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Artigo adicionado em 08/03/2006, às 06:38

MULHERES DO BRASIL: para esquecer “Coisa de Mulher” de vez!
Um pouco de drama, um pouco de comédia e muito de sensibilidade. De acordo com os produtores, a proposta do pavoroso Coisa de Mulher era traçar “um retrato bem-humorado do universo feminino”. Mas como os poucos sofredores que assistiram ao filme puderam comprovar, a coisa desandou. E feio. E o resultado foi um filme ruim […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


De acordo com os produtores, a proposta do pavoroso Coisa de Mulher era traçar “um retrato bem-humorado do universo feminino”. Mas como os poucos sofredores que assistiram ao filme puderam comprovar, a coisa desandou. E feio. E o resultado foi um filme ruim de doer, eleito pela redação A ARCA como o pior de 2005. Então, justamente na semana internacional da mulher, eis que surge este Mulheres do Brasil – para deixar o público completamente com a pulga atrás da orelha. E eis que vos digo: calma, muita calma, caro internauta. A coisa aqui é bem diferente. Pode ficar sossegado.

Em “Mulheres do Brasil”, sai Eliana Fonseca e entra a diretora Malu De Martino, de Ismael e Adalgisa (sobre o pintor Ismael Nery) e do curta SexualidadeS (com narração de Giulia Gam). Diretora habilidosa, ela usa e abusa de uma fotografia belíssima e de um elenco afinadinho – que, graças a Deus, não tem nem sombra de Adriane Galisteu. Desta feita, quem está na área são as globais Camila Pitanga, Bete Coelho, Déborah Evelyn, Carla Daniel e a ótima Dira Paes – que, apesar da participação pequena, é sem dúvida um dos destaques da produção cuidadosa. Isso para falar só das veteranas, sem citar as estreantes Roberta Rodrigues (de “Cidade de Deus” e vista recentemente na série “Cidade dos Homens”) e Luana Carvalho, filha da sambista Beth Carvalho. Nem a pontinha do Luciano Szafir atrapalha, veja só!

A história, na verdade, mistura ficção e pequenos trechos documentais para contar cinco histórias de cinco mulheres em cinco diferentes cidades brasileiras. Em Bom Jesus da Lapa, na Bahia, com texto da dramaturga baiana Aninha Franco, nós conhecemos Esmeralda (Pitanga) – uma mulher que desde a mais tenra idade mostra ser um demônio com olhar de anjo, e que acaba desviando o seu caminho por conta da cobiça. Em Maceió, as escritoras Lúcia Guiomar Teixeira e Babe Lavenère revelam as descobertas da universitária Luana (Carvalho), que ainda não decidiu muito bem o que quer da vida e acaba se envolvendo com as rendeiras do Pontal da Barra.

Já no Rio de Janeiro, em trama da própria diretora baseada em uma história real, somos apresentados ao drama da porta-bandeira Telma (Rodrigues). Em Curitiba (melhor trecho da história, aliás), a escritora Maria Helena Weber desvela um conto de fadas tragicômico vivido pela garçonete Martileide (Daniel), sempre sonhando com o príncipe encantado de voz doce que costuma ouvir no rádio. E por último, em São Paulo, fica a cargo da contista Ledusha Spinardi a tarefa de fechar todas as histórias em torno da vivida por Laura (Coelho), uma mulher de 45 anos, divorciada, que tenta voltar ao mercado de trabalho e recuperar as rédeas de sua vida pessoal.

Fato: “Mulheres do Brasil” não é um filme perfeito e tem lá seus defeitos. A trama ambientada na Bahia, por exemplo, demora demais para pegar no tranco e chega a ser um tanto cansativa – e talvez a sutileza da história de Maceió, que sugere nas entrelinhas um quê de homossexualismo, ancorada em uma Luana Carvalho ainda meio crua, não funcione bem para qualquer um. Mas é uma película com momentos pra lá de divertidos – com outros de deliciosa delicadeza e mais alguns capazes de tirar lágrimas dos olhos.

Boa parte do crédito de “Mulheres do Brasil” também deve estar nas mãos da experiente Elisa Tolomelli, produtora que participou de dois outros filmes que também primam pela primorosa utilização de cenários estonteantes do nosso país: Lavoura Arcaica e Central do Brasil. Dá para sentir claramente a mão da moça aqui e acolá durante a exibição da película – que é a sua primeira produção integral, na produtora EH! Filmes.

Dizer que “Mulheres do Brasil” é um “retrato do universo feminino” é ir longe demais – porque as mulheres são muito mais complexas e multifacetadas do que isso. Mas digamos que é uma ótima tentativa. Para divertir e também para emocionar. Ideal para levar a namorada – e tentar entender melhor como a cabeça destes seres tão maravilhosamente complicados funciona. Meninas, a dica está dada. 😉

Curiosidades:

– Para quem curte cinema nacional, há duas referências claras: uma a “Houve uma Vez Dois Verões”, de Jorge Furtado, na qual a personagem de Curitiba se refere a Roza com Z, e não com S, e outra a “Central do Brasil”, com os depoimentos curtos de gente simples pinçada do povo;

– Já quem gosta de MPB vai perceber, durante o “episódio” de Maceió, uma nova versão para “Mar e Lua”, de Chico Buarque. A gravação foi feita com exclusividade para o filme, com interpretação de Leia Pinheiro;

– Originalmente, “Mulheres do Brasil” tinha sido concebido como uma série de TV. E isso em 1990!

– A seqüência da porta-bandeira Telma sambando na escola de samba foi gravada em 2005, no mesmo desfile da Grande Rio que teve participação dos personagens da novela das 20h “Senhora do Destino”, da Rede Globo;

– Por falar em Telma, esta vai para os cariocas mais atentos: tivemos uma espécie de “liberdade poética” nesta história. A personagem pertence à comunidade da Grande Rio… que fica na Baixada Fluminense. No entanto, Telma é mostrada morando em uma casa no Morro do Vidigal;

– Elisa Tolomelli também foi produtora do internacional “Sabor da Paixão”, com Penelope Cruz e Murilo Benício.

Mulheres do Brasil (Título Original: Idem) / Ano: 2005 / Produção: Brasil / Direção: Malu de Martino / Roteiro: Melanie Dimantas e Douglas Dwight / Elenco: Bete Coelho, Camila Pitanga, Roberta Rodrigues, Luana Carvalho, Déborah Evelyn, Carla Daniel, Dira Paes, Dalton Vigh, Luciano Szafir, Tuca Andrada, Emiliano Queiroz / Duração: 113 minutos.


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