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Artigo adicionado em 27/03/2006, às 04:27

OS 20 ANOS DOS CAVALEIROS DO ZODÍACO
Qual é o segredo de tamanha vitalidade, afinal? Leve ‘Os Cavaleiros’ para casa!: A Saga de Poseidon | A Saga de Asgard “A Lenda nos diz que os Cavaleiros de Atena sempre aparecem quando as forças do mal tentam apoderar-se do mundo. Em uma era longínqua, existia um grupo de jovens que protegiam Atena, a […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Leve ‘Os Cavaleiros’ para casa!: A Saga de Poseidon | A Saga de Asgard

“A Lenda nos diz que os Cavaleiros de Atena sempre aparecem quando as forças do mal tentam apoderar-se do mundo. Em uma era longínqua, existia um grupo de jovens que protegiam Atena, a Deusa da Guerra e da Razão. Eram chamados de Os Cavaleiros de Atena e sempre combatiam sem armas. Conta-se que com um movimento de mão eles eram capazes de rasgar o céu. E que com apenas um pontapé abriam fendas na terra. Hoje, um novo grupo de Cavaleiros, com o mesmo poder e idêntica coragem, chegam à Terra”

Filipe Machado, 22 anos, se considera um viciado. No entanto, o estudante do segundo ano de Ciências da Computação não é do tipo que esconde o “problema” dos amigos ou mesmo dos pais. Pelo contrário: ao invés de exercer o vício trancado no quarto, ele o compartilha com o irmão de 10 anos, todos os dias, na frente da televisão. “Tenho muito orgulho de ser viciado em Cavaleiros do Zodíaco“, diz ele, que não perde um episódio do desenho exibido diariamente pela Rede21 às 19h30. “Só saio para a faculdade quando o desenho acaba”.

O jovem paulistano começou a assistir à saga dos personagens criados pelo japonês Masami Kurumada em 1994, assim que o desenho foi exibido pela primeira vez no Brasil, na extinta TV Manchete. Foi paixão à primeira vista. Desde então, ele coleciona tudo que tenha a cara do cavaleiro Seiya estampada: revistas, livros, camisetas, canecas e, é claro, bonequinhos. Muitos deles. Na estante (fora do alcance do irmão, leia-se bem), Filipe mantém respeitáveis 15 guerreiros em armaduras – sendo que o mais recente deles, adquirido há cerca de quatro meses, custou quase R$ 120,00. “É quase a metade do que eu ganho no estágio. Passei o resto do mês sem almoçar direito no trabalho e saindo muito pouco à noite. Mas valeu a pena. Não é legal?”, sorri o jovem, exibindo o troféu.

Se você acha que isso é um exagero, que tal o caso de um fã, entre 25 e 30 anos, que ligou para uma loja de brinquedos pedindo “duas coleções completas de bonecos dos Cavaleiros”, cada uma delas num valor aproximado de R$ 1000? “E o pior é que é verdade. ‘Cavaleiros’ está se tornando um Star Wars, um Star Trek, um franquia forte assim mesmo. Passou da febre para virar um clássico”, aposta Walter Tormin Neto, 23 anos, um dos responsáveis pelo maior site de fãs da série, o www.cavzodiaco.com.br.

A saga dos Cavaleiros do Zodíaco (“Saint Seiya” no original) começaria há exatos 20 anos, quando a criação de Kurumada e começou a ser publicada, em janeiro de 1986, na célebre revista semanal japonesa Shonen Jump. Rapidamente, os combatentes de Atena chegaram a vendagens expressivas, atingindo o recorde com mais de 6 milhões e 500 mil exemplares. No mesmo ano, o mangá seguiria o caminho tradicional e se transformaria em animê – com estréia no dia 11 de outubro, nas telinhas da TV nipônica Asashi.

A série da Toei Animation, que teve no total 114 episódios, teve suas “liberdades criativas”, é claro. Além do surgimento de alguns personagens que não existiam no mangá (como os Cavaleiros de Aço e o Cavaleiro de Cristal, mestre de Hyoga), a Toei chegou a criar uma saga completamente nova – o arco de histórias que se passa em Asgard. Mesmo assim, o desenho se tornou um fenômeno em todo o planeta, superando até mesmo a abrangência que tinha conseguido na Terra do Sol Nascente.

Aqui no Brasil, os personagens aportaram batizados da mesma forma que na França (“Les Chevaliers du Zodiaque”) – e, por sinal, o nome “Cavaleiros do Zodíaco” acabou se tornando obrigatório em quase todos os países ocidentais. Exatamente no dia 1º de setembro de 1994, a Manchete, especialista na exibição de seriados japoneses live-action, colocou no ar o primeiro episódio dos Cavaleiros, levando a molecadinha brazuca ao delírio.

Depois do sucesso estrondoso, quando a série chegou a vender 800.000 bonequinhos num único Dia das Crianças, em 1995, os Cavaleiros tiveram sua exibição cancelada em 97. Mas o fanatismo ainda perdurou por anos a fio. “O garoto que gosta de Pokemón, quando cresce, geralmente abandona o gosto pela série. Já o fã de Cavaleiros costuma ser mais fiel”, explica Tormin. Uma das provas foi justamente o evento que ele e a equipe do site organizaram em 2003, antes do retorno da série: o Cavaleiros Anime Show. “Colocamos quase 5.000 pessoas no Palácio dos Trabalhadores, na Liberdade. E isso com divulgação só em veículos especializados para fãs”.

No segundo semestre de 2003, viriam as boas novas: o canal a cabo Cartoon Network começava a reexibir, desde o primeiríssimo, todos os 114 episódios da série animada. Em julho de 2004, então, o desenho voltaria à tevê aberta – desta vez pela Rede Bandeirantes, com a sofrível apresentação da cantora Kelly Key.

No entanto, este relançamento da franquia Cavaleiros do Zodíaco em território nacional contou com a partipação ativa dos fãs. “A gente se meteu em tudo. Com responsabilidade, é claro”, justifica Eduardo Vilarinho, webmaster do www.cavzodiaco.com.br. Foram eles, por exemplo, que pressionaram a produtora Álamo a convocar a maior parte do elenco original de dubladores do desenho para refazer as vozes. Também partiu dos fãs a iniciativa de convidar Eduardo Falaschi, vocalista da banda Angra, para dar voz a uma versão em português de “Pegasus Fantasy”, música de abertura do desenho. “Na verdade, foi uma indicação nossa. Nós corremos atrás do Falaschi, fizemos a proposta e ele disse: ‘Topo’. Então, pedimos para que ele entrasse em contato com a Álamo e, dois dias depois, ele estava gravando”, conta Tormin. “Hoje em dia, todo produto que envolve Cavaleiros tem a mão de algum fã”.

Tamanha correria valeu a pena: o mercado está entupido de produtos da franquia dos cinco guerreiros defensores da deusa Atena. São cadernos, gibis, canetas, chicletes e, é claro, as cobiçadas caixas de DVDs. O mais recente álbum de figurinhas, lançado há seis meses, por exemplo, tem vendagens que beiram 1.000.000 de exemplares, tornando-se o álbum mais vendido do Brasil nos últimos anos. Isso sem falar nos bonequinhos da Long Jump, que são a grande sensação para os fãs como Filipe e já venderam 250.000 unidades desde o lançamento, em 2003. “E não vendeu mais porque eles não trouxeram mais, já que a opção da empresa é trazer lotes com 2.000, 3.000 unidades”, explica Vilarinho. “É caro? É. Mas tá vendendo!”.

Tanta diversidade de material nas lojas acaba fazendo os fanáticos entrarem em parafuso. “Eu não tenho dinheiro para tanta coisa. Por um lado é legal, porque agora tem Cavaleiros por todos os lados. Mas, desse jeito, eu vou à falência!”, brinca Filipe. “Por um lado os fãs amam, por outro eles reclamam. Mas não era isso que vocês queriam? Por que estão reclamando?”, retruca Vilarinho – que também tem a sua cota de loucuras cometidas em nome dos Cavaleiros. O jovem de 24 anos comprou o ingresso para ver a estréia do último longa-metragem animado dos Cavaleiros… no Japão. Mas, como ele mesmo já podia supôr, acabou não tendo condições financeiras de bancar a viagem. “Tenho o ingresso guardado até hoje”, ri ele, sem revelar o valor da aquisição.

Tormin, seu parceiro de site, foi mais longe: com um roteiro para uma animação caseira estrelada pelos personagens em mãos, ele conseguiu os contatos dos dubladores brasileiros da série e ligou pessoalmente para cada um, solicitando que fossem a sua casa para gravar ao vozes. “E não é que eles vieram?”, diverte-se.

Embora seja mais novo que a dupla de fanáticos e só tenha conhecido os Cavaleiros nesta segunda onda, o estudante Arnaldo Mendonça, 15 anos, se considera tão fanático quanto os veteranos. Headbanger de carteirinha, o garoto era anteriormente avesso ao som do Angra – mas acabou convencido pelos amigos a ir num show da banda liderada por Falaschi. E não é que acabou ficando ‘apaixonado’ pelo grupo depois que o vocalista resolveu atender aos apelos dos fãs e cantar um trechinho da música de abertura do desenho? “O cara ganhou o meu respeito”, diz o ruivinho, do alto de sua sabedoria.

Num quarto repleto de pôsteres dos heróis de armaduras e cabelos multi-coloridos, ele liga a guitarra num amplificador improvisado e mostra um dos primeiros acordes que aprendeu na aula. Sim, exatamente: acertou quem apostou que era “Pegasus Fantasy”. Com os amigos, ele só sai devidamente trajado com uma camisa de Shiryu, o cavaleiro de Dragão. E na escola, os Cavaleiros estão estampados na capa de seu cadernos. “Apesar da gozação da galera, né?”, revela ele, um pouco envergonhado. A mãe, Dona Marta, admite ficar um pouco preocupada – especialmente com a violência da série. Ela se assustou, por exemplo, com uma cena do primeiro episódio, quando Seiya, o personagem principal, arranca impiedosamente a orelha de um adversário num único golpe. “Fiquei chocada. Tenho receio que ele saia batendo nos amiguinhos depois de ver o desenho na TV. Pode parecer coisa de mãe neurótica, mas…sei lá”. Os fãs mais velhos defendem: “Não é uma violência gratuita. Tudo tem um contexto na série. E sempre é bom enaltecer o aspecto legal do desenho, como a amizade, o trabalho em equipe e a coisa do sacríficio por uma causa nobre”, explica Vilarinho.

Nenhum caso, no entanto, é tão conclusivo quanto o do fã francês Jérome Alquié. Egresso do segundo país no mundo a exibir o desenho dos Cavaleiros (em 88), o aspirante a desenhista ficou indignado quando descobriu que não havia planos de transformar a Saga de Hades, último arco dos personagens publicado em quadrinhos, em desenho animado. Tão indignado que chegou a ameaçar a produtora Toei: “Se vocês não produzirem, eu mesmo compro os direitos e produzo”. Mas Alquié foi mais além: estudou animação convencional e fez três minutinhos com cenas da saga. E ainda teve o despreendimento de ir a um evento na França, com participação dos produtores da série, para mostrar o produto final (sucesso na internet, aliás) para os caras. Eles adoraram…e daí surgiram os primeiros 13 episódios da Saga de Hades, ainda inéditos nas telinhas brasileiras. “Se não fosse por este cara, a saga de Hades teria ficado só no mangá”, admite Vilarinho.

Os episódios de “Hades”, batizados de “Capítulo Santuário”, já estão sendo dublados no Brasil, nos estúdios da Álamo, para lançamento em DVD e para futura exibição nas redes aberta e fechada, embora os canais ainda não estejam 100% confirmados. A grande novidade fica mesmo por conta da participação do divertidíssimo e incansável Guilherme Briggs, que vai assumir a voz do espectro Radamanthys de Wyvern. Enquanto isso, no Japão, os fãs de olhinhos puxados já puderam conferir a primeira parte da “Fase Inferno”, segundo bloco de episódios do combate ao deus Hades. Diz a lenda que a segunda parte de “Inferno” chega às telinhas no final de 2006 – embora seja comum ver os fãs dizendo que, depois da demora para que a primeira parte de “Inferno” fosse produzida pela Toei, é melhor esperar sentado…

Embora a data exata ainda não tenha sido confirmada, é bom ficar de olho: o novo longa-metragem dos Cavaleiros, Prólogo do Céu, chega aos cinemas tupiniquins ainda em 2006, quase dez anos depois do sucesso de Os Cavaleiros do Zodíaco – O Filme (nome dado na época do lançamento do longa “A Lenda dos Defensores de Atena”), que arrastou milhões de espectadores às salas de cinema. Com a internet, é óbvio que muitos fãs brazucas já tiveram a oportunidade de conferir a película – que, em termos de cronologia, pode confundir alguns, já que se passa DEPOIS do final da “Saga de Hades” (que nem foi finalizada em animê!). E num contexto geral, a análise é positiva, especialmente no quesito “animação”, considerada a melhor de toda a história dos cinco cavaleiros de bronze. No entanto, trata-se de um filme repleto de pontas soltas e que deixa margem à diversas interpretações, com os cavaleiros enfrentando os deuses Artemis e Apolo, irmãos de Atena. A polêmica come solta na web. Em uma nota oficial de seu site, Kurumada já afirmou que quer fazer uma trilogia de filmes para fechar a tal “Saga do Céu”. Vamos só ver quanto tempo isso vai demorar para ser concluído…


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