A ARCA - A arte em ser do contra!
 
Menu du jour! Tutu Figurinhas: o nerd mais bonito e inteligente dessas paragens destila seu veneno! GIBI: Histórias em Quadrinhos, Graphics Novels... é, aquelas revistinhas da Mônica, isso mesmo! PIPOCA: Cinema na veia! De Hollywood a Festival de Berlim, com uma parada em Nova Jérsei! RPG: os jogos de interpretação que, na boa, não matam ninguém! ACETATO: Desenhos animados, computação gráfica... É Disney, Miyazaki e muito mais! SOFÁ: É da telinha que eu estou falando! Séries de TV, documentários... e Roberto Marinho não está morto, viu? CARTUCHO: Videogames e jogos de computador e fliperamas e mini-games e... TRECOS: Brinquedos colecionáveis e toda tranqueira relacionada! Tem até chiclete aqui! RADIOLA: música para estapear os tímpanos! Mais informações sobre aqueles que fazem A Arca Dê aquela força para nós d´A Arca ajudando a divulgar o site!
Artigo adicionado em 06/04/2006, às 03:26

NEOKOSMOS: RPG nacional com cara de Grécia Antiga!
E sem dragões? Jura? LEIA MAIS: ::: Confira o mapa de NeoKosmos ::: Baixe papéis de parede das artes do livro ::: Baixe em PDF a primeira errata do livro! ::: Planilha de Personagem (D20) | Planilha de Personagem (Daemon) ::: Confira a coluna quinzenal sobre NeoKosmos na RedeRPG “O Monte Olimpo se ergue majestoso […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


LEIA MAIS:
::: Confira o mapa de NeoKosmos
::: Baixe papéis de parede das artes do livro
::: Baixe em PDF a primeira errata do livro!
::: Planilha de Personagem (D20) | Planilha de Personagem (Daemon)
::: Confira a coluna quinzenal sobre NeoKosmos na RedeRPG

“O Monte Olimpo se ergue majestoso e imponente. De seu cume, Zeus Trovejante observa os homens em suas cidades, comerciando, estudando, vivendo seus amores, lutando suas guerras, louvando e temendo seus Deuses. A gloriosa Hélade pulsa vibrante no coração dos heróis, dos governantes, dos filósofos, dos artistas, todos os que atraem a atenção daqueles que habitam o topo da montanha. A Grécia perdida nas areias do tempo.

Mas não só o tempo faz a diferença.

Esta não é a Grécia. Não é a Europa. Não é a Terra. É NeoKosmos”

A pomposa introdução já dá uma dica do que podemos esperar de NeoKosmos, novo lançamento RPGístico da Editora Daemon dentro da linha Arcádia – por sinal, o primeiro livro publicado a definir qual é a natureza deste plano, abrindo um parágrafo esperado há muito tempo pelos fãs de RPG do Brasil.

Uma das maiores novidades da Daemon apresentadas durante a recente Bienal do Livro de São Paulo, “NeoKosmos” foge do conceito básico de que as ambientações de RPG geralmente são sobre cavaleiros medievais, magos, bardos e dragões ou então sobre vampiros, lobisomens e demais criaturas das trevas em pleno universo cyberpunk. Embora possa ser considerado um setting de fantasia épica, “NeoKosmos” tem como proposta levar o jogador ao universo da mitologia grega – seus deuses, seus heróis, suas batalhas gloriosas.

Para falar um pouco sobre a obra, nada mais justo do que bater um papo com seus criadores, os brazucas do Krypteia Estúdio Criativo. O conceito do Krypteia (nome do serviço secreto do exército espartano, só para alertar aos desavisados) é basicamente o mesmo deste mesmo site que você está acessando agora: um grupo de amigos com interesses em comum que resolveram deixar a conversa mole de lado e colocar a mão na massa. Tomara que você, que sempre quis escrever o seu próprio livro de RPG ou publicar a sua história em quadrinhos, se sinta encorajado com esta entrevista. Vamos a ela:

A ARCA: Antes de mais nada, faz-se necessária uma explicação sobre a ambientação aos jogadores de RPG mais confusos: afinal, onde está ambientado este primeiro livro da linha Arcádia, “NeoKosmos”? No material, podemos ver a seguinte explicação: “Esta não é a Grécia. Não é a Europa. Não é a Terra. É NeoKosmos”. Isso quer dizer que é um outro universo, mas inspirado na mitologia grega? Quais seriam as principais diferenças?
Krypteia Estudio Criativo: Para responder essa pergunta, primeiro temos que entrar no conceito de Arcádia. No livro, são estabelecidas quatro possíveis explicações para o que é Arcádia (geral), mas todas elas giram em torno de ser um outro plano (seja abordada uma explicação metafísica, de realidade alternativa, o que seja). Arcádia é como se fosse um oceano que abriga “ilhas” que são na verdade universos completos em si. NeoKosmos é um destes universos, e pretendemos trabalhar outros nos próximos projetos da Krypteia. Então o NeoKosmos é um outro mundo. Um mundo que foi preenchido pela cultura e mitologia grega, uma mudança provocada pela chegada dos Deuses Gregos, que saíram da Terra perseguindo os Titãs, que fugiram do Tártaro.

AA: Como vocês chegaram a esta ambientação?
KEC: A princípio, o que nós queríamos era um cenário com mitologia e aspectos históricos gregos. Havíamos lido o livro Portões de Fogo, de Steven Pressfield, e imediatamente lembramos do 300 de Esparta de Frank Miller, já ligando com a Ilíada e a Odisséia e os 12 Trabalhos de Hércules. Queríamos tudo aquilo, mas era difícil se divertir sabendo que as personagens que criássemos não iam ter o destaque que Dienekes, Leonidas, Aquiles, Odisseu, Ajax… toda personagem de RPG quer ser épica, quer ter um impacto no mundo, e num mundo de estórias e história que já passaram eles não iam ter muita liberdade. Por mais duro que eles lutassem, Atenas ia perder a Guerra do Peloponeso. Então precisávamos tirar do contexto histórico. Pretendemos fazer um cenário novo mas com a ambientação e, é claro, mitologia grega proeminentes, nos mesmos moldes de outros cenários que fizeram isso com cultura árabe, japonesa, etc. Mas nós precisávamos de uma explicação para isso, não achávamos legal que eles “simplesmente” estivessem lá. Então, num dia depois de muitas cervejas tivemos a idéia da fuga dos Titãs, da perseguição dos Deuses, da Segunda Titanomaquia, do mundo devastado que os gregos ajudaram a reconstruir, fazendo do seu modo.

AA: Vocês sentem que o jogador de RPG mais velho já está meio de saco cheio das mesmíssimas ambientações de fantasia medieval e dos vampiros e lobisomens do mundo das trevas?
KEC: É difícil generalizar isso, mas se for para considerar o nosso círculo de jogo, é verdade. Aliás, foi um pouco por isso que o NeoKosmos nasceu, porque a gente queria um jogo um pouco diferente.

AA: Aliás, por falar nisso: que motivos vocês dariam para que o sujeito acostumado aos cenários épicos de D&D resolva dar uma chance ao cenário de NeoKosmos?
KEC: Um é que a interferência divina é tangível, constante. No NeoKosmos, um Deus aparece e fala com sua personagem sem efeitos de luzes e corais de anjos. Mas mesmo assim com uma presença grandiosa. Ou então o Deus pode atrapalhar as personagens sem elas nem saberem por que, provavelmente porque fizeram algo que desagradou o Deus em uma aventura anterior. Ou por puro capricho. Em contrapartida, e meio contraditoriamente, o NeoKosmos também enfatiza bastante a realidade pé-no-chão. No NeoKosmos não tem a orgia de armas mágicas, magos indo na loja da esquina comprar pergaminhos mágicos ou outros clichês “quebradores de clima” do RPG. No NeoKosmos vai ter aqueles elementos das tragédias gregas: traições, raptos, tarefas…Por fim, o NeoKosmos vai ser um cenário dinâmico, que vai desenvolver suas tramas ao longo do tempo. Já temos planejado o futuro do cenário e seus principais PnJs, e vamos tentar dar abertura aos mestres e jogadores para também colaborarem nesse desenvolvimento.

AA: Já deu tempo de sentir algum tipo de retorno dos jogadores depois dolançamento de “NeoKosmos”? O conceito agradou os RPGistas brazucas?
KEC: Achamos que foi pouco tempo, ainda não circulou muito. Os contos do RedeRPG tiveram boa aceitação, e as pessoas que compraram o livro fizeram comentários muito bons a respeito. Estamos incentivando o pessoal a comentar mesmo, queremos saber o que o público achou do estilo que usamos, do que fizemos.

AA: Esta é uma dúvida que acredito que todo jogador de RPG tenha – quando e como um grupo de amigos que jogavam RPG decidiu: vamos fazer o nosso próprio livro de RPG?
KEC: Não foi a primeira vez que isso aconteceu para nós com certeza. Desde quecomeçamos a jogar cada um de nós teve pelo menos uma vez a idéia de escrever um livro, criar um cenário ou pelo menos fazer uma fan fic. Mas essa foi a primeira vez que tivemos essa idéia juntos, e acho que talvez a única coisa boa de ficar mais velho é ser um pouco mais focado e produtivo, o suficiente para fazer o sonho realmente virar realidade.

AA: E como foi o processo de criação – do desenvolvimento ao contato com a Daemon?
KEC: Não dá pra dizer que foi um processo fácil… a gente discutiu muito, brigou algumas vezes, deu um tempo, retomou, rasgou, refez, enfim, tudo aquilo que é saudável para o desenvolvimento de um trabalho em grupo; além de muitas atribulações nas vidas pessoais de cada um dos membros. Novamente, a experiência que a idade traz, trabalhar no escritório, fazer a monografia, todas foram experiências que ajudaram a gente a enfrentar o processo dedesenvolvimento e chegar no fim a), mais importante de tudo, ainda amigos (e grandes amigos); e b) com o trabalho pronto. O contato com a Daemon veio depois da abertura no RedeRPG, intemediado por uma amiga comum nossa e do Marcelo DelDebbio. Não foi nem um mês de negociações, aceitamos quase que no ato a proposta. Afinal, saltar do nada para line developer era algo que a gente não tinha sonhado!

AA: No site da Krypteia, vocês falam em “reunir em um lugar só material que antes estava disperso por diversas mídias, ou outros que estavam na escuridão das gavetas”. Que dica vocês dão para o sujeito que tem um projeto escondido na gaveta? Como ele pode fazer para que isso se transforme em realidade, como foi o caso do NeoKosmos?
KEC: Um, saiba que você está criando para outras pessoas, não para você. Pense que elas têm que gostar do que você criou. Dois, saiba que quem está criando é você, não outras pessoas. Pense que você tem que gostar do que você está criando. Três, consiga cumprir a dica número um e a número dois ao mesmo tempo. Quatro, não desista.

AA: Aproveitando o nomento citação, a Daemon anunciou “NeoKosmos” como “um dos mais esperados RPGs nacionais de todos os tempos”. Vocês também sentem assim? Tamanha responsabilidade não assusta vocês?
Como diria o finado Vicente Matheus, saiu na chuva é pra se queimar. Pra começar o projeto a gente já teve que vencer muita inércia, a “sucessofobia” característica da Geração X (que quase todos nós fazemos parte), e tomou consciência de que tinha chegado a hora de parar de brincar. Nós nos preparamos, sabendo que tinhamos feito um trabalho que não devia em nada de qualidade. Estávamos confiantes. E, é claro, tudo isso foi por terra na hora de dar o primeiro autógrafo, sentir a mão tremendo e o coração disparando. Mas depois a gente reganhou a compostura!

AA: O que vocês acham do atual mercado de RPGs nacionais? A qualidade e o profissionalismo no tratamento (elaboração gráfica, distribuição, etc.) já são comparáveis aos do material gringo?
KEC: Acho que em qualidade criativa, não deve nada pra nenhum outro mercado do mundo. A dificuldade que vemos está no público, que é bom, qualificado, mas infelizmente em número reduzido. Poucos consumidores significam baixas vendas, baixas tiragens, alto custo e pouca verba para divulgação, etc. Achamos que o hobby precisa ser um pouco mais difundido, e a Krypteia quer colaborar com isso.

AA: Voltando ao NeoKosmos – e quanto ao sistema de regras propriamente dito? Por que a opção pelo D20 e não pela criação de um sistema completamente novo?
KEC: Optamos por usar sistemas de licença aberta por dois motivos: um era para usar a maior parte do livro para ambientação. Não queríamos usar páginas e capítulos fazendo um sistema novo sendo que já podíamos usar um aberto. Dois, porque sinceramente a gente não tinha tempo para criar, já consumíamos o que tinhamos livre com a ambientação. No final das contas, tem também o terceiro motivo que é puramente mercadológico: é mais fácil ter sucesso usando um sistema que as pessoas já conhecem do que tentar empurrar um novo para elas. Por isso, acabos decidindo pelo formato multissistema. O D20, sistema popular mundialmente, daria suporte para campanhas mais épicas, com mais ação e lutas; e o Daemon, um dos mais difundidos no Brasil, que por sua letalidade inibiria um pouco os combates e traria um clima um pouco mais realista. Ficamos felizes com as duas escolhas.

AA: Que livros, filmes e músicas vocês sugerem como material complementar para o sujeito interessado em começar a jogar “NeoKosmos”?
KEC: Tem uma página inteira no livro sobre isso, mas já citamos como livros o “Portões de Fogo”, a “Ilíada”, a “Odisséia”, a Eneida e o Canção de Tróia. Em filmes, alguns de nós recomendariam o Tróia, outros não; mas todos recomendam o Fúria de Titãs e o 300 que estreará ano que vem. Em música, com certeza o Virgin Steele!

AA: O que podemos esperar da Krypteia no futuro? Temos mais livros da linha Arcádia planejados num futuro próximo? Ou têm outras novidades a caminho?
KEC: Estamos trabalhando na continuidade do NeoKosmos, e no livro Nova Arcádia, que vai falar de um outro cenário dentro da Arcádia, isso que deve ser ainda esse ano. Temos também outras idéias para o futuro, mas por enquanto elas não tem nem previsão ainda. E vamos tentar expandir os horizontes para além do RPG também, entrar na literatura é uma das idéias mais próximas no momento.

Ficha Técnica:
NeoKosmos (Título original: Idem) / Ano: 2005 / Editora: Daemon / Desenvolvido por: Krypteia Estudio Criativo / Ilustrações: Alexandre Valença Alves Barbosa, Alfredo Mellado Bouzas, Américo Ruiz Neto, Diego Luiz Rodrigues e Rodrigues, Leonardo Nogueira de Abreu / Lançamento: março de 2006 / Preço: R$39,90 / 280 páginas


Quem Somos | Ajude a Divulgar A ARCA!
A ARCA © 2001 - 2007 | 2014 - 2024