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Artigo adicionado em 18/01/2006, às 12:34

Crítica: NANNY MCPHEE – A BABÁ ENCANTADA
É a Mary Poppins do Mundo Bizarro. Todo mundo sabe que o Zarko é o mártir d’A ARCA. Geralmente é ele o escolhido para escrever pra você, nerd leitor, as críticas dos filmes menos benquistos que são lançados nos cinemas a cada semana. Claro que isso não impede que a pobre criatura assista a um […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


Todo mundo sabe que o Zarko é o mártir d’A ARCA. Geralmente é ele o escolhido para escrever pra você, nerd leitor, as críticas dos filmes menos benquistos que são lançados nos cinemas a cada semana. Claro que isso não impede que a pobre criatura assista a um ou outro filme bom vez por outra. Enfim. Sua situação me penaliza, mas é como diz aquele velho ditado “Antes ele do que eu”, não é mesmo? ;o)

Mas porém entretanto contudo eu também não posso dizer que sou a arqueira mais felizarda do mundo. Se por sorte e gentileza consigo ir às estréias de uma ou outra obra prima do Tim Burton ou do novo filme do Harry Potter, eu também não escapo de uma maldição. Veja bem… é uma maldição bem mais leve que a que persegue o Zarko, mas não deixa de ser uma maldição. E ela se chama “a-terrível-maldição-dos filmes-feitos-para-serem-engolidos-com-farinha”. Entenda por “engolidos com farinha” aqueles filmes insossos, que são feitos com dois ingredientes básicos: água e açúcar. Sabe? Aqueles que não são a escória do universo hollywoodiano, mas também não fazem grande diferença na minha ou na sua existência. Existe uma ótima palavra feita sob medida para produções assim: “nhé”. Bem, se duvida do que digo, dê uma olhada nas resenhas de A Feiticeira, Alfie – O Sedutor, Oliver Twist e A Lenda do Zorro, que levam meu nome. Em todos esses casos, apesar do meu pollyannêstico esforço de encontrar os pontos positivos das películas, elas não deixam de ser pura e simplesmente… nhés. Divertidas, mas nhés.

Isso explicado, vamos ao que mais interessa no momento: a crítica de um tal de Nanny McPhee – A Babá Encantada. Afinal, suponho que seja para isso que você está aqui. Então já lhe adianto o importante – esse é mais um exemplar “nhé”. É água com açúcar, e sim, feito pra ser engolido com farinha. Mas antes, vou responder a pergunta que não quer calar pra todo mundo que está curioso em relação a esse filme: é uma cópia da Mary Poppins? Não, não é. Primeiro porque “A Babá Encantada” é baseado numa série de livros escritos por Christianna Brand, cuja protagonista chamava-se Nurse Matilda, enquanto a babá do guarda chuva foi baseada em oooutra série de livros escritos por outra autora.

Segundo que, apesar de ambas as histórias seguirem um plot bastante parecido, as personagens McPhee e Poppins são absolutamente opostas: enquanto a segunda é bonita, delicada e dificilmente trata as crianças rudemente, a primeira é feia e deveras assustadora. Por exemplo: enquanto Mary Poppins coloca uma colher de açúcar no xarope das crianças pra que ele fique mais saboroso, Nanny McPhee lhes dá um xarope gelatinoso que não surte efeitos muito bons nos pequeninos. Mas, ironicamente, a história da Nanny McPhee acaba sendo ainda mais açucarada que a da outra babá encantada. É bizarro, mas é verdade. Apesar de contar com alguns momentos mais sinistros e que lembram de longe Desventuras em Série em certos pontos, o filme vai descambando para um doce e clichêzento lago de mel. E tudo acaba mais enjoativo que aquela festinha de dia das mães do colégio do seu irmão mais novo.

A história é sobre Cedric Brown (Colin Firth, de O Diário de Bridget Jones), um viúvo pai de 7 crianças encapetadas, cujo “líder” é o menino Simon Brown (um chatinho Thomas Sangster, aquele menininho apaixonado do supimpa Simplesmente Amor). Desde a morte da mãe, a criançada se une para se livrar de todas as babás contratadas pelo pai, com sucesso. Depois da última babá renunciar ao cargo, a única solução para a educação dos irmãos Brown aparece na misteriosa figura de uma tal de Babá McPhee (Emma Thompson), que é feia, sinistra e tem muito o que ensinar. Seu método de ensino não é assaz gentil e envolve encantamentos, mas ao menos ela consegue o que quer. Paralelamente, o pai vê-se às voltas com problemas: tia Adelaide (Angela Lansbury, de Se Minha Cama Voasse, lembra desse?), uma tia rica que é sua principal fonte de renda, declara que se Cedric não arranjar uma noiva dentro de um mês, ele perde a mesada. Se perder a mesada, o cidadão está perdido, já que tem sete bocas para alimentar, e ainda duas criadas – a bela Evangelique (Kelly Macdonald – o Peter Pan de Em Busca da Terra do Nunca =D) e a engraçada e bizarra cozinheira Senhora Blatherwick (Imelda Staunton, a futura Professora Umbridge).

O filme começa bem, não posso negar. Quando a babá fugitiva aparece gritando “as crianças comeram o bebê” achei que estava diante de um filme genial. Mas foi um engano triste. Pra explicar minha decepção, não posso deixar de falar do roteiro, que foi escrito pela própria Emma Thompson. Bem… trata-se de um caso complicado. Ele não é de todo ruim, já que tem algumas soluções boas e não é tão superficial quanto poderia ser. Mas o problema mora aí. “A Babá Encantada” é sem dúvida um filme infantil, mas não acredito que seus sobrinhos ou priminhos vão gostar, por diversos motivos: 1) crianças mais velhas não vão ser atraídas pelo filme, é fato, o que dá a entender que é uma turminha mais nova que pode gostar das aventuras da babá. 2) daí que o roteiro, justamente quando tenta sair da superficialidade acaba mostrando demais o lado do drama do pai, e crianças novinhas não são assim tão sensíveis em relação a personagens adultos com problemas amorosos e financeiros. 3) daí que algumas piadas de humor negro ou com conotação sexual presentes no filme não são tão boas para agradarem os adultos, e, como era de se esperar, não são entendidas pelas crianças mais novas. Ou seja, não sei o que raios estão fazendo lá. 4) Se você já assistiu a um filme infantil com a estrutura “crianças aprendem a ser boazinhas e pais aprendem a lidar com os filhos depois que eles impedem o seu casamento com a loira malvada”, já assistiu a esse filme.

Mas guardei o “melhor” para o final. Eu juro que tentei gostar da pobre “Nanny McPhee”. Tentei, verdade. Mas então, aconteceu. Um personagem pegou uma torta e jogou na cara do outro. Então, uma guerra de comida começou, e todas as minhas esperanças foram por terra. Bem, é mais do que normal perder as esperanças em relação a qualidade de um filme quando personagens começam a jogar tortas e bolos uns nos outros, certo? Pra mim, qualquer produção que tenha menos de sessenta anos e possua uma cena em que algum personagem receba uma torta na cara do outro, pretendendo com isso arrancar risadas do público, não merece meu respeito. E também tenho um problema básico com filmes em que crianças são pequenos gênios da maldade e armam planos absurdos pra conseguir alguma coisa. É por isso que desde pequenina eu nunca fui fã da infinita cinessérie Esqueceram de Mim. E convenhamos: crianças pentelhas que jogam sapos na sala pra espantar babás e/ou madrastas podiam ser muito engraçadinhas, mas isso lá nos tempos da Noviça Rebelde. Agora, pela última vez: bebês de colo não falam nem fazem graça por querer! Por que alguns diretores de comédia querem fazer com que a gente acredite que bebês de poucos meses sabem falar palavras e têm um timing cômico fenomenal?!!… Olha, a culpa da existência de cenas como essas pode ser do livro e não do filme – o que não sei, já que nunca li os originais – mas sinto muito. A Emma Thompson poderia ter feito melhor. E o pior é que não é tão difícil deixar mágica uma história com babás mágicas. =o/

“Então o filme não é apenas medíocre, ele é o próprio horror!” – pensa você. Mas aí você se engana. “A Babá Encantada” escapou de ser extraordinariamente ruim por causa de duas coisinhas simples: boas atuações e uma direção de arte supimpa. Apesar da cenografia e dos figurinos não serem assim tão mágicos quanto em um Desventuras em Série, eles são realmente bem cuidados e na maioria das cenas tiram um pouco o ar de “produçãozinha B” que o filme teria se os diretores de arte não tivessem cuidado desse detalhe. Da mesma forma a trilha sonora competente. E, por último, não é surpresa que a Emma Thompson e o Colin Firth fariam um bom trabalho. As crianças em sua maioria também são muito boas, com destaque para o fofo Sebastien (Sam Honywood) e para o meu favorito Eric (Raphael Coleman). Também como no já citado “Desventuras em Série”, os créditos foram feitos em uma animação realmente legal. Vai ver os animadores ficaram com peninha do filme e resolveram ajudar ainda mais os atores e os diretores de arte na difícil tarefa de resgatá-lo do mar do esquecimento. ;o)

E é isso o que eu tenho a dizer. Seria um pseudo-filme infantil deprimente e sem qualidade se não fosse o trabalho de gente competente que salvou “A Babá Encantada” de ser uma coisa totalmente ruim, transformando-o em um filme simplesmente mediano. Se você realmente quiser ir ao cinema assisti-lo, não se esqueça da farinha. Mas, já que estamos falando de babás bizarras… não é mais barato alugar Mary Poppins?

Nanny McPhee – A Babá Encantada (Título original: Nanny McPhee) / Ano: 2005 / Produção: França, Estados Unidos e Inglaterra / Direção: Kirk Jones / Roteiro: Emma Thompson, baseada na série The Nurse Matilda, de Christianna Brand / Elenco: Emma Thompson, Colin Firth, Angela Lansbury, Cleia Imrie, Kelly MacDonald / Duração: 97 minutos.


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