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Artigo adicionado em 07/10/2005, às 05:13

Review: A CIÊNCIA DOS SUPER-HERÓIS
Em primeiro lugar: não tentem isto em casa, crianças! Acabei de ler A Ciência dos Super-Heróis, de Lois Gresh e Robert Weinberg e foi uma experiência fantástica. Pra você, que não está entendendo nada por qualquer motivo que seja, vou dar uma explicação rápida: o livro, recém lançado no Brasil pela EditoraEdiouro, foi escrito por […]

Por
Emílio "Elfo" Baraçal


Acabei de ler A Ciência dos Super-Heróis, de Lois Gresh e Robert Weinberg e foi uma experiência fantástica. Pra você, que não está entendendo nada por qualquer motivo que seja, vou dar uma explicação rápida: o livro, recém lançado no Brasil pela EditoraEdiouro, foi escrito por dois cientistas, amantes das histórias em quadrinhos e séries de ficção. Através da ciência, eles explicam como funcionam (ou não funcionam) os poderes dos heróis que todos nós adoramos.

O livro possui algumas limitações, mas já falo disso, nada que o estrague muito. Primeiro, há uma introdução, importante para quem não lê quadrinhos e até dispensável (ah, vai mas vale pela curiosidade, não?) para quem é leitor assíduo todo mês de X-Men,Flash e todos os outros.

Depois da introdução, com quem eles começam? Se o Superman é o primeiro e o maior de todos os heróis, nada como começar com ele, certo? Ok, em primeiro lugar, a premissa básica do personagem é: ele é um alienígena. Dessa forma, os autores começam, antes de falar de seuspoderes, sobre como o personagem surgiu na nossa sociedade e dão um breve resumo de sua origem, aquela que todo mundo conhece, de Krypton explodindo e tal. Essa introdução é feita com cada personagem abordado, mostrando que eles se preocuparam sim com aqueles que não são leitores de quadrinhos.

Bom, depois da origem, vamos aos fatos? Bom, o Superman é um alienígena, então as perguntas iniciais são: existe vida fora da Terra? Existem outras civilizações avançadas através do cosmo? As explicações passam pelas teorias vistas na ufologia (Sem se aprofundar muito, já que o assunto não é esse), chegando às teorias do renomado astrônomo Carl Sagan (um dos maiores entusiastas do caso) e indo também pelo lado dos pessimistas que não acreditam muito em vida fora da Terra por suas próprias razões e teorias. Fazendo um apanhado disso, tentam explicar primeiro a existência do Superman.

Depois chegam nos poderes. Ah, ele é forte, resistente, tem visão de calor e tudo isso devido à gravidade diferente de Krypton e à exposição a um sol diferente de seu planeta natal? Isso é possível. Aí é que eles entram nos estudos de gravidades planetárias, radiação solar e como isso afeta os seres vivos. E levando em consideração, claro, de como alienígenas podem ser diferentes de nós. Uma a uma, as características do Superman são esmiuçadas, provando se ele pode ou não existir. E claro, levando em consideração que, teoricamente, ninguém sabe como é um alienígena e como ele reagiria em nosso ambiente.

E não espere que seu herói preferido esteja aqui. Segundo os próprios autores, eles tiveram um critério de seleção para os personagens: os mais populares e diferentes entre si. Assim, quiseram atingir o maior número possível de leitores, sendo de quadrinhos ou não.

Em seguida, vemos os próximos heróis, Quarteto Fantástico e Hulk. Por quê foram colocados juntos? Por quê ambos lidam com radiação. Raios cósmicos e raios gama. Como são os raios cósmicos de verdade? E os raios gama, como funcionam em seres vivos? Tudo é esmiuçado de forma clara na maior parte do tempo. E digo maior parte do tempo porque chega momentos no livro inteiro em que fórmulas fisico-químicas entram em pauta, não há outro jeito, mas você vê que os autores se esforaçaram em deixar a linguagem o mais clara possível.

O mais legal nessa parte, é constatar, por exemplo, sem revelar muito, que o Hulk pode não existir com a origem que tem nos quadrinhos, mas os autores explicam que o Hulk poderia existir com uma outra origem, perfeitamente possível. Sim, o Hulk como o conhecemos, verde, grande, forte e raivoso pode existir. Mas não se preocupe, fica evidente a frase “não tentem isso em casa, crianças”, mesmo porque os fatores que fariam com que o golias verde existisse são bem complexos. Mas que dá medo, ah, isso dá…

Poderes? Já vimos bastante e depois voltaremos a eles, ok? Sim, você advinhou, tá na hora de falar do Batman. E você ainda tem alguma dúvida? Sim, ele pode existir, pode ser eu, você ou o seu vizinho. Porém, no que concerne ao equipamento, ou seja, as bugigangas dele… bem, se eu te contar que arranjar os equipamentos dele é mais fácil e barato do que você imagina? E não estou falando de batmóvel, batcomputadores e essas engenhoca realmente caras, mas sim apenas do que ele carrega em seu cinto de utilidades.

Voltando aos poderes, agora é a vez de dois semelhantes, Aquaman e Namor, o Príncipe Submarino. Tudo é visto nos mínimos detalhes: o funcionamento de guelras, a telepatica aquática e como o ser humano poderia desenvolver isso, passando até pelo maior obstáculo aquático do homem: a pressão das profundezas. Levando em consideração tudo isso, o capítulo até surpreende e é divertidíssimo.

Agora é a vez daquele que o meu amigo El Cid tanto esperava: o Homem-Aranha. E você sabia que ele parece menos com uma aranha do que se imagina? Levando em consideração a biologia das aranhas e a nossa, fazendo o devido e possível (com os pés no chão) mix de ambos, apenas metade de seus poderes seria o equivalente ao de uma aranha. E não vou dizer quais para não estragar a surpresa. Porém, fiquei muito tentado a reproduzir aqui um pequeno trecho que não vai estragar nada e também vai solucionar uma dúvida cruel que leitores de mente suja têm sobre o personagem: a teia.

Depois de uma longa explicação de como aranha produzem a teia e do que ela é feita, os autores se esmiuçam em adaptá-la para nossa biologia. Se é possível ou não, não vou dizer, mas segue o tal trecho, divertidíssimo e que ilumina muita coisa: “É claro que, se Peter adquirisse a habilidade de fazer fios de seda , a preocupação imediata seria onde faria essa seda e, mais importante ainda, de onde sairia de seu corpo. Ambas as perguntas é melhor que não sejam feitas, e talvez evitando-as a gente responde à pergunta por que Stan Lee preferiu usar os lançadores de teia” – Hahaha, é algo que todo mundo sabe e se esperavam por alguma confirmação científica, êi-la, hehe…

E sim, El Cid, eles falam dos malditos clones…

Pra mim, a melhor parte do livro vem com a explicação sobre os Lanternas Verdes, que é a seguinte. Entrando em uma complicada teoria sobre as estrelas, os buracos negros e brancos (estes últimos, só existem na teoria) e os espectros de luz, os autores tentam explicar mais a tal energia verde que abastece o anel e não se preocupam muito com as capacidades dele de criar qualquer coisa. Afinal, sem a tal energia lendária, o anel não faz nada. Porém, com toda a explicação da energia, por tabela, se você prestar bem atenção e usar a lógica, vai ver que as capacidades do anel ficam subentendidas. Eu simplesmente fiquei embasbacado com as explicações se pode ou não haver um lanterna verde e fazendo uso de um exercício de imaginação com as teorias apresentadas, o personagem seria o herói mais poderoso de todos os tempos longe, deixando até o Superman como uma simples criancinha. Legal, não?

Em seguida vez os heróis mais desafiadores das leia da física, química e biologia: Elektron e Homem-Formiga. Só pra resumir, usam leis da física como a Lei do Quadrado e do Cubo, aceita e entendida por qualquer cientista que se preze, tentando explicar os pormenores de se reduzir algo (principalmente biológico) ou aumentar seu tamanho rapidamente. Seria possível diminuir seres vivos a um tamanho quase microscópico? Sim, até é possível, mas há implicações e efeitos colaterais suficientes para saber que não seria muito legal, apesar das muitas vantagens (como uma superforça proporcional, tornando qualquer um o rei do formigueiro) apresentadas. E bem, deixar alguém gigante? Eu resumo dizendo que não ia ser muito interessante…

Talvez o personagem que mais desafie a física ao lado dos dois aí acima, seja o Flash. E eis que vem toda aquela Teoria da Relatividade, velocidade da luz, atrito com o ar e tudo mais. Tudo isso, para explicar como alguém poderia ter supervelocidade. E digo poderia, pois ninguém precisa ser muito inteligente ou ler este livro pra saber que não dá. Mas que as explicações são interessantíssimas, – ah, são sim senhor. Inclusive, o capítulo é bem engraçado.

No capítulo seguinte, talvez seja o que todos esperam, os mutantes. Sim, falam sobre os X-Men. Tomando por base duas teorias opostas, a do evolucionismo e do criacionismo e analisando como a vida na Terra aconteceu e se desenvolveu, mostra como os X-Men poderiam existir. E se parar para pensar, sendo bem mente aberta, até assusta como eles mostram que, em um futuro não muito distante, o próximo passo evolutivo do homem é provavelmente (mas não exatamente) o que são os mutantes da Marvel. Assusta, não?

Sem entrar muito nos detalhes de como poderíamos soltar raios ou ter fator de cura, eles se preocupam mais como o como começaríamos a desenvolver essas habilidades e não em quais desenvolveríamos. Algumas, claro, ficam absurdamente óbvias, como por exemplo, poderíamos, num futuro, ter sentidos aguçados ou enxergar espectros de luz e não, de modo algum, ter uma pele de “aço orgânico”.

Tentando entrar já no “mundo mais real”, aparecem os heróis sem poderes, mas com engenhocas tecnológicas, como Flash Gordon e Buck Rogers, esses sim, perfeitamente possíveis daqui há uns cem, duzentos anos. E tudo depende de como o homem vai singrar pelo universo. O homem vai conseguir chegar a Marte? Se chegar, vai conseguir viver lá? E em Júpiter, é possível ter algum avanço? Se sim em ambos os casos, que descobertas faríamos? E devido a essas descobertas, como afetaria a tecnologia na Terra, devido às necessidades de criarmos aparatos tecnológicos para experiências? Uma desses aparatos poderia ser mais útil com outro uso (mais heróico)? Inclusive, este é o capítulo que eu acho que o Fanboy ia delirar por ver suas teorias quase 100% confirmadas (mas não negadas): a de viagem no tempo. E eis que ficam respondidas, por alto, a existência de heróis espaciais.

E se você acha que já teve muita coisa inesperada no livro, eis que surge algo que vai completamente contra a maré do livro: os personagens da Disney como Tio Patinhas e Pato Donald. Não, patos humanóides não são, teoricamente possíveis e fica óbvio que isso não deve ser discutido. O que eles explicam são em como as motivações, modo de pensar, agir, e outras características da “família pato” são bem mais realistas do que a dos heróis e mostram como Carl Barks, o verdadeiro formador desse universo, mostrava as invenções utilizadas por Tio Patinhas em suas aventuras e os modos como saía de enrascadas, totalmente possíveis. Carl Barks, além de saber como ninguém contar uma história e desenhar pra caramba, ainda era cientificamente plausível, muito mais do que os super-heróis. Ok, o meu grande amigo Paulo Maffia deve estar pulando de alegria a uma hora dessas…

E sim, depois disso, eles explicam por que, além do motivo óbvio de espaço, deixaram alguns heróis de fora. E ainda tentam estimular os leitores a mandarem e-mails para a editora, pedindo por uma continuação (lógico, eles tem que sustentar sua família também, né?), que por mim, seria muito bem vinda. Aí sim, com continuações e mais continuações, heróis como Homem-de-Ferro, Homem Borracha, Canário Negro, Visão e outros poderiam ser explicados. E mostram porque, obviamente, deixaram de fora heróis como Thor, Dr. Estranho e Mulher-Maravilha, pois são heróis com origem mística. E magia e o sobrenatural não são aceitos pela ciência, como todo mundo sabe.

Por último, temos um debate entre os autores com quadrinhistas como Len Wein (criador do Wolverine e da segunda formação dos X-Men), Buddy Scalera (que já escreveu Deadpool, X-Men e trabalha como redator da Wizard americana) e outros. E nessedebate, o lado criativo misturado com a ciência é discutido, explicando o porquê de, às vezes, os quadrinhistas deixam de lado explicações mais convincentes em favor da história bem contada e como a ciência poderá ser usada e vista daqui pra frente no mundo dos quadrinhos.

Resmudindo, sem deixar se aprofundar muito (devido a alguns aspectos de certos poderes e origens serem obviamente impossíveis e outros, perfeitamente plausíveis) e na linguagem do limiar do compreensível, o livro é um prato cheio, tanto para quem lê gibi quanto para quem não lê. E muito útil para quadrinhistas profissionais, pois a luz que os autores lançam sobre alguns aspectos da origem e dos poderes podem ajudar a tornar seus personagens mais criveis na hora de fazer sua própria criação. Teve horas em que, confesso que fiquei tendo dificuldades de entender e isso se deve a algumas fórmulas apresentadas, mas há momentos em que não há como fugir disso. Ok, ok, ciências nunca foi meu forte mesmo…

Mesmo assim, mesmo com as fórmulas, os autores, logo em seguida, explicam passo a passo o que quer dizer cada uma e é aí que todo leitor deve ter cuidado. A batelada de informações é tão grande que a leitura deve ser lenta e reflexiva, caso contrário você se perderá no meio das suas próprias conjecturas e lógica, dificultando tudo. Sendo assim, o conselho é: leia devagarinho e com calma. E não tente ler um capítulo na frente do outro, só pra ver primeiro sobre seu herói preferido, pois a explicação de alguns deles está interligada, ou seja, se você não leu na ordem, o entendimento de alguns pode ser ainda um pouco mais difícil. E senti falta de ilustrações, pois o livro é inteiramente formado por textos. Creio que, algumas ilustrações mostrando cenas dos quadrinhos em que heróis usam seus poderes, poderiam facilitar o trabalho de imaginação e compreensão daqueles que não lêem gibis, sendo usadas como exemplos.

Se for para dar as famosas notas, dou 9,5 com louvor.

A Ciência dos Super-heróis, de Lois Gresh e Robert Weinberg. Editora Ediouro. 232 Páginas. R$ 39,90.
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