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Artigo adicionado em 10/03/2006, às 11:40

CRY_WOLF – O JOGO DA MENTIRA: foi, foi, foi…e acabou fondo
Até podia ser. Mas não é. Devo admitir que este Cry_Wolf: O Jogo da Mentira (Cry_Wolf/2005) nunca me foi das coisas mais atrativas – desde que li a sinopse pela primeira vez até o dia em que assisti ao bendito trailer, nunca me pareceu nada mais do que um daqueles filmecos de terror teen que, […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Devo admitir que este Cry_Wolf: O Jogo da Mentira (Cry_Wolf/2005) nunca me foi das coisas mais atrativas – desde que li a sinopse pela primeira vez até o dia em que assisti ao bendito trailer, nunca me pareceu nada mais do que um daqueles filmecos de terror teen que, vez por outra, infestam os nossos cinemas com altas doses de testosterona e o serial killer mascarado da vez. Por um destes joguetes do destino, o intrépido Zarko, nosso especialista em filmes ruins, estava impossibilitado de conferir a película. E coube a mim a missão de sentar na poltrona da exibição especial. Dou o braço a torcer: na primeira meia-hora, achei que eu fosse quebrar a cara e me rasgar em elogios neste texto. Mas eu estava enganado. Ou melhor: eu estava certo.

É fato que o mote inicial de “Cry_Wolf” até que é bacana. Oito jovens de uma escola preparatória que, para matar o tédio, se encontram na capela para o chamado “jogo da mentira” do subtítulo em português – uma espécie de “killer” ou “detetive” no qual o objetivo é descobrir o “lobo”, que por sua vez vai fazer de tudo para se disfarçar, nem que para isso precise mentir, enganar e acusar os colegas. O jogo, no entanto, já cansou. E eles querem mais. E eis que, aproveitando o assassinato de uma estudante nas semanas anteriores, eles criam um e-mail falso, espalhado e reproduzido para toda a escola, no qual descrevem outros supostos crimes cometidos pelo mesmo assassino, um tal de Lobo. Estão lá seus métodos, seu modo de vestir…e a promessa de que ele não vai parar por aí. E de que a próxima vítima está a caminho. Pronto. O terror se instaura no local, para divertimento dos oito estudantes – que começam a perceber que a tal brincadeira pode acabar se tornando realidade. E tome sangue.

O filme tem algumas passagens interessantes – como a seqüência da biblioteca, por exemplo, que mistura tensão e humor na medida certa e acena como um “agora vai” para o restante da trama. O elenco não é de todo ruim, apesar dos rostos jovens e desconhecidos. E o diretor consegue bons e criativos momentos de edição e fotografia. Mas tudo não passa de um relance do que poderia ser um filme surpreendente. Porque, em seguida, o diretor Jeff Wadlow se afoga em uma série de clichês babacas do gênero, reciclando sustos de filmes como Pânico e Eu Sei O Que Vocês Fizeram no Verão Passado.

Está tudo lá: o menino recém-chegado à escola, bonzinho e que gosta de se sacrificar pelos outros (portanto, o nosso “herói”); o colega de quarto metido a engraçadão; o bad boy que não vai com a cara do novato; a garota popular, que esconde um segredo de todo mundo que pode arruinar sua reputação (e que você vai matar rapidinho qual é); o nerd gordo e babacão; a menina que todo mundo acha que é lésbica; o negro cheio de marra; a latina sexy; o jardineiro misterioso; o professor bonitão (aqui, vivido pelo roqueiro Jon Bon Jovi) e, é óbvio, a festa de Halloween e a boa e velha lua cheia.

Para complicar ainda mais, “Cry_Wolf” incorre em um dos erros mais irritantes da narrativa dos filmes de terror/suspense – e que eu gosto de chamar de “efeito Marvel”. Quem lê os quadrinhos da Casa das Idéias sabe que, durante muitos anos, a morte de qualquer personagem, fosse herói, vilão ou coadjuvante, era considerada uma piada para os fãs, porque eles sabiam que meses ou mesmo anos mais tardes algum roteirista iria surgir com o personagem vivinho da silva e com uma explicação do tipo “a-há, tudo que você leu antes era mentira!”. Pois é. Com “Cry_Wolf” acontece a mesma coisa. A princípio, o espectador realmente fica sem saber o que é verdade ou não, o que afinal faz parte do jogo pervertido dos oito adolescentes. Mas a utilização exagerada do recurso “Ele morreu! Não, era mentira!” acaba tornando a coisa toda previsível demais e sem qualquer intensidade para quem está assistindo. Mesmo a virada final, que podia garantir uma pequena surpresa aos desavisados, já dá para adivinhar sem maiores problemas. Nada que te deixe “Oh, Meu Deus! Como não pensei nisso antes?”.

Juro que não consigo entender porque a crítica especializada, sempre ácida e virulenta, está sendo tão comedida ao tratar de “Cry_Wolf”. Dizem que é uma “diversão descompromissada”, que “tem defeitos mas diverte”. Discordo. Na minha opinião, “Cry_Wolf” promete, promete e promete. Mas não cumpre. E, ao invés de um filme que poderia acrescentar alguma coisa ao combalido subgênero “terror para adolescentes” ou mesmo uma “diversãozinha bacana para o fim-de-semana com os amigos antes da pizza”, se transforma em um filme chatéssimo. Sim, chato mesmo. De causar bocejos. De fazer você se revirar na cadeira e ficar bufando, pensando: “Droga, eu devia ter pegado um chocolate”.

Um novo “Jogos Mortais”? Só comendo muito arroz com feijão.

Curiosidades:

– Esta não é a primeira aparição cinematográfica de Jon Bon Jovi – que já esteve em filmes como A Corrente do Bem e U-571;

Cry_Wolf – O Jogo da Mentira (Título Original: Cry_Wolf) / Ano: 2005 / Produção: EUA / Direção: Jeff Wadlow / Roteiro: Jeff Wadlow & Beau Bauman / Elenco: Julian Morris, Lindy Booth, Jared Padalecki, Jon Bon Jovi, Sandra McCoy, Kristy Wu, Jane Beard, Gary Cole, Jesse Janzen, Paul James, Ethan Cohn / Duração: 90 minutos.


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