comercial de seu antecessor. Alguns críticos inclusive torceram o nariz, subestimando um dos melhores filmes da época. E ninguém sequer imaginava que ele pudesse, dois anos depois, fazer o filme que o consagraria no universo nerd.

::: A MARCA DO X

Judeu e abertamente homossexual, Singer não demorou a aceitar o convite para dirigir X-Men (2000), a primeira aventura cinematográfica dos cultuados personagens da Marvel Comics. O tema do preconceito se encaixava como uma luva em suas próprias experiências de vida – e também nas do amigo McKellen, imediatamente convocado para assumir a capa de Magneto.

Esta decisão, por sinal, foi uma das muitas que fizeram Singer sentir o peso do material onde estava se metendo. “Como assim, chamar este velho para viver o mestre do magnetismo?”, vociferavam os fãs na internet, campo de batalha no qual Singer pouco se arriscava até então. “Uniformes pretos e de couro? Ele está maluco?”, gritavam alguns. “Meu Deus, um desconhecido qualquer vai ser o Wolverine”, berravam outros, quando Hugh Jackman foi escolhido. Singer nunca foi leitor assíduo de quadrinhos. Mas fã de carteirinha da série Star Trek (Jornada nas Estrelas), ele sabia exatamente como os nerds podem ser cruéis. Levantou a cabeça…e seguiu em frente.

O resultado foi uma das adaptações de super-heróis de quadrinhos mais aclamadas de todos os tempos, fazendo os x-fãs engolirem todas as suas críticas e rendendo quase US$ 300 milhões de bilheteria em todo o mundo. Só no Brasil, “X-Men” teve público de mais de 2 milhões de pessoas.

E o que é melhor: ainda conseguiu fazer McKellen terminar de gravar suas cenas a tempo de voar para a Nova Zelândia e começar o trabalho em Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. Como retribuição por sua gentileza, recebeu um presente de Peter Jackson: uma cópia do mockumentary Forgotten Silver (1995) – um documentário fake dirigido pelo próprio Jackson a respeito de um suposto cineasta desaparecido, Colin McKenzie.

A amizade entre Jackson e Singer perduraria durante muitos anos – e geraria uma piada divertidíssima quando, nos últimos dias das filmagens de King Kong, o cineasta barbudo anunciaria que o amigo dirigiria as cenas finais da película, já que Jackson estava muito cansado depois de semanas de trabalho. Tudo não passava de uma brincadeira, mas o processo está descrito na íntegra nos diários de produção do diretor.

::: CADA VEZ MAIS NERD! 🙂

Enquanto se preparava para X-Men 2, Singer se aventurava por outros planos. No começo de 2001, ele planejava rodar Confissões de Uma Mente Perigosa, com Johnny Depp no papel principal e baseado no roteiro de Charlie Kaufman, por sua vez inspirado no livro de mesmo nome de Chuck Barris sobre a sua vida de apresentador de game show que dizia ser agente da CIA. No entanto, problemas financeiros atrasaram a produção e Singer teve que pular fora do projeto – que acabou se tornando a estréia de George Clooney como diretor.

No mesmo ano, o diretor queria também ajudar o amigo Tom DeSanto a produzir uma nova série de TV da ficção científica Battlestar Galactica para o canal Studio USA (hoje em dia NBC Universal Television Studio) e para a FOX, sua parceira em “X-Men”. Singer dirigiria até a mini-série que serviria como piloto para o programa – mas a produção foi atrasada por conta dos atentados do dia 11 de setembro, e ele teve que pular fora do barco por conta de seus comprimissos com “X2”. Logo a FOX perderia o interesse na série, que acabaria no colo do Sci Fi Channel e se tornaria o seriado atualmente em exibição nos Estados Unidos (e aqui no Brasil, pelo canal a cabo TNT).

No ano seguinte, Singer finalmente se rendeu ao seu momento fã. Trekker fanático, foi convidado por Patrick Stewart, que se tornara seu amigo durante as filmagens de “X-Men”, para conhecer o set de filmagens de Star Trek: Nemesis, o décimo longa da franquia espacial. Lá chegando, a surpresa: o diretor ganhou um uniforme da Frota Estelar e apareceu como um membro da tripulação da Enterprise. Por poucos segundos, é verdade. Mas lá está ele, registrado para a posteridade do mundo nerd.

::: O RETORNO DOS MUTANTES

Em 2003, o mundo foi apresentado à segunda aventura dos X-Men nos cinemas – e, com o acréscimo do cultuado personagem Noturno (Alan Cumming) ao elenco original, Singer conseguiu derrubar qualquer resistência que os fãs mais puristas e pentelhos (como o Emílio Elfo, por exemplo) tenha tido com o primeiro filme e estabeleceu uma visão que acabou tornando-se referência até mesmo para os autores dos quadrinhos. As cifras também aumentaram: bilheteria mundial de mais de US$ 400 milhões – e, aqui no Brasil, público superior a 3,5 milhões de espectadores. Um sucesso indiscutível.

Por meio de sua produtora Bad Hat Harry Productions (cujo título é uma frase de seu filme favorito, “Tubarão”), faria em seguida a mini-série para TV The Triangle – com Eric Stoltz, Lou Diamond Phillips e Sam Neill – e ainda criaria uma das séries médicas mais divertidas da atualidade: House, sobre o dia-a-dia de um médico rabugento, mal-humorado e totalmente anti-social. Mas seu novo e mais grandioso projeto ainda estaria por vir.

Impressionados com a visão que Christopher Nolan vinha dando ao Homem-Morcego em Batman Begins, os executivos da Warner queriam trazer o mesmo clima de “mundo real” para o universo do defensor de Metrópolis. E então foram atrás de Singer. O diretor topou o desafio de ressuscitar a franquia cinematográfica do Super-Homem. Deixou “X-Men 3” para trás (Matthew Vaughn assumiu, saiu, e deixou o cargo com, ironia do destino, o mesmo Brett Ratner que por pouco não dirigiu “Superman Returns”) e foi para o alto e avante.

O roteiro anteriormente escrito por J.J.Abrams (criador da série “Lost”) foi descartado – e foram recrutados Dan Harris e Michael Dougherty , colaboradores habituais de Singer na franquia mutante, para fazer surgir uma nova história. Também vieram o diretor de fotografia Newton Thomas Sigel, o compositor John Ottman e o designer de produção Guy Dyas.

::: OS NOVOS PROJETOS

Para 2007, depois que a febre do herói kryptoniano passar, Singer já tem dois projetos engatilhados. O primeiro deles é o thriller You Want Me to Kill Him?, sobre a amizade de dois adolescentes que se conhecem na internet e que acaba se transformando em violência pura. E o segundo é uma espécie de retorno às raízes depois de três blockbusters seguidos, o filme independente The Mayor of Castro Street – uma cinebiografia do ativista pelos direitos gays de São Francisco, Harvey Milk.

Produções milionárias ou de orçamento modesto, tanto faz. Singer segue em frente dirigindo com a mesma dedicação e estilo metódico e detalhista…como bom virginiano, aliás.


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