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Artigo adicionado em 06/04/2006, às 03:24

O NOVO MUNDO: fotografia exuberante é o grande trunfo
Como de costume nas obras de Terrence Malick, aliás… VEJA MAIS: ::: Acesse o Site Oficial ::: Confira o Blog Oficial da Produção ::: Vídeos: Teaser | Trailer | Featurette ::: Baixe um Podcast sobre os Bastidores do Filme Eu poderia começar este texto dizendo que O Novo Mundo (The New World/2005) é, sem sombra […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


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Eu poderia começar este texto dizendo que O Novo Mundo (The New World/2005) é, sem sombra de dúvidas, um dos filmes mais sutis e envolventes do ano passado, merecendo talvez um destino melhor nas bilheterias ianques e também no Oscar 2006 – no qual foi apenas indicado ao prêmio de “melhor fotografia” (merecidamente, é bem verdade). Aliás, eu JÁ comecei o texto falando tudo isso. Mas não deveria. Para ser absolutamente sincero com você, caríssimo internauta, a crítica de “O Novo Mundo” deveria começar mais ou menos assim: “Produção contra-indicada para a geração MTV”.

Esqueça esta história de que se trata de um filme épico, só para começar. É uma superprodução de época pomposa e grandiosa? Sim. Mas esqueça a edição alucinada e as batalhas sangrentas de Tróia e afins. Não, não, mil vezes não. “O Novo Mundo” é, na verdade, mais um exercício de estilo de Terrence Malick – cineasta que retorna às telonas sete anos depois de Além da Linha Vermelha. Os que assistiram a este último filme de guerra repleto de estrelas (de Sean Penn a George Clooney, passando por John Cusack, Nick Nolte, Jim Caviezel e Adrien Brody) já sabem, portanto, o que esperar do sujeito: um verdadeiro poema visual.

Naturalmente avesso à badalações e entrevistas, Malick é mestre em fotografias lindíssimas – e neste “O Novo Mundo”, cuja ambientação é o início da colonização inglesa na América, não é diferente. Cada frame é uma verdadeira pintura, composta com uma impecável direção de arte e uma utilização delicadíssima da iluminação natural e das belíssimas paisagens da Vírginia, nos EUA. Com ritmo lento e minimalista (embora firme e nem um pouco cansativo), pouquíssimos diálogos, alguma narração introspectiva de pensamento e muito som ambiente, ele narra uma história de amor. Sim, sim, essencialmente uma história de amor, muito mais do que uma aventura ou algo do gênero. Numa comparação mais ou menos grosseira: Tarantino é rock ‘n roll. Malick é uma ópera. Eles não são melhores ou piores do que o outro. São só…diferentes. Tendo isso tudo em mente, acho que você pode decidir se está disposto ou não a assistir ao filme.

“O Novo Mundo” mostra a chegada da tripulação do britãnico Capitão Christopher Newport (Christopher Plummer) ao continente recém-descoberto, com a intenção de estabelecer uma colônia: Jamestown. Na bagagem, ele traz o aventureiro John Smith (Colin Farrell) – perdoado de uma sentença de morte por conta de acusações de rebelião. Nem precisa dizer que não demora para que os recursos dos ingleses comecem a se esvair e suas sementes se recusem a florescer naquele território. Forçado a negociar com os índigenas selvagens, Smith acaba capturado como “invasor” pela tribo do poderoso rei Powhatan (August Schellenberg). Poupado pelo imperador, ele deve então ensinar os segredos de sua terra “além das ondas” para a bela filha do monarca da floresta, Pocahontas (Q’Orianka Kilcher). Os dois então se apaixonam e…

Ah, é. Aqui cabe uma explicação. Sim, sim, o nome é este mesmo. Pocahontas. A mesma índia que se transformou naquele longa-metragem animado chatéssimo de 1995. Embora o nome da personagem não seja diretamente citado para evitar problemas judiciais com a Disney, trata-se da história real que se transformaria em lenda para o povo norte-americano. Em “O Novo Mundo”, a trama se desenrola nitidamente em três atos: 1) a chegada de Smith e seu envolvimento com a princesa Pocahontas; 2) seu retorno para o combalido forte de Jamestown e 3) a aparição de John Rolfe (Christian Bale). Por sinal, para quem ainda tem a visão “waltdisneyiana” da história, com um John Smith heróico e incorruptível, basta dizer que as meninas vão ficar suspirando por Bale no final da película.

Além da direção de Malick, “O Novo Mundo” vale destaque pela interpretação apaixonada da linda estreante Q’Orianka Kilcher. Aos 16 anos, ela se entrega ao papel de maneira tão emocional e intensa que chega a engolir Farrell em todas as cenas que contracenam – já que ele vive um Smith meio canastra, daquele tipinho canalha de olhar perdido que anda por aí com a camisa aberta – e acaba dominando a película da metade para a frente.

Quando eu disse, láááááááááááááá no primeiro páragrafo, que “O Novo Mundo” era uma película sutil, queria dizer também que pequenas mensagens sutis se escondem por trás de cada belo fotograma rodado por Malick. Quando Pocahontas acaba adentrando o universo “civilizado”, sua beleza selvagem e seu brilho se perdem em vestidos cheios de babados. Seu rosto perde encanto. Seu olhar perde a magia. E ela mal sorri. Até que, diante do rei e da rainha da Inglaterra, ela se depara com um guaxinim enjaulado, oferecido como um exótico presente do novo mundo para os monarcas. E fica nítido, em sua expressão cabisbaixa, que ela se encontrou – em clara alusão ao que aconteceu com a cultura indígena não só em território estadunidense mas em todo o planeta, praticamente apagada do mapa pela presença massificante dos colonizadores europeus.

Também é possível notar, nas entrelinhas da narrativa, uma crítica disfarçada aos Estados Unidos – que teriam começado sua história com uma guerra por territórios e, vejam só, continuam repetindo este capítulo incessantemente muitos séculos depois. Pode não ter sido intencional, na verdade. Mas se foi, está muito bem disfarçada e tratada com a mesma delicadeza e naturalidade do restante da narrativa.

No fim das contas, “O Novo Mundo” é mais uma obra-prima de Terrence Malick. Uma obra de arte para ser degustada – de preferência, numa sala silenciosa, sem mastigadores compulsivos e adolescentes que vão ficar gritando o tempo todo sobre o quão o Colin Farrell é gostosão. Escolha muito bem a sua sala de cinema e a sessão…e boa viagem.

::: Curiosidades
– Os descendentes de nativos que faziam parte do elenco tiveram que aprender a falar uma língua índigena antiga chamada Algonquin. Especula-se que apenas 3000 pessoas no mundo falem este dialeto atualmente;

– O forte de Jamestown foi construído em 30 dias – o exato tempo que demorou para os conquistadores originais construírem o deles, com a diferença de que os caras tinham muito menos tecnologia à disposição…

– Escolher a intérprete de Pocahontas provou ser uma tarefa bem complicada. Depois de analisar mais de 2.000 atrizes, finalmente os produtores começaram a procurar por atores índigenas na América do Norte e até na América do Sul. Ainda bem que não escolheram a Priscila Fantin. Ela é uma índia perfeita, não?

– Em sua preparação para o papel, Colin Farrell leu todos os 7 livros escritos por John Smith quando ele retornou para a Inglaterra;

– Todos os atores que interpretariam os europeus tiveram que emagrecer pelo menos 9 quilos em um mês e depois foram para um acampamento, onde aprenderam artilharia e também os modos de vida dos colonizadores originais;

– O roteiro de “O Novo Mundo” foi finalizado por Malick na década de 70, mas só veria a luz do dia em 2004;

– A edição do filme foi feita de maneira diferente do que se costuma fazer em Hollywood: já com a trilha pronta do veterano James Horner, Malick começou a finalizar o filme ao redor dela – e não ao contrário.

O Novo Mundo (Título Original: The New World) / Ano: 2005 / Produção: EUA / Direção: Terrence Malick / Roteiro: Terrence Malick / Elenco: Colin Farrell, Q’Orianka Kilcher, Christian Bale, Christopher Plummer, August Schellenberg, Wes Studi, David Thewlis / Duração: 135 minutos


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