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Artigo adicionado em 13/03/2006, às 07:06

ANJOS DA NOITE – A EVOLUÇÃO: Poser é pouco!
Uau. Eu sou uma vampira. Olha só pra mim, como eu sou pálida. Pálida e sexy. E uso couro. Que me desculpem os “poser-pride” de plantão. No geral eu sou uma pessoa muito aberta às diferenças. Mas não sou a maior das entusiastas quando o assunto é “gente que posa de algo”. Podem ser pessoas […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Que me desculpem os “poser-pride” de plantão. No geral eu sou uma pessoa muito aberta às diferenças. Mas não sou a maior das entusiastas quando o assunto é “gente que posa de algo”. Podem ser pessoas que querem ser diferentes mas não são, podem ser as que querem mostrar que conhecem de alguma coisa mas não conhecem, ou mesmo os que gostam de se vestir de trevosos e de fingir que são vampiros, quando na verdade não são nada disso e acabam ficando lamentavelmente artificiais. Note que não tenho nada contra quem se veste com uma roupitcha ou estilo diferente ou quem é gótico de verdade, mas sim contra os que forçam um estilo falso. Pra citar um exemplo: os RPGistas que saem por aí vestidos de O Corvo e babando sangue em velhinhas inocentes, acreditando piamente que são vampiros (pra depois falar mal da reputação negativa que o RPG tem no Brasil). Eles não caem nas minhas graças. Simplesmente porque querem ser “estilosos”, e não percebem que fica tudo muito… artificial. E coisas artificiais querem ter glamour, mas não têm graça. Porque… são artificiais, oras bolas. E o que esse desabafo tem a ver com o lançamento dessa aguardada (modo irônico on e aumentando) continuação da incrível e perfeita obra prima cinematográfica que atende pelo nome de Anjos da Noite: Underworld? Tudo. Simplesmente porque Anjos da Noite: A Evolução sofre da mesma coisa que o El Cid falou na crítica do primeiro “Anjos da Noite”: ele é um deleite poser.

A menção ao RPG aí em cima não foi à toa. Anjos da Noite é uma história que envolve vampiros e lobisomens, duas criaturas bem conhecidas dos jogadores. E, bem, você quer MESMO que eu tente falar sobre o seu enredo? De verdade, o que você precisa saber sobre ele é que possui a Kate Beckinsale em uma roupa sadomasô, litros de sangue espirrando, explosões e duas cenas de sexo picantes. Sei que isso é machista, é idiota, é nojento e sem sentido, mas o filme também é, então tudo bem. Afinal, se você se interessar por essas coisas e não por um roteiro no mínimo interessante, vai assistir à produção e vai gostar bastante dela. No geral, o filme é praticamente a transcrição para as telas de uma campanha de RPG mestrada porcamente e jogada entre pessoas que estão muito mais preocupadas em parecer estilosas jogando do que realmente em se divertir. Mais ou menos assim:

-“Uhú, eu sou um vampiro fodástico que mata todos, é lindo e perfeito e ainda tem zilhões de pontos em todos os atributos. E estiloso, claro, totalmente estiloso”.
-“Mas você não consegue ser tudo isso ainda, querido. Você só tem esse tanto de pontos pra preencher sua ficha.”
-“Ah, mas vai ser tão legal!……. E estiloso!”
“Tudo bem, pode ser. Ok, vamos começar a jogar. LUTA, LUTA, LUTA, SANGUE, LUTA, MATAR, UAU!”
-“Peraí, peraí. Preciso retocar meu pó de arroz e meu lápis de olho”.
-“Mas você não vai sair”.
-“E daí?”
-“Ok, empresta o batom preto aí, faz favor.”

Entendeu meu raciocínio?

Porém tem uma coisa: muito provavelmente quem gostou do primeiro Underworld não terá problemas com essa seqüência, já que, aparentemente, estão uma ao lado da outra no quesito “qualidade”. Na boa, ainda acho que é uma produção voltada aos adolescentes que vão ao cinema pra ficar gritando palavrões e para beijar menininhas, mas se você não se enquadra aí e gostar dela mesmo assim, não serei eu a pessoa que te jogará a primeira pedra (lembre-se que eu gosto dos Batmans do Joel Schumacher, ora ora ora). Se você realmente está curioso quanto ao plot do filme e não quer acreditar que se trata apenas de um monte de brigas altamente “cool” entre pessoas super cheias de glamour, vou tentar passar o que eu absorvi em meio às novecentas e vinte e três cenas de luta não justificáveis: Michael (Scott Speedman, de Felicity), o híbrido de vampiro e lobisomem já apresentado na fita anterior, e sua namoradinha, a vampira “Mamãe olha só como eu sou dark” Selene (Kate Beckinsale, de O Aviador) se vêem às voltas com os desdobramentos da guerra entre vampiros e lycans que acontece desde o primeiro filme. A propósito, não estranhe os lycans – também conhecidos como “lobisomens” na língua das pessoas que são mentalmente sãs diferentemente do diretor – aqui nessa continuação, são meros lobos que mordem para matar. E é isso.

Ei… você ouviu algo? Ah, era só a Anne Rice amaldiçoando todo a família do Len Wiseman.

Em meio a esse conflito, descobre-se que Selene é a chave para um segredo que remete aos seus antepassados, dentre eles o pai de todos os vampiros, Alexander Corvinus (Derek Jacobi, da outra droga pesada Nanny McPhee), que teve dois filhos, Marcus (Tony Curran, Blade II) e William (Brian Steele, Doom). Há tempos atrás, o primeiro deles foi mordido por um morcego, e outro por um lobo. Num acidente de percurso, Marcus entrou em contato com sangue de lobisomem, e virou um híbrido (mais ou menos como o Michael, mas muito mais poderoso, feioso e malvado que ele… tudo bem). Agora, Marcus retornou e quer livrar da prisão seu irmãozinho William, que foi isolado por… bem, por “não saber brincar”. Prontinho, agora temos justificativa pra que todo mundo saia se espancando, se mordendo e atirando balas (balas da lua??) para todos os lados. Uau, quanta emoção. É praticamente participar de uma transcendência artística estar no cinema presenciando vampiros muito estilosos com metralhadoras e roupas de agentes da SWAT andando pelos submundos. Quase quis sair da sessão e comprar um colã de vinil e uma arma pra também me transformar em uma pessoa sexy e perigosa. Aiaiai uiuiui.

Ué, que barulho é esse? Oh sim, é o pessoal da White Wolf arrancando seus cabelos.

E importa mais alguma coisa? Ora, não. Eles estão na Alemanha? Estão na França? Em Jijoca de Jericoacoara? Por que ele disse isso? Por que aconteceu aquilo? Não precisamos responder. Afinal nós temos… helicópteros, olha! Ninguém sabe da existência de lobisomens e vampiros nesse mundo feito só para humanos, mas temos helicópteros, muitas armas (tudo bem que eu tenho vários poderes, mas armas de fogo realmente dão um efeito legal) e agentes armados até os dentes!! E pra você parar de reclamar e calar essa boca, aqui vai um caminhão estourando vários carros e galpões pra fugir de lobisomens ensandecidos.

Eu poderia tentar salvar a integridade do filme falando da… interpretação? Bem… levando em conta que o roteiro devia ter apenas umas quatro páginas, dada a quantidade de diálogo que ele possui (meia página se levarmos em conta a parte de diálogos inteligentes), e que portanto os atores não precisavam falar muita coisa pra se darem bem nesse filme, ela está… sensacional. A Kate Beckinsale realmente mandou muito bem fazendo bicos sexies e andando pela tela com duas armas e suas agoniantes lentes azul-neon. Uau. Como se alguém precisasse estudar 25 anos e uma pós graduação em artes cênicas pra conseguir essa façanha. Francamente, é só se espremer dentro de uma roupa de couro, posar de dark e segura de si que se consegue tudo nesse mundo. Até mesmo dar cabo sozinha de 397 lobisomens famintos! E ainda sem borrar o batom! Sensacional. Scott Speedman, então, está ainda mais sensacional, já que está sem camisa ou desacordado – ou por vezes as duas coisas ao mesmo tempo – na maior parte do tempo.

Eu poderia tentar salvá-lo falando da trilha sonora. Mas não vale a pena. De verdade. Principalmente quando, em um dos últimos quebra-paus, a câmera focaliza nossa querida heroína Selene com duas armas, arrumando o cabelo em câmera lenta, e uma música meio baladinha modernosa quer começar a tocar. Pois é. E sim, eu disse CÂMERA LENTA. Um dos efeitos mais clichês – e na minha opinião – mais irritantes que podem ser usados no cinema. E não, eu ainda não falei da iluminação. Porque se tem uma coisa que me irrita mais que câmera lenta é quando, em todas as cenas de ação, tem uma luz azul pentelha que fica piscando sem parar ao fundo. Pra criar um clima, creio eu. Porque, afinal tempestades cheias de relâmpagos acontecem em todas as noites de luta. Ou talvez porque competência de criar lutas decentes em plena luz do dia (ou, no caso dos vampiros, em uma noite calma e sem nuvens) é algo que falte a muitos. O que o salvaria, no fim das contas, seriam bons efeitos especiais. Mas nem os efeitos especiais conseguem a graça de se destacar aqui. As primeiras seqüências cheias de efeitos chegam a ser constrangedoras de tão claramente falsas.

E esse som, daonde veio? Nããããão! Zarko! Fala comigo, meu rapaz!

E não pensem os senhores que eu não gostei do filme porque não gosto de cinema pipoca, feito pra assistir com o cérebro desligado. Não não. Eu conheço um bom filme que não exige cérebro quando vejo um. E gosto muito deles. Mas uma coisa é não exigir cérebro. Outra coisa é ser chamada de burra e consumidora de lixo cinematográfico na cara dura. Diretores sacripantas! Sabe a velha história do “fala mal mas não sabe fazer melhor?” Com o dinheiro deles eu juro que faria melhor. E se não conseguisse, eu pegaria esse dinheiro e faria um melhor uso dele. Imagina quantos cds de musicais não dá pra comprar com uns 6 milhões de dólares?

E a lição do dia hoje foi: você quer ser o diretor de alguma obra prima que tenha uma mulher boazuda vestida de couro e/ou vinil lutando e com a boca suja de sangue? Então faça um videogame. Ou um videoclipe de 15 minutos. Mas não brinque de fazer filminhos. Por favor.

:: CURIOSIDADES

– Kate Beckinsale é a esposa do diretor do filme. Agora está tudo explicado, não? Isso é que é sujeito excêntrico, gastar milhões de dólares para satisfazer um fetiche. O_o

– A menininha que faz o papel de Selene nas centenas de cenas em flashback é a própria filha de Kate.

– Pra completar a tosquice, só mesmo essa última curiosidade: na cadeira dedicada à atriz Kate Beckinsale, não estava impresso seu nome e sim “querida” permeado por coraçõezinhos.

Underworld:A Evolução (Título Original: Underworld: Evotion) / Ano: 2006 / Produção: EUA / “Direção”: Len Wiseman / “Roteiro”: Len Wiseman e Danny McBride / Elenco: Kate Beckinsale, Scott Speedman, Tony Curran, Derek Jacobi, Bill Nighy, Shane Brolly, Michael Sheen / Duração: 106 longos minutos.


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