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Artigo adicionado em 24/04/2006, às 10:19

RESGATE ABAIXO DE ZERO: ei, para um filme de cãezinhos, até que é bem bacana!
Tudo muito certinho e acertadinho. E isso só é um defeito pra quem quiser 🙂 Filme de cãezinhos, do latim filmus di caninus: toda e qualquer produção que possua como temática principal um ou mais cachorros. Em alguns casos, gatos. Em outros casos, cães e gatos. Em outros, ainda, cães, gatos e hamsters. Generalizando, nesse […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Filme de cãezinhos, do latim filmus di caninus: toda e qualquer produção que possua como temática principal um ou mais cachorros. Em alguns casos, gatos. Em outros casos, cães e gatos. Em outros, ainda, cães, gatos e hamsters. Generalizando, nesse espécime adocicado de Hollywood, os animais são protagonistas de histórias maravilhosas com muito humor pastelão, emoção exagerada e final feliz. Nas suas piores variações, os mamíferos felpudos, não satisfeitos em serem as estrelas, resolvem falar. Esses filmes de cãezinhos são o pior instrumento de tortura utilizado em campos de concentração nazistas, e também canis, já que mesmo os cães não suportam ver a melosidade cinematográfica aos quais seus colegas são submetidos e preferem a morte ao ver um cão agindo como um humano bípede nas telonas. E, pior, o Zarko gosta.

Eu não odeio cachorros. Eu gosto deles. De verdade, são fofinhos, carinhosos e serelepes. Mas sou talvez a única colunista d’A ARCA que não tem afeição maior por esses animaizinhos a ponto de abraçar e beijar um e torcer empolgadamente por eles no cinema. E por isso, a menos indicada para elogiar essa nova produção dos estúdios Disney que narra a história de oito… cachorros. Porém, como tudo aqui n’A ARCA é feito com profissionalismo máximo (heheheheh), essa falta de amores por cachorros de minha parte não influenciará de forma alguma meu juízo do filme – talvez apenas em um parágrafo mais pra baixo, e aí eu aviso você, ok? ;o) – já que muitos dos que vão ler essa crítica podem ser muito mais fãs do melhor amigo do homem que eu e inclusive de filmes que contem histórias sobre eles (Zarko, solte esse babador e esse Box do Beethoven, isso inclui você também). Porém, não é gostar ou não de belos cães siberianos que fará você assistir a este filme. Quem gosta de cachorros provavelmente vai curti-lo muito mais, mas quem não tem nada contra, como eu, também pode assistir a Resgate Abaixo de Zero sem medo de ser (in)feliz.

Isso mesmo, porque apesar de ser um filme de cãezinhos E uma produção da Disney, “Resgate Abaixo de Zero” consegue fugir de um monte de defeitos que poderiam transformá-lo numa maldita produção padrão, e resulta num divertimento bacana. A ação se passa no território gelado e abandonado da Antártica, mais precisamente em uma base de pesquisa norte-americana. Jerry Shepard (Paul Walker, Mais Velozes e Mais Furiosos) é uma espécie de guia dos cientistas que está passando um período por lá e o encarregado de cuidar dos oito cães siberianos, que por sua vez são encarregados de puxar os trenós da expedição na imensidão gelada. Jerry devota um amor incondicional a esses cachorros, e pensa sempre primeiro neles, pra depois lembrar de si mesmo. Percebe-se isso de cara, no relacionamento entre ele e Kate (Moon Bloodgood), também cientista e “pilota” de avião, que aparece por lá e que já teve alguns casos não resolvidos com o moço dos cachorros. A chegada do Doutor David (Bruce Greenwood, Capote), um senhor não acostumado com as agruras do frio, e que busca uma pedra de meteorito lá naquele fim de mundo, coincide com o início de uma grave tempestade de neve que quase acaba com a vida deste e de Jerry. Para salvar a vida de David e fugir do inverno rigoroso, todos são obrigados a abandonar o acampamento às pressas, e os cachorros são deixados lá, acorrentados, com a permissão de Jerry, já que ele, como todos, acreditava que voltariam em breve.

Porém, não é o que acontece. Jerry Shepard, então, vendo-se longe deles e se sentindo profundamente culpado, tenta de todas as formas retornar ao lugar onde ficou sua equipe canina. Mas não espere por isso ver horas inteiras de filme dedicadas a expedições para salvar os cãezinhos. “Resgate Abaixo de Zero” é mais do que aventuras no gelo. Pra falar a verdade, o tal do “resgate” na neve só vai acontecer nos últimos minutos do segundo tempo. Enquanto isso, os seis huskies e dois malamutes tentam sobreviver sozinhos nas terras geladas (mais geladas que terras) da Antártica. Ora, todo mundo sabe qual vai ser o final dessa história… mas ela foi transformada em alguma coisa que vale a pena de ser vista mesmo assim. Não num filmaço tocante e que marque sua vida, mas legal, e ainda mais interessante se assistido no conforto de casa tomando um chocolate quente. E isso é supimpa, porque mostra que, em boas mãos, uma história que poderia ser mais uma seqüência de clichês e discursos batidos consegue virar uma coisa assistível. Claro que, em melhores mãos, viraria uma coisa ainda melhor, mas não se pode ter tudo nessa vida, ora. =D

Tudo nesse filme é contado de forma acertadinha. Os personagens são construídos com cuidado, e dá pra notar claramente como eles foram escritos. A gente percebe o desenvolvimento de cada um dentro da história e seu “crescimento como pessoas” de forma óbvia. As cenas e os diálogos já apontam claramente pra que direção as coisas vão andar. É tudo arrumado e costurado direitinho, praticamente seguindo um manual de roteiro. Até os clichês são bem cuidados e entram na hora certa, mas sem serem esfregados na nossa cara. Todos os elementos que aparecem no roteiro uma vez são um gancho para um evento futuro. Tudo tem um timing certinho. É Disney, né, pessoal? =D E isso é ruim? Putz, pior que não. Claro, não deixa o filme acima dos padrões hollywoodianos e está longe de ser uma ousadia do cinema (deixa isso pro cinema experimental ou autoral…), mas seguindo o manual dos diretores, Frank Marshall fez um trabalho competente. E competentíssimo, diga-se de passagem, se lembrarmos que o cara teve que se virar com temperaturas baixas, uma branquidão que arrepia os cabelos de qualquer responsável por fotografia e ainda lidar com vários animais atuando! Bom, talvez se “Resgate Abaixo de Zero” termina com uma sensação de que poderia ter sido melhor, o defeito esteja justamente na preocupação de deixar tudo bem certinho, sem uma ousadia, ou sem um erro grave de timing pra deixar a gente com algum motivo mais sério pra criticá-lo ^^.

E esse cuidado em acertar em tudo se estende às interpretações também. O personagem Charlie Cooper (outro dos cientistas que mora no centro de pesquisas, vivido por Jason Biggs), por exemplo, foi escrito claramente pra ser o alívio cômico do filme. Mas a interpretação de Jason Biggs (American Pie), que poderia estar exagerada e boba, está divertida e cativante, sem muitas caretas ou chatices de atores que não sabem encarnar um alívio cômico. Paul Walker está apenas razoável, enquanto Bruce Greenwood entrega um trabalho legal.

Se o filme não tem erros? Claro que tem, mas como tudo nessa película, são erros medianos, que não aparecem na tela gritando “olhe pra mim, sou um erro absurdo que deve ser corrigido”. Um dos erros está na trilha sonora. É alegre, felizinha demais, e também ela é absurdamente certinha. Aumenta quando tem que aumentar e fica pianinho quando tem que diminuir. Uma trilha mais diferente talvez levantasse um pouquito mais a produção. E o segundo erro está mais relacionado ao meu gosto pessoal (então só leve em conta se você também não se apaixona facilmente pela vida de animais sendo contada no cinema): é a maneira como é retratada a saga dos oito cachorros sozinhos no gelo. São apenas umas quatro ou cinco cenas, mas se prolongam um pouco dando a impressão de que alguém mudou de canal e passou para um documentário sem narração da Discovery, e, pior, humanizam um bocado os cães. Mas, como eu disse, isso é opinião de quem gosta mais de ver a ação dos humanos conversando entre si… então se quiser tirar a prova, assista ao filme. Mas cuidado pra não morrer de susto com os esquisitões leopardos marinhos.

A palavra certa pra esse filme é inofensivo. Inofensivo e batuta. Seguir manuais de roteiro à risca nem sempre é um defeito. Às vezes é melhor do que arriscar e errar. E se você é um apaixonado por cachorros, suas chances de gostar dele aumentam bastante!

:: CURIOSIDADES

– O uso desses cachorros está banido na Antártica desde 1993 (data em que o filme se passa, aliás), por causa de problemas com doenças como a raiva. Mas quando eram usados, eles eram parte essencial de todas as expedições.

– Frank Marshall é amiguinho de Steven Spielberg. Trabalhava com ele na Amblin Entertainment, e produziu Os Caçadores da Arca Perdida.

– Apesar do filme se passar no início dos anos 90, podem ser vistos vários carros de pós-anos 2000 circulando por suas ruas. E é esse é só um dos exemplos de erros de “tempo” aqui.

– O nome de dois cachorros, Dewey e Truman, são homenagens a políticos dos EUA.

– Repare como o figurinista desse filme gosta de xadrez. Ganhou pontos comigo! ^^

Resgate Abaixo de Zero (Título Original: Eight Below) / Ano: 2006 / Produção: Estados Unidos / Direção: Frank Marshall / Roteiro: Leora David DiGilion, baseado no filme “Nankyoku Monogatari”, escrito por Toshiro Ishido, Koreyoshi Kurahara, Tatsuo Nogami e Kan Saji / Elenco: Paul Walker, Jason Biggs, Bruce Greenwoo, Moon Bloodgood, Wendy Crewsone / Duração: 120 minutos.


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