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Artigo adicionado em 24/03/2006, às 03:21

OS 70 ANOS DO ESPÍRITO QUE ANDA
A criação máxima de Lee Falk até hoje atravessa gerações! “Juro que dedicarei toda a minha vida à tarefa de destruir a pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça. E meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão” — Juramento da Caveira Antes tarde do que nunca. Houve quem reclamasse do fato […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


“Juro que dedicarei toda a minha vida à tarefa de destruir a pirataria, a ganância, a crueldade e a injustiça. E meus filhos e os filhos de meus filhos me perpetuarão”
— Juramento da Caveira

Antes tarde do que nunca. Houve quem reclamasse do fato d’A ARCA ter deixado passar, em brancas nuvens, o aniversário do Fantasma (não foi bem assim, mas tudo bem). No entanto, tentando reparar a nossa ligeira escorregadela, passei alguns dias afundado em antigos arquivos do universo quadrinístico e…

Hey.

É, você aí.

Por que diabos você está me olhando com esta cara desconfiada? Ah, sim. Eu presumo o que diabos você, leitor costumaz d’A ARCA, esteja pensando neste exato momento. “Ah, vá. E o que raios eu quero saber sobre o Fantasma, um chatéssimo herói mascarado publicado pela primeira vez em 17 de fevereiro de 1936?”. Meu caro…você não poderia estar mais enganado. É bem verdade que, ao completar seus 70 anos, talvez o personagem pareça para os leitores mais jovens um resquício empoeirado dos primórdios das HQs de super-heróis. “Bom mesmo é ‘Crise de Identidade’, isso sim é uma histporia de super-heróis atual”. Vai mentir que isso não passou pela sua cabeça? Bem…acho que eu talvez tenha um ou outro argumento na manga para convencê-lo de que o Fantasma está a altura de qualquer herói de quadrinhos da Marvel ou da DC. Onze deles, para ser mais exato.

1) Lee Falk
Quando começou a carreira nos quadrinhos, Falk (falecido em 99) era apenas um estudante. Aos 25 anos, em 1936, começou a publicação de Os Piratas Singh (The Singh Brotherhood), história publicada em tiras diárias nor jornais americanos e que seria concluída meses depois, em novembro – sendo que o próprio Fantasma, personagem principal, demoraria pelo menos cinco tiras para dar as caras. Se Brian Michael Bendis escrevendo Homem-Aranha Ultimate por cerca de 150 números é um marco para você, o que dizer de Falk – que cuidou sozinho dos roteiros de sua criação por 60 anos initerruptos? E com com muita qualidade: boas doses de linguagem cinematográfica, mistério, aventura, tramas intrincadas e até um tantinho de política internacional. É mole?

2) O Pioneirismo
Três anos ANTES do Batman dar as caras em Gotham City, Kit Walker já defendia com os punhos o bem-estar das florestas de Bengala, no nordeste do Oceano Índico. Foi o primeiro super-herói mascarado de que se tem notícia – e, assim como o Homem-Morcego, sempre combateu o crime sem quaisquer super-poderes, ancorado na inteligência, na habilidade física e, é claro, no mito. Afinal, a dinastia dos Walker criou uma lenda acerca deste guerreiro ancestral, vivo há mais de 400 anos em combate ao crime. E conforme um certo Bruce Wayne afirmaria mais tarde, possivelmente inspirado na lenda do “espírito que anda”, os criminosos são uma “raça supersticiosa”. Aliás, por falar em Bruce Wayne, uma curiosidade: ninguém, nem o leitor, podia ver o verdadeiro rosto de Kit Walker, o alter-ego do Fantasma. Ele sempre aparecia ou com a máscara do Fantasma ou então de óculos escuros, capa e chapéu.

3) A Mitologia
Nada de pais assassinados na saída do cinema. No caso do Fantasma, o buraco é mais embaixo. Tudo começou com o navegador inglês Christopher Standish, que esteve ao lado de Cristóvão Colombo na descoberta da América. Em uma de suas navegações, cruzou o Cabo da Boa Esperança ao lado do filho, o jovem Kit (apelido de Christopher), e acabou indo parar no tal Golfo de Bengala. Lá, a embarcação foi cruelmente atacada por piratas, que trucidaram toda a população – mas, graças ao ataque de um tufão, Kit foi o único que permaneceu vivo em uma simplória jangada. Dias depois, o sujeito aportou em uma praia e foi recebido pelos pigmeus Bandar. Como era a primeira vez que eles viam um homem branco, Kit foi recebido como uma espécie de deus. Mas tudo que ele tinha em seu coração era o desejo de vingança – que aumentaria quando o corpo decomposto do pai surgisse na mesma praia. Depois da cremação, Kit pegou o crânio de seu progenitor e, diante de uma fogueira, prestou pela primeira vez o Juramento da Caveira. Surgia então a linhagem do Fantasma. Christopher Standish se tornou Kit Walker, que se tornaria mais tarde o nome de todos os seus descendentes destinados a envergar o manto roxo do herói. A mitologia local acredita que o Fantasma ainda é o mesmo desde que surgiu, dotado de poderes sobrenaturais vindos da natureza. Nada disso. Na verdade, o Fantasma que estrela as histórias desde a década de 30 é o 21º da família.

4) A Família
Antes do nosso 21º paladino da justiça, seus antepassados foram membros proeminentes da história. O 3º, por exemplo, se casou com a sobrinha de William Shakespeare e, vejam só, chegou a atuar na primeira montagem de “Romeu e Julieta”. Já o 9º foi mais longe e trocou alianças com uma princesa da Mongólia, enquanto o 13º se envolveu com uma irmã do corsário Jean Lafitte. Por último, temos o 16º, que subiu no cavalo e foi caubói no Velho Oeste, além de conhecer pessoalmente o próprio Mark Twain.

5) O Anel
Anel do Lanterna Verde? Pára com isso. No caso do Fantasma, ele usa dois anéis. O primeiro e mais conhecido está na mão direita – é aquele em forma de caveira que marca permanentemente qualquer malfeitor que leve um soco do nosso intrépido herói. Já o da mão esquerca é o chamado “anel do bem”, cujo símbolo quer dizer proteção – e aqueles que têm um destes estarão para sempre protegidos sob o olhar atento do vingador mascarado.

6) A Mocinha
Não tem nem como comparar: Lois Lane ainda precisa comer muito arroz com feijão para chegar aos pés de Diana Palmer. Além de bela, a moça é inteligente, corajosa e sem papas na língua. Sabe atirar, sabe andar a cavalo, sabe lutar e sabe até pilotar um avião! Herdeira de uma fortuna, preferiu correr o mundo em busca de aventuras como uma bem-sucedida exploradora. Combateu espiões nazistas, foi enfermeira na África e terminou a carreira na ONU, lutando contra a atuação de ditadores em todo pequeno país fictício que a imaginação de Falk pudesse criar. Isso é que é mulher. É bem verdade que Walker só se casaria com ela depois de 40 anos. E sem a simpatia da sogra. Mas tudo bem.

7) Os Coadjuvantes
Todo bom super-herói tem um elenco de coadjuvantes de responsa. No caso do Fantasma, ele conta principalmente com a ajuda de Guran, o líder dos Bandar, seu melhor amigo e principal ajuda quando o assunto são “ervas medicinais”. Sempre que precisa saber de alguma coisa, o Fantasma recorre à sabedoria do velho ancião Mozz. Ele também tem seu próprio sidekick, o menino Rex King, um órfão criado pelos indígenas e que nosso galante justiceiro adotaria anos depois. E quem precisa do Krypto quando tem um lobo selvagem que atende pelo nome de Capeto e um cavalo branco chamado Herói?

8) O Quartel-General
A morada do Fantasma é, obviamente, a Caverna da Caveira. Além de uma enorme biblioteca com os registros de todas as aventuras de seus antecessores, Kit Walker também tem, conforme manda a tradição, acesso a uma enorme cripta na qual pode conversar com os espíritos de seus 20 ancestrais, descobrindo novas experiências dos outros que também foram o Fantasma em tempos passados.

9) O Desenho Animado
Herói que se preza também vira animação. Ok, nos anos 80, pudemos ver a participação do Fantasma no desenho animado Defensores da Terra, ao lado de outros personagens clássicos como Flash Gordon e o mágico Mandrake (por sinal, outra criação de Lee Falk). No entanto, se tratava de uma versão futurista do Fantasma, um herdeiro do clássico 21º Espírito Que Anda – e que, por sinal, já tinha uma herdeira, a rebelde filhota adolescente Jedda. O mais bizarro, no entanto, era o fato de que este Fantasma não era um ser-humano comum – mas sim um sujeito que invocava as forças dos animais, ao melhor estilão Bravestarr. Portanto, este aí não conta. O que vale ressalva mesmo é a interessante série animada O Fantasma em 2040, da década de 90, exibida no Brasil no canal a cabo Multishow e, mais tarde, nos horários infantis matinais da Rede Globo. Criado por Peter Cheung (também criador de Aeon Flux), o desenho carregava o traço elegante e tipicamente europeu do artista, além de tramas bem elaboradas e focadas em um público mais adulto. Em um futuro altamente tecnológico, com robôs para todos os lados, implantes cibernéticos e a total depredação da natureza, eis que surge um novo Kit Walker, bisneto daquele que conhecemos, para assumir o uniforme do eterno defensor de Bengala.

10) O Filme
Nos dias de hoje, todo bom super-herói das HQs também tem a sua adaptação cinematográfica. Vamos ignorar o seriado para os cinemas de 1943, que trazia o cachorro Ace (mais conhecido como o heróico Rin.Tin.Tin) como Capeto e falar logo sobre a versão hollywoodiana de 96, com Billy Zane no papel principal. Sei que já falei sobre isso em outras ocasiões, mas é fato: Lee Falk gostou do filme. Eu também. Os fãs mais tradicionalistas não. No entanto, é impossível negar que todos os elementos clássicos estão ali, incluindo os vilões Xander Drax (Treat Williams, da série “Everwood”) e Kabai Sengh (Cary-Hiroyuki Tagawa, o Shang Tsung do primeiro “Mortal Kombat”). O proposta do uniforme com algumas texturas tribais é beeeeeeeem legal, assim como a movimentação um tanto sinuosa, como um tigre em plena caça, de Zane enquanto mascarado. No final das contas, é bem mais fiel e respeitoso à mítica do personagem do que coisas como Elektra, por exemplo.

11) O Uniforme Multicolorido
E que super-herói mascarado não tem o seu, hã? No caso do Fantasma, ele é roxo. Pelo menos originalmente, em território americano. Afinal, quando suas aventuras começaram, o sujeito (e todo o restante de seu universo) era impresso em preto e branco. Quando o herói começou a ser publicado no Brasil, a impressão era preta e vermelha. Bingo: foi só o personagem ganhar cores que a roupitcha do Fantasma em terras tupiniquins ficou vermelha, assim como na França, na Itália e na Espanha. Já na Austrália, onde faz um sucesso tremendo até hoje (com revista quinzenal e tudo), o Fantasma começou com um uniforme VERDE.


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