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Artigo adicionado em 19/05/2006, às 04:53

ÓIA O CHICO BENTO!
As histórias do personagem caipirinha mais amado do Brasil! Ê, trem bão, sô. Aproximam-se as deliciosas festas juninas, durante as quais o estilo de vida dos mais de 26 milhões de brasileiros vivendo em cidades do interior tomam conta de todo o país. Tem pé de moleque, tem cocada, tem fogueira, tem dança de quadrilha […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Ê, trem bão, sô. Aproximam-se as deliciosas festas juninas, durante as quais o estilo de vida dos mais de 26 milhões de brasileiros vivendo em cidades do interior tomam conta de todo o país. Tem pé de moleque, tem cocada, tem fogueira, tem dança de quadrilha (não exatamente aquelas de Brasília), tem calça remendada, tem camisa xadrez (e sem ser grunge), tem bandeirinhas em todo lugar…E para quem gosta de quadrinhos infantis e foi criado na chamada “geração Turma da Mônica”, aprendendo a ler com os personagens de Mauricio de Sousa, todas estas tradições da tal “cultura caipira”, “sertaneja” ou seja lá como você (e os antropólogos) goste de chamar estão presentes todos os meses nas bancas nos gibis do Chico Bento.

Longe do ambiente urbano de seus coleguinhas Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali, o nosso Chico vive uma vidinha tranqüila no que pode ser identificado como uma recriação do interior de São Paulo. Na típica infância simples de um menino longe do universo dos videogames, computadores, desenhos animados e séries de TV, ele se diverte andando descalço para todos os lados, pescando, brincando com os bichos da fazenda, nadando peladão no rio, pegando goiaba das árvores do Nhô Lau, caçando onça (mas só de brincadeira) e levando flores roubadas para a sua doce Rosinha.

::: As Origens

Assim como o Cebolinha e o Cascão nasceram de dois garotos que Mauricio conhecia, e Magali e Mônica são inspiradas em duas de suas filhas, o Chico Bento também surgiu das observações do autor. Ou melhor, dos “causos” relatados por sua avó a respeito de um tio-avô do quadrinista, roceiro que vivia na região do Taboão, entre as cidades de Mogi das Cruzes e Santa Isabel. Bastaram as divertidas histórias do tio arteiro se misturarem às vivências do próprio Mauricio, enquanto criança, na região do Vale do Paraíba, para fazer nascer o nosso caipirinha.

O tio Chico Bento tinha, na época, um irmão gêmeo – Zé Bento – que Mauricio não usou inicialmente em suas tramas. Mas logo ele daria origem ao melhor amigo do Chico Bento das HQs, seu atrapalhado primo Zé Lelé, grande parceiro de travessuras. Um tanto limitado intelectualmente, é verdade. Mas bastante simpático.

Em tempo: a própria avó Dita de Mauricio, como era de se esperar, logo se tornaria personagem dos gibis – incorporando de vez a Vó Dita do Chico, sempre com uma nova história sobre o nosso folclore para contar ao garoto, de olhos e ouvidos bem abertos e cheios de curiosidade.

::: As Primeiras Publicações

Apesar de hoje em dia ocupar o papel principal de seu título, anteriormente não era assim. Na verdade, o nosso Chico surgiu como mero coadjuvante das tirinhas de Hiroshi e Zezinho, publicadas no jornal paulistano Diário da Noite, lá na década de 60. O ano exato foi 1963. A dupla de personagens principais se tornaria, mais tarde, comum no universo do Chico – já que Hiroshi, agora chamado apenas de Hiro, tornou-se seu amiguinho nissei; enquanto Zezinho virou o certinho Zé da Roça de hoje em dia.

Mais esperto, malandro e divertido do que o duo de protagonistas, logo o Chico ganharia mais destaque entre os leitores do “Diário da Noite” e também da revista mensal Coopercotia, da Cooperativa Agrícola de Cotia, onde “Hiroshi e Zezinho” eram publicados em formato tablóide e onde Mauricio aproveitou para “amadurecer o traço”.

Pouco tempo depois, nas páginas de suplemento semanal de quadrinhos para o Diário de São Paulo, publicação do mesmo grupo do “Diário da Noite”, Chico Bento ganhou sua primeira história solo e como personagem principal, com nome no título e todo o merecido destaque, pompa e circunstância. No entanto, seu primeiro gibi só seria efetivamente publicado em agosto de 1982 – o que quer dizer que, em 2006, o garoto do campo completa impressionantes 24 anos nas bancas. Num mercado editorial como o brasileiro, a marca é de cair o queixo. Mas para o criador da Mônica, a façanha é mamão com açúcar.

::: A Família

Chico vive na fazenda com a mãe, a dona de casa Dona Cotinha, e com o paizão Nhô Berto, lavrador, seu grande exemplo de comportamento. Como na maior parte das famílias de personagens da Turma da Mônica, a casa do Chico Bento é repleta de muito amor e carinho.

Além da Vó Dita (que não se sabe muito bem se é paterna ou materna), também é figura freqüente nas historinhas desta turminha do campo o moderninho Zeca Bento, primo de Chico que vive na cidade grande. Quando os dois se encontram – seja quando Zeca vai para a fazenda ou quando Chico resolve colocar as botas e ir para a selva de pedra – o choque de culturas gera roteiros hilariantes. Quando o “primo da roça” visita um shopping center pela primeira vez, é só confusão. Ele não consegue entender como funciona uma escada rolante e logo resolve tomar um bom banho na fonte decorativa do local.

::: Os Amiguinhos

Além do próprio Chico Bento, quem mais aparece nos seus quadrinhos é a charmosa Rosinha, uma menina de trancinhas bastante vaidosa e sentimental – mas também muito ciumenta e de personalidade forte. Adora as flores que Chico lhe traz e gosta de ir para a quermesse dançar ao lado do namorado – mas detesta os atrasos e aprontos do menino, nitidamente preguiçoso e cheio de “causos” para servirem de boas desculpas. O namorico dos dois é bem tímido, daquele típico dos casaizinhos do interior de décadas passadas.

A maior parte das aventuras de Chico se dá ao lado de Zé Lelé, o primo cheio de humor do nosso pequeno herói. Atrapalhado e ingênuo, costuma ser o responsável pelas maiores confusões nas quais a turminha se mete. Mas na maior parte das vezes é “sem querer”. Sempre de suspensórios, o menino loirinho é dono de enormes olhos verdes que fazem a cabeça das meninas da vila.

O Hiro é outro dos colegas de escola de Chico Bento – e, apesar de morar no interior, este descendente de japoneses e sua família são bastante tradicionais no que diz respeito aos costumes de seu país de origem. Tanto ele quanto Zé da Roça não costumam falar o típico “caipirês” lido nos balões das revistas – sendo que este último parece ser ainda o mais normal dos meninos, o típico bom moço, sempre com um conselho daquele bom-senso popular para dar.

::: Os Adultos

Mas nem só de crianças vive o elenco das histórias do Chico Bento. Fora da família, ainda podemos ver a presença do Padre Lino, típico padre bondoso de cidades de interior – que mesmo com as brincadeiras dos meninos e de uma janela quebrada de vez em quando, está sempre disposto a dar uma palavra amiga para ver se esta molecada entra “na linha”. Outra presença freqüente é a de Dona Marocas, a professora da escolinha de Chico e seus amigos. Muito bonita e fazendo um estilo absolutamente Tina (a personagem teen de Mauricio de Sousa), seu grande desafio é mesmo fazer Chico Bento ter vontade de estudar, ao invés de arrumar todas as desculpas possíveis para matar aula e/ou não fazer a lição de casa.

No entanto, o adulto que mais dá as caras por ali é justamente o Nhô Lau, dono das árvores de goiabas mais frondosas da região. Ele nunca consegue colher 100% do que produzem suas goiabeiras – já que Chico Bento está sempre por perto para subir nas árvores e encher a pança das frutas mais deliciosas da vizinhança. Difícil mesmo, depois de comer tanto, é sair correndo da feroz espinguarda de sal de Nhô Lau…

::: Os Animais

Na fazenda, a bicharada também é presença constante na brincadeira. E olha quem está sempre dando as caras por lá: a galinha Giselda, o galo Ataliba, o porquinho Torresmo, o burrinho Fedonho, a vaquinha Malhada e até o cachorrino Fido.

::: A Trajetória

Por conta de suas origens similares, Mauricio afirma que ainda gosta muito de fazer os roteiros do Chico Bento – embora, é claro, a enorme quantidade de compromissos e o ritmo acelerado de produção nem sempre permitam que o dono da empresa largue tudo para se dedicar a esta atividade, que definitivamente já não é a mesma daqueles dias de “Diário da Noite”…

Quem diria por exemplo, lá na década de 60, que Chico Bento seria a estrela de uma das animações mais gostosas da nossa história recente, Óia a Onça!, lançada em 1990? Seu dublador oficial, o ator, autor e diretor de teatro Didi Olveira, chegou até a gravar um disco de músicas em 1997, Um Dia na Roça. No final do ano, ele estará junto do restante dos amigos famosos da Turma da Mônica em um novo longa animado nos cinemas, Uma Aventura no Tempo. E segundo o próprio Mauricio revelou recentemente, está sendo estudado um antigo pedido da China para que seja feita uma série do Chico Bento para a televisão do país. Olha só, hein?

No campo social, o personagem virou garoto-propaganda do Centro para a Conservação da Natureza em Minas Gerais (CCNMG) em uma campanha de educação ambiental do projeto de Revitalização da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco no estado de Minas Gerais.

E o menino ainda viraria título de um funk do Bonde do Tigrão…mas isso a gente esquece, ok?


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