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Artigo adicionado em 10/04/2006, às 03:19

SELVAGEM: como diversão, é um ótimo sonífero
Fanboy, eu te odeio. 😛 :: Trailer: Alta | Média | Baixa | XL | HD | iPod :: Cena Exclusiva: Alta | Média | Baixa :: Visite o site oficial Um dos maiores dogmas do círculo interno aqui d’A ARCA é: todo e qualquer desenho animado será resenhado apenas pelo Fanboy e mais ninguém […]

Por
Leandro "Zarko" Fernandes


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Um dos maiores dogmas do círculo interno aqui d’A ARCA é: todo e qualquer desenho animado será resenhado apenas pelo Fanboy e mais ninguém além dele. Afinal, além de ser um grande fã de animação em geral, ele também é da chefia, e se alguém contrariar, o simpático barbudinho é capaz de se debater, se jogar no chão, berrar e, depois de um tempo, dormir encolhidinho, com lágrimas nos olhos, chupando o dedão e abraçadinho com sua lendária e anciã camisa dos Transformers (!). E eu é que não sou louco de tirar os desenhos do Fanboy, pois lembro bem de como ele tentou botar meu pescoço na peixeira só porque, num passado não muito distante, comentei de leve sobre meus desejos sinceros de escrever a crítica de O Galinho Chicken Little… Se insistir, você é atirado aos leões (desculpe o trocadilho infame com o astro desta produção). 🙂

É por isso que eu digo: bem que desconfiei. Siga minha linha de raciocínio: se um cara fanático por maçãs, daqueles que devoram caixas e caixas e caixas num segundo, resolve lhe oferecer uma maçã, é porque algo fede no reino da Dinamarca. E olhe que nem me toquei quando o Fanboy me pediu encarecidamente para conferir e resenhar o novo desenho em CGI da Disney, Selvagem (The Wild, 2006). Pô, é um desenho! E dos estúdios do senhor Walt Disney! Pois é, na hora nem suspeitei das virtudes do individuo, mas agora sei por qual única razão meu caro companheiro de trabalho me colocou nessa: o caso é que “Selvagem”, como as prévias já denunciavam, é um lixo. Sério demais para as crianças e monótono demais para os adultos. Bate um sono que você nem imagina…

Esta é parte na qual você diz: “Não é possível que um desenho animado seja tão ruim assim, pode até agradar a molecada”. Eu digo: é possível sim. E isto não é ódio gratuito não. Gosto bastante de desenhos, mesmo aqueles beeem infantis – à exceção de O Espanta Tubarões, que achei um esplendoroso pé no saco -, e faço parte daquele grupo de adultos envergonhados que descaradamente usam sobrinhos, filhos ou irmãozinhos para ver filmes infantis no cinema… hehehe. Só que “Selvagem” é sem sal, chato, com um enredo desgastado, personagens desinteressantes e diálogos batidos. Ao sair da sessão, comprova-se aquilo que qualquer ser humano suspeita só de bater o olho no cartaz: trata-se, sim, de uma cópia deslavada e piorada de Madagascar, que por si só já nem era tão excelente assim (talvez “cópia” seja um termo forte demais, mas que há vááárias semelhanças, ah, isto há…).

Este aqui tem até seu “momento-Eu-Me-Remexo-Muito”, vejam só! Ugh. Não digo “ugh” pelo original, até mesmo porque me diverti às pampas com o pirado Rei Julien – na verdade, eu e a Srta.Ni declaradamente gostamos muito mais do garotinho com gargalhada bizarra presente na mesma sessão, mas isto é uma outra história. 😀

Voltando, “Selvagem” acumula uma pá de pontos negativos, como os que já citei acima. Entretanto, devo salientar que o grande mal que aflige a fita diz respeito a seu roteiro. O filme, dirigido com inegável perfeição técnica por Steve “Spaz” Williams – técnico de efeitos visuais e um dos nomes mais requisitados pelos estúdios -, tenta se levar a sério a todo momento. Isto prejudica boa parte das piadas (aliás, QUE PIADAS?) e transforma a projeção num desfile ultra-cansativo de lições de moral. Sério, o moralismo gringo está impregnado em cada fotograma! Afe. E este detalhe, numa época de roteiro inteligentíssimos, como os de Procurando Nemo e Os Incríveis, é a sentença de morte para qualquer película.

Então, vamos à história: o leão Sansão (dublado pelo Jack Bau… ops, Kiefer Sutherland na versão em inglês e Eduardo Borgerth na brazuca) e seu filhote adolescente Ryan (Greg Cipes/Gustavo Pereira) vivem felizes no Zoológico de Nova York. Quer dizer, não tão felizes, já que o rebelde Ryan – um filhote deveras irritante, por sinal – sofre por não conseguir soltar um rugido igual ao do pai, o astro do lugar. Além de ser sacaneado por Deus e o mundo por seu gritinho de menininha (!), o leão-pivete se revolta ainda mais com as histórias do pai, que supostamente foi parar no Zoológico depois de uma série de aventuras na selva. Em sua cabecinha (oca), Ryan somente conseguirá encontrar seu verdadeiro eu interior (que meigo) se escapar do Zôo e buscar suas origens na selva, em liberdade – se fosse eu, já teria dado uns crocs na cabeça do moleque só pra ele deixar de ser chato e parar de encher o saco. 😛

O que Ryan sequer imagina é que Sansão nunca foi à selva. O leãozão também nasceu no Zôo, e as “aventuras” que viveu não passam de historinhas inventadas para entreter o garoto (ops, o filhotinho). O rugido de Sansão naturalmente veio com a maturidade, mas ele nem se preocupa em explicar este detalhe a Ryan, preferindo centrar sua atenção nos campeonatos de curling que acontecem à noite, quando o Zoológico está fechado. A coisa fede quando Ryan, depois de aprontar uma feia com seus amiguinhos hipopótamo e canguru e levar um esporrinho do pai, descobre a localização da “caixa verde”, que os bichos dizem ser o meio de transporte mais rápido até a selva. Assim, decide esconder-se nela para alcançar seu destino.

Mal sabe o leãozinho que a tal “caixa verde” é, na verdade, um contâiner que faz a ponte entre o Zôo e uma distante ilhota perdida no oceano, cujos animais nativos serão removidos por conta da ameaça de um vulcão em plena atividade. E como era de se esperar, o mala se arrepende tarde demais… Desesperado, Sansão parte para salvar a medíocre vidinha do filho (tolice, ele devia dar graças aos céus por ter se livrado do pentelho), sendo acompanhado de perto por seus amigos: o desenvolto esquilo Benny (Jim Belushi/Luigi Baricelli), a sensível girafa Bridget (Janeane Garofalo/Flávia Alessandra), o tedioso coala Nigel (Eddie Izzard/Marco Ribeiro) e a maluca sucuri Larry (Richard Kind/Sergio Stern). Daqui até o final, não é preciso muito esforço para adivinhar o que acontece, não tenha dúvidas.

Tá, o enredo não é tão horrível assim. Com muitas piadinhas bestas e personagens pra lá de engraçadinhos, representaria um excelente programa para um domingo à tarde. Entretanto, como comentei lá em cima, “Selvagem” quer ser importante, quer se levar à sério. O próprio design dos animais tenta se aproximar da realidade o máximo possível. Ou seja: faltam momentos engraçados (a piada pronta do ataque dos cães raivosos liderados por um Poodle é ridícula), os diálogos entre pai e filho funcionariam melhor num filme do Benji, o namorico entre o esquilo e a girafa (?) não convence de modo algum, há uma tremenda falta de timing nas (poucas) seqüências de ação e, o que é pior, não é possível identificar qual personagem é mais antipático – o irritadinho coala, que deveria ser o alívio cômico, consegue ser tão cativante e divertido quanto o Jar Jar Binks; com os dois num paredão de fuzilamento, eu descarregaria o fuzil no coala (desculpe, Greenpeace).

Se há alguma coisa bacana em “Selvagem” – tirando a sucuri, o único personagem que se salva – é seu visual. É mesmo impossível negar que o lance está “quase” perfeito, embora eu não tenha curtido o design realista dos bichos. Digo “quase”, pois há uma ou outra coisinha bizarra, como os pêlos de Sansão e Ryan (eles parecem de pelúcia…). Por outro lado, os jacarés que habitam os bueiros de NY e auxiliam a trupe a encontrar a Estátua da Liberdade parecem absurdamente reais, com detalhes impressionantes quando se vê na tela grande. A animação dos personagens não traz nenhuma novidade, é igual a todos os outros animados em CGI que estouram por aí. Já a dublagem nacional… bem, até que está corretinha, mas agüentar a falta de prática dos globais Luigi Baricelli e Flávia Alessandra é dose! A Flávia, então, é praticamente uma Super Vicky da vida. 😛

Num saldo geral, eu diria que “Selvagem” é um daqueles desenhos animados que fazem qualquer pai, tio, padrinho ou irmão mais velho esconder-se desesperadamente de seus pimpolhos para não precisar ir ao cinema. E se o pai, tio, padrinho ou irmão mais velho sentir-se obrigado (leia-se: chantageado emocionalmente) a encarar uma sessão, certamente não resistirá ao sono na primeira meia-hora. E eu digo, por experiência própria, que talvez nem a criançada curta esta fita… Quer diversão mesmo? A Era do Gelo 2 ainda está em cartaz. Ou então, pergunte ao Fanboy quais foram as minhas primeiras palavras direcionadas a ele ao término da sessão. Se você curte humor negro, vai se divertir mais do que com isto aqui. 😛

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– Diz a lenda que o roteiro de “Selvagem” corre pelos estúdios da Disney há quase 10 anos. Sei não…

– O Poodle que ataca os amigos em Nova York é o animal mais peludo do filme: ele possui 14 milhões de pêlos, e cada um deles foi renderizado em CGI individualmente (!!). Ao todo, “Selvagem” custou 1,5 milhão de horas trabalhadas e o esforço de 418 artistas, só para o visual. Tempo perdido.

– O tal “momento-Eu-Me-Remexo-Muito” não traz lêmures, e sim um grupo de gnus, os “vilões” da história. A música interpretada aqui é a chatinha Really Nice Day, convertida para Dia Feliz, composta e interpretada pelo ex-Monty Python Eric Idle e John Du Prez, idealizadores do musical Spamalot. A trilha de “Selvagem” também usa canções de bandas pop, como Coldplay (Clocks de novo nããão, ela é legal mas toca em tudo quanto é filme!).

– E por falar em gnus… sim, o nosso glorioso Guilherme Briggs marca presença na versão dublada em português! Com sua habitual competência, Briggs dubla o gnu Blag, um dos comparsas do líder Kazar, vivido (ops, dublado no original) por William Shatner. Uma pena que o personagem de Briggs seja tão mal explorado…

– Os flamingos que aparecem no filme são escoceses. O diretor disse que escolheu retratá-los como escoceses pois flamingos parecem com gaitas-de-fole. Dãããããããã! Como eu costumava dizer lá pelos meus 9 ou 10 anos de idade, “se morre”! 😀

– A cobra tem os mesmos movimentos bizarros do Sapo Caco. É sério! Aliás, o R.Pichuebas imitando o Sapo Caco rende muito mais risadas que “Selvagem” inteiro.

– Eu sinto saudades do garotinho de gargalhada bizarra. E eu sei que a Srta.Ni também sente.

Selvagem (Título Original: The Wild) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Steve “Spaz” Williams / Roteiro: Ed Decter, John J. Strauss, Mark Gibson e Phillip Halprin / Vozes (original em inglês): Kiefer Sutherland, Greg Cipes, Jim Belushi, Janeane Garofalo, Eddie Izzard, Richard Kind, William Shatner, Colin Hay / Vozes (versão dublada em português): Eduardo Borgerth, Luigi Baricelli, Marco Ribeiro, Flávia Alessandra, Luiz Carlos Persy, Sergio Stern, Gustavo Pereira, Garcia Jr., Guilherme Briggs / Duração: 94 intermináveis minutos.


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