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Artigo adicionado em 07/11/2005, às 08:14

Crítica: OLIVER TWIST
Please, sir, I don’t want some more :: Trailer oficial: Alta | Média | Baixa :: Visite o site oficial A infância de Oliver Twist (Barney Clark) foi mais triste que a sua. Quero dizer, REALMENTE foi. Ele nem chegou a brincar com Playmobils, o pobrezinho. Órfão, morou num orfanato coordenado por pessoas nada carinhosas […]

Por
Francine "Sra. Ni" Guilen


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A infância de Oliver Twist (Barney Clark) foi mais triste que a sua. Quero dizer, REALMENTE foi. Ele nem chegou a brincar com Playmobils, o pobrezinho. Órfão, morou num orfanato coordenado por pessoas nada carinhosas até atingir os nove anos. Depois de passar pelo pão que o diabo amassou ao ser vendido, trabalhando em uma loja de caixões e comendo restos (isso não é spoiler, ô gente chata), o menino resolve fugir para Londres, a cidade grande. Lá, ele conhece Dodger (Harry Eden), um menino fofo que faz parte de um bando de ladrões mirins que roubam para o velho-judeu-maluco-malvado-mas-no-fundo-boa-pessoa Fagin (Ben Kingsley, de Casa de Areia e Névoa). Oliver acaba convivendo com esses novos amigos, que mantêm relações com o ladrão-mór Bill Sikes (Jamie Foreman) e a prostituta Nancy (a quase estreante Leanne Rowe – eu queria ser como ela!). E o resto é história.

Minha história com Oliver Twist já vem de longa data. Tudo começou quando um dia, há uns bons anos atrás, meu pai assistia a A&E Mundo e resolveu gravar pra mim um filme que “era feliz e saltitante e achava que eu ia gostar”. Quando vi, era Oliver!, um musical de 1968, com inglesinhos dançantes, atores trabalhando magnificamente bem e muita, mas muita música. Então, viciei no filme. Devo ter assistido mais de vinte vezes, perdendo só para o tanto de vezes que já vi O Rei Leão e Os Goonies (agora finalmente comprei o DVD, o que triplicará esse número muito em breve). E, conseqüentemente, viciei na história. Li o livro original, e tentei assistir a todas as versões que encontrava, entre elas a antiga clássica, de 1948, e até hoje não sei porque ainda não vi a versão de 1997, que tem o Elijah Wood novinho no papel de Dodger. Por isso, conheço bem a história. Assim, ficou difícil analisar com neutralidade essa nova adaptação feita pelo Roman Polanski.

A missão do conhecido diretor de O Pianista não era muito fácil: transportar para a tela uma história conhecida que já foi adaptada para o cinema e para a tevê não uma, nem duas, mas quase 20 vezes. Até a Disney já se apropriou do famoso livro do inglês Charles Dickens naquele desenho Oliver e sua Turma. E os concorrentes não eram café com leite. Muitas das adaptações anteriores foram caprichadas, e meu querido filme “Oliver!” chegou a ganhar 6 Oscars, incluindo melhor filme. Se já não bastasse a existência de trocentos filmes bons contando a mesma história, o visual de todos eles é muito parecido, já que se passam na Londres pobre do século 19… então do filme mais antigo ao mais recente sempre vamos ver inglesinhos sujos, com boinas e cartolas andando em ruelas apertadas, cheias de vendedores, e a Ponte de Londres ligando um lugar a outro. Foi assim que Charles Dickens descreveu, foi assim que nove entre dez diretores fizeram nas versões cinematográficas. E Roman Polanski o que fez? A mesmíssima coisa. E eu pergunto: PRA QUÊ??

Acontece que, nesse filme, a história não foi estragada. Está lá, sem alguns detalhes importantes do livro, mas está lá. A trilha sonora é boa, a interpretação do Ben Kingsley, pra variar, é ótima e ele está irreconhecível. O enredo, claro, é bom (apesar de se arrastar um pouco). O filme é bom sim. E só. E isso não adianta muita coisa pra um filme que conta com a maldição de ser uma das vigésimas e tantas adaptações de um livro. Ele deveria ser, no mínimo, MUITO bom! O segredo para seu sucesso seria se diferenciar dos milhares de Olivers anteriores, com alguma visão diferente ou outro olhar sobre a história. Mas, pra minha surpresa, ele parece mais uma colagem de todas as outras, como se fosse uma homenagem ao “Oliver Twist” e sua trajetória no cinema. Porque ou eu estou ficando louca ou até mesmo alguns cortes e escolhas de imagens estão IDÊNTICAS a outras versões. E não estou mentindo. Quando achei que era pura paranóia minha, surgiu na tela uma cena que era uma linda referência ao filme de 68: um teatro de fantoches. Não existe menção ao famigerado teatrinho na mesma cena do livro, mas o Polanski decidiu colocar um, mesmo assim. Isso é que chamo de referência intrigante.

Porém, foi outra coisa que me surpreendeu ainda mais. Quem leu o “Oliver Twist” original deve lembrar que a história é forte, muito mais triste e pesada do que tudo que foi retratado nas versões da Disney, ou adocicadas, ou musicadas ou dirigidas à criançada. Eu achava que, por se tratar de Roman Polanski, o diretor de “O Pianista”, um cara que faz filmes não muito cheios de florzinhas e às vezes até exagera no drama, esse “Oliver Twist” seria mais fiel ao espírito do original de Charles Dickens. Mas bizarramente não é. Tudo bem, tem mais toque de realidade e drama do que outros, mas ainda assim está longe de ser um drama mais profundo, como na verdade a história é. Aliás, pra ver como o diretor deu uma amenizada estranha, até a Nancy desse filme é muito mais refinada que a Nancy daquele musical feliz de que tanto falo.

Com certeza já deve ter alguém aí revoltado por eu ter comparado tanto o filme que estréia hoje com as outras versões. Tá certo, é que é quase impossível não comparar, já que “Oliver Twist versão 2005” é muito um reprise de tudo o que você já viu. Oras, e ir ao cinema sabendo disso é algo fundamental para quem conhece a história e/ou já viu alguma coisa a respeito dela em algum lugar: não tem nada de novo pra você, meu amiguinho. Mas, se você nunca foi familiarizado com as desventuras de Oliver Twist, isso não deve incomodar, logicamente. Talvez incomode um pouco o fato do filme ser um bocadinho arrastaaaaaaado, mas isso vai depender do seu humor.

Enfim, como disse lá em cima, o filme é bom. Mas é absolutamente desnecessário. Se você gosta de musicais, assista ao “Oliver!” de 68, que é perfeito. Agora, se você não gosta de musicais, eu não gosto de você. ^_^


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