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Artigo adicionado em 24/02/2006, às 01:51

CAPOTE: um grande filme, mas só para quem conhece
Hoffman é realmente a alma do filme. E só :: LEIA MAIS :: A SANGUE FRIO: saiba mais sobre o livro de Truman Capote A aposta maciça em biografias para os cinemas está deixando os produtores com falta de gente para falar sobre. Digo ninguêm conhecido mundialmente, como esportistas, músicos e artistas, que são mais […]

Por
Bruno "Benício" Fernandes


:: LEIA MAIS
:: A SANGUE FRIO: saiba mais sobre o livro de Truman Capote

A aposta maciça em biografias para os cinemas está deixando os produtores com falta de gente para falar sobre. Digo ninguêm conhecido mundialmente, como esportistas, músicos e artistas, que são mais comuns do que outros, como grandes políticos por exemplo.

Especialmente na área cultural (artes, música), temos algum conhecimento de astros como Elvis e Beatles, mas quem conhecia Johnny Cash? Só o Zarko mesmo! Nem Ray Charles, que é bastante conhecido e teve um filme sobre sua vida ano passado, foi um grande estouro de bilheteria.

Se passarmos para nossa realidade, o filme sobre a dupla sertaneja Zezé de Camargo e Luciano foi o sucesso que foi devido ao conhecimento (por mais que nós, nerds, não temos esse hábito de ouvi-los) que todos têm deles. Mas a partir do momento que “Dois Filhos de Francisco” não foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro, a população se frustrou, afinal o filme só foi sucesso aqui no Brasil.

Posso dizer, antecipadamente, que Capote poderá sofrer do mesmo mal: o de ser um ótimo filme, mas só para aqueles que sabem quem foi Capote.

O filme conta os cinco anos que o escritor e jornalista Truman Capote (Philip Seymour Hoffman) demorou para concluir sua última e maior obra, o famoso livro A Sangue Frio. Depois de mais uma noite de festas e badalações costumases as quais Capote freqüentava, ele abre a sua cópia do jornal The New York Times na manhã seguinte e se depara com uma pequena notinha informando sobre um brutal assassinato de uma família na pequena cidade de Holcomb, no Kansas, e imediatamente liga para William Shawn (Bob Balaban), editor da conceituada revista The New Yorker, para lhe informar que o crime seria seu próximo trabalho.

Munido de um grande faro para as coisas, de sua memória que é 94% precisa em uma só leitura (não é fraco, não!) e acompanhado da também escritora e amiga Nelle Harper Lee (Catherine Keener), a pedido dele, os dois partem em direção à cidadezinha para colher informações da família, grande influência da sociedade local, e detalhes mais profundos com a polícia, em especial com o agente Alvin Dewey (Chris Cooper), o reponsável pela operação. O escritor consegue material necessário sobre a família e a cidade, mas faltava a parte dos assassinos, que só viriam a ser presos depois de alguns meses em Las Vegas e transferidos para serem julgados em Garden City, cidade vizinha de Holcomb.

É durante esse tempo que Capote ganha a confiança de Perry Smith e Dick Hickock (Clifton Collins Jr. e Mark Pellegrino, respectivamente) ajudando-os com advogados e tudo mais para que eles contem o que realmente aconteceu e o porquê, fazendo com que esse relacionamento se torne um verdadeiro jogo de nervos, já que a dupla recorria sempre para rever o caso e Capote não conseguia terminar seu livro que se arrastou por quatro anos até que fosse concluído.

O diretor Benett Miller é estreante em filmes desse estilo, mas com grande experiência em documentários – você percebe a utilização das tomada e edição enquanto os escritores abordam e entrevistam os moradores da cidadezinha, simulando um documentário. Sem dúvida, uma grande sacada! O filme lhe rendeu a indicação ao Oscar, mas não levará a estatueta.

A cena dos assassinos chegando no tribunal, saindo dos carros de polícia, talvez seja uma das mais clichês do cinema mas, para quem leu o livro e já conhece os personagens, a cena é de arrepiar. Você sente os personagens. Já a relação entrevistador/entrevistado entre Capote e Smith acaba sendo exagerada no filme. Parece que só existe Perry Smith enquanto que Dick Hickock é um inútil! Não há diálogos só entre ele e o jornalista, diferente do que mostra o livro.

Em entrevista para a Folha de S.Paulo de 6 de fevereiro de 2006, Miller explica que escolheu Philip Seymour Hoffman para o papel título por que tinha medo de tornar o jornalista caricato. De fato, Truman Capote era uma dessas figuras pitorescas por ser debochado demais e pelo seu modo peculiar de falar. Uma voz melosa e irritante (no bom sentido), a qual deixava ainda mais claro seu homossexualismo que, por sinal, nunca fez questão de esconder.

Entrando no assunto elenco, Seymour Hoffman, mais conhecido pelos seus papéis em Boogie Nights e Magnólia, fez uma senhora lição de casa e interpertou um Truman Capote fantástico. Esse papel já rendeu treze prêmios para o ator. Só falta o Oscar mesmo que, digo sem problema algum, já é dele, para passar de “um dos nossos artistas preferidos” a “celebridade do cinema”.

Catherine Keener, que interpreta a escritora ganhadora do Pulitzer por “To Kill a Mockingbird” (que mais tarde virou filme estrelado por Gregory Peck com o nome esdrúxulo de O Sol é para Todos), volta a ser indicada ao Oscar de atriz coadjuvante, como aconteceu em Quero ser John Malkovich. A atriz atua de maneira bem enxuta e impecável, mas só foi indicada para compor o número de concorrentes mesmo.

Os papéis dos assassinos, couberam a Clifton Collins Jr. e Mark Pellegrino, que fizeram um serviço bem normal. O mesmo para Chris Cooper, Bob Balaban e Bruce Greenwood, que faz Jack Dunphy, provável caso de Capote

Muitos veículos meteram o pau no filme por não apresentar fielmente a vida de bebedeiras e vexames de Capote em meio aos amigos, só que não devemos esquecer que o assunto tratado é a construção do “A Sangue Frio”. Quanto à bebida, a película mostra que ele bebia demasiadamente; não é a toa que morreu por causa disso.

Mas a verdade mesmo é que só quatro tipos de pessoas irão assistir esse filme: os fãs do diretor Benett Miller, os fãs de Philip Seymour Hoffman, os fãs das obras de Truman Capote e os que não acharam outro filme para assistir por que todas as salas estavam esgotadas!

:: ALGUMAS CURIOSIDADES

– O filme foi rodado em 36 dias.

– 30 de setembro foi sua data de estréia nos cinemas americanos. Mesma data em que Capote nasceu.

– Alguns guardas do filme são oficiais, na vida real, do Centro de Correção de Headingley.

– Philip Seymour Hoffman perdeu cerca de 20 kilos para encarnar Truman Capote.

– Adam Kimmel, diretor de fotografia do filme, fez uma ponta como o famoso fotógrafo Richard Avedon.

– Além de Truman Capote, Seymour Hoffman já interpretou outra personalidade do meio jornalístico: o crítico de música Lester Bangs, no filme Quase Famosos.

Capote (Título Original: Idem) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos – Canadá / Direção: Bennett Miller / Roteiro: Dan Futterman / Baseado na biografia de Gerald Clark / Elenco: Philip Seymour Hoffman, Catherine Keener, Chris Cooper, Clifton Collins Jr., Mark Pellegrino, Bruce Greenwood e Bob Balaban / Distribuição: Columbia Pictures / Duração: 98 minutos.


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