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Artigo adicionado em 10/05/2006, às 06:02

SOLTANDO OS CACHORROS: pense num filme ruim. É pior.
Parem com esses cachorros, por misericórdia! :: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | iPod :: Visite o site oficial Parece aquelas ironias do destino. Acabo de fazer uma declaração aberta nessa crítica aqui , alegando que, pra mim, uma das maldições mais imundas do cinema é a existência de filmes de cachorrinho, e […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


:: Trailer Oficial: Alta | Média | Baixa | iPod
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Parece aquelas ironias do destino. Acabo de fazer uma declaração aberta nessa crítica aqui , alegando que, pra mim, uma das maldições mais imundas do cinema é a existência de filmes de cachorrinho, e meus caros amigos arqueiros vêm me dizer que eu serei a responsável por assistir – e resenhar – essa belezura aqui, cujo nome é Soltando os Cachorros. Aiai. O que posso dizer? Pense em um filme ruim de Sessão da Tarde. Pense naquele filme que você alugou para toda a sua família pensando “agora eu acertei, e vou fazer meus sobrinhos pararem de gritar por duas horas”, mas o efeito foi totalmente o inverso, fazendo sua avó dormir e deixando seu sobrinho mais novo com trauma de entrar em vídeo-locadoras durante alguns anos. Entào. Agora pense em algo pior. É mais ou menos por aí.

Dizem que “Soltando os Cachorros” é uma comédia. Bom. Talvez seja uma comédia para crianças. E eu completo: uma comédia para crianças muito pequenas e/ou que não possuem um senso do que é bom ou ruim no cinema. Não que este seja um filme ofensivo ou de péssimo gosto – estou guardando essas palavras bonitas para a crítica do Todo Mundo em Pânico 4. É que ele é bobo. Bobo, sem graça e sem charme algum, mais ou menos como aquele tio seu que sempre te pergunta “e as namoradas?” nas festas de família. Trocando em miúdos: não é o tipo de filme que faz você sair do cinema com vontade de dar um tiro no próprio pé para amenizar a dor, ou de estrangular o cara da bilheteria por ter te vendido o ingresso; mas do tipo que te faz sair babando, falando asneiras desconexas, batendo a testa contra os postes da rua e achando que o Tim Allen deveria escolher a carreira de contador, e perceber que não é um comediante de jeito maneira.

Comecemos pela história, que já é, sozinha, um primor. Esse, pra se ter uma idéia, é o remake deum filme de 1959, com Fred MacMurray. E segue mais ou menos por essa linha: Dave Douglas (Tim Allen, sem carisma e sem graça alguma) é o típico pai de família ausente. Não pode comparecer à reunião de escola do filho mais novo (Spencer Breslin, carismático mas forçado pra caramba), e não se dá bem com a filha adolescente Carly (Zena Grey). Apesar de se esforçar, também não dá muita atenção à sua esposa (Kristin Davis, de Shark Boy e Lava Girl – veja só o nível da cousa – que consegue ser pior do que as duas crianças juntas). Dave é advogado, e no momento está defendendo uma empresa acusada de fazer testes em animais. Mas ele não sabe que as falcatruas dessa empresa vão além disso. Seus agentes, liderados por Dr. Kozak (Robert o-que-você-está-fazendo-aqui? Downey Jr., talvez mais engraçado se o roteiro permitisse), conseguiram capturar um cachorro do Tibet conhecido por ser praticamente imortal. No laboratório, extraíram do cãozinho um soro que ia poder dar vida “quase eterna” ao dono da empresa, que estava nos seus dias finais, e ser um produto bastante vendável. E daí que, depois de alguma coincidências, esse “cachorro mágico” acaba mordendo o personagem de Tim Allen, e o transformando, aos poucos, em um cachorro. É a partir dessa transformação que Dave vai descobrir os planos malignos da empresa defendida por ele. E, claro, paralelamente, vai descobrir que precisa ser um melhor pai e marido – e deixar isso bem claro pra gente, inclusive falando isso pro público enquanto é um cachorro, ah, que singelo. Como se ninguém fosse pensar que isso iria acontecer.

O pior é que a história parece ser digna pelo menos de uma tarde de tédio no começo, mas a partir do momento em que Dave começa a sentir os primeiros efeitos caninos em seu ser – quando o filme começa a querer achar que é uma comédia – é que tudo desanda, e você se vê frente a frente com um dos piores espécimes de “filmes de cachorrinho” já vistos. Só faltou a sequência das tortas na cara pra fechar a produção com chave de ouro. Interpretações exageradas (alguém por favor mate a duplinha que viveu o casal do laboratório), argumento idiota, roteiro ruim de dar dó, tentativas de piadas que precisariam de muito mais de cuidado pra conseguir fazer alguém rir, e mais, muito mais. A única coisa que se salva é a roupa da filha ruiva da família Douglas e o menino caçula, que é fã de Grease. Deprimente? Sim. A que ponto chegamos. Óbvio, não se pode exigir personagens super complexos e revelações bombásticas que envolvem negócios escusos de sexo, drogas e rock’n’roll de um filme que se propõe a ser uma comédia divertida para toda a família. Mas só o que pedimos para um “cinema de família” melhor é uma história que não possa ser adivinhada nos 5 segundos iniciais da trama, com piadas decentes e atores carismáticos, e que NÃO tenha cenas como:

– um cachorro meditando (o cachorro-sapo é até engraçado, mas… coisa grotesca)
– um homem correndo como um cachorro e empurrando uma velhinha
– um homem correndo como um cachorro
– um cachorro surfando
– dois homens se entreolhando e rosnando um para o outro
– células em forma de cachorrinhos peludos entrando no corpo de um ser humano
– um cachorro abraçando e prestes a beijar uma mulher humana. É, com as patinhas no ombro e tudo mais. É. EU SEI. O_O

E, acredite, são apenas alguns dos exemplos. Tem filme que consegue ser bom por causa de detalhes, e com “Soltando os Cachorros” acontece justamente o contrário. Então o que salvaria a produção? Uma coisa simples já conseguiria subir um pouquinho de seu nível: um pouco de charme. A gente já está cansado de saber que qualquer história pode ficar genial se for escolhida a equipe certa. Não sei, bastava cortar umas cenas forçadas, fazer os atores atuarem melhor e com mais familiaridade com o roteiro, tirar fora uns clichês, e o filme mereceria um 6. Nada tão difícil, apenas uma questão de carisma – coisa que falta no protagonista.

Tudo bem, tudo bem, existem umas quatro ou cinco frases engraçadas, pelas quais você vê que os roteiristas até tentaram lembrar que “Soltando os Cachorros” se tratava de uma comédia, mas elas foram meio que assassinadas pelos atores, que não se encontraram no script. Dá pra ver claramente que uma parte ou outra ficaria muito mais engraçada se dita com outra entonação ou de outra forma. Mas não. Todo mundo se esforçou pra destruir o trabalho final (não precisaram de muito esforço, cá entre nós). O único momento em que eu dei gargalhadas no cinema, sinceramente, foi quando apareceram os créditos. Sério. Uma gargalhada constrangida que significava muito mais vergonha alheia pela equipe e pelo diretor do filme do que qualquer outra coisa. Mas é aquela ironia cruel: é ele quem está em Hollywood sentado na cadeira do diretor, e eu quem estou aqui escrevendo sobre as traquinagens que ele faz por lá. É, o mundo é injusto. Bem que podia ser injusto ao meu favor.

Tem uma fala do Tim Allen no filme que resume tudo: “depois dessa, todos vamos precisar pagar terapeutas”. Pra mim isso foi uma piada interna, se referindo tanto ao elenco e à equipe da produção quanto ao público. Depois da cena do “beijo inter-racial” eu realmente preciso consultar um terapeuta.

E a liçào de hoje foi: pela àºltima vez, filmes com cachorros-humanos NÃO TÊM GRAÇA. E nunca, nunca mais acordemos da morte filmes de cachorros que já eram medianos em 1959.

:: CURIOSIDADES

Scrabble é um jogo muito legal. Yey.

– Pois é, nem curiosidades interessantes isso aqui tem o_O

Soltando os Cachorros (Título original: The Shaggy Dog) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Brian Robbins / Roteiro: Cormac e Marianne Wibberley, Geoff Rodkey, Jack Amiel e Michael Begler, baseado no filme Shaggy Dog, de 59/ Elenco: Tim Allen, Kristin Davis, Zena Grey, Spencer Breslin, Danny Glover, Robert Downey Jr. / Duraçào: 98 ridículos minutos.


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