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Artigo adicionado em 05/01/2006, às 11:05

Crítica: OS PRODUTORES
Yessssssssssssssssssssssssssssssss! :: Trailer: Alta | Média | Baixa :: Site oficial em inglês Aviso ao usuário: se você for uma daquelas pessoas amargas e de coração gelado que não quer nem saber de musicais, não perca seu tempo lendo essa crítica, e muito menos seu dinheiro indo assistir a esse filme. Ah é, porque Os […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


:: Trailer: Alta | Média | Baixa
:: Site oficial em inglês

Aviso ao usuário: se você for uma daquelas pessoas amargas e de coração gelado que não quer nem saber de musicais, não perca seu tempo lendo essa crítica, e muito menos seu dinheiro indo assistir a esse filme. Ah é, porque Os Produtores é um musical, e não apenas um musical, como um daqueles em que as pessoas cantam BASTANTE. Não tanto quanto em um O Fantasma da Ópera da vida, mas sim, o filme é recheado com umas dezeninhas de números musicais. E estou dizendo isso pura e simplesmente para dar vazão a minha revolta em relação a uma boa parte do público que se levanta revoltado e sai da sala no meio de um filme musical como esse, ou, pior, assiste à película inteirinha reclamando bem alto: (faça uma voz de pessoa acéfala aqui) “Ah, mas que &$%*@$, ele vai cantar de novo!”. Quero dizer: meu amiguinho, antes de ir assistir a qualquer filme, às vezes é bom dar uma olhadela em uma parte da sua ficha técnica, que atende pelo nome de “gênero”: se lá estiver escrito “Musical”, existe uma boa chance de que a primeira fala do filme seja cantada. Ponto, acabou. Entendeu ou quer que eu cante?

E ninguém precisa dar muitos tratos à memória pra lembrar que eu sou uma daquelas pessoas amargas e de coração gelado que querem saber SIM de musicais. Muitos musicais. E que tem certeza de que vive em uma peça musical gigante de humor negro. Então não é difícil saber um dos motivos que me fizeram considerar “Os Produtores” uma das coisas mais divertidíssimas e deliciosamente idiotas (para usar as palavras do Bux) que saíram nos cinemas ultimamente. Porém, não ache que fiz eu essa afirmação só porque sou fã de musicais. Eu conheço um musical ruim quando vejo um, pode ter certeza – por exemplo, O Vendedor de Ilusões com o mesmo Mathew Broderick é meio fraquinho, e o tão aclamado Cats é uma grandesíssima meleca. Portanto, afirmo sem medo de ser feliz ou de ser tendenciosa demais: “Os Produtores” realmente merece os elogios que está recebendo por aí.

:: I WANNA BE A PRODUCER!

Max Bialystock (Nathan Lane) é um produtor de musicais fracassado. Suas peças são absolutamente ruins, e o infeliz consegue grana pra produzi-las em troca de favores sexuais para velhinhas ricas e pervertidas. O destino então coloca diante dele o contador-perdedor Leo Bloom (Matthew Broderick) que tem algo em comum com o Príncipe Herbert e com a senhorita que vos fala: tudo o que ele quer nessa vida é apenas largar seu cotidiano medíocre e trabalhar na Broadway. Ou melhor, ser um produtor da Broadway! Max e Leo unem o útil ao agradável quando este conta a Bialystock que sabe de um jeito de burlar a Receita e fazer com que uma peça fracasse nas bilheterias mas dê um lucro fenomenal aos seus criadores. A partir daí, ambos saem em busca da pior peça que poderia ser montada em toda a História da Broadway, para conseguirem um fracasso, e assim, a partir dele, lucrem a módica quantia de 2 milhões de dólares. Simples assim, e engraçado pra chuchu. Ainda mais quando sabemos que a peça por eles montada será uma homenagem a Hitler, escrita por um neonazista piradíssimo (Will Ferrell), dirigida por um gay com tendências empolgadas à la “Andrew Lloyd Weber” e interpretada por uma sueca, Ulla (Uma Thurman) que não sabe falar inglês. O resto são músicas e piadas.

Agora que já sabemos a história da trama, um pouquinho de história real não faz mal a ninguém: a idéia original nasceu com o nome Primavera para Hitler – um filme da década de 60 estrelado pelo master Gene “Wonka” Wilder e Zero Mostel, e escrito/dirigido pelo ainda mais master Mel Brooks (carece de lembrar alguma coisa dele? Que tal saber que titio Mel é o escritor responsável por outras “deliciosas idiotices” como O Jovem Frankenstein e S.O.S. – Tem Um Louco Solto no Espaço?). Brooks escreveu o roteiro inspirado em uma história real, e assim lançou o filme que veio para o Brasil sob a alcunha de “Primavera para Hitler”, em 1968, sem ter o formato de um musical.

Ironicamente, a produção não fez sucesso de público (apesar de ter faturado um Oscar), mas como acontece freqüentemente com os bons filmes que não se dão bem nas bilheterias, o tempo mostrou seu valor e “Primavera para Hitler” virou mais um daqueles filmes cults – no bom sentido da palavra, claro ;o). Vai daí que em 2000, “Os Produtores – Primavera para Hitler” virou uma peça musical na Broadway, com os atores Matthew Broderick e Nathan Lane liderando a festa. A peça fez tanto sucesso que ganhou doze Tonys e arrebanhou multidões nas platéias. Agora, a coreógrafa Susan Stroman se arriscou a investir na produção de uma versão do sucesso da Broadway para o cinema. Ou seja, os mais perspicazes notaram que “Os Produtores” seguiu os mesmos passos do não menos engraçado A Pequena Loja dos Horrores!

:: HABEN SIE GEHORT DAS DEUTSCHE BAND?

Com a diferença de que, no caso do presente musical, uma boa parte do elenco que figura no teatro foi trazida para as telonas, incluindo os protagonistas. E isso deu um ótimo resultado, com atuações maravilhosas, com destaque para Gary Beach, que é mais conhecido no circuito da Broadway e já ganhou um Tony por seu papel nos “Produtores” da Broadway e pelo papel de Lumière no musical A Bela e a Fera. É Gary Beach quem protagoniza lindamente uma das melhores cenas do filme, da qual vou entregar só uma palhinha: imagine você um Hitler afeminado sentado na beirada do palco e cantando, emocionado.

Agora, quanto à dupla principal: a química entre os dois é boa, mas nosso querido Ferris Bueller, ou melhor dizendo, Matthew Broderick, não é nada que se possa chamar de incrível. E como ele está velho! =( Apesar de ser apelidado carinhosamente por mim de “zoiudinho da mamãe”, ele não tem uma voz maravilhosa nem uma atuação digna de “oohs” e “aaahs”. Mas faz o seu papel e é isso aí, até garante umas boas risadas junto a sua toalhinha azul. Já Nathan Lane (a voz de ninguém menos que o eterno Timão de O Rei Leão) é digno de uns bons “oohs” e “aaahs”: canta bem e é deveras engraçado. Ambos, acompanhados de uma Uma (RÁ!) Thurman pós Kill Bill engraçada, bonita e dançante, formam um trio adequado, que fica ainda melhor acompanhado pelos coadjuvantes de renome e outros de não tanto renome assim. No mais, vale lembrar que como em qualquer musical desse tipo, as atuações são em grande parte bastante teatrais.

:: KEEP IT GAY, KEEP IT GAY, KEEP IT GAAAY!

A grande sacada do filme é conseguir realizar uma coisa aparentemente impossível. Tente acompanhar meu raciocínio: primeiro, é a adaptação de uma adaptação de uma adaptação. Segundo – em muitas coisas, como ângulos de câmera, visual, músicas e boa parte do roteiro, “Os Produtores” parece, sem tirar nem pôr, um musical clássico da era de ouro do gênero. As danças com bengalas e cartolas estão presentes, junto até mesmo ao costume de desenrolar um número musical até que um monte de coristas apareça cantando em um palco. Até aí tudo bem. Mas e se eu disser que apesar de parecer um musical antigo ele agrada até aos que não estão nem aí para musicais antigos? É porque, para a felicidade dos que querem mais comédia que cantoria, lá estão atores que são arroz de festa em comédias atuais, como Jon Lovitz, Richard Kind e Will Ferrell dando o melhor de si. É, até o chato do Will Ferrell está engraçado, apesar de em alguns momentos ter se baseado descaradamente no John Cleese pra fazer o papel de seu alemão neonazista com um incrrrrível sotaque. Agora some a isso um roteiro com tiradas e piadas que dificilmente se veria em um filme da década de 50, misture tudo e inverta. Você tem “Os Produtores”.

Por fim, pra compensar um ou outro números musicais um pouquinho piegas (sempre existem dois em cada show, qualquer conhecedor de musical sabe disso =D) está uma grande variedade de tiradas cômicas que agradam a gregos e troianos. Quer besteirol? Tem! Quer comédia pastelão? Também tem! Quer comédia nonsense, beirando o gosto dos adoradores de Monty Python? Tem sim senhor!

“Os Produtores” é politicamente incorreto ao seu modo, não poupando piadas com gays e com um assunto relativamente delicado como o nazismo e a Segunda Guerra Mundial, mas não chega a ser grosseiro. Garanto que não, já que sou a primeira chata a jogar tomates em comédias que abusam no humor grosseiro. E nem pensei em jogar tomates aqui, ora vejam só. ^_^ Esse é mais um ponto positivo do roteiro, que no fim das contas só erra em uma coisa: algumas partes são ingênuas demais pra um filme que logicamente não é direcionado a uma platéia totalmente ingênua. Contabilizando tudo, é uma comédia muito boa e tão idiota quanto comédias muito boas devem ser, daquelas que vão te fazer rir de verdade, principalmente se você assisti-la com metade do cérebro desligada (porque a outra metade não se sentirá muito ofendida, eu juro). E agora… todo mundo cante com Hitler:

“It ain’t no mystery
If it’s politics or history
The thing you gotta know is
Everything is show biz!
Heil myself!
Watch my show.
I’m the German Ethel Merman
Dontcha know?
We are crossing borders
The new world order is here
Make a great big smile
Ev’ryone sieg heil to me
Wonderful me”!

Notas finais: 1. Se você sempre sonhou em ver um dos Fab 5 do Queer Eye for the Straight Guy vestido de escravo das Arábias, seu sonho será realizado ao ver esse filme. Pois é pois é pois é. ;o)

e 2. Não, gente, no Brasil nós não dançamos salsa! o_o

Os Produtores (Título original: The Producers) / Ano: 2005 / Produção: Estados Unidos / Direção: Susan Stroman / Roteiro: Mel Brooks e Thomas Meehan / Baseado no roteiro do longa-metragem “Primavera para Hitler” (1968), escrito por Mel Brooks / Elenco: Matthew Broderick, Nathan Lane, Uma Thurman, Will Ferrell, Gary Beach / Duração: 134 minutos.


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