A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 26/04/2006, às 01:11

ULTRAVIOLETA: 80 minutos de comercial de tintura de cabelo
Poser demais e roteiro de menos… :: Trailer: Alta | Média | Baixa :: Clip #1: Acabem com ela! :: Clip #2: Está tudo em ordem? :: Clip #3: Luta de espadas em branco :: Visite o site oficial A ARCA é sacana. A ARCA me odeia. A ARCA é sacana AND me odeia, como […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


:: Trailer: Alta | Média | Baixa
:: Clip #1: Acabem com ela!
:: Clip #2: Está tudo em ordem?
:: Clip #3: Luta de espadas em branco
:: Visite o site oficial

A ARCA é sacana. A ARCA me odeia. A ARCA é sacana AND me odeia, como já dizia nosso querido amigo Borbs. Claro, não é novidade alguma que os editores deste ilustríssimo website adoram tirar uma da minha cara, mas isto é covardia! Enquanto eu poderia passar uma manhã gostosa me divertindo às pampas com Resgate Abaixo de Zero (que é um filme de cachorrinhos, pô!), sou forçado a sofrer os 88 minutos mais tenebrosos desta última semana assistindo àquela coisa chamada Ultravioleta (Ultraviolet, 2006), só porque a Srta.Ni saiu corr… ops, estava “inapta” a conferir está “pérola” e resenhá-la. Afinal, todos nós queríamos que nossa simpática colunista estivesse lá, já que a dona Ni tem uma paixão sincera e declarada por “filmes-poser”. 🙂

Tá, tudo bem, ver quase uma hora e meia da gatíssima Milla Jovovich desfilando pra lá e pra cá não é uma tarefa das mais inglórias. Ou pelo menos não deveria ser. De todo modo, cá entre nós, se é pra assistir um filme chumbreguinha só por causa dela, prefiro acessar zilhões de fotos da moçoila na Internet ou coisa que o valha. É mais barato e não preciso tentar cometer suicídio com as tosqueiras que acontecem em volta da dita cuja! 😀

Antes de mais nada, devo dizer que minha visão acerca de “Ultravioleta” nada tem a ver com o fato de ser um filme-poser. Pouco me importa, na verdade, desde que o longa tenha um ROTEIRO decente. Ao final, tudo é uma questão de ROTEIRO; aquele papo de não espere algo consistente de comédias nonsense e filmes de ação descartáveis é pura balela, pois qualquer fitinha pode se tornar um clássico caso seja escrita pelas pessoas certas, e os mais notórios exemplares do gênero têm um pusta de um trabalho ferrado no script – “Feitiço do Tempo” (uma comédia) e “Matrix”, o primeiro (uma sci-fi), estão aí para provar que fitas “rasteiras” podem ser inteligentes e criativas. E a grande questão de “Ultravioleta”, à exemplo do pavoroso Anjos da Noite e sua ridícula seqüência, é justamente esquecer de entregar um roteiro coeso e com um mínimo de sentido para se preocupar apenas com as trocas de roupa e poses modelísticas de Milla Jovovich a cada luta. E não venha falar que é diversão descompromissada! Isso é utopia.

Na boa: ela é linda, linda mesmo, mas não dá pra agüentar quando a menina não dispara um único tiro sem dar uma cambalhota bizarra humanamente impossível e sem ganhar um close em seu rosto para poder mostrar o quanto é gostosa jogando seu longo “cabelo ao vento”, como já dizia o nosso amigo e irmão Belchior (aquele da velha roupa colorida). Praticamente um comercial de tintura pra cabelo com 80 minutos! Em alguns momentos, juro que fiquei esperando a Milla parar para a câmera, mostrar uma caixinha de Wellaton e dizer “a minha voz continua a mesma, mas os meus cabelos…” 😛

E o pior é que a linha de enredo de “Ultravioleta” até poderia render uma história bacana, caso fosse bem desenvolvida: no final do século 21, o governo americano descobriu um vírus e tentou modificá-lo geneticamente com o objetivo de criar soldados resistentes. Um erro fez com que o vírus se transformasse numa praga que infectou milhares de pessoas e gerou uma nova raça chamada “hemófaga”, dando-lhes um sentido mais apurado e uma força fora do comum – como efeito colateral, os hemófagos definham a cada instante e encontram a morte bem mais rápido do que os humanos tidos como “normais”.

Temendo uma crise maior, o governo tenta separar os hemófagos do resto do mundo a qualquer custo. Um dos hemófagos é Violet Son Jad-Sherif (Jovovich), mulher grávida que perdeu o bebê por conta da doença. Ao descobrir que os EUA transformou-se numa nação dominada pelo medo e governada pelo tirânico vice-cardeal Ferdinand Daxus (o terrível Nick Chinlund), que pretende exterminar todos os infectados sem dó nem piedade, ela ajudou a fundar um exército de resistência que luta pela sua sobrevivência. E como a mocinha comum virou uma superheroína invencível em questão de dias, ninguém sabe. 😛

O filme começa quando Violet disfarça-se de mercenária e invade um laboratório do governo para roubar uma maleta e levá-la ao líder da resistência, que se encarregará de destruir seu conteúdo rapidamente. Ao que consta, o conteúdo da maletinha é uma arma poderosíssima, capaz de exterminar todos os hemófagos do planeta de uma só vez. Violet tem ordens de JAMAIS olhar dentro da maleta. Mas sua curiosidade fala mais alto… E assim, ela descobre horrorizada que o conteúdo da maletinha é… uma criança, Six (Cameron Bright, Reencarnação). Aliás, como o pivete coube naquela malinha, só Deus sabe, certamente ela foi roubada do Gato Félix. Hehehe! Enfim, dominada por seu instinto materno e consciente de que tem pouquíssimo tempo até que o vírus mate a si mesma, Violet resolve fugir com o moleque – o que provoca uma crise ainda maior e faz com que a mulher seja caçada por todos os cantos…

Então, a idéia é legalzinha… o que deu errado? Bem, TUDO. Não importa se estamos falando de um longa-metragem de fantasia: é necessário e obrigatório existir um mínimo de coerência e verossimilhança. Em “Ultravioleta”, há situações forçadíssimas, como a perseguição na qual Violet escala um arranha-céu inteiro apenas pilotando sua moto (!!!), sem falar nos golpes que a garota desfere contra seus algozes sem tocar um pé no chão e na absurda seqüência em que ela e o garotinho vivido por Cameron Bright (sem dúvidas um dos piores talentos-mirins da atualidade) são encurralados por pelo menos 30 caras armados até os dentes no topo da “Agulha” – um prédio que leva este nome por ter formato de… uma agulha – e conseguem sair ilesos apenas desviando-se das balas (complexo de Remo?). Sério, se você não souber quem é o diretor da película, será capaz de jurar de pé junto que estamos falando de mais uma tragédia comandada pelo horroroso McG (pausa para a ânsia de vômito).

Jura que o responsável por isto é o mesmo Kurt Wimmer que entregou há pouco tempo o divertido “Equilibrium”???

Com o restante, não dá nem pra se preocupar. As atuações são sofríveis – enquanto o geralmente bacana William Fichtner (Crash) está totalmente deslocado como o amigo cientista de Violet, a própria Milla Jovovich mostra mais uma vez que não tem talento o suficiente para segurar uma produção como protagonista -, os vilões são ultra-caricatos, há uma série de piadinhas idiotas – como a estúpida cena na qual três homens são alvejados e, antes de tombar, representam o famoso símbolo dos três macacos cegos, surdos e mudos (um põe a mão na boca, outro nos olhos, outro na orelha…) – e um final tão apressado quanto ilógico. E ainda há um espacinho para o “momento-novela-mexicana” entre Violet e o pivete… ugh!

O maior legal é perceber que até mesmo o roteirista (no caso, o próprio Kurt Wimmer) tem consciência dos absurdos das seqüências. Afinal, a cada situação mal esclarecida, sempre aparece um personagem qualquer falando “ah, isso aconteceu por causa disso e disso e disso e daquilo outro…”.

Então, não há nada que valha a pena nesta joça? Talvez. Se você baba pela Milla Jovovich, como o glorioso Kaickull, até agüenta o tranco, desde que não pare para prestar atenção em NADA além dela. E se você é um tarado por efeitos visuais, não importando se eles não façam sentido algum, “Ultravioleta” é um deleite orgasmático (essa expressão existe?). Para o resto dos mortais, entretanto, é apenas uma perda de tempo poser e sem roteiro que só serve como massagem de ego para a senhorita Milla. Afinal, se é pra ver uma modelo desfilando na passarela, fazendo biquinho de mamãe-sou-sexy e deixando seu belo e brilhante cabelo longo dançar ao vento, prefiro ficar em casa. Pintando o cabelo. 😛

E ainda perdi o filme dos cachorrinhos… droga.

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– O plot central de “Ultravioleta” é inspirado no roteiro do clássico Gloria, de John Cassavettes, que ganhou uma fraca refilmagem recentemente, estrelada pela gloriosa Sharon Stone.

– Kurt Wimmer escreveu o roteiro de “Ultravioleta” pensando exclusivamente em Milla Jovovich para o papel da protagonista.

– Nas primeiras semanas de filmagens, Wimmer dirigiu o longa usando um famigerado tapa-olho. Quando questionado sobre o acessório, o diretor explicou que, alguns dias antes do início da captação de cenas, pediu a Milla Jovovich que o socasse, para que tivesse uma idéia do grau da intensidade que a atriz aplicaria nos golpes proferidos nas seqüências de luta. Ou seja: Kurt Wimmer é um zé-ruela de marca maior. 😛

– Um trailer-teaser e um trecho de uma das seqüências de ação de “Ultravioleta” chegaram à Internet logo após a exibição-teste a um pequeno grupo de pessoas. Isto irritou Kurt Wimmer profundamente, visto que o cineasta tinha intenções de manter tudo, inclusive detalhes da história, em sigilo absoluto até o lançamento nos cinemas. Ele queria que o público se “surpreendesse”. É, eu realmente me surpreendi. Tanto que me deu até vontade de pintar o cabelo. 😛

Ultravioleta (Título original: Ultraviolet) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Kurt Wimmer / Roteiro: Kurt Wimmer / Elenco: Milla Jovovich, Cameron Bright, Nick Chinlund, William Fichtner / Duração: 88 minutos.


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2024