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Artigo adicionado em 30/01/2006, às 05:33

PONTO FINAL – MATCH POINT: Woody Allen para fãs e não-fãs
Ouch. Trailer: Formato Quicktime (Apple) Site Oficial: Clique Aqui Para Acessar Antes de qualquer comentário acerca do filme em si, fazem-se necessárias algumas ressalvas aos mais incautos: 1) sim, este é um filme do Woody Allen. 2) não, este não é um filme típico do Woody Allen. Ao dizer que não se trata de um […]

Por
Thiago "El Cid" Cardim


Trailer: Formato Quicktime (Apple)

Site Oficial: Clique Aqui Para Acessar

Antes de qualquer comentário acerca do filme em si, fazem-se necessárias algumas ressalvas aos mais incautos: 1) sim, este é um filme do Woody Allen. 2) não, este não é um filme típico do Woody Allen. Ao dizer que não se trata de um Woody Allen com o qual os fãs andam acostumados nos últimos anos, quero dizer que:

a) É um drama, não uma comédia;
b) É ambientado em Londres, não em Nova York;
c) Woody Allen não interpreta o personagem principal e tampouco reflete a si mesmo nele.

Dito isto, já dá para entender o quanto este Ponto Final (Match Point/2005) deve causar estranhamento aos fãs devotados do cineasta e também àqueles que aprenderam a odiá-lo e a fugir de qualquer produção do sujeito. Mesmo se parecendo pouquíssimo com qualquer de suas obras recentes, em “Ponto Final” é possível ver nitidamente os pontos mais fortes de Allen como diretor (na condução segura e na excelente direção de atores) e também como roteirista (nos diálogos fluentes e muito bem-construídos). Se é “o melhor filme de sua carreira”, conforme vem alardeando parte da mídia internacional? Talvez “um dos melhores” seja uma frase mais cabível.

“Ponto Final” é intenso e também muito tenso, com o perdão do trocadilho. É realmente mais “comercial” do que qualquer outra coisa na qual este baixinho esquisito de óculos fundo de garrafa já colocou as mãos – o que não quer dizer, no entanto, que seja uma obra menos delicada, refinada e, antes de tudo, cheia de estilo. Usar e abusar do som natural e apenas e tão somente utilizar trechos de óperas (ao invés do jazz que Allen tanto aprecia) quando precisa colocar trilha para causar impacto, por exemplo, foi um toque de gênio, dando ainda mais clima e um ar completamente sombrio a uma trama aparentemente simples. Apenas aparentemente.

A escolha do protagonista, o jovem Jonathan Rhys-Meyers, foi acertadíssima. Filho de John Rhys-Meyers, o Gimli da trilogia “Senhor dos Anéis”, Jonathan esbanja talento e naturalidade no papel do ex-tenista Chris Wilton, um homem ambicioso e que encara a vida (e Deus) com absoluto cinismo. Irlandês, ele acaba de chegar a Londres em busca de um emprego como instrutor de tênis em um clube de altíssimo nível. Lá, rapidamente se torna amigo do aluno Tom Hewett (Matthew Goode) e também de sua irmã, a meiguinha Chloe (Emily Mortimer, de Querido Frankie). Não demora, é claro, para que os dois se apaixonem e comecem a namorar (Chris e Chloe, que fique bem claro). Também não demora para que Chris conquiste a família Hewett. Para que ele ganhe um rentável emprego corporativo nas empresas do Sr. Hewett. E para que ele conheça a sedutora noiva de Tom, a americana e aspirante a atriz Nola Rice (Scarlett Johansson, de A Ilha, também excelente e cada vez mais bonita).

Chloe é a doçura, a ternura, o carinho. Mas Nola é o tesão, a luxúria, a paixão, um sentimento intenso que Chris não consegue controlar. E não quer controlar. Começa um caso. As coisas começam a se tornar uma verdadeira bola de neve. Chris perde o controle de sua vida e de suas emoções. O jogo começa a ficar perigoso demais. E… contar mais seria estragar boa parte da experiência! 🙂

Quanto ao final… bem, à primeira vista ele pode não parecer tão surpreendente quanto anuncia a sua campanha publicitária. Mas não vá pensando que o filme acabou assim tão fácil. Espere um pouquinho mais. Assim mesmo, se ajeite na cadeira. E logo que a história for se aproximando do seu real desfecho, talvez você comece a sacar para onde ela está te levando, com toques de Crime e Castigo, de Dostoiévski. Mas, mesmo assim, duvido que você não acabe ficando surpreso. Vai por mim.

“Ponto Final” tem, apesar da ausência do estereótipo “woodyalleniano” presente em quase toda a sua filmografia, um quêzinho de autobiográfico. O discurso cinza de Chris sobre a descrença na vida e sobre o “destino” e sua resolução firme de que não importa ser bom, e sim ter sorte, parece sair diretamente da boca do cineasta – um homem freqüentemente associado ao ceticismo. A tal influência da sorte pode ser vista em pequenas e sutis interferências por toda a história, é só manter o radar devidamente ligado. Nem sempre vai ser fácil de detectar. Mas Allen é do tipo que sabe que nem sempre as coisas mais óbvias são as mais interessantes…

Para encerrar a conversa, basta dizer que “Ponto Final” é uma película acessível, na medida certa para quem sempre teve ressalva aos filmes de Woody Allen – e também para os fãs chatos e puristas que acham que um artista tem que continuar guiando suas obras para sempre do mesmo jeito, sem nunca ter a oportunidade de experimentar. Ou alguém aí esqueceu de Crimes e Pecados (1989)? E ponto final.

Curiosidades:

– Quatro indicações ao Globo de Ouro 2006 – melhor filme dramático, melhor diretor, melhor roteiro e melhor atriz coadjuvante (Scarlett Johansson);

– Na abertura na França, fez praticamente o dobro de bilheteria do que seus filmes anteriores, ficando atrás somente de A Lenda do Zorro e superando películas como A Noiva-Cadáver;

– Trata-se do primeiro filme que Allen rodou inteiramente na Inglaterra;

– Por sinal, também trata-se do filme mais longo da filmografia de Allen;

Kate Winslet foi originalmente escalada para viver Chloe, mas abriu mão do papel para “passar mais tempo com a família”;

– Há quem defenda que “Ponto Final” tem um pequeno furo no roteiro, nos últimos quarenta minutos, envolvendo uma colega de trabalho de Nola. Eu discordo. Quem assistir ao filme e quiser trocar uma idéia sobre o assunto, basta mandar um e-mail para elcid@a-arca.com;

– O brasileiro Walter Salles ganhou uma homenagem indireta na película – mas não precisa ser ganhador do Troféu Cata-Piolho para perceber! 🙂

– Saiba que a aliança usada nas artes de “Ponto Final” não é meramente uma iconografia que se refere ao fato de Chris ser um homem casado. A coisa tem muito mais relevância no meio da história;

Ponto Final – Match Point (Título original: Match Point) / Ano: 2005 / Direção: Woody Allen / Roteiro: Woody Allen / Elenco: Jonathan Rhys-Meyers, Scarlett Johansson, Emily Mortimer, Matthew Goode, Brian Cox / Duração: 124 minutos.


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